quarta-feira, 2 de outubro de 2013


Serra não funda o MD e se afunda no PSDB... Marina sob chantagem do TSE tem sua candidatura ameaçada pelo peso do Planalto

Como já havíamos corretamente caracterizado, o aborto prematuro na criação do novo partido Mobilização Democrática (MD), que seria produto de uma fusão do PPS com o PMN, inviabilizaria completamente a candidatura do ex-governador José Serra à presidência da república por fora do PSDB. Sem a fundação do MD o arco parlamentar de apoio a Serra no interior do ninho Tucano estaria impossibilitado de mudar de partido para acompanhar sua empreitada ao Planalto. O debute abortado do MD foi consequência direta do não cumprimento do “acordo” financeiro firmado entre Serra e a direção do PMN, nesta negociata estava previsto o pagamento de uma primeira parcela de cerca de seis milhões de Reais para “convencer” os deputados federais do partido a fusionarem a legenda com o PPS do arrivista Roberto Freire. Serra tentou em vão liberar sua “fração” da grana desviada das privatizações no governo FHC e depositada pelo PSDB em contas bancárias nos paraísos fiscais. Sem o “caixa” de Serra, Freire foi obrigado a desistir da criação do novo partido (o PMN por razões de calote pulou fora), seguindo seu curso natural de base oportunista de sustentação do PSDB. Sem alternativa política, Serra anunciou que fica a contragosto no PSDB, consolando-se com uma possível candidatura (previamente derrotada) ao Senado pelo estado de São Paulo. Mas quem pensa que Aécio Neves ganhou um aliado fiel em sua empantanada campanha eleitoral está muito enganado, Serra permanece no PSDB mas está de olho na via de “mudar de barco” ainda na correnteza do primeiro turno em 2014, caso Marina canalize o reacionário “sentimento anti-PT”, a questão colocada agora é se o REDE conseguirá a tempo seu registro partidário no TSE.

Mas o “inimaginável” está prestes a se consumar, após a liberação de duas siglas de aluguel (PROS e SOLIDARIEDADE) o TSE parece que seguirá a orientação do Ministério Público e não validará o registro do REDE a tempo de concorrer as próximas eleições. O partido de Marina, financiado pelo banco ITAÚ, coletou facilmente em tempo as cerca de 500 mil assinaturas de apoio exigidas pela draconiana legislação vigente. Acontece que além da coleta de assinaturas os cartórios eleitorais tem que comprovar o registro das assinaturas nas devidas zonas eleitorais. E foi aí que o “prazo encurtou” para o REDE, pois vários cartórios do país não validaram as assinaturas do REDE, como o prazo para a fundação dos novos partidos estarem aptos para 2014 acaba no próximo dia 04/10, não há mais tempo para substituir as assinaturas impugnadas. Poderia-se constatar facilmente que o atual rigor do TSE (cartórios e Ministério Público) não se aplicou a nenhuma legenda vazia que obteve recentemente o registro partidário. Mas a verdade é que o registro do REDE é objeto de uma profunda barganha política entre setores da burguesia nacional. Marina é a única candidata com potencial de provocar um segundo turno contra a presidente Dilma e neste cenário é necessário arrancar o “compromisso” de uma derrota “pacífica” do REDE.

Não podemos adiantar a deliberação que o TSE adotará na próxima quinta-feira (03/10), existe uma negociação em curso no seio das classes dominantes a qual a corte eleitoral está subordinada. A tendência hegemônica vai no sentido de postergar a legalização do REDE, mas que ainda poderá recorrer ao STF onde reúne aliados de “peso”, como Joaquim Barbosa a criatura do PIG. Nesta altura dos acontecimentos fica cristalino o “dedo” do Planalto na tentativa de inviabilizar a opção Marina para 2014, Dilma está suficientemente fortalecida até para escolher os adversários que irá derrotar. No caso de um possível confronto eleitoral entre o PT e o REDE, estaremos diante de duas alas da burguesia nacional disputando a implementação de um determinado projeto econômico capitalista. Na “retaguarda” de Marina estão setores representativos do capital financeiro diretamente interessados em novamente atrelar a economia do Brasil aos EUA, reordenado politicamente o rumo estatal da Frente Popular que “colou” o país ao comércio com os BRICs.

O proletariado não deve tomar “partido” nesta disputa interburguesa, ao contrário deve denunciar implacavelmente as organizações da “esquerda” que se perfilam atrás (reboquismo sem independência de classe) do PT ou do REDE. Este é o caso dos reformistas PCdoB e PPL (ex-MR8) de um lado e dos revisionistas PSTU e PSOL (Frente de esquerda) do outro. A vanguarda classista deve debater a necessidade política do lançamento de uma anticandidatura operária, lastreada em um programa revolucionário e socialista. Seria uma excelente oportunidade de construir uma tribuna independente e anticapitalista, agrupando os melhores combatentes do movimento de massas. Também teria a função de uma genuína “escola” marxista para as novas gerações de lutadores, demonstrando que é possível fazer política de esquerda sem o atrelamento as instituições apodrecidas deste regime da democracia dos ricos.