sábado, 11 de outubro de 2014


Depois do silêncio inicial a “tempestade” de denúncias: Para quem mesmo Costa está a serviço? 

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, personagem central da operação “Lava Jato” deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano, “permitiu” em pleno andamento do segundo turno que seus depoimentos a justiça federal fossem “vazados” para a mídia corporativa. Afirmamos que Costa concordou com os “vazamentos” (até o momento divulgados somente em áudio) apesar de ser um réu beneficiado sob o regime da “delação premiada”, pelo simples fato  de ter permanecido de “bico fechado” em plena seção da CPI no Senado ocorrida às vésperas do primeiro turno eleitoral. Costa resolveu “abrir seu coração” justamente no momento em que o PT sofre o pior bombardeio midiático dos últimos vinte e cinco anos. Logo vem a pergunta, se Costa preservou Dilma e a atual diretoria da Petrobras anteriormente porque se volta agora para o campo dos Tucanos e seus aliados da extrema direita? Em primeiro lugar é oportuno reafirmar mais uma vez que as “terríveis” denúncias de Costa, que parecem escandalizar um espectro da extrema esquerda até o vão reacionário, são na verdade a prática mais prosaica de todas as instâncias do Estado capitalista. As “comissões” pagas aos gestores estatais, pelos grupos econômicos, não passam de uma regra comum que abarca toda a história da vida republicana no país. As “comissões” existem não só em todas as empresas estatais, como no conjunto de segmentos do governo, seja federal, estadual ou municipal, também estão presentes no poder judiciário e no parlamento. Sob as gerencias estatais do PT não foi nada diferente, apenas se cobrou um percentual menor do que cobravam os Tucanos na chamada “Era FHC”. Mas se Costa resolveu neste momento revelar o “segredo de Polichinelo” da Petrobras, não resta a menor dúvida de que também foi bem pago pelo caixa acumulado da privataria Tucana, no roldão dos cretinos, como o PSB, PV, pastores picaretas e similares. Porém o objetivo de “detonar” a Petrobras vai muito mais além do que o circo eleitoral, corresponde a interesses imperialistas no desmonte da estatal e na elaboração de um novo marco regulatório da exploração do petróleo nacional. Em última medida as surradas “revelações” de Costa estão a serviço das grandes multinacionais do setor energético, que nunca viram com muita simpatia a decisão do governo Lula em estabelecer um regime de partilha entre a Petrobras e as gigantes mundiais do setor na extração das reservas do “Pré Sal”. Se por um momento a mídia “murdochiana” preservou Dilma em um instante de indefinição política das classes dominantes no primeiro turno, garantindo o silêncio de Costa, hoje a ordem é “sangrar” o PT utilizando os patifes Costa e o doleiro Alberto Youssef, serviçais da burguesia que já trabalharam para o alto escalão do governo da Frente Popular. A novela “global” das revelações ou será mesmo das “delações” está apenas começando, sem cores e imagens... Porém o Jornal da famiglia Marinho promete novos “capítulos”, em vídeos “quentes” até o próximo dia 26 de outubro...

Fica evidente que o privilegiado réu  da operação “Lava Jato” não está agindo sozinho na patifaria contra a candidatura de Dilma. Tudo indica que o Procurador-Geral da república, Rodrigo Janot substituto do Tucano Roberto urgel, participa em conjunto com a Justiça Federal da “fase 2” da “Lava Jato”. Não nos surpreende em nada que o Ministério Público e a própria corte maior da justiça estejam engajadas na campanha eleitoral do PSDB. Assim também procederam nas eleições municipais de 2012, espetacularizando a ação penal 407, mais conhecida como “Mensalão”. Os barões da mídia agora pretendem produzir um novo espetáculo para “distrair” o povo:  o “Petrolão”! Contando novamente com a prestativa colaboração da justiça patronal, os pastelões da direita encarniçada tem acesso direto ao depoimento de acusados, e o que é mais grave em processos que tramitam no rito de “segredo de justiça”.

Muitos incautos da esquerda “vestal” dirão que o PT patrocina a corrupção, o que representa a mais pura verdade política nesta afirmação.  Mas não só o PT é cúmplice desta conduta patrimonialista as custas do Estado burguês, também parlamentares do PSOL provam do mesmo “veneno”, ou por acaso a rica campanha de Edmilson Rodrigues a Câmara Federal (eleito com uma expressiva votação) não foi bancada com a grana amealhada nos tempos em esteve no comando da prefeitura de Belém? Será mesmo que os “micro-gerentes” do PSOL não recebem “comissões” de empresas capitalistas que executam obras ou vendem serviços para suas prefeituras, só mesmo os “falsos ingênuos” do PSTU não acreditam nesta variante. Por sinal não foram também os Morenistas que se beneficiaram da “fartura” financeira da campanha de Edmilson em 2012, elegendo de carona um vereador do PSTU na capital paraense.

A corrupção no regime burguês não pode ser “erradicada” com medidas de “controle”, como agora clama o PT, ou tampouco com a eleição de gestores “honestos” como reivindica a Frente de Esquerda (PSOL e PSTU). A corrupção estatal é inerente ao modo de produção capitalista e somente poderá ser radicalmente eliminada sob as bases de uma outra organização social da produção. A demolição completa deste velho Estado e a construção de um novo poder revolucionário são condições “sine qua non” para limpar toda a sujeira deste regime da democracia dos ricos. Verbalizar a demagogia da “ética”, como fazem os falsos moralistas da Frente de Esquerda só embota a consciência de classe do proletariado, apontando a perspectiva equivocada que o estado capitalista poderá ser “regulado” por cidadãos “probos”. O que está em jogo nas denúncias “premiadas” de Costa, repercutidas por esta mídia mais venal, não é o resgate da “moralidade pública” e sim a destruição do cárter estatal que ainda resta a Petrobras, somada ao retorno do neoliberais Tucanos na direção do Estado burguês.