sábado, 22 de junho de 2013


Na calada dos protestos Brasil sofre ataque especulativo e perde dez bilhões de Dólares de suas reservas cambiais

Foram cinco dias que “abalaram as ruas” do país, com protestos multitudinários da juventude na maioria das grandes cidades, também foram cinco dias seguidos de disparada da moeda norte-americana, obrigando o Banco Central (BC) do Brasil a “torrar” cerca de dez bilhões de Dólares para “acalmar” o mercado. O primeiro fato narrado teve ampla repercussão na mídia “murdochiana”, ocupando integralmente a grade da programação da poderosa Rede Globo, o segundo fato mereceu algumas “notinhas” de fundo de página da imprensa burguesa e absolutamente nenhuma atenção da esquerda em suas raras publicações físicas ou virtuais na internet. A verdade é que rentistas internacionais tem se aproveitado da crise política por que passa o governo Dilma, forçando uma sobrealta do Dólar no Brasil, atingindo o mesmo patamar alcançado na crise mundial de 2009, em pleno crash financeiro mundial. O Real está sofrendo uma maxidesvalorização na calada dos protestos sem que aconteça a menor resistência por parte da equipe econômica palaciana. Ao contrário, a resposta dos tecnocratas do BC tem sido alimentar com Dólares (de nossas reservas cambiais) cada vez mais a sede dos agiotas, o que corresponde a apagar um “incêndio com gasolina”. A cotação da moeda ianque fechou a semana (21/06) na marca de 2,25 por Real, mesmo após o BC realizar consecutivos leilões de Swap cambial, desfalcando em mais de dez bilhões de dólares as reservas cambiais do Tesouro nacional. Vale ressaltar que a “gordura” de mais de trezentos bilhões de Dólares em reservas do Tesouro é uma das principais ancoras da estabilidade econômica brasileira, o maior símbolo financeiro dos governos da Frente Popular, que permitiu a enorme expansão de crédito no país. Atacar esta “fortaleza” do Brasil significa uma aposta dos rentistas internacionais na instabilidade política e crise econômica, gerando uma pressão inflacionária artificial às vésperas das eleições gerais de 2014 e no meio de uma conjuntura altamente explosiva.

Funcionários do capital financeiro, travestidos de “analistas econômicos”, têm declarado na grande mídia que a hipervalorização do Dólar é um processo internacional e que o governo brasileiro nada pode fazer... a não ser “alimentar” a sede voraz do mercado. Outros “experts” afirmam que o único “remédio” contra a desvalorização do Real é o aumento da taxa de juros, acompanhada de um duro ajuste fiscal que reduza o déficit orçamentário. Esta corja de tecnocratas mente descaradamente quando receitam a mesma e velha “dieta” neoliberal ao Brasil. É certo que a economia norte-americana apresenta leves sinais de recuperação, trazendo o debate do fim da política de expansão monetária até então praticada pelo FED. A verdade é que a “catástrofe” econômica pós-2008 não ocorreu nos EUA, a despeito das projeções da esquerda revisionista, e o Dólar volta a tomar seu lugar de “carro-chefe” (na verdade nunca perdeu seu posto) no mercado cambial do planeta. Mas isto não significa de modo algum que o Brasil tenha que perder em um único mês cerca de 10% de suas reservas, assistindo “passivo” a um ataque especulativo de tamanhas proporções.

Como já tínhamos denunciado há cerca de uma semana, a direção do BC tem atuado na alta do Dólar como verdadeira agente dos rentistas, zerando alíquotas das aplicações de curto prazo na esperança de atrair investidores do mercado internacional. As medidas de “subsídios” se mostraram nulas e a hipervalorização do Dólar continua, ameaçando quebrar a barreira histórica dos 2,30. Não são poucas as vozes dentro do governo Dilma (desgraçadamente também na esquerda “marxista”) que entendem como positiva a perda do poder de compra do Real, afirmam que o “fenômeno” pode beneficiar exportadores do agronegócio (commodities) e reduzir a importação de bens de capital, o que geraria um impacto “positivo” em nossa balança comercial. Nesta concepção de “colonizado” seria péssimo para o país possuir uma moeda nacional “forte”.

Acontece que com uma moeda subvalorizada obriga ao governo lançar mãos de instrumentos de arrocho fiscal e monetário para equilibrar sua conta em transações correntes, já conhecemos este “filme” na era FHC. Um país realmente soberano deve sim ter uma política de controle de divisas, estabelecendo as chamadas bandas cambiais com um piso e um teto pré-estabelecido pela autoridade do BC. Somado a estas medidas o governo deveria confiscar todos os ativos financeiros dos agiotas do mercado que lucram fortunas “apostando” na quebra do país, através do superendividamento mobiliário. Somente através da completa estatização da banca será possível induzir o país a uma política soberana de desenvolvimento econômico. Mas este submisso governo do PT sequer elabora um projeto “nacional” de crescimento capitalista (como China e Rússia), seguindo a cartilha do neomonetarismo imposta por Washington. O resultado concreto é o atraso e reprodução das velhas estruturas semicoloniais, que no máximo permitem uma evolução anual média do PIB na ordem de 3%, “pibinho”.