sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Companheiro Aurimar no piquete da Petrobras-RN em 18/10

“Nossa luta é para derrotar a privatização da Petrobras levada a cabo pelo governo neoliberal do PT”

O Jornal Luta Operária entrevistou o companheiro Aurimar Feitosa, petroleiro, funcionário da Petrobras lotado no Rio Grande do Norte há 12 anos e membro da Tendência Revolucionária Sindical (TRS), que faz oposição à diretoria do Sindipetro/RN, filiado à CTB/FUP. Aurimar está participando ativamente da greve nacional da categoria deflagrada no último dia 17 em defesa de um reajuste salarial de 16% e contra o leilão do Campo de Libra pelo governo Dilma.

Jornal Luta Operária (JLO): Como foi a deflagração da greve nacional da categoria?

Aurimar Feitosa (AF): Estamos em campanha salarial por nosso reajuste salarial, com a FUP e a FNP reivindicando de forma unificada um reajuste de 16, 53% e contra o leilão do Campo de Libra pelo governo Dilma, que irá entregar para as transnacionais do petróleo uma gigantesca bacia petrolífera para a exploração, literalmente doando nossas riquezas naturais. Esse verdadeiro crime faz parte do processo de privatização da empresa pelo governo neoliberal do PT, já que a Petrobras hoje é controlada em grande parte por acionistas privados, inclusive especuladores que fazem agiotagem internacional na bolsa de valores, remetendo no mínimo 40% do lucro da empresa para fora do país! Daí a importância de nossa paralisação que é por tempo indeterminado e vai paralisar a produção e distribuição, inclusive no dia do leilão marcado para 21 de outubro. Antes, já havíamos realizado um dia de greve nacional em 03 de outubro quando celebramos os 60 anos de criação da Petrobras.

JLO: A categoria está divida em duas federações, a FUP e a FNP, como se deu este processo?

AF: Estou na categoria há aproximadamente 12 anos, na base do Rio Grande do Norte, que se concentra fundamentalmente em Natal, Mossoró e cidades próximas via extração por terra. Nosso sindicato, o Sindipetro/RN é filiado a CTB e a FUP. Apesar dos sindicalistas do PCdoB declararem formalmente que são contra o leilão, seu partido é favorável, tanto que Haroldo Lima, ex-presidente a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já privatizou vários blocos em rodadas anteriores e defende essa nova entrega às transnacionais. Apesar de haver uma certa crise na diretoria, sua grande maioria está unida em torno da política de fingir ser contra o Leilão do campo de Libra, enquanto a direção de seu partido defende nacionalmente a privatização via modelo de partilha criado por Lula. O descontentamento da base da categoria em todo o país levou alguns sindicatos filiados à própria CUT, à Conlutas e à Intersindical a saírem da FUP e criarem a FNP. Como militante da TRS, corrente sindical que me aproximei no último período depois de ter me afastado da CSP-Conlutas, faço oposição classista à diretoria do sindicato-FUP e defendo uma atuação mais próxima da FNP, apesar de discordar da política do PSTU e do PSOL na categoria, principalmente por se limitar a uma disputa de aparato com poucas diferenças políticas de fundo.

JLO: Como está sendo a greve aqui e nacionalmente?

AF: Estou participando dos piquetes em nossa unidade, no “trancaço” da sede administrativa e fortalecendo a greve em nível nacional. Estamos ajudando a paralisar também as plataformas marítimas que produzem óleo e gás. Esperamos no dia 21 de outubro realizar grandes atos em todas as capitais e nas cidades onde estão localizadas as refinarias para barrar o leilão, inclusive com a ocupação das instalações da empresa, como os petroleiros fizeram em 1995, na época do governo FHC. O problema é que as direções sindicais ligadas à CUT, CTB e a FUP, ligadas ao PT e ao PCdoB fazem a blindagem do governo Dilma e não querem radicalizar nossa luta para derrotar sua política privatista através da ação direta dos trabalhadores. Essas centrais chapa branca e a FUP só se posicionaram contra o leilão porque a ampla base da categoria é contrária a essa vergonhosa entrega, mas se limitaram a protocolar pedidos para que Dilma cancele o leilão. Não denunciam que a Petrobras já é em grande parte uma empresa privada e afora os 70 mil funcionários da empresa, mais de 300 mil trabalhadores atuam na cadeia de produção, transporte e refino na condição de terceirizados. Por isto também lutamos para derrotar o PL 4330 que amplia a terceirização nas empresas.

JLO: O que você defende nesta campanha salarial como medidas concretas para barrar a privatização da Petrobras?

AF: Primeiro os trabalhadores devem ter claro que nenhum projeto baseado em “parceria” com as transnacionais imperialistas ou mesmo com capitalistas nativos, como o picareta Eike Batista, poderá conter algum conteúdo realmente nacionalista, como vende setores da categoria ligados ao PT e ao PCdoB. Somente a classe trabalhadora pode garantir uma Petrobras 100% estatal através da nacionalização plena de nossas reservas naturais e energéticas poderá garantir nossa real independência dos grupos econômicos imperialistas que controlam militarmente os recursos energéticos do planeta. É preciso tirar das mãos dos tubarões rentistas o nosso petróleo e colocar a Petrobras sob o controle dos trabalhadores. Nesta trincheira de luta fazemos a denúncia do próprio governo burguês da frente popular comandado pelo PT, incapaz por seu caráter de classe servil ao grande capital de fazer da Petrobras um instrumento de defesa da soberania e do desenvolvimento nacional contra os interesses do imperialismo e da agiotagem internacional, sem jamais se aliar a setores direitistas como muitas vezes fazem o PSTU e o PSOL.