O prefeito da cidade de
São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou na noite de ontem a revogação do
aumento das passagens de ônibus. O recuo do petista foi uma ação coordenada com
o governador Alckmin (PSDB) na qual ambos comunicaram o retorno do preço
do bilhete de Metrô, trens e ônibus para R$ 3,00. No Rio de Janeiro e em outras capitais do
Brasil ocorreu o mesmo, o que demonstra que a revogação do reajuste foi uma
decisão de conjunto do regime político burguês, que vai transferir esse ônus
para os cofres das administrações municipais, já que os empresários dos
transportes coletivos serão subsidiados, em um negócio que beneficia
diretamente os tubarões capitalistas. Atendida a reivindicação solicitada pelo
MPL, que foi o estopim inicial das manifestações e sem dúvida uma vitória
parcial dos lutadores que defendem as demandas populares, seguem hoje em todo o
país marchas multitudinárias em várias capitais. O que se vê dentro deste
movimento multiforme e difuso é a existência de três vertentes políticas que
coabitam no seu interior, com o grupo “Anonymous” ditando a pauta dos protestos neste
momento. Estas vertentes precisam ser analisadas minuciosamente para que os
revolucionários e os ativistas classistas possam adotar uma posição correta na
intervenção política no interior das marchas e para compreender a própria
dinâmica da luta de classes para que não sejam massa de manobra da reação, já
que apesar de todas as limitações e da confusão ideológica presente nos
protestos estes vem sendo o catalisador do descontentamento geral contra o
conjunto do regime político burguês.
Há claramente um “movimento dentro do movimento”, com três vertentes políticas presentes dentro dele e que estão nitidamente marcadas nas manifestações. A primeira, hoje claramente minoritária, é a encampada pelo próprio MPL, uma espécie de “semianarquismo” que, além da redução da tarifa, empunha uma série de demandas sociais próprias do movimento de massas (reforma agrária, verbas para a educação, contra a criminalização dos movimentos sociais, etc.), tanto que teve o apoio dos ativistas de “esquerda”, apesar de todas suas limitações. Este “bloco” heterogêneo vem sendo literalmente encurralado nos últimos dias, a ponto de militantes de partidos de “esquerda” serem literalmente atacados, com bandeiras arrancadas, queimadas e ativistas agredidos. No curso das manifestações ganhou força a segunda vertente política, abertamente direitista. Com o apoio decisivo do PIG, tendo a Rede Globo à frente (que passou a se proclamar a favor de “manifestações pacíficas”), articulações como o “Acorda Brasil” e o “Gigante Despertou” assumiram o controle das manifestações na semana que se iniciou a Copa das Confederações. Essas articulações, feitas aparentemente via Facebook, mas que têm por trás a direita estruturada e grupos neonazistas, utilizaram ostensivamente a bandeira brasileira e entoaram o Hino Nacional. Em São Paulo, a marcha do dia 18/06, hegemonizada por estes setores foi saudada pela FIESP, covil dos empresários, que colocou a bandeira verde-amarela iluminada em seu próprio prédio. Valendo-se da despolitização geral e da pressão midiática, esses grupos insuflaram a hostilização contra particularmente os partidos de “esquerda” e os símbolos do comunismo. Suas demandas são próprias do PIG e dos setores mais reacionários da burguesia (contra a PEC 37, fim da corrupção e pela prisão dos mensaleiros do PT). Já hoje, o que vemos particularmente na manifestação em Brasília, é o crescimento da terceira vertente política, sob o comando do grupo “Anonymous”. Ele não representa as posições da direita clássica, mas também adota em seu discurso a sanha “antipartidária” que tem a simpatia aberta da direita, além de levantar uma série de demandas “moralizadoras” do regime político que intitulou como as “5 Causas dos protestos em curso por um Novo Brasil” (Não a PEC 37, saída imediata de Renan Calheiros da presidência do Senado Federal, investigação de irregularidades nas obras da Copa do Mundo de 2014, aprovação de lei no Congresso que transforme a corrupção em crime hediondo e fim do foro privilegiado para autoridades). O Anonymous, grupo que tem como marca mundial a máscara usada no filme “V de Vingança”, dirigido pelo conservador James Mcteigue, foi criado por hackeres e se inspira no movimento dos “Indignados” europeus que prega a “Democracia Direta” e se coloca claramente contra as correntes políticas de esquerda. Por esta razão, o Anonymous que finaliza seu vídeo das “5 Causas” com uma estrofe do hino nacional convive em harmonia com os grupos neofacistas, sendo bastante funcional ao PIG, já que também se coloca contra a PEC 37, demanda apoiado pelo facínora Procurador-Geral Roberto Gurgel, justamente para continuar a chantagear o governo do PT e Lula.
Há claramente um “movimento dentro do movimento”, com três vertentes políticas presentes dentro dele e que estão nitidamente marcadas nas manifestações. A primeira, hoje claramente minoritária, é a encampada pelo próprio MPL, uma espécie de “semianarquismo” que, além da redução da tarifa, empunha uma série de demandas sociais próprias do movimento de massas (reforma agrária, verbas para a educação, contra a criminalização dos movimentos sociais, etc.), tanto que teve o apoio dos ativistas de “esquerda”, apesar de todas suas limitações. Este “bloco” heterogêneo vem sendo literalmente encurralado nos últimos dias, a ponto de militantes de partidos de “esquerda” serem literalmente atacados, com bandeiras arrancadas, queimadas e ativistas agredidos. No curso das manifestações ganhou força a segunda vertente política, abertamente direitista. Com o apoio decisivo do PIG, tendo a Rede Globo à frente (que passou a se proclamar a favor de “manifestações pacíficas”), articulações como o “Acorda Brasil” e o “Gigante Despertou” assumiram o controle das manifestações na semana que se iniciou a Copa das Confederações. Essas articulações, feitas aparentemente via Facebook, mas que têm por trás a direita estruturada e grupos neonazistas, utilizaram ostensivamente a bandeira brasileira e entoaram o Hino Nacional. Em São Paulo, a marcha do dia 18/06, hegemonizada por estes setores foi saudada pela FIESP, covil dos empresários, que colocou a bandeira verde-amarela iluminada em seu próprio prédio. Valendo-se da despolitização geral e da pressão midiática, esses grupos insuflaram a hostilização contra particularmente os partidos de “esquerda” e os símbolos do comunismo. Suas demandas são próprias do PIG e dos setores mais reacionários da burguesia (contra a PEC 37, fim da corrupção e pela prisão dos mensaleiros do PT). Já hoje, o que vemos particularmente na manifestação em Brasília, é o crescimento da terceira vertente política, sob o comando do grupo “Anonymous”. Ele não representa as posições da direita clássica, mas também adota em seu discurso a sanha “antipartidária” que tem a simpatia aberta da direita, além de levantar uma série de demandas “moralizadoras” do regime político que intitulou como as “5 Causas dos protestos em curso por um Novo Brasil” (Não a PEC 37, saída imediata de Renan Calheiros da presidência do Senado Federal, investigação de irregularidades nas obras da Copa do Mundo de 2014, aprovação de lei no Congresso que transforme a corrupção em crime hediondo e fim do foro privilegiado para autoridades). O Anonymous, grupo que tem como marca mundial a máscara usada no filme “V de Vingança”, dirigido pelo conservador James Mcteigue, foi criado por hackeres e se inspira no movimento dos “Indignados” europeus que prega a “Democracia Direta” e se coloca claramente contra as correntes políticas de esquerda. Por esta razão, o Anonymous que finaliza seu vídeo das “5 Causas” com uma estrofe do hino nacional convive em harmonia com os grupos neofacistas, sendo bastante funcional ao PIG, já que também se coloca contra a PEC 37, demanda apoiado pelo facínora Procurador-Geral Roberto Gurgel, justamente para continuar a chantagear o governo do PT e Lula.
O curso tomando pelos
acontecimentos vem provocando temor no governo petista. Em Brasília, a sede do
Congresso Nacional foi cercada por milhares de manifestantes que defendem a não
aprovação da PEC 37 e o “fim da corrupção”. O Palácio do Itamaraty, sede do
Ministério das Relações Exteriores, sofreu uma tentativa de ocupação por parte
da massa de manifestantes enfurecidos. Preventivamente, Dilma ordenou que o
Palácio do Planalto fosse cercado pela Polícia do Exército, temendo que o
protesto seguisse para onde se encontra a gerentona petista. A mídia
“murdochiana”, com cobertura especial no Jornal Nacional, elogia rasgadamente
as manifestações, sempre enaltecendo seu caráter “pacífico” e atacando a
presença dos “partidos políticos”. O sonho do PIG é que os protestos cheguem ao
Palácio do Planalto e coloque definitivamente o governo Dilma no centro do
desgaste político, visando debilitar a candidatura presidencial petista em
2014. O fato de militantes do PT e da CUT serem escorraçados dos atos em São
Paulo e no Rio de Janeiro por grupos neozanistas no dia de hoje faz parte desta
estratégia e tem o regozijo da reação burguesa. Desde a LBI, corrente que faz o
combate sem trégua aos governos do PT durante os três mandatos da frente
popular, inclusive identificando os ataques de Lula e Dilma ao movimento
operário como responsável por abrir caminho para a reação em nosso país,
declaramos que não vemos nada de progressivo no ataque neonazista contra
petistas e cutistas. Ao contrário, essa fúria no fundo está voltada também
contra o que identificam como a “esquerda revolucionária”, já que o móvel tanto
do “Acorda Brasil” como do próprio “Anomymous” é o repúdio a “todos os partidos
políticos”. Os mesmos que atacaram o PT voltaram sua fúria para o PSTU, PCB e o
PCR, identificando-os como parte da “canalha comunista”!!!
O mais tragicômico deste
processo em curso é que a esquerda revisionista, como o PSTU-LIT na vanguarda,
saudou o surgimento mundial do fenômeno dos “indignados”, que desde seu início
a LBI denunciou ser um movimento de caráter pequeno-burguês avesso à ação
direta e aos métodos políticos da classe operária. Ao começar a ditar a pauta
dos protestos no Brasil, o Anonymous vai no mesmo sentido dos Indignados. Por
esta razão, não vemos qualquer progressividade do governo da frente popular ser
acossado por estes setores de direita, sejam eles “anônimos” ou abertamente
fascistas. Por sua vez, não fazemos nenhum fetiche do “autonomismo” e do
“espontaneísmo” do movimento de massas, conhecemos o desfecho histórico de
mobilizações que acabaram por servir aos interesses da contrarrevolução
mundial, como os “massivos” protestos contra o Muro de Berlin, também saudados
pelos revisionistas do trotskismo como uma “enorme vitória dos trabalhadores”.
Não podemos neste momento nos abster de dar um vigoroso combate político a
estas três vertentes políticas que coabitam o movimento, alertando desde já que
é preciso denunciar decididamente que as duas últimas estão, aberta ou de forma
dissimulada (“anônima”), a serviço das forças da reação. Desde a trincheira da
luta, nos postamos pela vitória das autênticas reivindicações populares, contra
a brutal repressão policial e no combate de classe aos governos burgueses, seja
de “direita” e de “esquerda”, sustentáculos do regime político. Colocamos todas
nossas forças militantes a serviço da vitória da luta pela redução da passagem
rumo ao passe livre, defendendo a estatização das empresas de transporte sob o
controle dos trabalhadores, com o fim dos subsídios que favorecem aos tubarões
capitalistas, como vimos na decisão de Haddad que mesmo revogando o reajuste
aumentou o lucro dos empresários. Esta luta decidida e a intervenção ativa nas
manifestações de forma alguma significa que nos somamos aos grupos como o
Acorda Brasil/Gigante Acordou ou mesmo ao Anonymous, que desejam por vias
diversas vias derrotar o governo do PT para abrir caminho para a direita
golpista ou para um quadro político que favorece a reação e o PIG. A vanguarda
classista e combativa do proletariado não pode manter a menor expectativa
política no surgimento do movimento do tipo “Indignados” ou “Anonymous” no
Brasil, não são nossos aliados “táticos” como afirma o PSTU, adaptado
completamente à OTAN e suas ações criminosas contra os povos e nações
oprimidas. O caráter reacionário do movimento dos “Indignados” pelo mundo
confirma plenamente esta caracterização, resta ao PSOL e PSTU o papel
vergonhoso de dar um “verniz de esquerda” a estes movimentos, mesmo sendo
rejeitados e até ameaçados por tentarem se “colar” ao modismo da classe média.
A paciente e árdua organização revolucionária da classe operária para a tomada
violenta do poder, passando ao largo da reivindicação de “mais democracia”,
continua sendo a tarefa central dos marxistas leninistas em uma etapa histórica
de forte ofensiva em toda linha do imperialismo. Cabe aos lutadores e ativistas
intervir no processo com um eixo programático bem definido, ou seja, lutando ao
lado da juventude oprimida contra este regime de exploração burguesa, mas
somente na perspectiva da revolução proletária, sem fazer a mínima concessão a
supostas alternativas "democráticas" de direita que vem ganhando
corpo nos últimos dias.