segunda-feira, 10 de junho de 2013


Novamente começam as apostas do “Mercado” para reduzir as projeções de crescimento do PIB

O ano “pré-eleitoral” vai chegando a sua metade e novamente a “mão invisível do deus Mercado” vai iniciando suas projeções sobre os indicadores econômicos anunciados pelo governo no início da temporada. O alvo principal do “Mercado”, como de costume, é o PIB projetado pela equipe econômica palaciana para ter um crescimento algo em torno de 3,5% no ano de 2013. A expectativa do governo era superar o pífio desempenho da economia em 2012, que, apesar de revelar uma pujança de consumo e superávit em contas públicas, aferiu uma evolução do PIB inferior a 1%. Mas, os pesados interesses comerciais da burguesia, em sua relação com o botim estatal, a fazem acionar todos os mecanismos para sempre projetar o pior cenário econômico possível e a partir deste marco obter generosas vantagens a título de “incentivo fiscal e monetário”, por parte da “gerência capitalista de turno”. Não por mera coincidência, as novas pesquisas eleitorais (encomendadas) apontam que queda da popularidade de Dilma em sete pontos foi resultado das previsões negativas para economia neste último semestre. Para legitimar a expectativa de uma “estagnação econômica iminente” nada melhor do que entrar em cena uma “respeitável” e internacional “Agência de Classificação de Risco”, como a Standard & Poor’s e rebaixar a “nota” dada ao Brasil. Para completar o “mau agouro econômico” o próprio Banco Central, na verdade uma agência de rentistas dentro do Estado, acaba de divulgar uma pesquisa do “Mercado” (relatório Focus) onde diminui a projeção de crescimento do PIB em 2013 para 2,53%. Até o final do ano outros “capítulos” (projeções) desta “novela” anunciada virão, até que enfim a “ficção” se transforme em plena realidade...

O centro das análises “negativas” está voltado para o suposto retorno do ciclo inflacionário, projetando um aumento significativo da taxa de juros (como “remédio”) não só para 2013, mas também para 2014. Os senhores economistas do “Mercado” baseiam seu prognóstico na recorrente elevação do preço do Dólar, que apesar dos “esforços” do BC (com a isenção do capital migratório) não surtiu grandes efeitos. Acontece que a elevação da cotação do Dólar não responde a fatores locais, trata-se de um fenômeno econômico mundial, ligado à recuperação parcial da economia imperialista norte-americana. As medidas “inúteis” do BC só beneficiaram os “rentistas de motel”, que terão suas aplicações “overnight” livres de tributos. O Dólar volta a ganhar a força internacional perdida em 2009, depois do crash financeiro de Wall Street, justamente porque a “catástrofe” prevista pelos “intelectuais” revisionistas não ocorreu. Grandes transnacionais como a GM, símbolo do império Ianque, vaticinadas de falência irreversível voltam a apresentar lucros abundantes. Neste cenário de expansão econômica, o FED já estuda a possibilidade de elevar sua taxa de juros, para tornar os títulos do tesouro norte-americano mais atraentes para o “Mercado”.

A economia brasileira não está mais tão atrelada aos EUA como há dez anos. A desvalorização do Real, se bem que pressiona de alguma forma a “cesta de preços”, na outra ponta desafoga a balança comercial reforçando assim nossas reservas cambiais. Conter a inflação subindo a SELIC e isentando o capital volátil, como fez o BC, é como “enxugar gelo” e depois presentear a “geladeira” para os agiotas do mercado financeiro. O único efeito econômico possível que se pode obter com a “receita” neoliberal implementada pelos tecnocratas do BC é empurrar o país no caminho de uma semirrecessão, gerando “pibinhos” na casa de 1%. O quadro só não se deteriora em função da grande liquidez financeira, permitindo ao Estado compensar a ausência total de projetos estruturantes com uma política de induzir o crédito e subsídios fiscais a grandes empresas nacionais. Ancorada em grande parte no forte crescimento do fluxo comercial com os BRICs, a economia brasileira vai “sobrevivendo” em meio à crise mundial capitalista, mas bastante distante de ostentar um “milagre” ou as exuberantes taxas do crescimento Chinês.

O impasse estrutural de nosso “nacional-desenvolvimentismo”, protagonizado pelos governos da Frente Popular, é produto direto da impotência histórica de nossa burguesia semicolonial. Se por um lado conseguiram inserir mais de trinta milhões de brasileiros no mercado de consumo (com uma imensa bolha de crédito), pelo outro lado são incapazes de romper a lógica do capital que impõe ao país, no mercado mundial, o papel de exportador de commodities agrominerais e destino final de “maquiladoras” que se instalam em nosso território. As taxas de crescimento do PIB brasileiro nos últimos quinze anos, uma geração inteira, são o retrato desta realidade de subordinação ao capital financeiro internacional, que determina os ritmos e as formas de nosso desenvolvimento econômico, segundo seus próprios interesses de “Mercado”. Para romper com esta “cadeia subprodutiva” somente a instauração revolucionária de um governo socialista operário, que nada tem a ver com o embuste das gestões petistas, Lula e sua “pupila” Dilma, apologistas da ortodoxia neomonetarista do “Deus Mercado”.