quinta-feira, 31 de outubro de 2013


Roberto Amaral, vice-presidente do PSB e “guardião” do viés de “esquerda” do partido, acusa a anturragem Marineira de neoliberal

Um pouco antes do “velho” nacionalista Miguel Arraes morrer (2005), único governador preso e cassado pelos militares golpistas de 64, encarregou seu homem de confiança e companheiro leal do bloco “autêntico” do antigo MDB, Roberto Amaral, de tentar manter pelo menos um viés de “esquerda” burguesa ao PSB, partido que recém controlava após sua saída do PMDB em 90. O receio do experiente ex-governador de Pernambuco por três gestões era plenamente justificado, o PSB não possuía o menor escopo ideológico socialista, poderia facilmente se transformar em uma legenda burguesa de aluguel, dominada por oligarquias reacionárias do nordeste. Também preocupava Arraes o fato de que com sua morte assumiria o controle do partido, por herança política, seu neto Eduardo Campos, um jovem parlamentar sem a menor vinculação com a esquerda e tampouco com os movimentos sociais. Por estes motivos Roberto Amaral assumiu no PSB a função de “guardião”, uma espécie de quadro dirigente encarregado de manter o perfil progressista do partido. Campos hoje controla o PSB com “mão de ferro” apoiado no peso do governo de Pernambuco, e vem se esforçando para desfigurar o caráter de “esquerda” do partido herdado do avô. Depois de lotear o PSB entre as oligarquias mais retrógradas e corruptas do Nordeste, como os Gomes no Ceará e os Maia no Rio Grande do Norte, Campos agora abriu seu partido para um grupo político que representa os interesses mais agressivos do imperialismo e capital financeiro no país, estamos obviamente nos referindo ao REDE da eco-neoliberal Marina Silva. A “pobre” ex-senadora que comprou um jato particular pela “bagatela” de 38 milhões de Reais, ao elaborar seu programa econômico de governo não dissimulou suas intenções, cercando-se da “nata” de assessores privatistas da era FHC como Lara Rezende e Gianetti. Temeroso de que o PSB venha a se transformar em sigla da direita fundamentalista, Amaral rompeu o “pacto de silêncio” e resolveu detonar a anturragem Marineira, elaborando o seguinte recado: “De um lado estará o nosso adversário estratégico, o campo conservador, que trabalha sob o marco da tragédia que foi o governo neoliberal de FHC, definido como exemplar por Mailson, Malan, Armínio Fraga, Lara Rezende, Gianetti e outros, incensados no cotidiano pela mídia vassala. Do outro lado, o campo progressista” (sitio pessoal, www.ramaral.com). Amaral só não teve a coragem de afirmar que o tal “campo conservador” está hoje parcialmente entrincheirado na candidatura de Eduardo&Marina, que disputa com o Tucanato a primazia da reação política.

Parece até mesmo que Amaral resolveu “radicalizar” em sua tarefa partidária de “guardião socialista”, vejamos o que anda escrevendo: “O socialismo – é sempre bom lembrar - nasce da crítica ao capitalismo (e, dele conseqüente, a ditadura da burguesia sobre o proletariado, do capital sobre o trabalho) e tem como seu objetivo final (ou estratégico) a derrocada do regime de injustiças e sua substituição por uma sociedade sem classes” (Idem). O trecho acima citado pouco aparenta ter sido elaborado por um alto membro de um partido capitalista, ex-integrante do staff do estado burguês (foi ministro no governo Lula), mas não foi a toa que Amaral sentiu a necessidade de “demarcar” diante das “piruetas” ultra-oportunistas de Eduardo que ameaçam a própria sobrevivência política do PSB. O REDE avança em seus objetivos eleitorais de impor Marina como cabeça de chapa, lastreada no apoio do PIG, ao mesmo tempo que a unidade interna do PSB parece cada vez mais difícil.

A manobra de Eduardo pode lhe custar o controle do partido, ou pelo menos o que restar do PSB após as eleições do ano que vem. Até o momento o único agrupamento partidário de “esquerda” que se coloca na disposição de integrar a Frente eleitoral PSB/ REDE é o PPL (antigo MR8), o que não sairia barato para os “cofres” do banco ITAÚ. Por sinal o MR8, atual PPL, tem longo “Know-How” em vender seus “serviços” políticos, quem não se lembra das décadas em que atuaram no interior do PMDB como “tropa de choque” do governador Orestes Quércia. No campo da direita mais “tradicional” o PSB acaba de perder a adesão do novato Solidariedade (fundado pelo deputado Paulinho da Força Sindical), que “preferiu” atracar no porto da candidatura de Aécio.

Enquanto o PSDB e PSB disputam o aquecido leilão das legendas de aluguel, afunilando cada vez mais a “parceria” com o PIG e a Casa Branca, para o desespero de dirigentes “nacionalistas históricos” como Roberto Amaral, o governo Dilma vem recuperando consistentemente sua popularidade, mantendo praticamente inalterado o arco fisiológico de apoio a Frente Popular. A reeleição de Dilma é uma necessidade política da própria classe dominante nativa, frente aos apetites vorazes da burguesia ianque sobre o Brasil. Na  barricada do PT Lula foi escalado para desmoralizar as asneiras que vem afirmando Marina Silva, nos holofotes da mídia “murdochiana”. Já no campo do PSB o “cavalo de Tróia” Amaral cumpre a mesma missão, só que atirando contra o próprio pé...