Serra não funda o MD e
se afunda no PSDB... Marina sob chantagem do TSE tem sua candidatura ameaçada
pelo peso do Planalto
Como já havíamos
corretamente caracterizado, o aborto prematuro na criação do novo partido
Mobilização Democrática (MD), que seria produto de uma fusão do PPS com o PMN,
inviabilizaria completamente a candidatura do ex-governador José Serra à
presidência da república por fora do PSDB. Sem a fundação do MD o arco
parlamentar de apoio a Serra no interior do ninho Tucano estaria
impossibilitado de mudar de partido para acompanhar sua empreitada ao Planalto.
O debute abortado do MD foi consequência direta do não cumprimento do “acordo”
financeiro firmado entre Serra e a direção do PMN, nesta negociata estava
previsto o pagamento de uma primeira parcela de cerca de seis milhões de Reais
para “convencer” os deputados federais do partido a fusionarem a legenda com o
PPS do arrivista Roberto Freire. Serra tentou em vão liberar sua “fração” da
grana desviada das privatizações no governo FHC e depositada pelo PSDB em
contas bancárias nos paraísos fiscais. Sem o “caixa” de Serra, Freire foi
obrigado a desistir da criação do novo partido (o PMN por razões de calote
pulou fora), seguindo seu curso natural de base oportunista de sustentação do
PSDB. Sem alternativa política, Serra anunciou que fica a contragosto no PSDB,
consolando-se com uma possível candidatura (previamente derrotada) ao Senado
pelo estado de São Paulo. Mas quem pensa que Aécio Neves ganhou um aliado fiel
em sua empantanada campanha eleitoral está muito enganado, Serra permanece no
PSDB mas está de olho na via de “mudar de barco” ainda na correnteza do
primeiro turno em 2014, caso Marina canalize o reacionário “sentimento anti-PT”,
a questão colocada agora é se o REDE conseguirá a tempo seu registro partidário
no TSE.
Mas o “inimaginável” está prestes a se consumar, após a liberação de duas siglas de aluguel (PROS e SOLIDARIEDADE) o TSE parece que seguirá a orientação do Ministério Público e não validará o registro do REDE a tempo de concorrer as próximas eleições. O partido de Marina, financiado pelo banco ITAÚ, coletou facilmente em tempo as cerca de 500 mil assinaturas de apoio exigidas pela draconiana legislação vigente. Acontece que além da coleta de assinaturas os cartórios eleitorais tem que comprovar o registro das assinaturas nas devidas zonas eleitorais. E foi aí que o “prazo encurtou” para o REDE, pois vários cartórios do país não validaram as assinaturas do REDE, como o prazo para a fundação dos novos partidos estarem aptos para 2014 acaba no próximo dia 04/10, não há mais tempo para substituir as assinaturas impugnadas. Poderia-se constatar facilmente que o atual rigor do TSE (cartórios e Ministério Público) não se aplicou a nenhuma legenda vazia que obteve recentemente o registro partidário. Mas a verdade é que o registro do REDE é objeto de uma profunda barganha política entre setores da burguesia nacional. Marina é a única candidata com potencial de provocar um segundo turno contra a presidente Dilma e neste cenário é necessário arrancar o “compromisso” de uma derrota “pacífica” do REDE.
Não podemos adiantar a
deliberação que o TSE adotará na próxima quinta-feira (03/10), existe uma
negociação em curso no seio das classes dominantes a qual a corte eleitoral
está subordinada. A tendência hegemônica vai no sentido de postergar a
legalização do REDE, mas que ainda poderá recorrer ao STF onde reúne aliados de
“peso”, como Joaquim Barbosa a criatura do PIG. Nesta altura dos acontecimentos
fica cristalino o “dedo” do Planalto na tentativa de inviabilizar a opção
Marina para 2014, Dilma está suficientemente fortalecida até para escolher os
adversários que irá derrotar. No caso de um possível confronto eleitoral entre
o PT e o REDE, estaremos diante de duas alas da burguesia nacional disputando a
implementação de um determinado projeto econômico capitalista. Na “retaguarda”
de Marina estão setores representativos do capital financeiro diretamente
interessados em novamente atrelar a economia do Brasil aos EUA, reordenado
politicamente o rumo estatal da Frente Popular que “colou” o país ao comércio
com os BRICs.
O proletariado não deve
tomar “partido” nesta disputa interburguesa, ao contrário deve denunciar
implacavelmente as organizações da “esquerda” que se perfilam atrás (reboquismo
sem independência de classe) do PT ou do REDE. Este é o caso dos reformistas
PCdoB e PPL (ex-MR8) de um lado e dos revisionistas PSTU e PSOL (Frente de
esquerda) do outro. A vanguarda classista deve debater a necessidade política
do lançamento de uma anticandidatura operária, lastreada em um programa
revolucionário e socialista. Seria uma excelente oportunidade de construir uma
tribuna independente e anticapitalista, agrupando os melhores combatentes do
movimento de massas. Também teria a função de uma genuína “escola” marxista
para as novas gerações de lutadores, demonstrando que é possível fazer política
de esquerda sem o atrelamento as instituições apodrecidas deste regime da
democracia dos ricos.