quarta-feira, 5 de junho de 2013

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 258, 2ª Quinzena de Maio/2013

PIG, a serviço dos rentistas, ordena alta dos juros. Dilma e seu BC como capachos acatam!

Na véspera da reunião do COPOM, organismo colateral do BC, a mídia “murdochiana” em estado de “surto imperativo” já determinava qual seria o caminho que seguiriam os tecnocratas do BC na questão da definição da taxa básica de juros (SELIC) do próximo período. Como porta-voz dos rentistas internacionais, o pastelão “O Globo”, anunciava que os juros deveriam subir para o “bem” da economia nacional, ou seria melhor ter afirmado... para o bem dos barões de Wall Street... A campanha midiática montada em cima do “retorno galopante da inflação” não tinha como alvo, é claro, preservar o parco poder de compra da população trabalhadora, seu objetivo estava focado na elevação do spread que o estado brasileiro paga aos banqueiros que detém os títulos de nossa dívida pública, cada elevação em um ponto percentual da SELIC corresponde a bilhões que o Tesouro Nacional tem que desembolsar para “honrar seus compromissos financeiros”. Mas, a alta da SELIC também afeta as taxas de juros praticadas no chamado “varejo” bancário, ou seja, nas operações de crédito contraídas por pequenos produtores e pessoas físicas. Com o viés de alta apontado pelo BC, que no último período elevou a SELIC em 0,75% (somente na reunião que se encerrou no dia 29/05 o aumento foi de 0,5%) todas as operações de crédito direto ao consumidor subiram seus índices em mais de 2 pontos percentuais, em uma espiral financeira que vai muito mais além dos parâmetros estabelecidos originalmente pelo BC. Roberto Setúbal, dono do ITAÚ, levantou a bandeira da alta dos juros e como um líder nato de seus pares rentistas acionou os “funcionários” do PIG para a adesão imediata a sua “campanha anti-inflacionária”, restou ao governo Dilma recuar em seu discurso dos “juros baixos” atendendo servilmente às reivindicações desta “categoria tão sofrida”... os agiotas do mercado financeiro!

Por ironia da história, a “choradeira” do Sr. Setúbal, que se diz “prejudicado” com o “intervencionismo petista” na economia, acontece no mesmo momento em que os bancos privados anunciam um lucro recorde no primeiro trimestre de 2013. Somente o ITAÚ, atualmente líder do mercado, faturou 3,5 bilhões de Reais, seguido de perto pelo BRADESCO que registrou a marca de 3,0 bilhões de Reais, ambos os resultados representam um crescimento de cerca de 5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Basta uma rápida avaliação dos números do setor financeiro para constatar a completa falácia nas “teses” que afirmam que houve perdas com a tímida redução da taxa de juros operada pelos bancos estatais, que seguiram a orientação do governo Dilma. Os juros praticados no Brasil estão no patamar da lista dos dez mais elevados do planeta, ao que parece que muito agrada aos magnatas capitalistas da mídia, sempre tão “empenhados” em causas absolutamente “patrióticas”, principalmente no que se refere à política econômica neoliberal.

Talvez por coincidência (ou não), no mesmo dia em que o BC anunciava a nova taxa SELIC, o IBGE divulgou o resultado oficial do crescimento do PIB correspondente ao primeiro trimestre de 2013. A variação positiva foi de 0,6%, contra uma expectativa da equipe econômica palaciana de 0,8%, vale lembrar que o PIB do conjunto do ano passado alcançou a marca de 0,9%. Logo após ao anúncio do IBGE formou-se o tradicional “coro da catástrofe”, reunindo desde os banqueiros, passando pelos seus funcionários do PIG até chegar a “Frente de Esquerda” e o Tucanato. Este bloco já declara a chegada da “estagnação econômica”, mesmo que com a projeção mais pessimista de um PIB de somente 3% em 2013 (cálculos do próprio mercado) representaria o triplo do crescimento do ano passado. Somente completos idiotas ou muito “espertalhões” (a turma dos subsídios) podem afirmar que apesar do “PIBINHO” em 2012, o Brasil atravessou algum quadro recessivo, pelo contrário, assistimos uma explosão do consumo e o significativo aumento da poupança interna (aferindo uma melhora da renda familiar), isto sem falar no relativo aumento do nível de emprego, agora imaginem a estabilidade do mesmo cenário no ano vigente com um PIB três vezes maior! É obvio que um PIB na casa de 3% não representa nenhum “orgulho nacional”, ficando inclusive abaixo da média dos parceiros dos BRICs, mas com um quadro macro econômico sob controle (equalização das contas correntes e “gordas” reservas cambiais) estamos bem longe da “catástrofe” econômica tão sonhada pelo PIG e seus amiguinhos das oposições consentidas (direita e esquerda).

Por outro lado, os economistas “chapa branca” e os partidos da “base aliada” não param de comemorar o “enquadramento” da inflação (dentro das metas do BC) e a leve retomada do crescimento industrial, após dois anos de estancamento. Pelos dados do IBGE, a indústria nacional (leia-se também as transnacionais que operam em território brasileiro) apresentou um crescimento de 1,8% neste início de ano (mês de abril), o maior desempenho desde agosto de 2010. A verdade é que os limites de nossa expansão econômica (variação entre 1% e 4%) estão previamente definidos dentro das margens estabelecidas pelo próprio mercado mundial, não se pode romper esta “lógica” seguindo o cardápio neoliberal imposto pelo imperialismo às gerências da Frente Popular. Não existe, por parte deste governo, a vontade política de “tocar” um projeto capitalista nacional, capaz de criar uma autonomia tecno-científica para desenvolver um poderoso parque industrial no país. Somos o país das “maquiladoras”, a única diferença com o México é que as rudimentares fábricas não estão instaladas na fronteira com os EUA para não pagar impostos. Sem uma “marca” própria, a gerentona Dilma vai administrando a economia do país sob as exigências da divisão do mercado mundial, vendendo commodities e absorvendo uma enorme massa de crédito, além de avalizar (com o financiamento do BNDES) para a burguesia nacional a conquista de “novas praças”.

Os Marxistas Leninistas não precisam de nenhum artifício demagógico para sustentar suas posições revolucionárias, mesmo diante de uma conjuntura adversa. Somos uma oposição operária aos governos de Frente Popular pelo seu caráter de classe (capitalista) e não porque estejam à “beira do colapso político” ou da “catástrofe econômica”. O projeto de gestão do PT, baseado na colaboração de classes, tem se mostrado exitoso para a burguesia, estabilizando o regime político e assegurando garantias econômicas para a impotente burguesia nacional. Essencialmente por estas duas razões, mantendo-se o atual cenário, Dilma será reeleita apesar de enfrentar forte resistência em setores mais reacionários da burguesia. Com uma boa “gordura para queimar”, atendendo desde as reivindicações dos rentistas e até financiando os “chiliques” do PIG (sem falar é claro na manutenção dos chamados programas sociais), o PT deve emplacar em 2014 seu último mandato na gestão do Estado burguês, cedendo obrigatoriamente lugar à “cláusula da renovação democrática”, para somente em 2018 “começar pra valer” o início de um novo ciclo gerencial capitalista.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
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