Companheiro Aurimar no
piquete da Petrobras-RN em 18/10
“Nossa luta é para
derrotar a privatização da Petrobras levada a cabo pelo governo neoliberal do PT”
O Jornal Luta Operária
entrevistou o companheiro Aurimar Feitosa, petroleiro, funcionário da Petrobras
lotado no Rio Grande do Norte há 12 anos e membro da Tendência Revolucionária
Sindical (TRS), que faz oposição à diretoria do Sindipetro/RN, filiado à CTB/FUP.
Aurimar está participando ativamente da greve nacional da categoria deflagrada
no último dia 17 em defesa de um reajuste salarial de 16% e contra o leilão do
Campo de Libra pelo governo Dilma.
Jornal Luta Operária
(JLO): Como foi a deflagração da greve nacional da categoria?
Aurimar Feitosa (AF):
Estamos em campanha salarial por nosso reajuste salarial, com a FUP e a FNP
reivindicando de forma unificada um reajuste de 16, 53% e contra o leilão do
Campo de Libra pelo governo Dilma, que irá entregar para as transnacionais do
petróleo uma gigantesca bacia petrolífera para a exploração, literalmente
doando nossas riquezas naturais. Esse verdadeiro crime faz parte do processo de
privatização da empresa pelo governo neoliberal do PT, já que a Petrobras hoje é controlada
em grande parte por acionistas privados, inclusive especuladores que fazem
agiotagem internacional na bolsa de valores, remetendo no mínimo 40% do lucro
da empresa para fora do país! Daí a importância de nossa paralisação que é por
tempo indeterminado e vai paralisar a produção e distribuição, inclusive no dia
do leilão marcado para 21 de outubro. Antes, já havíamos realizado um dia de
greve nacional em 03 de outubro quando celebramos os 60 anos de criação da
Petrobras.
JLO: A categoria está divida em duas federações, a FUP e a FNP, como se deu este processo?
AF: Estou na categoria há
aproximadamente 12 anos, na base do Rio Grande do Norte, que se concentra
fundamentalmente em Natal, Mossoró e cidades próximas via extração por terra.
Nosso sindicato, o Sindipetro/RN é filiado a CTB e a FUP. Apesar dos
sindicalistas do PCdoB declararem formalmente que são contra o leilão, seu
partido é favorável, tanto que Haroldo Lima, ex-presidente a Agência Nacional
do Petróleo (ANP) já privatizou vários blocos em rodadas anteriores e defende
essa nova entrega às transnacionais. Apesar de haver uma certa crise na
diretoria, sua grande maioria está unida em torno da política de fingir ser
contra o Leilão do campo de Libra, enquanto a direção de seu partido defende
nacionalmente a privatização via modelo de partilha criado por Lula. O
descontentamento da base da categoria em todo o país levou alguns sindicatos
filiados à própria CUT, à Conlutas e à Intersindical a saírem da FUP e criarem
a FNP. Como militante da TRS, corrente sindical que me aproximei no último
período depois de ter me afastado da CSP-Conlutas, faço oposição classista à
diretoria do sindicato-FUP e defendo uma atuação mais próxima da FNP, apesar de
discordar da política do PSTU e do PSOL na categoria, principalmente por se
limitar a uma disputa de aparato com poucas diferenças políticas de fundo.
JLO: Como está sendo a
greve aqui e nacionalmente?
AF: Estou participando
dos piquetes em nossa unidade, no “trancaço” da sede administrativa e
fortalecendo a greve em nível nacional. Estamos ajudando a paralisar também as
plataformas marítimas que produzem óleo e gás. Esperamos no dia 21 de outubro
realizar grandes atos em todas as capitais e nas cidades onde estão localizadas
as refinarias para barrar o leilão, inclusive com a ocupação das instalações da
empresa, como os petroleiros fizeram em 1995, na época do governo FHC. O
problema é que as direções sindicais ligadas à CUT, CTB e a FUP, ligadas ao PT
e ao PCdoB fazem a blindagem do governo Dilma e não querem radicalizar nossa
luta para derrotar sua política privatista através da ação direta dos
trabalhadores. Essas centrais chapa branca e a FUP só se posicionaram contra o
leilão porque a ampla base da categoria é contrária a essa vergonhosa entrega,
mas se limitaram a protocolar pedidos para que Dilma cancele o leilão. Não
denunciam que a Petrobras já é em grande parte uma empresa privada e afora os
70 mil funcionários da empresa, mais de 300 mil trabalhadores atuam na cadeia
de produção, transporte e refino na condição de terceirizados. Por isto também
lutamos para derrotar o PL 4330 que amplia a terceirização nas empresas.
JLO: O que você defende
nesta campanha salarial como medidas concretas para barrar a privatização da
Petrobras?
AF: Primeiro os
trabalhadores devem ter claro que nenhum projeto baseado em “parceria” com as
transnacionais imperialistas ou mesmo com capitalistas nativos, como o picareta
Eike Batista, poderá conter algum conteúdo realmente nacionalista, como vende
setores da categoria ligados ao PT e ao PCdoB. Somente a classe trabalhadora
pode garantir uma Petrobras 100% estatal através da nacionalização plena de
nossas reservas naturais e energéticas poderá garantir nossa real independência
dos grupos econômicos imperialistas que controlam militarmente os recursos
energéticos do planeta. É preciso tirar das mãos dos tubarões rentistas o nosso
petróleo e colocar a Petrobras sob o controle dos trabalhadores. Nesta
trincheira de luta fazemos a denúncia do próprio governo burguês da frente
popular comandado pelo PT, incapaz por seu caráter de classe servil ao grande
capital de fazer da Petrobras um instrumento de defesa da soberania e do
desenvolvimento nacional contra os interesses do imperialismo e da agiotagem
internacional, sem jamais se aliar a setores direitistas como muitas vezes
fazem o PSTU e o PSOL.