DE ASPIRANTE, A ADVERSÁRIO FRONTAL DA OTAN: O BECO SEM SAÍDA DE PUTIN EM APOSTAR NA “MULTIPOLARIDADE” COM O IMPERIALISMO
Historicamente, o regime nacionalista burguês de Putin nunca teve uma independência total do imperialismo. Ao destruir a União Soviética, os antigos burocratas estalinistas trabalharam de mãos dadas com a classe dominante dos EUA. Embora a mídia corporativa ocidental continuamente condene Putin como um “ditador autocrata”, a verdade é que a sua primeira gestão como presidente russo em 2000 foi negociada a portas fechadas entre Boris Yeltsin e a Casa Branca, então sob a presidência do Democrata Bill Clinton. No seu primeiro mandato, Putin fez um grande esforço para apelar às potências imperialistas na direção de uma colaboração econômica e politica com a Rússia, e até tentou sua admissão na OTAN.
Mas nenhum apelo de Putin foi suficiente do ponto de vista de uma mudança de posição estratégica do imperialismo ianque em colonizar os antigos Estados Operários. A Casa Branca buscou nada menos do que a subjugação total de toda a região do leste europeu, incluindo o “gigante russo”, ao seu controle absoluto e direto. Na sua recente entrevista com o jornalista Tucker Carlson, Putin reconheceu de fato que toda a sua política externa em relação ao imperialismo ao longo dos últimos 25 anos foi um completo fracasso.
Com os esforços reformistas para chegar a um acordo “multipolar” com as potências imperialistas, o regime nacionalista russo apenas atualiza a concepção reacionária de “coexistência pacífica” da velha burocracia stalinista.
Na sua traição às bases revolucionárias e internacionalistas da União Soviética, a burocracia stalinista estrangulou os movimentos revolucionários em todo o mundo, procurando encontrar um acordo “pacífico” com as potências imperialistas. A nova promoção ideológica de uma nova ordem mundial “multipolar” decorre desta tradição histórica bastarda.
Sendo alvo da ofensiva imperialista para liquidação das conquistas da Revolução de Outubro que ainda sobrevivem parcialmente, o Kremlin apela aos regimes burgueses nacionalistas em todo o mundo (Irã, Venezuela, Nicarágua, Síria, etc...) para formarem um contrapeso econômico e político a hegemonia dos EUA. Esta perspectiva reformista não é só inviável, é também falida!
O espectro da Revolução Bolchevique de 1917 ainda assombra
todos os setores da Social Democracia europeia e seu amo da Casa Branca. O
imperialismo ianque teme que a guerra na Ucrânia, semelhante, à Primeira Guerra
Mundial, acabe por conduzir a um movimento revolucionário das massas
proletárias. Por essa razão avançam militarmente contra o regime nacionalista
de Vladimir Putin. Exatamente por isso é que a despesa militar da Rússia deverá
quase triplicar em comparação com o orçamento de 2021. A atual guerra
imperialista contra a Rússia é, em última instância, a tentativa final da
destruição da União Soviética e da restauração completa do capitalismo.
Os Marxistas Leninistas não podem ficar neutros neste embate crucial que atravessa a humanidade e que tem desdobramentos estratégicos para os rumos revolucionários da classe operária mundial. A luta de classes na Rússia também não se desenvolve no vácuo. O poderoso proletariado russo retoma sua confiança política e autoestima nacional, sucumbida desde a destruição contrarrevolucionária da URSS, ao impor uma contundente derrota contra as forças imperialistas da OTAN.
Neste contexto, os trabalhadores de todo o planeta devem apoiar decididamente cada derrota do imperialismo ianque, seja na Palestina ocupada, seja na Ucrânia, África ou na Síria. Esse é o único caminho para superar politicamente as direções burguesas “multilateralistas” e forjar a construção do genuíno Partido da Revolução Mundial.