Obama emite “sinal verde” aos preparativos da agressão militar imperialista em socorro aos “rebeldes” mercenários pró-OTAN na Síria
O avanço das tropas do
Exército Nacional Sírio sob o comando do presidente Bashar Al Assad contra os
mercenários pró-OTAN e a crise interna que atravessa o governo Obama fez com
que a Casa Branca decidisse anunciar publicamente o envio de armas aos “rebeldes”.
Para tentar legitimar sua decisão, Obama declarou que o governo sírio usou
armas químicas. Trata-se de mais uma farsa montada pelo imperialismo ianque e
europeu para ajudar seu agentes internos em território sírio, apresentados como
“revolucionários” pela escória revisionista. Eles vinham sofrendo derrotas
acachapantes nos últimos dias, principalmente depois do Hezbollah ter deslocado
parte de seus militantes para o país em apoio à ação do exército nacional.
Allepo, a segunda cidade síria, está prestes a ser retomada e, por esta razão,
o Pentágono defende a intervenção militar e a imposição de uma zona de
exclusão aérea, como ocorreu na Líbia. Como se observa, o pedido dos
revisionistas na LIT, de que os EUA forneçam armas pesadas aos “rebeldes”, está
sendo atendido porque corresponde a estratégia da Casa Branca em um momento em
que Obama enfrenta uma séria instabilidade interna depois dos “vazamentos” sobre
a espionagem via empresas de telefone e internet a seus próprios
cidadãos.
Cinicamente, frente ao
empantanamento de seus aliados “rebeldes” do “Exército Livre da Síria” (ELS),
as agências de inteligência dos Estados Unidos acabaram de concluir que o
Exército Nacional Sírio usou armas químicas. Com esta “nova descoberta”
Washington estuda uma série de medidas militares para responder ao suposto fato
de Assad ter cruzado o que o próprio Obama chamou de uma “linha vermelha".
Segundo a Casa Branca, o presidente ianque vai consultar na próxima semana seus
parceiros do G-8 sobre a situação da Síria e depois pretende anunciar que
decisão tomou. “Após uma revisão deliberativa, a nossa comunidade de
inteligência conclui que o regime de Assad usou armas químicas, incluindo o
agente nervoso sarin, em pequena escala contra a oposição várias vezes no ano
passado” (G1, 13/06), disse o vice-conselheiro de segurança nacional de Obama,
Ben Rhodes. A posição de Obama corresponde a exigência dos republicanos e do
Tea Party em particular que reclamam da “timidez” da Casa Branca e faz parte da
“transição” informal em curso na gerência ianque para uma força política
abertamente fascista. Tanto que o arquirreacionário senador republicano John
McCain elogiou Obama por ampliar o apoio aos “rebeldes” sírios contra o regime
de Bashar al-Assad. Ele voltou a pedir a instalação de uma zona de exclusão
aérea e a entrega de armas pesadas à oposição: “Já não é o momento de se adotar
medidas tímidas. É tempo de agir de maneira decisiva... A oposição precisa de
armas pesadas capazes de enfrentar tanques e de mísseis terra-ar da ditadura
síria. A única coisa que mudará a equação no campo de batalha é a destruição da
capacidade aérea (do regime) e o estabelecimento de uma zona segura” (Idem),
bradou John McCain, usando quase os mesmos termos que utilizam os revisionistas
da LIT e seus sócios!!! O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara de
Representantes, Mike Rogers, foi no mesmo sentido: “Os Estados Unidos deveriam
ajudar os turcos e nossos sócios da Liga Árabe a criar zonas seguras na Síria,
onde nós e nossos aliados poderíamos treinar, armar e equipar forças da
oposição selecionadas”. Já o presidente da comissão de Relações Exteriores da
Câmara, o também republicano Ed Royce, vociferou: “aumentar a ajuda à oposição
síria autorizada e estimula a administração a iniciar, seriamente, a preparação
do Exército Livre da Síria”. Por sua vez, o Secretário-Geral da OTAN, Anders
Fogh Rasmussen, anunciou os preparativos para uma futura invasão: “A comunidade
internacional já deixou claro que qualquer uso de armas químicas é completamente
inaceitável e uma violação clara da lei internacional”. A OTAN enviou baterias
antimísseis Patriot para a Turquia, país membro da aliança imperialista vizinho
à Síria e os EUA vem fazendo exercícios militares com a Jordânia.
Por seu turno, vários
generais propuseram ao governo Obama que seja estabelecida uma zona de exclusão
aérea na Síria. A zona de exclusão aérea proposta se estenderia 40 km dentro da
Síria e seria aplicada por aviões militares no espaço a partir da Jordânia e
armados com mísseis ar-ar, informou o The Wall Street Journal. O jornal também
informa que o presidente Barack Obama emitiu uma ordem secreta à CIA para que
coordene com os aliados dos Estados Unidos a entrega de armas aos “rebeldes”. O
material para os rebeldes incluiria armas, munições e baterias antitanques. Os
autores do plano americano acreditam que esta zona de exclusão pode vir a ser
imposta num prazo de um mês sem ter de destruir as baterias antiaéreas sírias.
Essa decisão pode, inclusive, ser tomada sem uma resolução do Conselho de
Segurança das Nações Unidas porque os aviões americanos não entrariam
regularmente no espaço aéreo sírio e os militares americanos não interfeririam
no território do país. Os funcionários ianques alegam que a zona de exclusão é
necessária para montar um acampamento para treinar os rebeldes. Aviões
americanos voariam da Jordânia - onde já foram posicionados mísseis Patriot e
caças F-16 - e de navios no Mediterrâneo e no Mar Vermelho, indicou o Journal.
A farsa montada pelo
imperialismo foi logo desmentida pelo governo sírio. O Ministério das Relações
Exteriores do país disse que os Estados Unidos estão mentindo sobre o uso de
armas químicas por parte das forças do governo sírio para ter uma desculpa para
intervir na guerra civil do país: “A Casa Branca... se baseou em informações
fabricadas, a fim de responsabilizar o governo sírio pelo uso dessas armas,
apesar de uma série de declarações que confirmaram que os grupos terroristas na
Síria têm armas químicas. Os Estados Unidos, ao recorrerem a um uso vergonhoso
de pretextos para permitir uma decisão do presidente Obama em armar a oposição
síria, mostram que os EUA têm padrões dúbios na maneira como lidar com o
terrorismo”. A Rússia e a China também protestaram e reivindicam a realização da
chamada “Conferência de Paz”. Acontece que armas químicas letais já vem sendo
usadas fartamente pela OTAN em toda a região denominada de Oriente Médio e
África, só na guerra civil da Líbia foram utilizadas mais de cem toneladas de
mísseis com urânio empobrecido, com capacidade de contaminação radioativa em um
raio de mais de 30 quilômetros. No próprio atentado terrorista que vitimou
parte da cúpula militar do regime de Assad no ano passado, há fortes indícios
da utilização de mísseis disparados a partir de drones norte-americanos
lançados do território turco, onde existe uma base da OTAN. Por sua vez, o
comando do ELS, em uníssono com o porta-voz do Pentágono, George Little,
ameaçou o governo Assad caso atacasse alvos ianques. Obama equipou seus agentes
mercenários do ELS com armas sofisticadas, para criar um clima de terror no
país e com isso superar a enorme inferioridade política e militar dos
“insurgentes” pró-ianques, tratados pela escória revisionista (LIT/PSTU) como
“revolucionários”. A verdade é que a oposição síria não reúne as menores
condições sociais de tomar o poder, sua tática se concentra na ação militar
terrorista como forma de minar paulatinamente o clã da oligarquia Assad,
forçando-o a um pedido de renúncia. Este passo é no momento o centro das
pressões dos “aliados” russos e chineses, operando uma transição pactuada do
regime “fechado” de Assad para um governo “aberto” a investimentos
imperialistas (principalmente no setor de gás e minerais) e que encerre a
querela militar com o gendarme sionista. Isto significaria reconhecer a invasão
israelense das colinas de Golan como um fato histórico irreversível e abrir mão
definitivamente da influência política síria sobre o Líbano. A anulação da
Síria como “potência” militar regional, pela via da ascensão de um novo governo
neoliberal, manietado diretamente pelos centros imperialistas, deixaria
completamente isolados a Palestina e o Irã, parada final da ofensiva imperial
sobre os povos árabes, ironicamente batizada pela Casa Branca de “revolução árabe”.
A profunda derrota da
luta anti-imperialista sofrida na Líbia, com a queda do regime
nacionalista-burguês do coronel Kadaffi, potenciou os apetites vorazes do
imperialismo na região, provocando a reprodução da estratégia ianque em um país
que ainda representa limitadamente uma barreira de contenção à expansão
sionista em toda região. A Síria é considerada o centro geopolítico do Oriente
Médio e vem “equilibrando” historicamente as diferentes demandas das etnias que
povoam secularmente seu espaço territorial. O regime dos Assad, produto
distorcido e último herdeiro do legado político do Nasserismo, veio cedendo
gradativamente a integração do país às empresas ocidentais, sob os aplausos de
uma burguesia nacional completamente impotente diante das pressões
imperialistas. Agora, o regime atingiu o máximo grau de desgaste social, ao
adotar medidas econômicas impopulares, acionando o sinal de alerta para a ação
da sabotagem interna terrorista. Como última opção, caso a oligarquia Assad não
ceda o governo diante dos “apelos” internacionais, o imperialismo executará a
intervenção militar, com resultados imprevisíveis no marco das tensões
regionais já existentes.
Como marxistas
revolucionários defendemos incondicionalmente o direito da Síria a utilizar todos
seus recursos militares (convencionais ou não) contra a agressão imperialista à
soberania de seu território. Denunciamos vigorosamente a demagogia
“humanitária” dos sionistas e seus novos “companheiros” da esquerda
revisionista, que possuindo o maior arsenal atômico clandestino do planeta,
“gritam” como hienas assassinas contra as armas deste país que não se ajoelhou
diante dos amos imperiais. Sem prestar apoio político ao regime burguês de
Assad, os trotskistas tem como centro programático o combate mortal ao
imperialismo, postando-se sem vacilações na trincheira oposta a do pior inimigo
dos povos. Até o momento não ocorreu uma intervenção imperialista direta porque
os EUA temem que esta ação desestabilize o conjunto da região em um conflito de
grandes proporções que saia do seu controle, com uma nova guerra civil no
Líbano, na Palestina e o maior envolvimento do Irã no conflito. O Pentágono vem
optando justamente por aumentar a ajuda militar aos “rebeldes” para
desestabilizar “internamente” o governo Assad que conta com forte apoio
popular. Porém, os recentes ataques de Israel e o quadro de crise no governo
Obama que vem sendo pressionado pelo Tea Party a “agir” provam que uma agressão
militar direta vem ganhando corpo nos últimos meses. A “conferência de paz” que
foi adiada para julho, mas que sequer deve ocorrer, visa justamente buscar uma
“solução de consenso” entre Rússia, China, EUA e a UE, o que passa
necessariamente por rifar Assad, que resiste a esta “solução”. O regime de
Damasco, pela sua própria natureza de classe, insiste em confiar em seus
aliados capitalistas “russos e chineses”, um grave equívoco político e militar
que pode enfraquecer terrivelmente a resistência nacional diante da ofensiva
brutal do imperialismo que se avizinha. O proletariado mundial deve permanecer
alerta à nova guerra de rapina que o imperialismo prepara, e assim como ocorreu
no Vietnã desencadear a mais ampla solidariedade com os povos e nações atacadas
pela besta imperial. O amargo exemplo da desastrosa derrota sofrida na Líbia onde
a quase totalidade da “esquerda” postou-se no campo da contrarrevolução não
deve se repetir, sob pena de enfrentarmos o pior retrocesso histórico desde a
ascensão do nazismo.