RÚSSIA TERIA ABATIDO UM CAÇA ISRAELENSE QUE TRANSPORTAVA UMA OGIVA NUCLEAR EM DIREÇÃO AO IRÃ?: VERSÃO FANTASIOSA DE PEPE ESCOBAR BUSCA CAMUFLAR O LIMITADO APOIO MILITAR DO KREMLIN A SÍRIA E AO HAMAS
O jornalista Pepe Escobar, hoje trabalhando como assessor “informal” do governo Putin, está no Brasil participando de uma série de palestras promovidas pelo portal lulopetista, “Brasil 247”. No último sábado (20/04), Escobar publicou uma “bomba” em sua conta no Twitter e logo depois confirmou o “furo de reportagem” em uma live na “TV 247”. Trata- se de um relato, recebido de uma “fonte sigilosa” do jornalista “multipolar”, sobre o abatimento de um caça F-35 israelense que se dirigia ao Irã com uma ogiva nuclear. A aeronave militar sionista teria sido derrubada, ainda no ar com a bomba atômica, por um míssil russo disparado de uma base militar na Síria. O gravíssimo incidente, segundo a versão fantasiosa de Pepe, teria sido comunicado simultaneamente aos EUA e ao Irã que se comprometeram duplamente a “guardar segredo” do fato, encerrando assim esse capítulo das retaliações militares mútuas entre o enclave de Israel e o país persa. Em primeiro lugar, gostaríamos de contestar a impossibilidade política, e não militar ou técnica, da tal “estória” irreal contada por Pepe, um declarado apologista muito bem remunerado pelo Kremlin do tal “novo mundo multipolar”. Israel não é uma nação ou país “aliado aos EUA”, simplesmente porque sua configuração social e histórica não lhe confere esse “status”. O enclave sionista, uma criação artificial dos EUA, principalmente colonizado e habitado por colonos vindos da Europa (na maioria poloneses, húngaros e ucranianos) desde o fim da Segunda Guerra, é um departamento militar povoado do imperialismo ianque, incrustado no centro do Oriente Médio. Qualquer agressão militar a um equipamento bélico de Israel, é correspondente a um ataque direto ao Pentágono, portanto a derrubada de um moderno caça do enclave sionista pelos russos seria considerada uma declaração de guerra aos EUA. O governo Putin sabe, melhor do que nós, o que significa derrubar um caça israelense, por isso suas defesas antiaéreas S-300 instaladas na Síria, não fazem absolutamente nada contra as incursões da força aérea sionista, nem mesmo quando entraram em Damasco e bombardearam a embaixada do Irã! Os sistemas russos de defesa S-300 e S-400 se limitam na Síria a Interceptar alguns mísseis balísticos lançados por Israel, e nada mais! Por isso o regime de Bashar Assad continua sendo constantemente atacado(sem dar resposta alguma) por caças de Israel e também por caças ianques que ora partem de uma base militar ilegal do imperialismo na Síria, ou mesmo de Tel Aviv.
Se acreditarmos na versão “multipepiana” da explosão do caça F-35, também teremos que crer na possibilidade da Casa Branca ter hasteado a “bandeira branca” para o Kremlin, pois segundo Escobar o Pentágono deu “sinal verde” para a derrubada da aeronave da força aérea israelense. Os “militantes” multipolaristas, sim porque agora sequer reivindicam o socialismo, vivem em estado de “êxtase ideológico”, apregoando a derrocada final da hegemonia mundial dos EUA baseados única e exclusivamente no “PIB chinês” e sem levar em conta a complexidade da economia capitalista global, que está entranhada “até a medula” com suas corporações imperialistas no “boom econômico” do gigante asiático. Pepe e muitos outros “intelectuais” ex-stalinistas, passaram a irradiar um ridículo ufanismo multipolar em todos as questões da geopolítica mundial, seja na guerra da Ucrânia ou mais recentemente na guerra contra o enclave sionista, daí nasce a versão “quixotesca” da Rússia abatendo o sofisticado caça F-35, sem nenhuma reação militar do Pentágono ou do enclave sionista. Porém a correlação de forças entre Moscou e Washington está bem distante da “desenhada” por Escobar.
Voltando ainda na informação objetiva revelada com
exclusividade por Pepe, para não parecer que ignoramos a capacidade e o
potencial terrorista de Israel. Pelo que lemos de sua revelação, o objetivo do
F-35 era detonar o artefato nuclear no espaço aéreo do Irã e assim provocar um
grande choque eletromagnético na atmosfera da região, gerando um “apagão
eletrônico” nas defesas aéreas do país, assim como em toda as suas redes de
comunicação. A “tarefa suja” do caça israelense só não pôde ser cumprida,
conforme Escobar, porque foi destroçado possivelmente por um míssil de origem
russa, estacionado na Síria. Do ponto de vista militar sionista a “resenha” de
Pepe é plenamente possível, só não “fecha” quando nos detemos em seu “final
feliz”, o míssil balístico russo teria conseguido o “aval” da Casa Branca para
abater seu caríssimo caça F-35, a “nova joia” da indústria armamentista
norte-americana, cedida recentemente a Israel. Apesar de pertencer formalmente
a força aérea de Israel, e até ser pilotado por um militar sionista, os
modernos F-35 são aeronaves controladas eletronicamente pelos seus fabricantes,
que estão em alguma sala do Pentágono com a direção remota de toda a frota
destes caças. Acaso algum analista geopolítico honesto poderia supor que o
Biden estaria “conspirando” com os russos, para proteger o Regime dos Aiatolás
contra os ataques terroristas de Israel? Somente uma esquerda totalmente
domesticada e “multipolar” para acreditar que o Departamento de Estado ianque
estaria disposto a “castigar” Israel e a si próprio, autorizando a destruição
de suas modernas aeronaves por razões diplomáticas.
Nossos simpatizantes mais inexperientes com a teoria
Leninista poderiam questionar se por acaso ao criticar as posições e
“suposições” de Escobar, não estaríamos negando o apoio político a Rússia e por
consequência até ao próprio Irã. É exatamente essa a questão fulcral para os
Marxistas Revolucionários, nosso apoio, a Rússia e ao Irã, seja na guerra da
Ucrânia, seja no Oriente Médio e Ásia no combate contra o enclave sionista,
está condicionado ao campo militar e não ao terreno político e ideológico, no qual
mantemos absoluta liberdade de crítica e organização totalmente independente
dos regimes nacionalistas burgueses. Nossa adesão programática à trincheira
militar da Rússia e do Eixo da Resistência, não está relacionada a conseguir
para nossa corrente benefícios materiais e econômicos dos governos
anti-imperialistas, como fazem o “funcionário” Escobar ou o PCO por exemplo. Os
mais veteranos devem lembrar do antigo MR-8, uma organização da esquerda já
extinta que se degenerou ideologicamente ao defender posições justas na
conjuntura mundial, mas sempre “cobrando” um benefício econômico por suas
colocações muitas vezes até corretas. Foi assim na guerra imperialista contra o
Iraque, em 1990. O então MR-8 deliberou acertadamente pelo apoio ao regime de
Sadam Hussein atacado militarmente pelo velhote “Bush Pai”. Porém após o fim do
primeiro conflito ainda nos anos 90, logo seguiram até Bagdá para receber do
regime iraquiano uma “recompensa financeira” pela postura assumida na guerra.
Com este tipo de conduta venal, obviamente se perde completamente a autonomia e
a capacidade da ácida crítica marxista a estes regimes nacionalistas burgueses.
Por isso ao perfilar no campo militar dos países imperializados contra a
ofensiva global imperialista, a LBI não reivindica somar vantagens econômicas
ou materiais de suas posições políticas que são assumidas de acordo com nossa
adesão teórica ao Marxismo Leninismo.
Quando o governo da Rússia reequipou sua antiga base militar
de Tartus na Síria, em 2012 no meio da guerra civil deflagrada pelo Estado
Islâmico contra o regime nacionalista de Bashar Assad, assumiu um “compromisso”
com o imperialismo ianque de não atacar alvos militares israelenses. Somente as
forças da guerrilha fundamentalista foram atacadas pelos mísseis e aeronaves
russas na Síria, mesmo sendo o ISIS municiado por Israel. Portanto mantido esse
“compromisso” profundamente equivocado (para se dizer o mínimo!) até hoje, os
sistemas de defesa aérea russos S-300 não disparam contra os caças sionistas,
apesar dos constantes bombardeios aéreos israelenses contra Damasco e que
inclusive destruíram a embaixada Iraniana na capital do país. O governo Putin,
mesmo que com sua logística militar garantiu a vitória de Assad na guerra
civil, não quebrou formalmente o acordo estabelecido com o Departamento de
Estado dos EUA, seja na Síria ou mesmo na Palestina ocupada. A versão
“espraiada” por Pepe Escobar não corresponde a realidade geopolítica da luta de
classes mundial, embora tenha sentido militar. O Kremlin sequer tem à
disposição de atacar a capital Kiev, com seus mísseis hipersônicos, imaginem se
iria derrubar um caça F-35 de Israel… esta versão “velada“ de Pepe, assim como
suas atuais análises da guerra na Ucrânia, são desprovidas de senso crítico,
representam a visão de um competente profissional bem pago pelo Kremlin para
irradiar os “contos apologéticos” da “nova“ onda reformista do multipolarismo,
que no fundo é uma proposta de colaboração e coexistência pacífica com o
imperialismo ianque.