Assim como a CONTRAF e FENTECT,
FUP e SEPE trilham o caminho da operação “desmonte” das greves!
Nesta semana as greves
dos petroleiros e professores do Rio de Janeiro, tanto da rede estadual e
municipal, foram alvos de uma verdadeira operação “desmonte” por parte de suas
direções sindicais, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindicato
Estadual dos Profissionais de Educação-RJ (SEPE). Já no dia 22 de outubro a
FUP, controlada pela Articulação Sindical (PT), indicou aos sindicatos a ela
filiados que pusessem fim à paralisação nacional aceitando a migalha de 8,53%
e apresentando como “grande vitória” o fato da Petrobras e subsidiárias
garantirem por escrito que não haverá retaliações contra os grevistas. Por sua
vez, a direção do SEPE, fechou um acordo no STF com o Ministro Luiz Fux, ligado
ao governador Sérgio “Caveirão”, para por fim às greves até esta sexta-feira
sem nenhum ganho real. Neste caso, a promessa de não haver o desconto dos dias
parados, sendo os professores obrigados a reporem as aulas também foi
apresentado como uma “grande conquista”. A conduta adotada por estas direções,
que representam tanto a burocracia sindical “chapa branca” da CUT, no caso da
FUP, como os setores que se dizem de “oposição de esquerda” como o SEPE
dirigido pelo PSTU/Conlutas e o PSOL/Intersindical, foi praticamente a mesma:
implodiram as greves em seu pico em troca de migalhas ou de nenhuma conquista
quando estava colocada na ordem do dia a ampliação e radicalização do movimento.
Assim como a CONTRAF e FENTECT, que impuseram a derrota das campanhas salariais
nos bancários e trabalhadores dos correios, a luta dos petroleiros e
professores foi sabotada por suas direções que representam alas distintas da
burocracia sindical!
A derrota da greve petroleira foi profunda. Primeiro, o governo Dilma conseguiu fazer no dia 21 o leilão do campo de Libra sem grandes problemas. A manifestação contra a entrega do nosso petróleo para as transnacionais foi pequena, sem a FUP e a própria FNP (impulsionada por setores da CUT, Conlutas e Intersindical) terem jogado grande peso, agrupando no máximo 300 pessoas duramente reprimidas pela Força Nacional a serviço do governo do PT. Logo no dia 22 a FUP orientou o fim da greve que se encerrou ao longo da semana. A FNP indicou a continuidade da greve nacional até a noite do dia 23/10 apenas para marcar posição, porém a greve se esvaziou justamente porque não houve a radicalização do movimento, sob a alegação de ambas as federações da necessidade de não haver punição aos grevistas. A “conquista” apresentada para o rápido desfecho da luta foi o aumento salarial alguns décimos acida da média de outras categorias, mas de fato não se conseguiu o aumento no salário básico já que os 8,56% vão incidir na RMNR. Isso deixa de fora os aposentados que só vão receber o IPCA (6,09%). Não resta dúvida de que a FUP sabotou a greve e sua política liquidacionista não teve uma oposição à altura, apesar da disposição de luta dos petroleiros. Um exemplo é que a demora em entrar em greve de refinarias estratégicas como a de Cubatão, dirigida pela FNP, deu argumentos à FUP e enfraqueceu o movimento de conjunto.
Mais vergonhosa ainda a
conduta da direção do SEPE, ligada ao PSOL e ao PSTU. Após mais de dois meses
em greve e enfrentando a dura repressão do governo Cabral e Paes, sendo
vanguarda de manifestações multitudinárias que tomaram conta do Rio de Janeiro
e canalizaram o descontentamento popular contra os governos do PMDB e o
conjunto do regime político, a greve no estado foi encerrada e no município deve seguir o mesmo caminho, sem
absolutamente nenhuma conquista. De forma traiçoeira, a direção do SEPE fechou
um acordo no STF com o Ministro Luiz Fux, ligado ao governador Cabral “Caveirão”,
se comprometendo a impor o fim da paralisação nas assembleias que ocorreram na
quinta-feira (estado) e nesta sexta (município). Para melhor encobrir sua
traição, a direção do sindicato declarou: “a audiência foi um fato inédito no
âmbito do Supremo Tribunal Federal e só foi possível porque o SEPE-RJ recorreu
da decisão do TJ [Tribunal de Justiça] em relação ao corte de ponto da Rede
Estadual. Assim, o Ministro Luiz Fux entendeu por bem chamar também o Município
do Rio de Janeiro, por conta da comoção social que a greve causou. No caso da
rede estadual, a liminar que o Ministro concedeu suspenderia o corte de ponto
até hoje, e, não havendo o acordo, o corte de ponto seria julgado pelo pleno do
STF. No caso do Município não há decisão nesse sentido, valendo até o presente
momento, a decisão da Presidente do TJ, Dra Leila Mariano, que deu ganho de
causa ao Município, mantendo a votação do plano de carreira e o corte de ponto
da categoria” (sítio SEPE, 23/10). Em resumo, Cabral, Paes e Fux impuseram que
a direção do SEPE se comprometesse em defender o fim da greve sem qualquer
ganho, conseguindo quebrar assim o movimento de massas que estava ganhando
amplo apoio popular em nível nacional e dava continuidade, pela esquerda, às chamadas
“jornadas de junho”!
Note-se que, em ambos os
casos, as direções sindicais dos petroleiros e professores usaram como pretexto
para aceitação de acordos rebaixados que implodiram a luta direta a suposta
“não punição dos grevistas”. Por trás desta cortinha de fumaça encontra-se a
política da frente popular e da chamada “oposição de esquerda” contra a
radicalização do movimento e de seus métodos de luta. Tomemos como exemplo a
greve dos professores no Rio de Janeiro, que uniu nas manifestações do dia 07 e
15 de outubro o conjunto do movimento de massas fluminense e teve repercussão
nacional tanto pela dimensão que tomou, unindo várias categorias e o povo em
geral, como pela repressão desferida pela PM na perseguição aos “Black Bloc”.
No dia 12/10, justamente no período de intervalo entre dois massivos protestos
de rua, a direção do SEPE lançou um comunicado afirmando: “Em audiência com o
secretário de estado de Segurança, José Mariano Beltrami, marcada para a
segunda-feira (dia 14 de outubro), às 15h, a direção do SEPE irá reafirmar a
solicitação ao secretário para que ele também interceda junto ao governador
Sérgio Cabral e ao prefeito Eduardo Paes para que as negociações entre estas
autoridades e a categoria em torno das reivindicações dos educadores estaduais
e municipais voltem a ser colocadas na mesa e, desta maneira, possamos chegar,
de forma democrática, a uma solução para o atendimento dos itens constantes nas
respectivas pautas de reivindicação.” (Sítio SEPE, 12/10). Esta conduta
vergonhosa demonstra bem que PSOL e PSTU sempre buscaram um acordo para por fim
à greve, chamando o fascista Beltrame e sua PM, responsáveis diretos pela
violência contra os professores e pelas prisões e ataques contra os
manifestantes, a serem seus interlocutores junto a Cabral e Paes!!! Tamanha
canalhice se baseia na política destes partidos de isolarem os setores mais
radicalizados e não apostarem na luta direta contra o regime político. Por isto
“dialogam” com os algozes dos trabalhadores para que “possamos chegar, de forma
democrática, a uma solução” quando, na verdade, só a ampliação da luta poderia
impor a vitória dos professores. Esses setores que se dizem de “oposição de
esquerda” são os mesmos que defendem o apoio às greves das PMs, que reprimem
violentamente a luta dos professores e trabalhadores em geral, no máximo
reivindicando a sua desmilitarização, quando está colocado a destruição do
aparato do estado burguês e a construção de comitês e autodefesa nas
manifestações para barrar a repressão policial. Longe disto, a direção do SEPE
afirma mesmo depois de vários atos duramente atacados pela PM: “A diretoria do
sindicato deixou claro que o comportamento dos profissionais da educação que
participarão do ato seguirá as tradições das manifestações organizadas pelo SEPE
em mais de três décadas de atuação da entidade na defesa dos direitos dos
profissionais das escolas públicas do Rio de Janeiro e da luta por uma educação
pública de qualidade. Durante todos esses anos, sempre realizamos nossas
atividades de forma pacífica, com músicas e palavras de ordem, de acordo com as
maneiras que entendemos serem mais eficientes para garantir os direitos dos
profissionais da educação das escolas públicas do Rio de Janeiro” (Idem).
Na assembleia dos
professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, realizada nesta
sexta-feira, 25, vários companheiros levantaram cartazes com dizeres “Fomos
Vendidos” denunciando a conduta da direção do SEPE, ligada ao PSOL e ao PSTU.
Na greve dos bancários, já tinha havido algo parecido, em uma crítica aberta à
política traidora da Contraf, filiada à CUT e controlada pela Articulação
Sindical (PT). Não se trata de mera coincidência. O fim prematuro da greve dos
professores do Rio e dos petroleiros, assim como tinha ocorrido com os
bancários e correios pelas mãos da burocracia sindical de “direita” e de
“esquerda” reafirma a necessidade de a vanguarda classista construir nos locais
de trabalho e nos sindicatos frações revolucionárias que atuem para desbancar
os neopelegos da frente popular e seus satélites que posam de “radicais”, mas
na hora “H” atuam como verdadeiros cordeirinhos, dóceis a seus ditames. A
ruptura com esse quadro político e ideológico somente será possível com a
evolução da consciência de classe dos trabalhadores, abstraindo as lições
políticas e não “simplesmente” sindicais das traições impostas. Para tanto, é
necessário intervir nos combates diretos dos explorados, fazendo com os
lutadores classistas esta experiência no curso da luta de classes para forjar
na própria trincheira, ainda que de forma embrionária, uma alternativa
revolucionária de direção para o movimento de massas que agrupe o melhor dos
militantes e ativistas em torno da tarefa da construção de um partido
marxista-leninista em nosso país!