quarta-feira, 9 de maio de 2012

A guerra de quadrilhas da Rede Record com a Revista Veja e o papel da “mídia alternativa”

Existe um verdadeiro frenesi no interior da esquerda “chapa branca” e particularmente na blogosfera sobre as íntimas relações da Revista Veja com Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres, Marconi Perillo, a construtora Delta e outros membros da quadrilha que assaltam os cofres da República. Apesar disso, esses mesmos paladinos da chamada “mídia independente” pouco divulgam que o “esquema” de corrupção abarca todas as esferas, incluindo governos de todos os partidos, do PT ao PSDB/DEM, passando até por parlamentares do PSOL. Denunciar o grupo Civita e o “Murdoch” brasileiro virou uma verdadeira “febre jornalística” a tal ponto de se divulgar na chamada “imprensa alternativa” vídeos inteiros da Rede Record, pertencente ao Bispo Edir Macedo, esmiuçando os acordos de Veja e seu diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, com arapongas a serviço do empresário/contraventor goiano que pautava as matérias da revista. Demóstenes, por exemplo, estava fazendo negociatas e mantinha contatos diretos com a direção da revista Veja para plantar e capitalizar escândalos que lhe rendiam poder de barganha em novos esquemas. Mas qual a "grande surpresa" desse episódio, se é justamente assim que funciona a relação da imprensa burguesa com os governos de plantão e seus representantes no balcão de negócios que são o parlamento e as empresas estatais. Neste exato momento, o Grupo Record de comunicação presta para o PT e o governo Dilma exatamente os mesmos serviços que a Veja faz para a “oposição conservadora" demo-tucano, ou seja, manipular a população trabalhadora em troca de favores e benesses oriundas das relações comerciais legais e ilegais com o Estado capitalista e seus gerentes de turno. São concessões de TV, empréstimos bilionários e negociatas... Na verdade estamos literalmente assistindo pela TV e lendo nos pastelões, assim como nos blogs, uma guerra de quadrilhas onde ambos os lados e suas “mídias” se engalfinham para melhor abocanhar o botim estatal. Como estamos sob a égide do governo da frente popular comandado pelo PT, a Revista Veja está sendo “alvo” de denúncias justamente porque outros grupos jornalísticos querem ocupar o seu lugar na disputa desse mercado tão lucrativo de criar e noticiar escândalos para tirar proveito próprio.
O que os “indignados” blogueiros e jornalistas a soldo da frente popular não dizem é que o PT e seu séquito burguês (PMDB, PCdoB, PSB, PDT...) agem da mesma forma que os demo-tucanos e o chamado PIG, já que representam os mesmos interesses de classe, opostos aos dos trabalhadores. A diferença é que PT e PSDB/DEM representam frações políticas distintas que se alternam a frente do Estado para explorar os trabalhadores e seguir entregando as riquezas nacionais para os grupos imperialistas e os novos barões nativos. Os blogueiros “chapa branca” (tipo Nassif, Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim...) limitam-se a atacar uma já decadente mídia golpista de corte facistizante e não o pacto oligárquico iniciado no governo Lula e continuado por Dilma, além de preservarem a Rede Record, onde diga-se de passagem, alguns estão empregados. A tão propalada “sanha golpista” da oposição burguesa que tem na arqui-reacionária Revista Veja seu principal aliado, é na verdade uma busca de correlação de forças minimamente tolerável na manutenção da hegemonia política da frente popular, haja vista que o Planalto goza de pleno apoio do imperialismo e grande parte da burguesia nacional, completamente identificada com a tranquilidade proporcionada pelo atual governo.

Em suma, os blogueiros governistas ao protegerem Dilma apenas endossam o engodo da frente popular anestesiando a ação direta dos explorados e de sua vanguarda, atuam como cúmplices do governo nos ataques à classe trabalhadora exigidos pelo imperialismo. Tanto que a “resposta” do PT as investidas da revista fascista a serviço da oposição conservadora até agora foi apenas aprovar em seu último congresso nacional, não por acaso por iniciativa de José Dirceu, um dos alvo preferidos de Veja por seus negócios milionários via a influência que ainda tem no governo, uma emenda a favor de uma branda regulação da grande mídia burguesa, na verdade um enunciado de medidas inócuas que servem apenas como um sinal de alerta “vermelho” contra possíveis novas investidas da “Veja” e similares contra os mafiosos “capos” petistas. Mas a principal resolução da pomposa emenda intitulada “Compromisso com uma agenda estratégica para as comunicações no Brasil”, consistia na pífia ameaça da distribuição das verbas estatais aos grandes meios de comunicação: “Democratizar a distribuição das verbas públicas de publicidade visando o estímulo à pluralidade de fontes de informação nas diferentes esferas da federação”. Com este recado direto aos Civita e Marinho, o PT pretendeu confirmar o óbvio: vai seguir estimulando a “concorrência” investindo pesado em complexos burgueses de comunicação como a rede Record ou mesmo SBT. Agora essa mesma situação volta à tona, com a frente popular tentando se apoiar em outros grupos jornalísticos para atacar a Veja e de quebra retomar o debate sobre a necessidade de um “marco regulatório da mídia”, que dá "Ibope" na base social do petismo mais engajado na cruzada da "éica na política e nas comunicações" . Aliás, esse é outro conto da carochinha que nos vende a chamada "imprensa alternativa".

É impossível existir uma “mídia independente” dos grandes monopólios dos meios de comunicação, sem a ruptura revolucionária das massas com o Estado burguês e a expropriação dos meios de comunicação capitalistas, que manipulam a população segundo seus interesses de classe, como faz corriqueiramente a revista Veja e a Rede Globo, assim como os aliados da frente popular, a exemplo da Rede Record ou do SBT. A defesa do marco regulatório como a via para a “democratização das mídias” (jornal, revista, TV e internet) não passa de uma burla na medida em que visa um acordo político e econômico com o grande capital que controla o setor, reservando uma parcela do orçamento estatal para beneficiar os grupos jornalistas burgueses minoritários e as chamadas “mídias alternativas”, como os blogs “chapa branca”, que apoiam incondicionalmente o governo da frente popular. Distribuindo verbas federais a seus novos aliados na mídia e ao mesmo tempo mantendo intocáveis os “velhos” grupos de comunicação, o PT pretende fazer “média” com sua base social vendendo o conto que está estimulando a “concorrência em nome da democracia”, quando na verdade apenas está investindo pesado em complexos burgueses de comunicação “alternativos” à mídia demo-tucana com o objetivo de melhor preservar seu governo de colaboração de classes para manter a estabilidade do regime da democracia dos ricos e seus esquemas de corrupção. A campanha a favor de uma tímida regulação da grande mídia burguesa serve apenas como uma medida preventiva contra novas investidas da “Veja”, Época”, “Folha”, “Estadão” ao governo petista e seus aliados. Esse fato demonstra que o PT e o governo da frente popular pela sua natureza de classe é completamente refém da mídia capitalista, sendo incapaz de tomar qualquer medida consequente contra esta e seus “barões”. A única forma de ter uma mídia comprometida com os interesses dos trabalhadores e do povo pobre é lutando pela liquidação do próprio Estado burguês, que através de seu “quarto poder” aliena as massas para manter a exploração capitalista e a hegemonia do imperialismo sobre os povos do planeta.