terça-feira, 8 de maio de 2012


Assume um Putin ainda mais servil às ordens da Casa Branca

Nesta segunda-feira, 07 de maio, tomou posse pela terceira vez como presidente da Rússia Vladimir Putin. Dimitri Medvedev agora assumirá o cargo de primeiro-ministro, um “troca-troca” em que a burguesia restauracionista russa tem o controle completo, através de seu “homem forte”, do governo central e do parlamento fantoche. Putin assume pregando uma maior aproximação com o imperialismo ianque e defendendo um acordo sobre o chamado “escudo antimísseis” da OTAN. No momento de sua posse houveram manifestações contra a fraude eleitoral que deu a vitória ao partido Rússia Unida, mas os protestos foram protagonizados por setores ligados à oposição de direita patrocinada por Washington, que apesar da subserviência de Putin, deseja quebrar o ciclo de poder de sua camarilha em favor de um setor político ainda mais entreguista e inofensivo.

No documento emitido em forma de decreto horas depois de sua posse, Putin estabelece suas prioridades na política externa, defendendo que Moscou quer levar a cooperação com Washington para um “nível realmente estratégico”, desde que as relações se baseiem na “igualdade, não-interferência nos assuntos internos, e respeito pelos interesses mútuos” (Actualidad, 08/05). Essa orientação trata-se claramente de sempre buscar uma “saída política” que preserve as áreas de influência russa pelo mundo. Porém, como se viu no caso da Líbia e agora na Síria, o governo Putin-Medvedev, pelo próprio caráter de classe burguês gerente de um país semicolonial, é incapaz de se por ao avanço político e militar do imperialismo na Ásia, África e Oriente Médio. Diferente dos idiotas no interior da esquerda que apresentam a Rússia como uma poderosa superpotência capitalista e mesmo como um país imperialista, a verdade é que com a destruição do Estado operário soviético a Rússia assumiu o papel de semicolônia dos EUA, sem grande margem de autonomia política frente à Casa Branca. Não por acaso, Putin acaba de autorizar a instalação de uma base militar da OTAN na cidade de Ulianovsk, onde nasceu Lênin, que é a ponte de comunicação aérea e terrestre que une a parte europeia da Rússia com a Sibéria e a Ásia Central. Putin defendeu a abertura do centro de passagem da OTAN alegando que "É preciso ajudá-los a solucionar o problema da estabilização no Afeganistão ou nós é que teremos que fazê-lo. Nossos interesses nacionais consistem em manter a estabilidade do Afeganistão (...), por isso garantiremos o trânsito" (Gazeta Russa, 22/04).

Como se vê, o máximo a que Putin pode chegar é negociar em doses graduais a rendição militar de seu país, como revela a própria “carta de intenções” divulgada nesta segunda-feira em que afirma “a Rússia se erguerá consistentemente por sua política com relação à criação pelos Estados Unidos de um sistema global de defesa antimísseis, buscando firmes garantias de que ele não será direcionado contra as forças nucleares dissuasivas da Rússia”. O decreto aborda a política russa para o mundo todo, mas serviu de mensagem para os EUA antes da reunião de Putin com o presidente ianque, Barack Obama, durante a cúpula do G-8 no mês que vem. O processo de submissão da Rússia ao imperialismo ianque avançou no último período, com a assinatura em 2010 de um pacto de limitação de arsenais nucleares. Diante da política abertamente defensiva de Moscou, a OTAN anunciou que o escudo deve ser concluído em quatro fases até cerca de 2020, sob o pretexto de conter uma resposta militar do Irã, mas de fato serve para interceptar os mísseis balísticos intercontinentais russos.

Estrategicamente Obama e a víbora Clinton desejam se livrar do staff de ex-burocratas restauracionistas que ajudaram a Casa Branca a liquidar as bases sociais do Estado operário soviético na década de 90 e colocar no comando da Rússia figuras de sua inteira confiança, que sequer façam firulas verborrágicas como Putin. Mas esse objetivo só pode começar a ser alcançado de fato quando a Casa Branca eliminar o regime iraniano e voltar suas baterias de forma mais centrada para Rússia e China. No meio do caminho desse plano neocolonialista está a Síria...Nesse sentido, o apoio do imperialismo as manifestações internas contra Putin está voltado a pressionar seu governo diante da investida da Casa Branca contra o Irã e a Síria. Obama deseja que a Rússia recue em seu apoio militar a esses dois países, medida fundamental para que o imperialismo possa impor seus interesses na região e avançar rumo a Ásia. A Rússia tem uma base militar na Síria, porta-aviões estacionados na costa do país além de ser parceira estratégica do programa nuclear iraniano. Ademais, se opõe parcialmente à criação do sistema de defesa antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para neutralizar qualquer reação militar russa a uma possível agressão imperialista. Washington também deseja livrar-se de Putin e seu séquito estrategicamente para impor a sua semicolônia uma nova fase histórica, hoje travada pelos arroubos do Kremlin, que utiliza do poderio militar russo para barganhar áreas de influência regional com o imperialismo ianque. A Casa Branca pretende fazer da Rússia um apêndice militar do Pentágono, já que do ponto de vista político desde a era Yeltsin o Kremlin vem seguindo a Casa Branca em seus passos de rapinas imperiais no planeta.
Não nutrimos a menor simpatia política pelos bandos mafiosos restauracionistas que se instalaram no poder na Rússia desde a contra-revolução de agosto de 1991, ao contrário, nos postamos ao lado da ala da burocracia stalinista (Bando dos 8) que tentou barrar a seu modo torpe esse processo então comandado por Boris Yeltsin e depois levado adiante por Putin. Porém não apoiamos qualquer “movimento” de fachada democrática patrocinado pelo Departamento de Estado ianque que tenha como objetivo preparar as condições para defenestrar Putin pelas mãos de uma ofensiva imperialista para impor um nome ainda mais alinhado com a Casa Branca.

Para derrotar os bandos restauracionistas agrupados em torno da dupla Putin-Medvedev e também os fantoches do imperialismo é necessário uma nova revolução social que faça da construção de uma nova Rússia soviética uma realidade política concreta, erguendo um Estado operário capaz de enfrentar a máquina que guerra do imperialismo ianque em unidade com as ações de massas do proletariado mundial, algo muito superior às inofensivas bravatas de um Putin que assume o novo mandato presidencial ainda mais servil as ordens do imperialismo ianque.