“Mercado” eleva previsão
do PIB em centésimos, mas governo comemora a notícia como vitória de campeonato
Segundo o boletim Focus,
do Banco Central, a previsão do “mercado” agora é de um pequeníssimo avanço de
2,47% no PIB de 2013, diante da previsão anterior de 2,4%, ou seja uma elevação
de menos de um ponto percentual nas projeções. Vale lembrar que a equipe
econômica do ministro Mantega começou o ano anunciando um crescimento de 3,5%,
para depois rebaixar as expectativas em 3,0% e agora “lutarem” para manter o
piso em pelo menos 2,5%, e mesmo assim pelo que os dados indicam será bastante
difícil... Diante da “boa” (medíocre) notícia do boletim Focus, o presidente do
BC, Alexandre Tombini, reconheceu na última semana que a economia deve
enfrentar um período de “acomodação” (paralisia) no terceiro trimestre. O
tecnocrata afirmou, contudo, que o desempenho será mais favorável do que o
esperado pelos agentes de mercado. O governo Dilma vem ajustando a projeção
para 2013 desde o resultado “surpreendente” do PIB no segundo trimestre, que
cresceu 1,5% sobre o primeiro, e apesar de setores, como a indústria nacional
estarem com sinais negativos no terceiro trimestre. Para os apologistas da Frente
Popular que comemoraram o “pibinho” brasileiro como a conquista de um
campeonato mundial, fica a comparação com as economias dos países parceiros no
campo dos BRICs onde o menor crescimento do bloco, excluindo o Brasil, será de
cinco pontos percentuais. Mas acompanhando a “boa” notícia da elevação
microscópica do “pibinho”, o relatório Focus que reúne as previsões de cerca de
cem instituições financeiras, sugere uma nova elevação da taxa de juros básica
(SELIC) nesta semana, em linha com a trajetória de “combate à inflação”
conduzida pelo BC, eufemismo de arrocho monetário, que deve elevar os juros em
9,75% no final do ano a “pedido” dos rentistas internacionais.
Mas se o cretino crescimento do PIB ainda é cinicamente apresentado como “avanço”, o mesmo não se pode dizer do resultado de nossa balança comercial, um dos grandes trunfos econômicos das gestões petistas. De um superávit anual médio em torno de seis bilhões de Dólares, passamos a um déficit recorrente de cerca 500 milhões de dólares, isto considerando todas as manobras fiscais do governo para atenuar o verdadeiro desastre comercial. O fraquíssimo desempenho da balança comercial brasileira neste ano deve-se principalmente ao déficit na conta petróleo, que contabiliza as transações externas de óleo bruto e combustíveis derivados, como gasolina e diesel. Nos primeiros sete meses desse ano, o saldo negativo da “conta petróleo” totalizou US$ 16,5 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit era de US$ 2,4 bilhões. Mesmo com a política neoliberal de desvalorização do Real frente ao Dólar, para incrementar as exportações nacionais, com um “rombo” deste tamanho não há como manter um superávit constante.
O saldo comercial “generosamente”
positivo da balança comercial, revertendo a política anterior da era FHC, permitiu
ao governo Lula (principalmente no seu segundo mandato) atrair uma massa
importante de crédito financeiro internacional para o país, a chamada “bolha de
crédito”. Com esta “bolha” de crédito a economia brasileira assistiu a uma
explosão de consumo, facilitando a entrada de 30 milhões de novos consumidores
no mercado, este “fenômeno” econômico deu origem ao surgimento da chamada nova
classe “C”, considerada uma das bases mais importantes de apoio do PT. Agora
com a redução do fluxo financeiro para o mercado brasileiro, o governo tenta
atrair capitais com a elevação da taxa de juros, paga pelo Tesouro Nacional
para remunerar os títulos públicos emitidos para financiar o déficit da conta
corrente.