Agora foi o jornal Washington Post, insuspeito de ter
alguma simpatia pelo regime de Bashar al Assad ou de se opor à investida
neocolonialista da Casa Branca no Oriente Médio, que acaba de noticiar nesta
quarta-feira, 16/05: “os rebeldes da Síria receberam um fluxo de armas,
incluindo antitanques, para sua luta contra o regime do presidente Bashar al
Assad, em um esforço coordenado com a ajuda dos Estados Unidos”. Segundo o
jornal, “A Casa Branca avançou nos vínculos com os rebeldes sírios e com os
militares regionais aliados a eles, jogando um papel na rede de apoio
internacional aos insurgentes”. Mais claro impossível a íntima relação entre o
chamado Exército Livre da Síria (ELS) e o imperialismo ianque, mas para a LIT
esses mercenários continuam a ser “revolucionários” que devem ser apoiados em
sua luta contra a “ditadura sanguinária de Assad”!
Ainda pelo que relata o Washington Post, “Os Estados
Unidos prometeram aumentar a pressão para que Assad deixe o poder e o tema será
tratado na próxima reunião da OTAN em Chicago”. Como se vê, a OTAN e a LIT tem
o mesmo objetivo, derrubar Assad na Síria, assim como estiveram na Líbia juntos
em apoio aos “rebeldes” contra o regime nacionalista de Kadaffi! Estamos diante
de uma força política que se passou de malas e bagagens para o campo da reação
“democrática” imperialista. Se ainda restava alguma dúvida, prestemos bastante
atenção no que diz a mais recente declaração dos morenistas sobre a Síria. Para
a LIT, “Desde o final de 2011, a luta de classes na Síria chegou a sua máxima
expressão, iniciando-se una guerra civil. Depois de meses de mobilizações
populares que eram brutalmente reprimidas pelo regime sírio, surge o denominado
Exército Livre da Síria (ELS). Esta força combatente está conformada,
fundamentalmente, por setores da população civil que tomaram as armas e por
soldados que desertaram do exército regular que responde a ditadura de Assad.
Líderes do ELS asseguram que suas fileiras contam com 40 mil combatentes e suas
ações militares se circunscrevem, geralmente, a tática de guerra de
guerrilhas... Sustentamos que o armamento da população deve estender-se e as
ações militares devem ser centralizadas a partir de una direção unificada de
todas as unidades e comitês populares armados. Por outro lado, é preciso exigir
aos governos armas e assessores militares para a resistência armada síria” (sítio
LIT, 20/04)! Estamos diante de um claro chamado ao estabelecimento de uma
frente única com as potências imperialistas contra um governo de corte
nacionalista burguês!
Vejamos o que noticia o jornal sobre a política da LIT
de “exigir dos governos armas e assessores militares para a resistência armada
síria”. Segundo o Washington Post, EUA e Arábia Saudita chegaram à conclusão
que é impossível causar um conflito interno no exército sírio, pois Assad exerce
pleno controle sobre os militares. Por isso, o jornal afirma existir em
andamento a implementação de um novo plano, na medida que os EUA já organizaram
vários comitês de segurança, políticos e militares em favor dos “rebeldes” na
Síria. O comitê ianque de apoio ao ELS é formando pela Secretária de Estado,
Hillary Clinton, na função de supervisora e Jeffrey Feltman, como coordenador.
Feltman também controla um grupo cujos membros incluem ministros de Relações
Exteriores da Arábia Saudita e Qatar. Além disso, conta com participação da CIA
e agências de inteligência da Arábia Saudita, Qatar, Turquia, Líbia e da OTAN,
através de um escritório com sede em Doha, para a coordenação especial de
segurança na Síria. Já o comitê militar é chefiado pelo general Martin Dempsey.
O grupo é quem tem a palavra final em matéria de apoio logístico para os “rebeldes”
sírios e determina o tipo de inteligência a serem fornecidos para a oposição. O
comitê de segurança, entretanto, tem representantes de sete a dez agências de
inteligência americanas. Sua missão é o desenvolvimento de enredos e coleta de
informações-chave sobre a situação na Síria. Ainda segundo o jornal, um dos
objetivos da estratégia está destinado a impedir a Rússia de manter uma posição
permanente na Síria, mais precisamente sua base militar no país. Além disso, a
trama procura “transferir a democracia ao país” sem ter que arriscar a
segurança nacional de Israel. Por isso, o plano será realizado diretamente
pelos batalhões militares de mercenários que atuam além das fronteiras sírias
com países como o Líbano, Turquia, Jordânia e partes do Iraque. Guerra de
guerrilha nas cidades sírias, ataques especiais em áreas que estão sob controle
do governo de Al Assad pesado juntamente com operações paramilitares e guerra
psicológica contra o exército fazem parte das ações!
Diante de fatos tão claros, inclusive noticiados
amplamente pela própria mídia imperialista, não acreditamos que a “cúpula”
morenista da LIT seja tão estúpida assim de não ver o óbvio. Trata-se de um
outro fenômeno, marcado pela decomposição ideológica, moral e material de uma
corrente política para melhor se adaptar aos “tempos modernos”, diante da
brutal ofensiva imperialista pós-queda do Muro de Berlim, também apoiada por
esses mesmos senhores em nome de combater a “ditadura stalinista” na URSS e no
Leste europeu.
Está colocado frente a escalada política e militar do
imperialismo em apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria, assim como fez na
Líbia, combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o
imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e
Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares
“humanitárias”. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o
imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes,
postarem-se em frente única com os governos das nações atacadas ou ameaçadas
pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências
capitalistas sobre os países semicoloniais da região, desmascarando
vigorosamente aqueles que se fingindo de “esquerda” avalizam a sanha
neocolonialista de Obama e seus sócios.