LÊNIN E NOSSA DEFESA DA VITÓRIA DA RESISTÊNCIA ARMADA ÁRABE: AS LICÕES DO LIVRO “O SOCIALISMO E A GUERRA” HOJE!
O Blog da LBI publica trechos do livro de Lênin “O Socialismo e a Guerra” elaborado entre junho-agosto de 1915 em que o dirigente Bolchevique polemiza com as posições da esquerda na Primeira Guerra Mundial. As posições de Lenin estão mais atuais que nunca e servem para desmascarar as correntes da esquerda revisionista que ora clamam pela “paz” em abstrato no enfrentamento entre o Irã e Israel sem considerar o caráter concreto no conflito militar em curso (entre uma nação oprimida e o enclave sionista armado pelos EUA no Oriente Médio) ora condenam o Hamas como “grupo terrorista” em sua luta contra Israel, sem considerar que se trata de uma justa luta de libertação nacional na Palestina. Em ambos os casos os Marxistas Leninistas hoje tomam o campo militar da resistência árabe e não se escondem por trás dos chamados abstratos de “Não a Guerra!” ou “Em Defesa da Paz!”. As citações de Lênin reproduzidas abaixo servem para a vanguarda militante ter a noção exata de como ele foi bastante duro nas polêmicas da época justamente para combater o pacifismo pequeno-burguês e a falsa neutralidade no curso dos conflitos armados, esta questão de princípios serve de “bússola” para balizar e ordenar o posicionamento dos revolucionários diante dos atuais conflitos no Oriente Médio.
No tema “A Atitude dos Socialistas em Relação às Guerras” Lênin declara “Os socialistas sempre condenaram as guerras entre os povos como coisa bárbara e brutal. Mas a nossa atitude em relação à guerra é fundamentalmente diferente da dos pacifistas (partidários e pregadores da paz) burgueses e dos anarquistas. Distinguimo-nos dos primeiros pelo fato de compreendermos a ligação inevitável das guerras com a luta de classes no interior do país, de compreendermos a impossibilidade de suprimir as guerras sem a supressão das classes e a edificação do socialismo, e também pelo fato de reconhecermos inteiramente o carácter legítimo, progressista e necessário das guerras civis, isto é, das guerras da classe oprimida contra a classe opressora, dos escravos contra os escravistas, dos camponeses servos contra os senhores feudais, dos operários assalariados contra a burguesia. Nós, marxistas, distinguimo-nos tanto dos pacifistas como dos anarquistas pelo fato de reconhecermos a necessidade de estudar historicamente (do ponto de vista do materialismo dialético de Marx) cada guerra em particular. Na história houve repetidamente guerras que, apesar de todos os horrores, atrocidades, calamidades e sofrimentos inevitavelmente ligados a qualquer guerra, foram progressistas, isto é, foram úteis ao desenvolvimento da humanidade, ajudando a destruir instituições particularmente nocivas e reacionárias (por exemplo a autocracia ou a servidão), os despotismos mais bárbaros da Europa (o turco e o russo). Por isso é necessário analisar as particularidades históricas da guerra atual”.
No ponto “A Guerra é a continuação da Política por outros meios (a saber: pela violência)”, Lênin declara “Esta célebre sentença pertence a Clausewitz um dos autores mais profundos sobre as questões militares. Os marxistas sempre consideraram justamente esta tese como base teórica das concepções sobre o significado de cada guerra determinada. Marx e Engels sempre encararam as diferentes guerras precisamente deste ponto de vista. Apliquemos esta concepção à presente guerra. Veremos que durante decênios, durante quase meio século, os governos e as classes dominantes da Inglaterra, da França, da Alemanha, da Itália, da Áustria e da Rússia praticaram uma política de pilhagem das colônias, de opressão de nações estrangeiras, de repressão do movimento operário. É precisamente essa política, e apenas essa, que é continuada na atual guerra. Em particular, na Áustria e na Rússia a política tanto do tempo de paz como do tempo de guerra consiste na escravização das nações e não na sua libertação. Pelo contrário, na China, na Pérsia, na Índia e noutros países dependentes vemos ao longo dos últimos decênios uma política de despertar para a vida nacional de dezenas e centenas de milhões de pessoas, da sua libertação da opressão das 'grandes' potências reacionárias. A guerra nesse terreno histórico pode ser ainda hoje uma guerra progressista burguesa, uma guerra de libertação nacional. Basta considerar a presente guerra do ponto de vista da continuação nela da política das ‘grandes’ potências e das classes fundamentais no seio delas para ver imediatamente o carácter clamorosamente anti-histórico, mentiroso e hipócrita da opinião segundo a qual seria possível justificar a ideia de ‘defesa da pátria’ na atual guerra”.
No tema “Sobre o pacifismo e a palavra de ordem de paz” Lênin esclarece que “O estado de espírito das massas a favor da paz exprime frequentemente o início de um protesto, da revolta e da consciência do carácter reacionário da guerra. Aproveitar esse estado de espírito é um dever de todos os sociais-democratas. Eles participam do modo mais ardente em todos os movimentos e em todas as manifestações neste terreno, mas não enganarão o povo admitindo a ideia de que, na ausência de um movimento revolucionário, é possível a paz sem anexações, sem opressão das nações, sem pilhagem, sem os germes de novas guerras entre os atuais governos e classes dominantes. Enganar assim o povo apenas faria o jogo da diplomacia secreta dos governos beligerantes e dos seus planos contra-revolucionários. Quem deseja uma paz sólida e democrática deve ser a favor da guerra civil contra os governos e a burguesia."
Adiante, no ponto “Sobre o direito das nações à autodeterminação”, Lênin declara “A mistificação mais comum do povo pela burguesia na presente guerra é o encobrimento dos seus objetivos de pilhagem com a ideologia da ‘libertação nacional’. Os ingleses prometem a liberdade à Bélgica, os alemães à Polônia, etc. Na realidade, como vimos, esta é uma guerra entre os opressores da maioria das nações do mundo pelo reforço e o alargamento dessa opressão. Os socialistas não podem alcançar o seu grande objetivo sem lutar contra toda a opressão das nações. Por isso eles devem obrigatoriamente exigir que os partidos sociais-democratas dos países opressores (particularmente das chamadas ‘grandes’ potências) reconheçam e defendam o direito das nações oprimidas à autodeterminação, e precisamente no sentido político da palavra, isto é, o direito à separação política. Um socialista de uma nação que seja uma grande potência ou possua colônias que não defende esse direito é um chauvinista. A defesa desse direito não só não estimula a criação de pequenos Estados como, pelo contrário, conduz à formação mais livre, mais ousada e por isso mais ampla e mais generalizada de grandes Estados e de uniões entre Estados, mais vantajosos para as massas e correspondendo melhor ao desenvolvimento econômico. Os socialistas das nações oprimidas, por sua vez, devem obrigatoriamente lutar pela completa unidade (incluindo organizativa) dos operários das nacionalidades oprimidas e opressoras. O imperialismo é a época da progressiva opressão das nações de todo o mundo por um punhado de ‘grandes’ potências, e por isso a luta pela revolução socialista internacional contra o imperialismo é impossível sem o reconhecimento do direito das nações à autodeterminação. ‘Não pode ser livre um povo que oprime outros povos’ (Marx e Engels). Não pode ser socialista um proletariado que admite a mínima violência da ‘sua’ nação sobre outras nações.”