Dilma liquida a fatura
no 1º turno contra Aécio e Campos, com Marina e Serra no páreo não. PSB e PSDB
mudarão os candidatos?
A última pesquisa
DATAFOLHA, publicada neste sábado (12/10), revela que continua a recuperação
constante de popularidade da presidenta Dilma após ter caído abruptamente no
curso das “Jornadas de Junho”. Embora tenha desacelerado o ritmo nesta última
pesquisa, a retomada da polaridade do governo já alcança quase dez pontos
percentuais, apontando ainda um viés de alta. Mas todas as atenções sobre os
novos números do DATAFOLHA estavam mesmo voltadas para a corrida eleitoral ao
Planalto, por se tratar da primeira pesquisa realizada por um grande “instituto”
após a impugnação do REDE pelo TSE e o anúncio do ingresso de Marina Silva nos
quadros do PSB. A pesquisa DATAFOLHA indicou que a presidenta Dilma Rousseff
venceria as eleições de 2014 no primeiro turno, considerando um cenário
incluindo a disputa contra Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). A
pesquisa foi realizada por meio de 2.517 entrevistas em 154 municípios, e tem
uma margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Dilma aparece na pesquisa
com 42% das intenções de voto. Aécio somaria 21%, e Campos, 15%. Votos em
branco, nulos ou nenhum registram 16%. Outros 7% não sabem em quem vão votar. O
levantamento testou quatro cenários para a eleição presidencial, alternando os
nomes de Campos e Marina Silva, pelo PSB, e os de Aécio e José Serra, pelo
PSDB. Nas outras três combinações, Dilma não alcançaria índice suficiente para
garantir vitória no primeiro turno. Na simulação mais apertada, a neopetista
tem 37% das intenções de voto, Marina chegaria aos 28%, e o Tucano Serra, 20%.
A primeira questão colocada pela aferição é a que já tínhamos caracterizado
anteriormente com exatidão, ou seja, Marina não conseguirá transferir seu
potencial eleitoral para a candidatura Campos, mesmo indicada como vice em sua
chapa. A segunda questão também já pontuada por nós é que mantido o quadro com
Aécio e Campos, este último não conseguirá tomar do PSDB a posição de segundo
lugar na corrida presidencial. A “incorporação” do REDE pelo PSB desgastou
bastante a figura “mítica” de uma Marina “pura e vestal”, revelando a política
pragmática e oportunista aliada das oligarquias mais retrógradas deste país. O
índice conseguido por Campos é bem aquém da soma de seu resultado anterior com
o de Marina. Agora fica a pergunta inicial, o PSB cederá sua estrutura para uma
“estranha fazer a festa” e depois se transferir para o seu próprio partido, o
REDE? E o PSDB “deixará na mão” o senador Aécio para apostar em um candidato já
derrotado duas vezes pelo PT e que acabou de perder a disputa para a prefeitura
de São Paulo?
O dilema “nacional” da oposição colocado acima merece uma abordagem direta e fulminante, a cúpula dos dois partidos envolvidos, pelo menos com alguma densidade eleitoral, na disputa presidencial não moverá uma palha para alterar os nomes já postos na “mesa”' do pôquer eleitoral. A razão desta suposta “incoerência” política é bem simples, mesmo que Marina e Serra tenham vaga assegurada no segundo turno em 2014, a eleição já tem um vencedor seguro, Dilma Rousseff, eleita previamente pelo “conselho superior” da burguesia para dar continuidade a estabilidade do regime democratizante.
É bem verdade que as
forças centrífugas do PIG pressionam bastante o PSB e Campos para ser “generoso”
e ceder seu posto a Marina, em nome de garantir um segundo turno como elemento
para uma futura barganha com o governo da Frente Popular. A famiglia Marinho
até já preparou um lançamento midiático para impulsionar a candidatura de
Marina como cabeça de chapa, será na próxima terça-feira (15/10) no “imparcial”
programa do Jô. Quanto ao futuro de José Serra as perspectivas são mais
cautelosas, a depender de uma renúncia “espontânea” do próprio Aécio. Para os
Tucanos tudo dependerá do quadro sucessório mineiro, se não houver candidato
competitivo para enfrentar o ministro Fernando Pimentel (PT) o senador “mauricinho”
tende a ser a única opção para manter o governo estadual.
No interior do PSB não
há a menor disposição de entregar a “vitrine” do partido para Marina “brilhar”.
Os experientes dirigentes “socialistas” sabem muito bem que Campos precisa “trabalhar”
nacionalmente seu nome em 2014 para postular com chances reais de vitória a
disputa “pra valer” de 2018. A conjuntura da luta de classes indica um claro
fortalecimento do “modelo” de gestão estatal do PT, principalmente após ter
passado incólume pelas turbulentas “Jornadas de Junho”, onde uma outra “gerência”
tradicional da burguesia teria caído ou se enfraquecido enormemente. Dilma
mostrou ao “mercado” convicção em dar continuidade em sua plataforma
neoliberal, terá em troca mais quatro anos para preparar a transição rumo a um
novo governo burguês conservador, vocacionado a reatar integralmente as
relações comerciais do Brasil com os EUA.
O movimento de massas
que acaba de acumular as duras derrotas das campanhas nacionais dos bancários e
correios deve abstrair as lições programáticas de uma etapa mundial de reação
em toda linha. A continuidade com êxito da greve dos professores do Rio de
Janeiro será um marco de resistência, um ponto de inflexão da ofensiva
reacionária capitalista que ameaça retornar as perseguições políticas do
período da ditadura militar. A volta da famigerada Lei de Segurança Nacional e
a prisão generalizada de ativistas sociais e militantes da esquerda é um
prenúncio de tempos difíceis que se aproximam, mas que devem ser combatidos com
a ação direta do proletariado sem nutrir a menor ilusão na farsa eleitoral
preparada para polarizar o país no próximo ano.