terça-feira, 8 de outubro de 2013


Tropa de choque do PSB entra
em campo(s) para declarar que candidatura de Eduardo à presidência é “irreversível”

O líder do PSB no Senado e um dos principais coordenadores da campanha de Eduardo Campos ao Planalto, Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou nesta segunda-feira (07/10) que a candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência da República é “irreversível”, mesmo com a filiação da ex-senadora Marina Silva à legenda. Rollemberg relatou que Marina está “aberta” a ser vice na chapa de Campos, sem “nenhuma chance de pleitear a cabeça da candidatura ao Palácio do Planalto”. A enérgica intervenção de Rollemberg vai no sentido de desfazer os boatos espalhados por apoiadores do REDE de que Marina poderia ser a candidata do PSB caso Campos não conseguisse decolar nas pesquisas eleitorais. A própria Marina fez questão de desfazer as especulações acerca de qual seria seu “papel” no teatro das eleições, se protagonista ou coadjuvante, quando afirmou no ato de sua filiação ao PSB que “estava entrando para adensar a legítima candidatura do governador Eduardo Campos”. É evidente que todas as pressões políticas vão no sentido de Marina, detentora de um grande potencial eleitoral, assumir as rédeas do processo, mas acontece que na cúpula do PSB não existe esta hipótese. Campos não seria ingênuo o suficiente para entregar seu partido, “herdado” de seu avô, para uma aventureira política sem o menor comprometimento com a oligarquia pernambucana e nordestina que se sente representada em parte pelo PSB. Marina é a expressão de outros segmentos da classe dominante, notadamente a burguesia paulista, a procura de novas alternativas políticas diante dos sinais de “fadiga” do PSDB. A unidade Campos&Marina só foi possível exatamente porque o frágil REDE (situação que não mudaria caso tivessem obtido o registro do TSE) se submeteu à estrutura montada pelo PSB para lançar o nome de Campos. Aécio Neves, de passagem por New York, foi bastante lúcido ao afirmar que o ingresso de Marina no PSB teria pelo menos o efeito de confirmar a cambaleante postulação do governador de Pernambuco à presidência da república. Também preocupou ao PT a possibilidade de Marina encabeçar a disputa, o que poderia levar a chapa “socialista” ao segundo turno em 2014, mas Lula logo foi informado das próprias dificuldades internas do PSB em bancar uma “destituição branca” de seu presidente.

Para o PIG, Banco ITAÚ, Casa Branca e afins seria o “melhor dos mundos” caso o governador Eduardo emitisse sinais de que estaria disposto a cometer um ato de “altruísmo político”, cedendo sua posição para Marina “brilhar”. Não é esta a vertente de Eduardo, que já encarregou o secretário geral de seu partido para “aparar as arestas com o REDE”. Em Pernambuco, por exemplo, a militância do REDE não aceitou muito bem a coligação com o PSB, imposta sem nenhuma consulta às bases, ameaçando não apoiar Campos em virtude de seu total descompromisso com as bandeiras em defesa do meio ambiente. Já em Goiás a militância do REDE terá que “engolir” na aliança com o PSB a presença do reacionário líder da ex-UDR, o deputado federal pelo DEM Ronaldo Caiado, inimigo confesso dos ambientalistas. Onde parece que não houve o menor conflito entre PSB e o REDE foi no estado de Santa Catarina, cuja presença do banqueiro Jorge Konder Bornhausen (ex-DEM atual PSB) foi muito bem aceita por Marina e seus apoiadores. Na direção do PSB foi firmada a convicção de que a “filiação democrática” dos militantes do REDE no partido não poderá extrapolar os limites que ameacem o controle absoluto exercido por Campos, afinal para quem já expulsou oligarquias rivais (como os Ferreira Gomes do seio da agremiação) não custará muito “disciplinar” os Marineiros.

A determinação política de Campos para disputar a presidência da república é inflexível, colocando em risco a própria sobrevivência do PSB, em hipótese alguma “racharia” o partido para depois entregá-lo para o grupo de Marina com o qual não tem grandes identidades. Questionado no caso de Lula assumir a disputa, em um cenário de retração de Dilma nas pesquisas, Campos não vacilou: “Saio candidato até contra meu amigo Lula”. Portanto nem a nova tentativa de setores do PT em relançar o nome do ex-presidente será capaz de afastar Campos desta “briga”, que para ele assume contornos de um desafio pessoal em sua vida. Marina assumiu a empreitada de ser vice de Campos para o conjunto da direção do PSB que desta forma chancelou sua entrada no partido, mas agora estimula a boataria de que poderia assumir a cabeça da chapa, mal sabe ela com quem está “brincando”...

Apesar do esforço da famiglia Marinho em empurrar Marina para o centro das atenções, o “programa do Jô Soares” já iniciou ontem (07/10) a campanha eleitoral da ex-senadora, este quadro das candidaturas à presidência já foi posto na “mesa da burguesia” e não deverá ser mais alterado. A única dúvida colocada é sobre como a Frente de esquerda (PSOL e PSTU) se posicionará diante da retirada do nome de Marina, já que desejavam uma aliança eleitoral com o REDE. No PSOL cresce a intenção de lançar o senador Randolfe (Amapá) como candidato do partido para “marcar posição”. Não está descartada uma possível coligação entre o PSOL e o PSB no estado do Rio de Janeiro, onde ambas as forças unidas podem alterar o quadro da disputa ao Palácio das Laranjeiras, neste caso o PSTU seria obrigado a ficar de fora da coligação. O movimento de massas que volta a protagonizar mobilizações importantes, como a que ocorreu no centro do Rio, não deve nutrir nenhuma ilusão nas alternativas institucionais, todas elas ancoradas em corporações capitalistas interessadas na divisão do botim estatal. É necessário romper a lógica deste regime burguês na perspectiva revolucionária de uma outra sociedade, socialista!