Selvagem repressão policial a serviço dos governos Haddad e Alckmin. Liberdade imediata para os presos políticos da luta contra o aumento das passagens!
Nesta quinta-feira, 6 de
junho, cerca de cinco mil estudantes que se concentravam em frente ao Teatro
Municipal de São Paulo para protestar contra o abusivo aumento das passagens do
transporte público (a tarifa de metrô, trem e ônibus subiu de R$ 3,00 para R$
3,20) decidiram no início da noite sair em passeata rumo a Avenida Paulista. Em
uma das maiores passeatas dos últimos anos, seguiram pelas ruas do centro da capital paulistana que, mesmo de forma ordeira
foram constantemente provocados e alvos de bombas de gás pela Polícia Militar,
a fim de justificar uma ação repressiva de maior envergadura. No entanto, ao
chegar à Avenida Paulista, quando o ato estava programado para ser encerrado, a
polícia sob as ordens do fascista governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB),
cercou os manifestantes que já estavam se dispersando. O tucanalha não deixou
por menos: “É preciso deixar claro que não é aceitável o que foi feito, é um
absurdo sob todos os pontos de vista. Uma atitude totalmente absurda e a
polícia tem que agir, a polícia não pode se omitir” (O Estado de S.Paulo, 7/6).
Por isso ordenou que a PM atacasse com extrema violência e covardia com bombas
de gás, balas de borracha, montando uma verdadeira arapuca para os
manifestantes. Para se protegerem e enfrentar a selvageria policial, muitos se
abrigaram em shoppings centeres e bloquearam as ruas com entulhos. Após esta
covardia e truculência a polícia prendeu cerca de 15 pessoas sem qualquer
justificativa, mais de 30 ativistas resultaram feridos com estilhaços de bombas
e balas de borracha. O enfrentamento espontâneo com a polícia sintetiza todo o
ódio que estudantes e trabalhadores têm em consequência de terem todos os dias
ficar espremidos em ônibus, metrô e trens pagando passagens caríssimas pelos
aumentos autorizadas por Alckmin e o prefeito Haddad (PT).
O que mais chama a
atenção, além da brutalidade da repressão policial, foi a não convocação e a
ausência das direções sindicais do ato, apesar da imensa indignação da maioria
da população contra o aumento das passagens. O PSTU, por exemplo, que dirige o Sindicato
dos Metroviários de São Paulo, às vésperas da manifestação fechou um acordo com
a direção do Metrô, impedindo a deflagração da greve da categoria, quebrando o
potencial de unidade dos explorados, ao aceitar a proposta de “reajuste” de
5,3%... A conduta pacifista levada a cabo pelo Movimento pelo Passe Livre e sem
um eixo claro de enfrentamento com os governos Haddad e Alckmin fez com que
muitos manifestantes enfrentassem a polícia de forma espontânea e sem uma
direção que centralizasse a multidão. Ao não traçar uma clara estratégia de
combate aos governos tucano e petista, o movimento corre o risco de deixar que
este potencial expresso pela massividade das manifestações disperse-se pela
ausência de um norte político e prático de enfrentamento com os tubarões dos
transportes, os quais são por lei subsidiados pela prefeitura em quase 1 bilhão
ao ano! Meia dúzia de grupos empresariais detém o monopólio do transporte
público, uma das molas mestras da exploração capitalista e um dos negócios mais
rentáveis que envolve o “setor público” com pesados e mafiosos esquemas de
corrupção. A selvagem repressão a que os estudantes e trabalhadores estiveram
sujeitos nesta quinta-feira está a serviço precisamente dos trâmites entre os governos
Alckmin e Haddad e as empresas privadas do transporte.
A luta pelo passe-livre deve
ter como ponto estratégico a sua extensão para toda a juventude proletária e
seus irmãos da classe trabalhadora. Vários protestos contra o aumento das
passagens estão ocorrendo em todo o país (Rio de Janeiro, Goiânia, Natal...),
sendo urgente organizar um encontro nacional da juventude para organizar e
centralizar o combate aos governos estaduais, municipais e os grandes tubarões
do transporte privado. Caso contrário, por falta de perspectivas, a
combatividade latente das massas pode dispersar-se e perder o ímpeto. Defendemos,
portanto, que se fortaleça a luta contra o aumento, já em vigor, impulsionando
novas mobilizações com um eixo claro de combate: redução das tarifas,
passe-livre já e estatização de todo o sistema de transporte coletivo, sob
controle dos trabalhadores. Só assim as lutas dos explorados não serão em vão,
na medida em que tomem em suas mãos o gerenciamento e organização dos
transportes.
O passe-livre e um
transporte público de qualidade para o povo trabalhador só será conquistado através
da sua luta tenaz com o objetivo de estatizar sob seu controle direto todo o
sistema de transporte, assim como os serviços públicos, para extinguir sua
tarifa e tornar melhor suas condições de uso. Enquanto suas concessões
estiverem reservadas a empresários em conluio com agentes da administração
estatal, o caos e os péssimos serviços nos transportes tenderão a se agravar. É
preciso impor a imediata redução da tarifa, até a conquista do passe-livre, assim
como exigir a imediata libertação de todos os presos políticos lutadores contra
o aumento das passagens, o que coloca na ordem do dia a paralisação das escolas
e universidades, o fortalecimento das marchas nos centro das grandes cidades e
nas periferias.