sábado, 30 de março de 2024

ENQUANTO A ONU VOTAVA O “CESSAR-FOGO” E BIDEN FAZIA DEMAGOGIA POR UMA TRÉGUA NA FAIXA DE GAZA... EUA OPERAVAM A MAIOR TRANSFERÊNCIA DE ARMAS PARA ISRAEL DESDE O INÍCIO DA GUERRA NA PALESTINA

As supostas divergências midiáticas que surgiram entre os Estados Unidos e Israel sobre a condução da guerra na Palestina não limitaram as transferências de armas para Israel. A administração norte-americana de Joe Biden autorizou secretamente a transferência de milhares de milhões de dólares em “bombas e caças” para Israel, apesar das supostas críticas públicas de Washington à planejada invasão de Tel Aviv à cidade de Rafah, no sul, informou o "insuspeito" Washington Post nesta sexta-feira (29/03). Citando funcionários do Pentágono e do Departamento de Estado dos EUA, o relatório indicava que “os novos pacotes de armas incluem mais de 1.800 bombas MK84 de 2.000 libras e 500 bombas MK82 de 500 libras”, ou seja, as críticas não passaram de jogo de cena de olho na disputa eleitoral para a Casa Branca.

“A pretensa briga cada vez mais pública não dissuadiu Biden de lançar armas e equipamento militar no conflito”, informou o Post, citando autoridades dos EUA. “Na semana passada, o Departamento de Estado autorizou a transferência de 25 caças e motores F-35A no valor de cerca de 2,5 mil milhões de dólares”, acrescentou o relatório.

“Continuamos a apoiar o direito de Israel de se defender”, disse um funcionário da Casa Branca ao The Post, acrescentando que “condicionar a ajuda não tem sido a nossa política”. O Post disse que o governo israelense se recusou a comentar as transferências mais recentes. De acordo com o jornal, as bombas de 2.000 libras “foram ligadas a eventos anteriores com vítimas em massa durante a campanha militar de Israel em Gaza”.

Um relatório da CNN de Dezembro passado destacou que “bombas de 2.000 libras são normalmente usadas com moderação pelos militares ocidentais (..) devido ao seu impacto potencial em áreas densamente povoadas como Gaza”. Israel “utilizou-os extensivamente em Gaza”, informou o Post, “principalmente no bombardeamento do campo de refugiados de Jabaliya, em Gaza, em 31 de Outubro”. O ataque, que matou mais de 100 pessoas, foi condenado pelas Nações Unidas como um “ataque desproporcional que poderia constituir crimes de guerra”.

Segundo o periódico, “a decisão de Biden de continuar o fluxo de armas para Israel foi fortemente apoiada por poderosos grupos de interesse pró-Israel em Washington, incluindo o Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel”.

O relatório acrescenta que a AIPAC está “gastando dezenas de milhões de dólares neste ciclo eleitoral para destituir os democratas que considera insuficientemente pró-Israel”. As recorrentes aprovações de transferências de armas para Israel por parte de Biden causaram agitação dentro do próprio governo. Por exemplo, em 18 de outubro, o funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Josh Paul, renunciou em protesto contra a política de Biden em Gaza.

Comentando a transferência mais recente, Paul disse ao Post que “este é um processo de elaboração de políticas que está fundamentalmente quebrado e que torna todos, desde os responsáveis políticos aos fabricantes de defesa, até ao contribuinte dos EUA, cúmplices dos crimes de guerra de Israel”.