segunda-feira, 7 de outubro de 2013


“Mercado” eleva previsão do PIB em centésimos, mas governo comemora a notícia como vitória de campeonato

Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a previsão do “mercado” agora é de um pequeníssimo avanço de 2,47% no PIB de 2013, diante da previsão anterior de 2,4%, ou seja uma elevação de menos de um ponto percentual nas projeções. Vale lembrar que a equipe econômica do ministro Mantega começou o ano anunciando um crescimento de 3,5%, para depois rebaixar as expectativas em 3,0% e agora “lutarem” para manter o piso em pelo menos 2,5%, e mesmo assim pelo que os dados indicam será bastante difícil... Diante da “boa” (medíocre) notícia do boletim Focus, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reconheceu na última semana que a economia deve enfrentar um período de “acomodação” (paralisia) no terceiro trimestre. O tecnocrata afirmou, contudo, que o desempenho será mais favorável do que o esperado pelos agentes de mercado. O governo Dilma vem ajustando a projeção para 2013 desde o resultado “surpreendente” do PIB no segundo trimestre, que cresceu 1,5% sobre o primeiro, e apesar de setores, como a indústria nacional estarem com sinais negativos no terceiro trimestre. Para os apologistas da Frente Popular que comemoraram o “pibinho” brasileiro como a conquista de um campeonato mundial, fica a comparação com as economias dos países parceiros no campo dos BRICs onde o menor crescimento do bloco, excluindo o Brasil, será de cinco pontos percentuais. Mas acompanhando a “boa” notícia da elevação microscópica do “pibinho”, o relatório Focus que reúne as previsões de cerca de cem instituições financeiras, sugere uma nova elevação da taxa de juros básica (SELIC) nesta semana, em linha com a trajetória de “combate à inflação” conduzida pelo BC, eufemismo de arrocho monetário, que deve elevar os juros em 9,75% no final do ano a “pedido” dos rentistas internacionais.

Mas se o cretino crescimento do PIB ainda é cinicamente apresentado como “avanço”, o mesmo não se pode dizer do resultado de nossa balança comercial, um dos grandes trunfos econômicos das gestões petistas. De um superávit anual médio em torno de seis bilhões de Dólares, passamos a um déficit recorrente de cerca 500 milhões de dólares, isto considerando todas as manobras fiscais do governo para atenuar o verdadeiro desastre comercial. O fraquíssimo desempenho da balança comercial brasileira neste ano deve-se principalmente ao déficit na conta petróleo, que contabiliza as transações externas de óleo bruto e combustíveis derivados, como gasolina e diesel. Nos primeiros sete meses desse ano, o saldo negativo da “conta petróleo” totalizou US$ 16,5 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit era de US$ 2,4 bilhões. Mesmo com a política neoliberal de desvalorização do Real frente ao Dólar, para incrementar as exportações nacionais, com um “rombo” deste tamanho não há como manter um superávit constante.

O saldo comercial “generosamente” positivo da balança comercial, revertendo a política anterior da era FHC, permitiu ao governo Lula (principalmente no seu segundo mandato) atrair uma massa importante de crédito financeiro internacional para o país, a chamada “bolha de crédito”. Com esta “bolha” de crédito a economia brasileira assistiu a uma explosão de consumo, facilitando a entrada de 30 milhões de novos consumidores no mercado, este “fenômeno” econômico deu origem ao surgimento da chamada nova classe “C”, considerada uma das bases mais importantes de apoio do PT. Agora com a redução do fluxo financeiro para o mercado brasileiro, o governo tenta atrair capitais com a elevação da taxa de juros, paga pelo Tesouro Nacional para remunerar os títulos públicos emitidos para financiar o déficit da conta corrente.

O “modelo” de crescimento capitalista lastreado na explosão do consumo, que ignora um projeto estratégico de desenvolvimento industrial e tecnológico, demonstra claros sinais de esgotamento. Mas este é o rumo programático que segue “ortodoxamente” as “gerências” estatais da Frente Popular. O exemplo do colapso nacional no refino do óleo cru, em razão da ausência de investimentos em plantas industriais petroquímicas e refinarias é da apenas a ponta do imenso “iceberg” da dependência econômica do país em relação aos centros imperialistas. Se as atuais taxas de um crescimento “modesto” do PIB garantem ao menos evitar o default da economia nacional, retardando os efeitos da crise capitalista mundial no país, estão muito longe de reverter nosso atraso cientifico e tecnológico, caracterizando o Brasil como mais uma semi-colônia do imperialismo. Nem os governos neoliberais da Frente Popular e tampouco a impotente burguesia tupiniquim será capaz de romper o ciclo histórico de nossa dependência, somente a instauração de um novo poder estatal, baseado na força revolucionária da classe operária poderá colocar o Brasil na trilha de um genuíno desenvolvimento econômico socialista.