terça-feira, 25 de junho de 2013


Centrais pelegas “chapa branca”, com apoio da CONLUTAS, marcam dia nacional de “luta” como arremedo de Greve Geral

O conluio das cúpulas da burocracia sindical (esquerda e direita) reuniu-se hoje (25/06) em São Paulo para decidir como “esfriar” as mobilizações em curso e na sequência manter afastada a real possibilidade da realização de uma verdadeira greve geral no país. CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CGTB, NCST (a nata do sindicalismo “amarelo”) somados a CONLUTAS deliberaram organizar: “atos conjuntos – do movimento sindical e social - no próximo dia 11 de julho em todo o País” (Site da CUT). Logo após o anúncio das centrais, chamava atenção a data e o caráter da “mobilização” convocada para mais de quinze dias depois da reunião, enquanto o país atravessa um “pico” de protestos que explodem a cada dia sem a necessidade de “grandes” preparativos. Enquanto havia uma expectativa da convocação de uma greve geral de verdade, para colocar a classe trabalhadora no centro da conjuntura nacional, a pelegada resolveu diluir a ação do proletariado a um “dia de manifestações” com o claro objetivo de consumar um lobby sobre o governo neoliberal do PT. Por sinal, a grande preocupação dos dirigentes sindicais presentes no encontro era exatamente a reunião agendada com a presidente Dilma para a próxima quarta-feira (26/06), onde apresentarão a limitada pauta consensuada entre a burocracia, que sequer exige uma imediata reposição salarial diante das perdas e se omite da reivindicação da elevação do atual salário mínimo que leva a miséria para a maioria dos trabalhadores menos “qualificados” do mercado. A mídia “murdochiana” não tardou para anunciar a suposta “greve geral”, com o objetivo de desmoralizá-la no momento certo, além do esforço dos reformistas em desviar a radicalidade do momento em pequenas “paralisações” localizadas que não terão a capacidade de galvanizar o conjunto do proletariado.

Em um período onde o movimento de massas já demonstrou que é possível sim arrancar vitórias parciais, como a redução nas tarifas do transporte, chega a parecer uma grotesca fraude política a pauta de reivindicações apresentada pelas burocracias sindicais que sequer contempla a exigência de um aumento geral de salários, incluindo um reajuste emergencial digno para o “mínimo”. Em pleno quadro de “arrocho salarial” promovido pela equipe econômica palaciana e ameaça do retorno da inflação para a cesta básica, o movimento operário deve levantar a bandeira de escala móvel de salários como uma reivindicação fundamental. Mas a plataforma das jornadas de “luta” do dia 11 aponta no sentido oposto, sequer denuncia a política de privatizações de nossos recursos naturais para beneficiar as transnacionais imperialistas, e no lugar da denúncia deste governo entreguista do PT pedem apenas “mudanças nos leilões de petróleo”. Que as centrais pelegas atuem desta forma, algumas inclusive ligadas à Tucanalha, nenhuma surpresa. O mais escandaloso é o PSTU/CONLUTAS avalizar esta “operação desmonte”, orientando as entidades de sua “base” a fecharem acordos rebaixados na mesma semana de maior combatividade das manifestações, como foi o caso do importante sindicato dos rodoviários de Fortaleza.

O movimento nacional dos protestos de rua atravessa uma encruzilhada política, com o afluxo massivo cada vez maior de setores ultrarreacionários da classe média. Como verdadeiros cães hidrófobos estes segmentos sociais se proliferam aos milhares nas redes sociais, destilando ódio de classe ao PT e tudo mais que lhes pareça de esquerda. Impulsionados pela pauta “verde e amarela” imposta pelo PIG nas manifestações, os “mauricinhos” da pequena burguesia em aliança com turbas neofascistas tem indiscriminadamente atacado fisicamente militantes da esquerda socialista e comunista, independente da “filiação” ou não ao governo Dilma. Ao abraçar bandeiras totalmente alheias ao movimento operário, de cunho moralista e “patrioteiro”, estas mobilizações podem se desviar à direita, servindo a interesses da oligarquia conservadora dominante e seu braço midiático, o PIG. Este arco por sinal já obteve uma primeira vitória ao galvanizar uma parcela dos protestos em torno da “luta” contra a PEC 37 (derrotada hoje no congresso), uma tentativa de limitar os “superpoderes” da corja reacionária do ministério público, comandada pelo “funcionário” da famiglia Marinho, Roberto Gurgel. Outra sinistra figura criada pelo PIG no espetaculoso julgamento do chamado “mensalão”, o “herói” Joaquim Barbosa, tenta viabilizar sua candidatura à presidência da república (plano “B” da oligarquia), “surfando” com folga na preferência majoritária dos manifestantes da classe média.

Desgraçadamente a esquerda revisionista tem avaliado como “muito progressista” o sentimento anticomunista, travestido de apartidarismo, da grande maioria dos manifestantes da pequena burguesia. Esta esquerda, caudatária da destruição contrarrevolucionária da URSS, afirma ser plenamente justa a rejeição dos partidos “socialistas” em função da desmoralização popular do PT após dez anos de gestões burguesas a frente do Estado capitalista. Seria então a chamada “crise de representação" um fenômeno positivo para a evolução da consciência de classe? Pensamos exatamente o contrário! A ausência de uma referência do socialismo para as massas no mundo inteiro é um fenômeno extremamente retrógrado e bem mais profundo do que simplesmente o desgaste sofrido pelo PT no Brasil. A derrota das conquistas operárias sofridas nos países do Leste europeu pelas mãos da ofensiva neoliberal do imperialismo gerou consequências trágicas para a consciência de classe do proletariado mundial, e a “onda” nacionalista reacionária nas manifestações é consequência direta disto. É bem verdade que a adaptação do PT ao regime bastardo da “democracia dos ricos” ajudou nesta “fervura” contrarrevolucionária do atraso, mas também é igualmente criminosa a atual integração do revisionismo ao PIG em sua campanha “murdochiana” contra os governos nacionalistas, Kadaffi, Chávez, Assad etc... contribuindo para entorpecer a compreensão da vanguarda de esquerda em mundo pós “guerra fria”.

Os marxistas revolucionários estabelecem uma árdua batalha política no “pântano” da mitigação do movimento, com nossos instrumentos de clarificação programática, para que as mobilizações nacionais em curso não se transformem em enorme “CANSEI”. Por isso não cessamos de enfatizar que a classe operária e seus aliados históricos devem assumir o protagonismo da polarizada conjuntura nacional, com seus próprios métodos e programa, irrompendo no cenário político até então disputado pelo discurso ultrapassado da oposição Demo-Tucana e a demagogia inócua do governo da Frente Popular. A tarefa da organização de uma verdadeira greve geral de massas se mantém totalmente vigente, ainda mais agora com a panaceia de “paralisações” (27/06 e 11/07) chamada pela CONLUTAS e a “federação” das burocracias sindicais. A “marolinha” distracionista da CUT e afins deve ser contraposta com a organização de base na preparação de uma vigorosa paralisação inicial de 48 horas das categorias mais importantes do país, rumo a uma jornada nacional de “braços cruzados” por tempo indeterminado.