Dilma, PF e latifúndio montam operação de guerra para expulsar índios de suas terras nativas após assassinar jovem terena!
O jovem indígena da
tribo da etnia Terena, Oziel Gabriel, foi covardemente assassinado quase à
queima-roupa pela Polícia Federal do governo Dilma durante uma ordem de “reintegração
de posse” da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, Campo Grande (MT), encomendada
pelo proprietário da fazenda, o ex-deputado estadual e grileiro Ricardo Bacha
(PSDB), representante da oligarquia ruralista mais reacionária e retrógrada da
região. A fazenda está ocupada desde o dia 15 de maio por cerca de 3.500 índios,
muitos dos quais idosos e crianças já cansados de esperar uma resposta
afirmativa da justiça acerca da delimitação das terras indígenas a seu favor.
As tropas repressivas compostas pela Polícia Militar e Polícia Federal
invadiram na última quinta-feira, 30 de maio, o acampamento indígena cedo da
manhã, às seis horas, enquanto muitos dormiam. Cerca de 400 policiais munidos
de bombas de gás, balas de borracha e armamentos letais entraram atirando
bombas de gás: “Depois começaram a atirar pra valer (arma de fogo). Resistimos
com pedras e eles atiraram”, disse uma liderança do movimento, uma prova de que
a polícia estava orientada desde seu comando para matar, o que de fato
aconteceu, em um ataque de forças completamente desproporcional, onde apenas um
lado teve vítimas que se defendia com paus e pedras apenas. Como resultado
deste imenso operativo de guerra, além do assassinato de Oziel, dezenas de
índios ficaram feridos em decorrência de tiros, vários presos e o terror
espalhado sobre a população indígena. Em protesto, as lideranças indígenas
resolveram reocupar a fazenda, enfrentando a ira dos latifundiários. A resposta
da “justiça” foi quase que imediata, expedindo uma nova ordem de despejo
através da juíza federal Raquel Domingues que deverá ser cumprida até terça-feira.
O assassinato do jovem terena é a expressão cabal de uma justiça na qual
imperam os interesses latifundiários, haja vista que as terras em questão já
haviam sido demarcadas, faltava apenas sua homologação, mas o governo da frente
popular voltou atrás em reunião com a bancada ruralista no Congresso Nacional.
Os “fazendeiros”, ou
melhor, os grileiros através de seus jagunços e o aparato repressivo do Estado
burguês se armaram até os dentes para expulsar os autênticos donos dos 17,2 mil
hectares de terras da região, os Terenas, inclusive reconhecido desde 2001 pelo
governo federal. Mas o governo da “gerentona” Dilma, em nome do agronegócio e
da agroindústria que até então vinham entrando com vários recursos jurídicos contra
a já limitada demarcação, bateu o martelo contra a autodeterminação dos povos
da floresta após 13 anos de enrolação. O objetivo era causar terror pelos cães
de guarda do latifúndio e da sacrossanta propriedade privada: “Chegaram
atirando. Pensamos que era arma com bala de borracha. A terra é algo comprovada
como nossa. São bandidos. Tudo culpa desse fazendeiro Ricardo Bacha. Ele disse
que ia morrer gente e a palavra foi cumprida”, disse o irmão de Oziel, Otoniel
Terena. Não se trata de uma declaração permeada pela emoção, mas algo concreto
e previamente anunciado pelo fascistóide Ricardo Bacha em espaço concedido na tribuna
da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, poucos dias antes: “Tenho
prazo de até 24 horas para tirar as coisas de casas. Mas vou para lá. Não vou
deixar para meus filhos a lembrança de um pai acovardado... Tenho certeza que
vai morrer mais gente” (Campo Grande News, 23/5).
Longe da propaganda
midiática do governo da frente popular de “inclusão das minorias”, o que se tem
visto desde a época colonial é uma política de extermínio sistemático dos
índios em todo o território nacional. Trata-se de um processo de expropriação
territorial por parte dos grandes latifundiários e do chamado agronegócio com o
objetivo de utilizar-se dos recursos naturais (terra, água, madeira, subsolo) e
consequentes violações dos direitos mais básicos dessas populações originárias,
como o acesso à alimentação, educação e saúde, ataques intensificados no último
período na região depois que o governo Lula/Dilma estabeleceu o chamado pacto
oligárquico com os representantes do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro. Os
conflitos, neste quadro, tendem a se intensificar, uma vez que no Mato Grosso
do Sul concentra-se a maior população indígena do país, com cerca de 74 mil
índios, todos já praticamente urbanizados e dependentes dos recursos da Funai ou
de ONGs pró-imperialistas para sobreviver. O enorme poder político do
latifúndio associado às grandes companhias, uma vez que o chamado agronegócio
se tornou um dos pilares do modelo econômico patrocinado pela frente popular, é
baseado em grande parte, na exportação de commodities primárias. O que se vê
por estas áreas é um mar de soja, cana-de-açúcar e pastagens para o gado
bovino. Evidentemente que as terras em litígio acabaram por se transformar num
empurra-empurra no qual o Palácio do Planalto não quer de modo algum se
confrontar com aliados da índole do senador Blairo Maggi (PR) e da senadora
Kátia Abreu (PSD), ambos da base de apoio do governo Dilma...
Os marxistas
revolucionários defendem que os seculares donos da terra expulsem de seu
território tanto os latifundiários como as ONGs biopiratas e as mineradoras. O
problema da demarcação das terras indígenas, assim como dos camponeses pobres e
quilombolas, só poderá ser resolvido na defesa programática da revolução
agrária e o direito à autodefesa dos índios contra os pistoleiros de aluguel e
a repressão policial, da denúncia sistemática do governo Dilma como fiel aliado
dos latifundiários. Todo este combate ao lado dos povos originários deve
apontar para perspectiva da revolução agrária e a expropriação do latifúndio
produtivo sem indenizações aos grandes proprietários, pelo confisco dos bens e
das tecnologias das transnacionais. O verdadeiro controle da terra que
corresponda aos interesses dos índios, camponeses pobres e trabalhadores
sem-terra só pode avançar através da aliança estratégica com o proletariado do
campo e da cidade como parte necessária e imprescindível da revolução
socialista. No caso específico da luta dos índios Terenas, está colocada na
ordem do dia cobrir de solidariedade sua luta em defesa da permanência em suas
terras nativas, cabendo aos povos originários se organizarem em comitês de autodefesa
para garantir seu direito à moradia, cultivo e a sobrevivência cultural!