sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Eleição no senado: PT e o grupo de Dirceu apoiaram o oligarca corrupto Renan, PSOL seguiu com a oposição Demo-Tucana
 
A eleição para a mesa diretora do Senado da República não apresentou muitas surpresas, mas foi um episódio “rico” em revelações políticas. O senador alagoano do PMDB, Renan Calheiros, com uma rica trajetória na política burguesa nacional foi eleito para presidente do Senado com 56 votos contra os 18 votos de Pedro Taques (PDT-MT) representando uma frente da oposição Demo-Tucana em aliança com o PSOL e alguns dissidentes do próprio PMDB. Renan volta à presidência da casa após renunciar ao cargo em 2007 em função de um escândalo amoroso envolvendo, é claro, favores estatais. Nestes trinta anos que atuou na “vida pública” Calheiros passou pelo PCdoB (junto ao seu irmão Renildo atual prefeito de Olinda), para depois ancorar no PMDB até a eleição de Collor em 1989 quando se mudou para o PRN. Com a deposição de Collor, Renan volta ao PMDB para impulsionar a aproximação do partido com o governo FHC, do qual foi ministro da justiça. Finalmente, com a eleição de Lula, o senador alagoano “vira a casaca” para chefiar o bando mafioso peemedebista que vai integrar a base aliada da frente popular. Renan em conjunto com Temer, Sarney e o governador Sérgio Cabral faz parte do comando do PMDB que controla grande parte dos negócios do governo petista com as empreiteiras e grupos econômicos internacionais, trata-se de um legítimo escroque mais identificado com os interesses das oligarquias corruptas enfronhadas no Estado burguês. Até aí nenhuma grande novidade a não ser pela defesa entusiástica feita por José Dirceu da candidatura do “companheiro” Renan. Dirceu comandou o apoio da bancada petista no Senado a Renan, abrindo mão da própria candidatura do PT à presidência da casa. Mas a movimentação política de Dirceu não se limitou aos aspectos institucionais da manutenção da chamada base aliada, em seu Blog o dirigente da “Articulação” não poupou elogios pessoais a Renan, revelando o grau de decomposição ideológica em que se encontra.
 
A defesa “apaixonada” feita por Dirceu de uma das figuras mais corruptas do país acontece poucos dias após a realização de um ato público, promovido pela CUT-RJ e apoiado por organizações da esquerda revisionista. Neste evento realizado na sede da ABI, Dirceu prometeu “enfrentar a ofensiva da direita”, quando foi ovacionado pela militância de base “iludida” com a demagogia reformista do “capo” petista. A tentativa de “vender” a imagem de Dirceu como o “herói revolucionário”, feita pelos pilantroskos de “O Trabalho” e “Esquerda Marxista” não resistiu poucas horas depois, pela própria dinâmica real da luta de classes. Como Dirceu e sua ala do PT irá enfrentar a “ofensiva da direita” do STF aliando-se a direita mais reacionária e corrupta do país, como Collor, Sarney e Renan? Se a ofensiva do capital teve como primeiros alvos a antiga cúpula do PT, “vítima” de sua própria política de subordinação aos interesses das oligarquia burguesas, também é certo que a classe operária não poderá contar com os agentes da colaboração de classes para derrotar a ofensiva imperialista em curso.
 
Mas a eleição da nova mesa do Senado não só revelou a subordinação do PT, e seu arco interno de “esquerda”, às oligarquias dominantes, o PSOL, cabeça da “combativa” ( segundo as palavras do PSTU) oposição de esquerda, seguiu a mesma trilha política e retirou a candidatura do jovem senador Randolfe para apoiar o bloco parlamentar formado pelos Tucanos e Demistas. Também nenhuma grande surpresa para aqueles que no Amapá se coligaram com as oligarquias locais para eleger o prefeito de Macapá, o “curioso” mesmo é o fato dos Morenistas do PSTU ainda afirmarem o caráter “classista” da oposição de esquerda, mesmo depois deste “campo” se mostrar tão íntimo dos setores burgueses mais corrompidos da política brasileira. O PSOL segue inexoravelmente seu curso de um partido pequeno burguês, apêndice político da oposição conservadora Demo-Tucana, como demonstrou nos recentes acontecimentos do julgamento da ação penal 470, mais conhecida como “Mensalão”. Como papagaios da mídia “murdochiana”, PSOL e PSTU se juntaram cretinamente ao coro da reação, para tentar “faturar” algum dividendo eleitoral em outubro, o que de fato acabou acontecendo com a eleição de uma dezena de vereadores.
 
O proletariado e sua vanguarda mais consciente não pode ficar atada às variantes de uma esquerda que por várias vezes já demonstrou ser um dócil e servil instrumento político das classes dominantes. Para enfrentar o curso guerreirista do imperialismo contra os povos, que se apresenta de várias facetas em cada nação (desde a eliminação neoliberal das conquistas sociais até a própria guerra de devastação) se faz necessária uma plataforma programática de completa independência de classe, crivando desde a gênese a construção do partido revolucionário. Não será como caroneiros da mídia “murdochiana”, com o mesquinho objetivo de eleger poucos vereadores, que se conquistará a hegemonia do processo político, sempre pautando como questão estratégica a revolução socialista e a instauração da ditadura do proletariado.