05 DE MARÇO DE 1914: MORRE FRANCISCO JOSÉ DO NASCIMENTO, O HERÓI “DRAGÃO DO MAR”
A história “oficial” declara que no dia 13 de maio de 1888 o parlamento brasileiro votou e aprovou a Lei Áurea, abolindo a escravidão no país. Entretanto essa luta humanista e libertária no Brasil vinha de bem antes, com seus próprios combates e heróis e que nada tinham a ver com a reacionária monarca, a Princesa Isabel. Um desses heróis se chamava popularmente de “Dragão do Mar”. Uma das mais belas batalhas pelo fim da escravidão no Brasil em minha opinião, foi travada no Ceará por Francisco José do Nascimento.
Em 15 de abril de 1839, nascia em Canoa Quebrada (Aracati), Francisco José do Nascimento, o “Chico da Matilde”. Mas ele entrou para a história do povo brasileiro como o “Dragão do Mar”.
Em 1881, no Ceará, as caravelas que chegavam transportando mercadorias para a província e que deveriam receber os produtos que seriam exportados para a Metrópole não conseguiam alcançar o porto devido aos bancos de areia e recifes existentes. Este trabalho era feito por jangadeiros que conduziam os produtos do porto até as galeras e traziam as mercadorias, inclusive escravos que eram levados para a província.
Mas, curiosamente, estes jangadeiros eram ex-escravos alforriados ou filhos de escravos que já haviam conquistado a liberdade. Chefiados por Francisco José do Nascimento , o “Dragão do Mar”, resolvem se rebelar contra a manutenção da escravidão e protagonizam uma greve geral.
Imaginem o que significa a mercadoria se acumulando no porto sem ser embarcada ou o quanto custava uma caravela ancorada ao largo sem poder descarregar seus produtos!
A situação ficou tão complicada que os proprietários de terra do Ceará pediram uma reunião de urgência na Câmara da Província e os deputados acabaram votando forçosamente uma lei abolindo a escravidão. O Ceará foi o primeiro estado brasileiro a acabar com a escravidão, sete anos antes da Lei Áurea (1888). Era uma espetacular vitória única e exclusivamente creditada aos jangadeiros comandados pelo “Dragão do Mar”.
Apenas em 1888, temendo as revoltas de escravos que já tinham abalado outros estados, a Câmara Geral (nome que recebia a atual Câmara dos Deputados) debateu e aprovou a Lei que dava liberdade aos escravos. No dia seguinte da votação final dos deputados, a Lei foi sancionada pela então Princesa Isabel, que ocupava o trono imperial.