Campanha Salarial
bancários 2013: Não basta só rejeitar a proposta miserável dos banqueiros e do
governo Dilma! É hora de fortalecer a greve e radicalizar os piquetes até a
vitória!
Depois de três semanas
da greve nacional bancária a Fenaban apresentou no ultimo dia 04 de outubro a
“proposta” de reajuste salarial de 7,1%. Trata-se de uma verdadeira piada de
mal gosto, tendo em vista que o lucro dos bancos está em torno de R$ 60 bilhões
e eles oferecem menos de 1% de reajuste real. Frente a esta verdadeira
provocação dos banqueiros a própria Contraf-CUT rejeitou a proposta, apesar da
burocracia cutista estar ansiosa para fechar rapidamente um acordo desde que
lhe permita falsamente apresentar como uma “vitória” para a base da categoria.
Lembremos que a reivindicação rebaixada do Comando Nacional da Contraf-CUT é de
11,9% (inflação mais 5% de aumento real). A greve em curso, que teve início em
19 de setembro revela, mais uma vez, a enorme disposição de luta dos bancários
que é contida pela camisa de força imposta pela política de colaboração de
classes das direções sindicais, que sufocam as tendências de luta independente
dos trabalhadores. Na verdade, a burocracia cutista, com o apoio da CTB, impõe
uma pauta rebaixada, esconde o governo Dilma, patrão dos bancos públicos, atrás
da farsa da Mesa Única da Fenaban, realiza manifestações midiáticas com outras
categorias em luta e assembleias burocráticas só para cumprir calendário,
terceiriza os piquetes que não são organizados coletivamente, respeita a
justiça patronal ao não enfrentar os interditos proibitórios etc. Os setores
combativos e o conjunto dos bancários de todo o país devem não só rejeitar a
proposta vergonhosa da Fenaban e do governo Dilma nas assembleias, mas
aprofundar a mobilização, radicalizando suas ações de luta, como o fechamento
do autoatendimento através de combativos piquetes nas portas das agências!
A expressão da insatisfação e desconfiança da base em suas direções chapa-branca revela-se muitas vezes na ausência dos grevistas nas assembleias, nos piquetes, e também no aumento dos fura-greves nos bancos públicos que batem o ponto, mas não abrem a agência ao público, atendendo de forma seletiva etc. Como os bancários em luta não se sentem representados por suas direções traidoras, acabam se comportando de forma contraditória. Por isso, temos uma greve com forte adesão, mas pouca participação dos bancários, característica da chamada “greve de pijama”. Também, cumprindo o “script” dos outros anos, esse tipo de greve ordeira e comportada, controlada pela burocracia governista da CUT-CTB, não afeta significativamente o lucro dos banqueiros já que o serviço de compensação e as operações bancárias não sofreram descontinuidade pelo uso de canais de atendimento como a internet, o autoatendimento, os correspondentes bancários e as próprias agências com o atendimento seletivo dos gerentes e fura-greves, particularmente à clientela de alta renda. Estamos, portanto, diante de um impasse na greve. Os banqueiros e o governo Dilma endurecem na sua intransigência apresentando depois de três semanas uma proposta miserável e os bancários, dirigidos por uma camarilha sindical a serviço do governo dos banqueiros, não ultrapassaram o controle burocrático à greve que a mantém apenas em compasso de espera.
Todo ativista da
categoria sabe que uma greve é sempre uma operação de combate com o objetivo de
obrigar nosso adversário a ceder. Desse ponto de vista da luta de classes, é
preciso, portanto, que os bancários em luta tomem para si os rumos da campanha
salarial, isto é, passem por cima de suas direções. Dessa forma, precisamos
radicalizar a greve, fortalecendo a presença dos bancários nas assembleias e
nos piquetes, não meramente de convencimento, mas como um instrumento de
autodefesa para barrar a entrada dos fura-greves. Deve-se fechar os
autoatendimentos das agências, eleger um comando de base, incorporando os
delegados sindicais, realizar atos e manifestações conjuntas com outras
categorias em luta como correios, petroleiros, professores, metalúrgicos como
parte da luta comum para derrotar a ofensiva do regime contra a classe
trabalhadora. Além disso, é preciso garantir a greve unitária da categoria em
oposição ao corporativismo reacionário que divide os trabalhadores por banco,
em nome de especificidades que, embora reais, devem em época de campanha
salarial estar subordinadas àquilo que nos une primeiramente: reajuste e
reposição salarial, pisos dignos, fim das demissões, estabilidade, fim do
assédio moral, isonomia, etc. Não é à toa que as mesas específicas do BB, CEF,
BASA, BNB ainda nada ofereceram, mas só o farão quando o próximo índice da
Fenaban for costurado como proposta final e “possível”.
A Tendência
Revolucionária Sindical (TRS) que impulsiona o MOB (Movimento de Oposição
Bancária) chama os lutadores a agruparem-se sob a bandeira da independência de
classe e a travarem uma clara delimitação política, através de um sistemático e
paciente trabalho de base que aponte no fortalecimento e construção de um polo
alternativo de direção classista, capaz de garantir a vitória da greve. Agora,
mais do que nunca, que os banqueiros vão pressionar os bancários a ceder diante
de sua proposta miserável, usando os gerentes e os fura-greves para impor o fim
da paralisação, contando com isso com a conivência da direção da Contraf-CUT,
os setores combativos da categoria devem defender a manutenção as assembleias
unificadas e a radicalização da luta para arrancar através da ação direta
nossas reivindicações. Nesse sentido, é preciso alertar que os setores de
“oposição” ligados ao PSTU (MNOB) e ao PSOL (Intersindical) muitas vezes
defendem assembleias separadas na reta final da campanha salarial e acabam
fazendo o jogo da CUT-CTB. Frente a esta realidade, chamamos os ativistas
classistas a rejeitarem esta política suicida e forjar uma alternativa política
revolucionária de direção para a luta dos bancários, tomando os sindicatos das
mãos dos pelegos que atrelam nosso movimento aos interesses do governo Dilma!