domingo, 13 de outubro de 2013


Dilma liquida a fatura no 1º turno contra Aécio e Campos, com Marina e Serra no páreo não. PSB e PSDB mudarão os candidatos?

A última pesquisa DATAFOLHA, publicada neste sábado (12/10), revela que continua a recuperação constante de popularidade da presidenta Dilma após ter caído abruptamente no curso das “Jornadas de Junho”. Embora tenha desacelerado o ritmo nesta última pesquisa, a retomada da polaridade do governo já alcança quase dez pontos percentuais, apontando ainda um viés de alta. Mas todas as atenções sobre os novos números do DATAFOLHA estavam mesmo voltadas para a corrida eleitoral ao Planalto, por se tratar da primeira pesquisa realizada por um grande “instituto” após a impugnação do REDE pelo TSE e o anúncio do ingresso de Marina Silva nos quadros do PSB. A pesquisa DATAFOLHA indicou que a presidenta Dilma Rousseff venceria as eleições de 2014 no primeiro turno, considerando um cenário incluindo a disputa contra Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). A pesquisa foi realizada por meio de 2.517 entrevistas em 154 municípios, e tem uma margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Dilma aparece na pesquisa com 42% das intenções de voto. Aécio somaria 21%, e Campos, 15%. Votos em branco, nulos ou nenhum registram 16%. Outros 7% não sabem em quem vão votar. O levantamento testou quatro cenários para a eleição presidencial, alternando os nomes de Campos e Marina Silva, pelo PSB, e os de Aécio e José Serra, pelo PSDB. Nas outras três combinações, Dilma não alcançaria índice suficiente para garantir vitória no primeiro turno. Na simulação mais apertada, a neopetista tem 37% das intenções de voto, Marina chegaria aos 28%, e o Tucano Serra, 20%. A primeira questão colocada pela aferição é a que já tínhamos caracterizado anteriormente com exatidão, ou seja, Marina não conseguirá transferir seu potencial eleitoral para a candidatura Campos, mesmo indicada como vice em sua chapa. A segunda questão também já pontuada por nós é que mantido o quadro com Aécio e Campos, este último não conseguirá tomar do PSDB a posição de segundo lugar na corrida presidencial. A “incorporação” do REDE pelo PSB desgastou bastante a figura “mítica” de uma Marina “pura e vestal”, revelando a política pragmática e oportunista aliada das oligarquias mais retrógradas deste país. O índice conseguido por Campos é bem aquém da soma de seu resultado anterior com o de Marina. Agora fica a pergunta inicial, o PSB cederá sua estrutura para uma “estranha fazer a festa” e depois se transferir para o seu próprio partido, o REDE? E o PSDB “deixará na mão” o senador Aécio para apostar em um candidato já derrotado duas vezes pelo PT e que acabou de perder a disputa para a prefeitura de São Paulo?

O dilema “nacional” da oposição colocado acima merece uma abordagem direta e fulminante, a cúpula dos dois partidos envolvidos, pelo menos com alguma densidade eleitoral, na disputa presidencial não moverá uma palha para alterar os nomes já postos na “mesa”' do pôquer eleitoral. A razão desta suposta “incoerência” política é bem simples, mesmo que Marina e Serra tenham vaga assegurada no segundo turno em 2014, a eleição já tem um vencedor seguro, Dilma Rousseff, eleita previamente pelo “conselho superior” da burguesia para dar continuidade a estabilidade do regime democratizante.

É bem verdade que as forças centrífugas do PIG pressionam bastante o PSB e Campos para ser “generoso” e ceder seu posto a Marina, em nome de garantir um segundo turno como elemento para uma futura barganha com o governo da Frente Popular. A famiglia Marinho até já preparou um lançamento midiático para impulsionar a candidatura de Marina como cabeça de chapa, será na próxima terça-feira (15/10) no “imparcial” programa do Jô. Quanto ao futuro de José Serra as perspectivas são mais cautelosas, a depender de uma renúncia “espontânea” do próprio Aécio. Para os Tucanos tudo dependerá do quadro sucessório mineiro, se não houver candidato competitivo para enfrentar o ministro Fernando Pimentel (PT) o senador “mauricinho” tende a ser a única opção para manter o governo estadual.

No interior do PSB não há a menor disposição de entregar a “vitrine” do partido para Marina “brilhar”. Os experientes dirigentes “socialistas” sabem muito bem que Campos precisa “trabalhar” nacionalmente seu nome em 2014 para postular com chances reais de vitória a disputa “pra valer” de 2018. A conjuntura da luta de classes indica um claro fortalecimento do “modelo” de gestão estatal do PT, principalmente após ter passado incólume pelas turbulentas “Jornadas de Junho”, onde uma outra “gerência” tradicional da burguesia teria caído ou se enfraquecido enormemente. Dilma mostrou ao “mercado” convicção em dar continuidade em sua plataforma neoliberal, terá em troca mais quatro anos para preparar a transição rumo a um novo governo burguês conservador, vocacionado a reatar integralmente as relações comerciais do Brasil com os EUA.

O movimento de massas que acaba de acumular as duras derrotas das campanhas nacionais dos bancários e correios deve abstrair as lições programáticas de uma etapa mundial de reação em toda linha. A continuidade com êxito da greve dos professores do Rio de Janeiro será um marco de resistência, um ponto de inflexão da ofensiva reacionária capitalista que ameaça retornar as perseguições políticas do período da ditadura militar. A volta da famigerada Lei de Segurança Nacional e a prisão generalizada de ativistas sociais e militantes da esquerda é um prenúncio de tempos difíceis que se aproximam, mas que devem ser combatidos com a ação direta do proletariado sem nutrir a menor ilusão na farsa eleitoral preparada para polarizar o país no próximo ano.