segunda-feira, 21 de maio de 2012




Abutres imperialistas planejam novos passos de sua escalada neocolonialista em cúpula do G-8 e da OTAN

Logo após a reunião do G-8, ocorrida em Campi David, teve início o encontro de cúpula da OTAN que se encerra neste dia 21 de maio, na cidade de Chicago, nos EUA. Os principais temas da agenda foram a conclusão da primeira etapa de criação do Sistema de Defesa Antimíssil (DAM), a situação no Afeganistão e a ofensiva contra a Síria e o Irã. Em resumo, o imperialismo ianque e seus aliados estão fechando o calendário em torno de questões centrais da ofensiva neocolonialista no planeta tendo como marco a reeleição de Obama em novembro. Trata-se de fomentar a indústria da guerra para aquecer a economia ianque e da França, conquistando novos mercados e rapinando as reservas naturais em sua escalada neocolonialista, como ocorreu na Líbia recentemente. Do G-8 participaram as principais economias capitalistas (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Japão) e a Rússia. Já da cúpula da OTAN tiveram assento representantes de 60 países, incluindo países vizinhos da Rússia que se mostram ávidos a estabelecer um pacto servil com Washington (Ucrânia, o Cazaquistão, o Quirguistão, o Uzbequistão e o Tajiquistão). Moscou, devido às divergências na questão da DAM e na cooperação com o Afeganistão, não enviou uma delegação representativa a Chicago.

A Rússia, impotente, assiste avançar os planos bélicos das grandes potências imperialistas, mas ao lado da China é incapaz de se opor a essa dinâmica, já que na condição de semicolônia tem pouca autonomia frente às ordens da Casa Branca. Em tom de chantagem, a OTAN vociferou em sua declaração que “Reafirmamos que os mísseis de defensa da OTAN não estão dirigidos contra Rússia e não prejudicarão as forças de dissuasão estratégica do país... Lamentando as declarações repetidas por parte da Rússia sobre as possíveis ações contra o sistema de defesa de mísseis da OTAN, damos boas vindas a vontade de Moscou de continuar o diálogo com vistas a chegar a um acordo sobre a futura cooperação nesta matéria” (sítio Actualidad, 21/05). Lembremos que a Rússia tem uma base militar na Síria, porta-aviões estacionados na costa do país, além de ser parceira estratégica do programa nuclear iraniano. Ademais, se opõe parcialmente à criação do sistema de defesa antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para neutralizar qualquer reação militar russa a uma possível agressão imperialista.

Com relação ao Afeganistão, o G-8 e a OTAN prometeram que será “transferida” a responsabilidade pela segurança do país às forças locais até meados de 2013 e a Aliança imperialista passará então a ter um papel de apoio até a retirada das tropas internacionais do país no final de 2014. Segundo o comunicado, “a missão de combate liderada pela OTAN chegará ao fim no final de 2014, mas continuará a conceder um sólido apoio político e prático de longo prazo ao governo afegão”, arrematando que está “preparada para trabalhar no estabelecimento, a pedido do governo da República Islâmica do Afeganistão, de uma nova missão para depois de 2014”. Esta eventual missão de formação e de instrução das forças afegãs “não será uma missão de combate”, indica a declaração. A missão da OTAN no Afeganistão (ISAF) é composta atualmente por cerca de 120 mil combatentes procedentes de 40 países. Como está claro, devem sair as tropas regulares da OTAN para assumir os mercenários mafiosos de empresas como a “Blackwater”. O anúncio da saída do Afeganistão é apenas um subterfúgio, uma jogada diversionista do imperialismo ianque e europeu para ocultar uma operação de grande envergadura militar que está sendo preparada, a de apontar seus mísseis para a Síria e Irã, fato que a mídia “murdochiana” faz questão de esconder. Como é sabido, o imperialismo ianque e europeu não “abandonarão” simplesmente o território afegão. Ao contrário, o Pentágono traça uma nova estratégia militar para a região a fim de aumentar ainda mais seu controle geoestratégico no Oriente Médio. Para reprimir e intimidar a população local, as diversas etnias e grupos religiosos a ISAF ianque deixará no lugar das tropas regulares um enorme contingente de mercenários que já atuavam junto às tropas oficiais. Trata-se de uma máfia, ou empresas privadas de segurança contratadas para “manter a ordem” social e política no Afeganistão assim como atuam no Iraque. O objetivo da OTAN é coordenar um “ataque futuro” sobre o território iraniano, uma vez que tropas renovadas estariam estacionando no Iraque, Jordânia e Turquia, Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes, apoiadas pelas “Forças de Operações Especiais” compostas por mercenários treinados em Israel. O anúncio da falsa “retirada” das tropas regulares da OTAN em 2013 por parte do imperialismo responde a uma ofensiva militar ainda mais cruel, serve para perfilar suas tropas para novos alvos estratégicos, Síria e Irã. Quer dizer, não se trata de uma “retirada”, mas sim de uma substituição tático-propagandistica por parte do Pentágono, uma vez que mercenários e efetivos estrangeiros (regulares e irregulares) ainda permanecerão no país. Não por acaso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu nesta segunda-feira, 21/05, na reunião da OTAN em Chicago que a busca de uma solução pacífica para o conflito da Síria está “em um momento crítico”. Segundo seu porta-voz, “O secretário-geral disse que estamos em um momento crítico na busca por uma solução pacífica para a crise e que continuava extremamente preocupado com o risco de uma guerra civil total”. A marionete da ONU, que se reuniu com o presidente francês, François Hollande, disse que também está “preocupado com o surto de violência relacionada no Líbano”. Confrontos nas ruas de Beirute entre grupos a favor e contra a Síria deixaram dois mortos durante a noite, informou uma fonte dos serviços de segurança nesta segunda-feira, provando que o imperialismo já usa a desestabilização na Síria para tensionar a disputa no interior do Líbano. Por sua vez, o carniceiro Secretário-Geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, manifestou a sua “preocupação” com a situação da Síria, o que em outras palavras significa que está pronto para intervir se necessário.

Como se vê, o imperialismo ianque ao lado de seus servis aliados na OTAN e da ONU, na verdade está se preparando para organizar uma nova ofensiva contra os dois países. A fragmentação da oposição síria por um lado e o aceno do governo de Ahmadinejad de fechar um acordo com a Casa Branca foram discutidos nos fóruns imperialistas. Em ambos os cenários, a Rússia aparece como “interlocutora” para a busca de uma “solução política” para os conflitos. Na realidade, o governo russo busca um acordo global com Washington para manter sua influência política e militar na região, agora que Putin foi eleito presidente, já a Casa Branca aguarda a reeleição de Obama para melhor definir o cenário de sua nova ofensiva.

Em ambos os casos, está em curso um estrangulamento da resistência anti-imperialista nos dois países. A Rússia negocia para que os governos do Irã e da Síria façam concessões a Washington enquanto não chega novembro. Tal perspectiva é o caminho da derrota para as massas sírias e iraquianas porque tão logo o imperialismo esteja em melhores condições para atacar, o fará! Não esqueçamos o exemplo líbio, quando Kadaffi buscou um acordo com o imperialismo europeu e acabou por não esmagar o foco contrarrevolucionário em Benghazi porque tinha ilusões em suas relações com a Itália e França. O resultado foi que o imperialismo armou os “rebeldes” e depois bombardeou o país através da OTAN! Portanto, é necessário se preparar para a escalada neocolonialista que o G-8, a OTAN e a ONU preparam contra os povos e as nações oprimidas.

Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam os regimes nacionalistas burgueses sírio e iraniano assim como com o Hezbollah no Líbano para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre estes países. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Putin, Bashar Al-Assad e Ahmadinejad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária as atuais direções burguesas que via de regra tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.