Depois do silêncio inicial a “tempestade” de denúncias: Para
quem mesmo Costa está a serviço?
O ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, personagem central da operação “Lava Jato” deflagrada pela Polícia
Federal em março deste ano, “permitiu” em pleno andamento do segundo turno que
seus depoimentos a justiça federal fossem “vazados” para a mídia corporativa.
Afirmamos que Costa concordou com os “vazamentos” (até o momento divulgados
somente em áudio) apesar de ser um réu beneficiado sob o regime da “delação
premiada”, pelo simples fato de ter
permanecido de “bico fechado” em plena seção da CPI no Senado ocorrida às
vésperas do primeiro turno eleitoral. Costa resolveu “abrir seu coração” justamente
no momento em que o PT sofre o pior bombardeio midiático dos últimos vinte e
cinco anos. Logo vem a pergunta, se Costa preservou Dilma e a atual diretoria
da Petrobras anteriormente porque se volta agora para o campo dos Tucanos e
seus aliados da extrema direita? Em primeiro lugar é oportuno reafirmar mais
uma vez que as “terríveis” denúncias de Costa, que parecem escandalizar um
espectro da extrema esquerda até o vão reacionário, são na verdade a prática
mais prosaica de todas as instâncias do Estado capitalista. As “comissões”
pagas aos gestores estatais, pelos grupos econômicos, não passam de uma regra
comum que abarca toda a história da vida republicana no país. As “comissões”
existem não só em todas as empresas estatais, como no conjunto de segmentos do
governo, seja federal, estadual ou municipal, também estão presentes no poder
judiciário e no parlamento. Sob as gerencias estatais do PT não foi nada
diferente, apenas se cobrou um percentual menor do que cobravam os Tucanos na
chamada “Era FHC”. Mas se Costa resolveu neste momento revelar o “segredo de
Polichinelo” da Petrobras, não resta a menor dúvida de que também foi bem pago
pelo caixa acumulado da privataria Tucana, no roldão dos cretinos, como o PSB,
PV, pastores picaretas e similares. Porém o objetivo de “detonar” a Petrobras vai
muito mais além do que o circo eleitoral, corresponde a interesses
imperialistas no desmonte da estatal e na elaboração de um novo marco
regulatório da exploração do petróleo nacional. Em última medida as surradas
“revelações” de Costa estão a serviço das grandes multinacionais do setor
energético, que nunca viram com muita simpatia a decisão do governo Lula em
estabelecer um regime de partilha entre a Petrobras e as gigantes mundiais do
setor na extração das reservas do “Pré Sal”. Se por um momento a mídia
“murdochiana” preservou Dilma em um instante de indefinição política das
classes dominantes no primeiro turno, garantindo o silêncio de Costa, hoje a
ordem é “sangrar” o PT utilizando os patifes Costa e o doleiro Alberto Youssef,
serviçais da burguesia que já trabalharam para o alto escalão do governo da
Frente Popular. A novela “global” das revelações ou será mesmo das “delações”
está apenas começando, sem cores e imagens... Porém o Jornal da famiglia
Marinho promete novos “capítulos”, em vídeos “quentes” até o próximo dia 26 de
outubro...
Fica evidente que o privilegiado réu da operação “Lava Jato” não está agindo
sozinho na patifaria contra a candidatura de Dilma. Tudo indica que o Procurador-Geral
da república, Rodrigo Janot substituto do Tucano Roberto urgel, participa em
conjunto com a Justiça Federal da “fase 2” da “Lava Jato”. Não nos surpreende
em nada que o Ministério Público e a própria corte maior da justiça estejam
engajadas na campanha eleitoral do PSDB. Assim também procederam nas eleições
municipais de 2012, espetacularizando a ação penal 407, mais conhecida como “Mensalão”.
Os barões da mídia agora pretendem produzir um novo espetáculo para “distrair”
o povo: o “Petrolão”! Contando novamente
com a prestativa colaboração da justiça patronal, os pastelões da direita
encarniçada tem acesso direto ao depoimento de acusados, e o que é mais grave
em processos que tramitam no rito de “segredo de justiça”.
Muitos incautos da esquerda “vestal” dirão que o PT
patrocina a corrupção, o que representa a mais pura verdade política nesta
afirmação. Mas não só o PT é cúmplice
desta conduta patrimonialista as custas do Estado burguês, também parlamentares
do PSOL provam do mesmo “veneno”, ou por acaso a rica campanha de Edmilson
Rodrigues a Câmara Federal (eleito com uma expressiva votação) não foi bancada
com a grana amealhada nos tempos em esteve no comando da prefeitura de Belém?
Será mesmo que os “micro-gerentes” do PSOL não recebem “comissões” de empresas
capitalistas que executam obras ou vendem serviços para suas prefeituras, só
mesmo os “falsos ingênuos” do PSTU não acreditam nesta variante. Por sinal não
foram também os Morenistas que se beneficiaram da “fartura” financeira da
campanha de Edmilson em 2012, elegendo de carona um vereador do PSTU na capital
paraense.
A corrupção no regime burguês não pode ser “erradicada” com
medidas de “controle”, como agora clama o PT, ou tampouco com a eleição de gestores
“honestos” como reivindica a Frente de Esquerda (PSOL e PSTU). A corrupção
estatal é inerente ao modo de produção capitalista e somente poderá ser
radicalmente eliminada sob as bases de uma outra organização social da
produção. A demolição completa deste velho Estado e a construção de um novo
poder revolucionário são condições “sine qua non” para limpar toda a sujeira
deste regime da democracia dos ricos. Verbalizar a demagogia da “ética”, como
fazem os falsos moralistas da Frente de Esquerda só embota a consciência de
classe do proletariado, apontando a perspectiva equivocada que o estado
capitalista poderá ser “regulado” por cidadãos “probos”. O que está em jogo nas
denúncias “premiadas” de Costa, repercutidas por esta mídia mais venal, não é o
resgate da “moralidade pública” e sim a destruição do cárter estatal que ainda
resta a Petrobras, somada ao retorno do neoliberais Tucanos na direção do Estado
burguês.