Nos últimos dias houve um salto de qualidade na
verdadeira cruzada diplomática, militar e midiática para justificar uma
intervenção militar da OTAN na Síria. O massacre de Houla, ocorrido na
sexta-feira, 25/05, está sendo usado justamente para alcançar esse objetivo
através da armação de uma farsa montada para responsabilizar o governo Assad.
Nessa sórdida campanha o imperialismo conta com a ajuda dos revisionistas do
trotskismo para passar a versão mentirosa de que mais de uma centena de pessoas
foram mortas por uma “ditadura sanguinária” que atacou com tanques de guerra
seu próprio povo para por fim a uma “revolução”. O tom charlatanesco deste
script hollywoodiano é evidente. O covarde assassinato de 108 pessoas, entre
eles várias crianças, ocorrido na localidade de Houla, na Síria, foi
responsabilidade direta de grupos mercenários de terroristas islâmicos oriundos
da Líbia, hoje uma verdadeira base militar das potências imperialistas na
região. Seu objetivo, assim como os atentados anteriores em Damasco no início
de maio praticados com o auxílio da CIA e do Mossad, é provocar a desestabilização
do país e fragilizar o governo de Bassar al Assad, justificando em nome da
cínica defesa dos “direitos humanos” e da fantasiosa “revolução árabe”, a
intervenção militar da OTAN através de uma decisão do covil de bandidos
instalados na ONU. Não por acaso, os ataques ocorreram na véspera da chegada de
Koffi Annan a Damasco e os observadores da Nação Unidos se apressaram em
declarar que o governo sírio era o responsável pelo massacre, quando está mais
do que claro que se tratou de uma macabra operação militar orquestrada para
reforçar a ofensiva imperialista sobre o país.
Em carta ao Conselho de Segurança da ONU, a
chancelaria síria afirmou que as forças do exército nacional perseguiram
centenas de homens armados que teriam cometido o massacre: “Nem um só tanque
entrou na região. O Exército sírio estava em estado de autodefesa, usando o
máximo grau de autocontrole e uma resposta apropriada, e qualquer outra coisa
senão isso é pura mentira. Os grupos armados entraram com o propósito de matar
e a melhor prova disso é o assassinato com facas, o que é uma assinatura de
grupos terroristas que massacram segundo a forma islâmica” (Actualidad, 28/05).
Apesar disso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que os
observadores das Nações Unidas visitaram o local depois do massacre e “viram
cápsulas de artilharia e de tanques e também marcas recentes de tanques”
(Idem). Essas palavras compravam que a investida imperialista ganhou impulso e
colocou em frenesi tanto as potências capitalistas como os grupos revisionistas
que estão unidos pela vitória da “insurreição” made in CIA.
É preciso lembrar que o governo de Bassar Al-Assad
assinou em abril um acordo com a ONU autorizando o envio de seus
observadores-espiões à Síria sob a justificativa de supervisionar o cessar-fogo
no país. O acordo foi mediado por Kofi Annan, representando a ONU e a Liga
Árabe com o apoio da China e da Rússia, sendo aprovado por unanimidade pelo
Conselho do Segurança (CS) das Nações Unidas. Mais de 300 observadores compõem
a missão. Como alertamos anteriormente, esta missão tem como verdadeiro
objetivo “monitorar” o governo sírio enquanto a debilitada oposição financiada
pelo imperialismo se recompõe na fronteira do país com a Turquia, onde a OTAN
montou uma base de apoio ao chamado ELS (Exército Livre da Síria), mercenários
a serviço das potências abutres imperialistas. O acordo foi assinado pelo
governo sírio, sob forte pressão da China e da Rússia, depois que o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ventríloquo da Casa Branca, declarou em
carta ao CS que a Síria não cumpriu suas obrigações determinadas por um “plano
de paz” que previa a retirada de tropas e armamentos pesados de áreas urbanas.
Nesta mesma carta, Ban Ki-moon defendeu que sejam fornecidos aviões e
helicópteros aos “observadores”, já pedidos à União Europeia, leia-se OTAN,
para que seja montada uma base militar das forças da ONU dentro da Síria!
Agora, depois do teatro montado pelos observadores-espiões e dos atentados de
Houla, Kofi Annan acabou de desembarcar na Síria para pressionar ainda mais o
governo Assad e deve declarar que o seu “plano de paz” fracassou, o que
significa dar carta branca para uma intervenção da OTAN sobre o país, como já
salivam as hienas imperialistas.
Por sua vez, os mercenários do “Exército Livre da
Síria” aproveitaram o ataque terrorista que seus próprios homens perpetraram em
Houla para “exigir” da ONU que atue contra o governo Assad, inclusive que se
organizem ataques aéreos contra as forças militares sírias: “Declaramos que até
que o Conselho de Segurança da ONU tome uma decisão urgente para proteger os
civis que o plano de Annan está morto. O ELS não vai seguir mais o plano de
Annan até que a ONU proteja os cidadãos da violência por parte do Exército governamental
e da polícia síria” (AFP, 28/05). No mesmo sentido, os governos imperialistas
da França e Inglaterra já convocaram uma reunião de emergência dos “(muy)
amigos da Síria” em defesa de uma “forte resposta internacional”. Nas cínicas
palavras do ministro britânico de Assuntos Exteriores, William Hague: “Estamos
consultando urgentemente com nossos aliados para dar uma forte resposta
internacional, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a União Europeia e os
organismos de direitos humanos da ONU” (Idem).
Como parte dessa farsa, os ventríloquos da esquerda
revisionista do trotskismo se valem da ofensiva política e militar dos abutres
capitalistas na Síria para avançar em sua campanha contra a “ditadura
sanguinária de Asssad”, fazendo assim claramente o jogo da Casa Branca e da
farsesca “revolução árabe” que Obama patrocina. No Brasil, os verdadeiros
agentes do imperialismo no interior da esquerda, como o PSTU-LIT, agiram rápido
e convocaram um “protesto em frente ao consulado da Síria na Avenida Paulista”
para esta terça-feira, 29/05, esclarecendo que “desde o início da revolução, o
comitê de apoio à revolução do povo sírio já promoveu 15 manifestações em São
Paulo exigindo a queda do ditador Bashar El Assad e seu regime assassino”.
“Manifestações” desse tipo são apoiadas em todo mundo pelo Departamento de
Estado ianque justamente para cobrir de legitimidade sua investida
neocolonialista e não por acaso a LIT, que aplaudiu entusiasticamente os
“rebeldes” mercenários na Líbia contra Kadaffi, segue fazendo o mesmo na Síria.
Esses ratos revisionistas também salivam para que Assad seja derrubado com a
“ajudinha” da OTAN. Para esses camundongos revisionistas está mais do que na
hora de fazer da Síria uma nova Líbia! Como parceiro da LIT nesta empreitada
contrarrevolucionária na Síria agora está o ECLA (Espaço Cultural
Latino-Americano), que já havia abrigado anteriormente as atividades do
mal-chamado Comitê Anti-imperialista, que chegou a realizar um ato em apoio aos
“rebeldes” líbios, um verdadeiro balaio de gatos integrado inclusive pelos
ratos da CST-UIT e do OT, também ardorosos defensores da OTAN e de seus “revolucionários”,
inclusive reivindicando “armas para os insurgentes”! Como a LBI já havia
alertado no caso da Líbia, a LIT, o ECLA e toda essa corja de falsos “anti-imperialistas”
não passam de apêndices da Casa Branca que sob a fachada de se opor à “agressão
imperialista” visam melhor encobrir sua cínica política de apoio à reação
democrática.
Mais uma vez, as hienas imperialistas e os camundongos
revisionistas se unem e salivam pela intervenção da OTAN na Síria. O covarde
massacre na cidade de Houla por mercenários demonstra que está se cumprindo
contra a Síria o mesmo script político montado pelo imperialismo ianque contra
a Líbia, que sempre conta com a ajuda dessa “esquerda” convertida em porta-voz
da OTAN. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o
imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes,
postarem-se em frente única com os governos das nações atacados ou ameaçados
pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas
sobre os países semicoloniais da região, desmascarando vigorosamente aqueles
que se fingindo de “esquerda” como a LIT e seus satélites avalizam a sanha
neocolonialista de Obama e seus sócios.