LIT convoca seus “irmãos”
revisionistas do PTS argentino a serem os “melhores soldados” do imperialismo
na Síria!
Depois que o
imperialismo ianque foi obrigado a recuar temporariamente em sua aventura
guerreirística contra a Síria devido à fragilidade política de seus “rebeldes”
em solo e do amplo repúdio popular a uma intervenção militar, um “debate”
próprio de canalhas, ou melhor, no interior da família revisionista do
trotskismo conformada pelas correntes que adotam uma política pró-imperialista
ganhou as páginas das publicações da LIT e do PTS argentino. No artigo “Síria:
Exigir ou não armas do imperialismo?” os morenistas criticam seus “irmãos”
revisionistas da FT de opor-se à exigência de pedir armas ao imperialismo para
que os mercenários “rebeldes” tenham condições de derrotar o governo Assad em
solo. Segundo a LIT, “Existe uma série de organizações centristas e até algumas
que se reclamam trotskistas, como a Fração Trotskista (FT) encabeçada pelo PTS
argentino, que diz estar a favor da ‘derrubada revolucionária’ de al-Assad mas,
ao mesmo tempo, opõem-se à exigência de armas para que os rebeldes tenham
condições de derrotá-lo na guerra civil em curso. Apesar de sua afirmação de
que essa exigência não é um ‘problema de princípios para os revolucionários’, a
FT-PTS diz claramente que ‘não estamos de acordo com a exigência feita pela
LIT-PSTU (…) para que ‘os governos do mundo enviem armas e remédios para os
rebeldes sírios’. Como fica claro, o resultado concreto desta política é o
mesmo que o da posição castro-chavista: não se devem enviar armas para os
rebeldes que combatem Assad” (sítio PSTU 14/10). Como podemos observar, a LIT
critica o PTS argentino por não ser consequente o suficiente em sua aliança com
a Casa Branca, ou seja, em não querer “sujar as mãos” mesmo quanto a FT está
atolada até a cabeça na política de apoio aos “rebeldes” made in CIA. De fato,
como a LIT está no campo militar de Obama e seus “soldados” em terra nada mais
“natural” desde o ponto de vista desta corja revisionista que pedir armas a seu
amo do norte, orientação que o PTS não reivindica abertamente para preservar-se
das críticas pela esquerda, conduta que é ainda mais podre do que a da própria
LIT, que tem o “mérito” (se é que podemos falar assim) de defender claramente
sua posição de cão de guarda dos interesses do império.
É preciso deixar claro
que Obama e as potências capitalistas agrupadas no conluio autodemoninado
“Amigos da Síria” já fornece armas, munições e apoio logístico aos “rebeldes”
do ELS, justamente o setor “rebelde” que a LIT apresenta como seu aliado na
luta contra o governo Assad. O que os morenistas reivindicam na verdade,
desapontados com a demora da intervenção militar direta da OTAN, é o envio de
mais armas pesadas para os mercenários, que vem sendo derrotados justamente
porque não tem apoio da população síria. Em sua defesa, a FT alega que os
morenistas “ainda que afirmem estar contra a intervenção imperialista, esta
também é criticada sob o prisma de ser ineficaz para promover uma derrubada do
regime, com eixo na exigência aos governos em geral por armamento aos rebeldes.
Ainda que tal exigência não seja um problema de princípios para os
revolucionários, a questão é que a condição da vitória real dos setores da
classe trabalhadora e do povo que querem derrubar Assad não é apenas militar,
restringindo-se somente à questão do armamento, até porque grande parte destes
já está armada. Trata-se para, além disso, de uma questão de estratégia
revolucionária, que envolve lutar por uma política de independência de classe
desde já, não apenas em relação aos setores mais abertamente pró-imperialistas,
como o Conselho Nacional de Transição sírio, mas também da direção do Exército
Sírio Livre (ESL), apoiado pela Turquia e por setores como o senador
norte-americano, John McCain, ex-candidato à presidência dos EUA pelo Partido
Republicano, que recentemente se encontrou com o general do ESL, Salem Idris.
Apoiar consequentemente a luta de todos que querem derrubar Assad passa por
colocar abertamente que não os trabalhadores e o povo não podem ter nenhuma
confiança nestes setores, ainda que se localizem em seu campo militar, pois
caso a ditadura síria caia rapidamente trairão aqueles que lutaram em nome de
melhores condições de vida e libertação do jugo da burguesia local e
imperialista” (site LER, 03/09). De fato, o PTS argentino não se opõe por
princípio a pedir armas a Obama, a FT não o faz simplesmente porque não é
consequente em sua sórdida política pró-imperialista, como é a LIT. A família
revisionista só diverge em grau no seu apoio aos “rebeldes” mercenários, já que
ambas correntes estão no campo militar dos aliados da Casa Branca.
Para fazer o “debate”
com FT, a LIT cinicamente falsifica as posições de Lenin e Trotsky argumentando
cinicamente que os revolucionários devem se postar no campo militar
“progressista” e, portanto, seria correto pedir armas ao imperialismo no caso
da Síria. Os morenistas citam vários exemplos: a tentativa de golpe de Kornilov
contra Kerensky em 1917 e a Revolução Espanhola, no conflito entre republicamos
e fascistas em 1936. No tópico “A tarefa essencial é ser ‘os melhores soldados’
contra al-Assad” o artigo da LIT afirma: “Tomando estes critérios de Trotsky
para a guerra civil espanhola, é fundamental perguntar-nos: existe um campo
militar ‘progressista’ na Síria, no qual os revolucionários têm o ‘dever
elementar’ de combater como ‘os melhores soldados’? Nós sustentamos que sim, é
o campo militar rebelde que combate a ditadura de Assad”. Esses canalhas só
“esquecem” de dizer que na Síria o campo da contrarrevolução é comandado por
Obama (que representa o imperialismo) e não por Assad no comando de uma nação
semicolonial atrasada, cuja oligarquia está à frente inclusive de um decadente
governo burguês de corte nacionalista. O campo militar dos genuínos trotskistas
é na defesa do regime sírio contra a agressão imperialista e de seus “soldados
rebeldes” por terra e não o inverso! Neste campo, estamos de armas nas mãos,
lado a lado, na mesma barricada do exército nacional sírio, o Hezbollah e os
grupos palestinos que apoiam o regime, inclusive chamando a formação de
brigadas internacionalista para derrotar as forças militares patrocinadas pelo
imperialismo. Desta forma, seguimos as melhores tradições do trotskismo, seja
na Espanha ou na defesa da URSS. Igualar Assad ao fascista Franco ou a Kornilov
faz parte da fantasia dos grupos revisionistas, compartilhadas por outras
seitas menores (que se dizem até derrotistas), de apresentar o regime sírio
como uma “ditadura sanguinária”, assim como fizeram com Kadaffi na Líbia para
melhor se emblocar com o imperialismo “democrático” e suas “intervenções
humanitárias”.
Por fim, a LIT declara:
“Da mesma forma que Trotsky agiu, a LIT-QI exige e aceitaria armas e ‘aviões’
da ‘França ou dos Estados Unidos’, ou de qualquer governo, para o campo rebelde
em geral, mesmo que a maior parte destas armas parasse nas mãos das direções
burguesas desse campo e, em nossa própria campanha, mandamos a ajuda que
coletarmos àqueles setores mais progressistas e independentes da resistência
síria”, ou seja, convoca seus irmãos bastardos do PTS argentino e da LER-QI no
Brasil a serem os “melhores soldados” do imperialismo na Síria! A LBI que desde
o início da farsesca “revolução árabe” denunciou-a como uma transição pactuada
pelo imperialismo e chamou a derrotar os “rebeldes” na Líbia, logo apoiados
pela intervenção da OTAN para derrubar Kadaffi não vacilou em nenhum minuto
sequer em postar-se em frente única com Assad contra a ameaça de intervenção
imperialista e para esmagar os “rebeldes” mercenários por terra. O “debate”
entre a LIT e a FT não é uma discussão sobre a melhor tática para lutar contra
o imperialismo, ao contrário, trata-se de discutir a melhor maneira para
auxiliar o imperialismo na Síria. Nesse sentido, maculam o legado do trotskismo
que nada tem a ver com sua política vergonhosa canalha. A posição dos genuínos
trotskistas é postar-se pela vitória militar do exército nacional sírio e das
milícias que apoiam o governo Assad, para desde o campo militar dos que
combatem o imperialismo construir uma direção revolucionária e comunista para
os trabalhadores. Nesta tricheira de luta não vacilamos em pedir armas e apoio
aos governos burgueses e aos estados operários burocratizados (Rússia, China, Venezuela,
Irã, Coreia do Norte e Cuba) que em palavras se dizem solidários com o governo
Assad, denunciando desde o combate contra o imperialismo o limite de classes
destes governos e do próprio regime da oligarquia Assad, incapazes de serem
consequentes na luta contra o imperialismo, tarefa que está nas mãos do
proletariado mundial, como foi na Espanha na década de 30 e agora na Síria em
pleno século XXI.