Com Marina “impugnada” a
reeleição de Dilma será um “passeio”, oposições de “esquerda” e “direita”
perdem sua “bússola” em 2014
O TSE acaba de deliberar
por ampla maioria de votos pelo indeferimento do pedido de registro partidário
do REDE, o que na prática significa que não há mais tempo para legalizar a
agremiação política para as próximas eleições de 2014. Segundo os ministros do
TSE o REDE não conseguiu comprovar a autenticidade de cerca de 95mil
assinaturas de apoio, rejeitadas pelos respectivos cartórios eleitorais, com
este revés o partido de Marina não conseguiu o número mínimo suficiente de
apoios (uma espécie de pré-filiação) exigidos pela legislação para obter o
registro definitivo partidário, hoje cerca de 492 mil assinaturas. Como o prazo
para as novas filiações partidárias aptas a disputar as eleições de outubro de
2014 acaba no próximo dia 05/10 (um ano antes), o REDE ficou inviabilizado
eleitoralmente, pelo menos até que reponha as filiações impugnadas e receba um
novo aval do TSE para concorrer ao pleito de 2016. A decisão do TSE, baseada em
um absoluto rigor na conferência de assinaturas de apoio coletadas pelo REDE,
entra em completa contradição com o método adotado na legalização de outros
partidos, como aconteceu recentemente com o PROS ou mesmo o Solidariedade que
admitiram até que pagavam pelas filiações. Em casos anteriores como o do
neófito PSD, do ex-prefeito Kassab, foram comprovadas falsificações grosseiras
das assinaturas e mesmo assim o registro partidário foi concedido. Fica
evidente que a decisão quase unânime dos ministros do TSE contra o REDE teve um
conteúdo político discricionário, lastreada na possibilidade da candidatura de
Marina ser a única possibilidade de provocar um segundo turno na corrida pelo
Planalto. Sem Marina no “jogo”, embora ainda exista a remota opção dela se
filiar a outra sigla da oposição, a reeleição da presidenta Dilma deverá ser
resolvida logo no primeiro turno, levando em consideração a extrema fragilidade
política dos nomes do Tucano Aécio Neves e Eduardo Campos, este último
inclusive incapaz de unificar eleitoralmente seu próprio partido (PSB). A “tacada
mortal” do governo Dilma, convocando o TSE a aplicar todo o “rigor da lei”
contra seus adversários, foi baseada no imenso apoio popular obtido pelas
gestões estatais da Frente Popular, gerando estabilidade política no regime
político burguês, “testada” inclusive nas turbulentas “jornadas de junho”.
Apesar do REDE estar ancorado no capital financeiro e ter a “simpatia” do
imperialismo ianque, é o PT quem melhor garante a “governabilidade” do regime,
tão necessária para as grandes corporações capitalistas realizarem seus negócios
e acumularem fantásticos lucros em uma etapa de crise econômica mundial.
A derrota de Marina é
também um desastre político paras as oposições de “esquerda” e “direita”, ambas
contavam com a participação do REDE em 2014, seja para possíveis coligações
formais (é o caso da Frente de Esquerda), ou para acordos de bastidores no sentido
de levar as eleições para um segundo turno. O capenga PSDB passa a ser neste
momento o principal catalisador de todas as forças conservadoras contra o PT (arrastando
o PPS e DEM), já o PSB se conseguir manter sua postulação ao Planalto deverá
oscilar em um centrismo patético entre o discurso demagógico da Frente Popular
e o ódio virulento dos tradicionais partidos reacionários. Outro elemento que
não pode ser desconsiderado pela ausência do REDE em 2014, será a de uma
drástica redução da bancada parlamentar das oposições no Congresso Nacional,
levando em conta que Marina seria uma excelente “puxadora” de votos.
Parece mesmo que o
governo Dilma se fortaleceu após “resistir”, sem sofrer nenhum abalo
institucional, as mobilizações populares que tomaram conta do país no mês de
junho. Até mesmo o fraudulento Solidariedade, do deputado sindicalista Paulinho
(ex-PDT), que recém nasceu prometendo se juntar às oposições para derrotar
Dilma, não conseguiu permanecer nem mesmo uma semana no campo Tucano. Como diz
um ditado popular: “toda água corre para o mar”, quase todo o espectro político
nacional prefere mesmo se agrupar na sombra da frondosa arvore da Frente
Popular, isto quando estes mesmos “profetas do apocalipse” há três meses vaticinaram
que o governo Dilma poderia nem mesmo chegar ao final do seu mandato. O espólio
do ônus da “crise de junho” vai mesmo ficando nas costas dos governadores do
Rio e São Paulo, sacudidos por manifestações sindicais diariamente.