sexta-feira, 15 de março de 2024

15 DE MARÇO DE 1975: HÁ 49 ANOS ATRÁS A DITADURA MILITAR DECLARAVA QUE A GUERRILHA DO ARAGUAIA TINHA TOMBADO EM COMBATE HEROICO

Os últimos movimentos organizados de luta do movimento operário ocorrem em 1968, antes da decretação do AI-5. As derrotas das greves de Contagem e Osasco foram esse marco. Vencida a classe operária, o regime militar iniciou o terrorismo de Estado, com prisões e mortes dos militantes e simpatizantes da causa socialista. Os sindicatos foram invadidos e pelegos traidores colocados em suas diretorias. fechados. Neste contexto surgiu a luta armada em plena etapa fascista da ditadura militar, seja na forma de guerrilha urbana(fundamentalmente MR-8 e PCBR), seja na forma de guerrilha rural (PCdoB). O Maoísmo passou a ser uma alternativa política “reluzente” ao imobilismo conciliador do velho Partidão.

O governo do general “gorila” Emílio Garrastazu Médici marca também o início da fase em que a ditadura militar brasileira viveu o ápice da repressão policial contra a esquerda. As chamadas “forças da ordem”, leia-se o terror institucionalizado, efetuavam prisões e torturas para obter informações na direção da destruição física das organizações da esquerda revolucionária que ainda resistiam.

O PCdoB (Partido Comunista do Brasil) foi uma organização que, ainda acreditando na viabilidade da revolução socialista no Brasil, apostou que a fagulha insurrecional  viria “do campo para a cidade”. Seu Comitê Central organizou o partido para luta armada no campo, preparando seus militantes para um longo enfrentamento direto com as forças de segurança da ditadura militar no Brasil.

Partindo de uma região conhecida como “Bico do Papagaio”, território localizado entre os estados de Goiás, Pará e Maranhão, às margens do rio Araguaia, o PCdoB iniciou bravamente os combates, mesmo tendo consciência da enorme desproporção das forças, entre a guerrilha e o exército brasileiro.

Segundo registros históricos, a preparação dos guerrilheiros do PCdoB remonta ainda ao ano de 1964, quando os primeiros militantes iniciaram formação político-militar na China, visto que o Partido adotou a linha maoísta de guerra popular prolongada de inspiração teórica foquista . Sua defesa da luta armada era anterior a 1964 e discrepava um pouco da linha guevarista cubana, muito ligada ainda ao stalinismo de Moscou.

Entre 1964 e 1968, dezoito militantes haviam passado por treinamento militar na China, entre eles vários dos que se estabeleceriam no Araguaia. No Brasil, um primeiro grupo de futuros guerrilheiros realizou seus primeiros treinamentos em uma casa na região de São Vicente, na Baixada Santista. Entre os primeiros que chegaram ao Araguaia estava Osvaldo Orlando da Costa ou “Osvaldão”. Era muito admirado pelos ribeirinhos da região que o consideravam parte da família. Até poucos anos atrás os moradores da região contavam que “Osvaldão” era uma figura mítica, capaz de se tornar invisível e se transformar em pedra, árvore e vento. Virou lenda por sua coragem na luta!

Mas, através de infiltração o Exército tomou conhecimento da chegada dos guerrilheiros no Araguaia e, imediatamente, deslocou tropas para a região. A princípio mandaram um contingente de soldados inexperientes, mas à medida que a ação se alargava, os comandos decidiram enviar tropas mais preparadas. Era o prenúncio de uma esmagadora derrota anunciada. Hoje, especialistas militares calculam que, ao todo, as forças da repressão enviaram para o local entre 3.500 a 20 mil homens (no auge do enfrentamento), e que os guerrilheiros maoístas contavam entre 69 e 70 militantes mal armados na região.

O primeiro enfrentamento militar aconteceu no dia 12 de abril de 1972. Os soldados atacaram de surpresa, mas tinham pouca experiência porque foram pessimamente treinados. Além disso, não tinham qualquer apoio da população local. Mesmo assim, a primeira “campanha” durou até julho. Resultado: quatro guerrilheiros mortos e seis presos.

O militante comunista José Genoino Neto é capturado por uma patrulha do Exército, comandada pelo coronel Lício Augusto, em 1972, no conflito entre uma patrulha e os guerrilheiros pertencentes ao “Destacamento C”, comandado por Genuíno.

O segundo combate vai acontecer entre setembro e outubro do mesmo ano e foi mais intenso. Apesar do grande aparato militar deslocado para a região, os guerrilheiros, incluindo aí os camponeses da própria região que aderiram, continuaram ativos. A retirada do contingente militar foi comemorada como uma grande vitória pelo PCdoB.

Mas foi a terceira campanha que tornou a guerrilha conhecida, entre os próprios militares, com a alcunha de “guerra suja”, devido à desproporção de forças usadas para combater os guerrilheiros. Houve uma mudança de tática entre os militares e começaram a usar “arapongas” do Centro de Informações do Exército que se misturavam entre a população local. Não tinham escrúpulos de usar a tortura em mulheres, velhos e crianças quando desconfiavam que tinham alguma informação sobre os guerrilheiros.

Tratores do Exército abriram estradas, criaram grandes clareiras, evacuaram os moradores de algumas vilas destruindo plantações e casas. Para os militares fascistas, todos eram “cúmplices” dos guerrilheiros!

“Osvaldão” tombou em combate no dia 4 de fevereiro de 1974. A situação era muito difícil e poucos guerrilheiros conseguiram escapar. O ataque final aconteceu em outubro de 1974, quando Walkiria Afonso Costa, a última guerrilheira, foi encontrada. Foi assassinada friamente no dia 25 de outubro.

No dia 15 de março de 1975, o general “democrata” Ernesto Geisel , então presidente da república, enviou mensagem ao Congresso Nacional afirmando que “A Guerrilha do Araguaia estava completamente vencida”. Dos quase 90 combatentes, 61 deles que estavam na selva, nunca mais apareceram. Segundo depoimento de comandantes militares envolvidos na Operação Limpeza os corpos foram levados à Serra das Andorinhas e incinerados.

VIVA A HEROICA GUERRILHA DO ARAGUAIA! EM MEMÓRIA DE TODOS OS COMPANHEIROS QUE TOMBARAM BRAVAMENTE!