Para o PSTU o ingresso
de Marina no PSB significou apenas uma “apressada aliança com Eduardo Campos”
Os Morenistas do PSTU
acalentaram por muito tempo esperanças na legalização do REDE, o que muito
provavelmente faria da eco-neoliberal Marina Silva a candidata a presidente da
república das forças políticas que compõem a chamada “Frente de Esquerda”. A direção
do PSTU guardou por meses um profundo silêncio acerca do caráter
pró-imperialista do agrupamento REDE, assim como da fraude política construída
pela burguesia em torno da “mística” do nome de Marina Silva. Registre-se o
fato que o PSTU espertamente se “fingiu de morto” no pico do debate político
pré-eleitoral, onde a candidatura de Marina era o centro das atenções e debates
na esquerda. Em uma possível coligação com o REDE, a Frente de Esquerda teria
potencializado enormemente as chances de todos os seus candidatos proporcionais
ao parlamento, ficando a cargo do PSTU o tradicional papel de “crítico passivo”
do fato consumado, assim como ocorreu em Belém no ano passado. Mas somente
agora quando Marina resolveu ingressar no PSB, diante da negação do registro do
REDE, para selar uma aliança eleitoral com o oligarca “socialista” Eduardo
Campos, o PSTU resolveu “acordar” afirmando que “Marina Silva: a ‘nova’ velha
forma de se fazer política” (sítio do PSTU, 23/10). O mais surpreendente neste
tardio e superficial “despertar” do PSTU foi, no entanto, a caracterização que
fez a respeito da nova aliança política da burguesa: “E a apressada aliança com
Eduardo Campos do PSB, para viabilizar uma candidatura no próximo ano, mostra
que a defesa da ‘nova política’ e das demandas de junho não passam de pura
retórica.” (Zé Maria divulga carta aberta ao PSOL e PCB, 28/10). Ou seja, para
os Morenistas este reacionário realinhamento das classes dominantes foi “apressado”,
deixando margem para a Frente de Esquerda maturar um novo acordo com muita “calma”
com o REDE, caso ainda venha implodir a aliança Campos&Marina.
Também não está totalmente descartado que o PSOL venha a estabelecer coligações regionais com o PSB&REDE, ficando entretanto muito distante uma aliança nacional em torno do nome do governador Eduardo Campos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o PSOL prioriza o lançamento de candidaturas proporcionais, no sentido de eleger uma forte bancada parlamentar, o que coloca cada vez mais próxima a possibilidade de uma chapa majoritária em comum (REDE e Frente de Esquerda) e ao governo estadual. O PSTU formalmente se coloca contrário à formação de composições mais “abrangentes” ao arco original da Frente de Esquerda, mas a “sede” de eleger parlamentares parece ser maior do que a defesa intransigente dos princípios da independência de classe.
Por sinal as referências
classistas dos Morenistas parecem estar cada vez mais tênues. Em sua última
carta aberta ao PSOL e PCB, o PSTU defende abertamente a colaboração de
classes: “Nesta carta aberta ao PSOL, que prepara o seu Congresso nacional
neste momento, e ao PCB, queremos explorar esta possibilidade. A de que a
candidatura classista e socialista às eleições do ano que vem seja expressão de
uma Frente de Esquerda envolvendo o PSTU, PSOL e PCB”. (Carta aberta ao PSOL, 28/10).
Será mesmo que algum militante da esquerda revolucionária pode acreditar que o
PSOL, atolado até o pescoço ora em acordos com a oposição Demo-Tucana, ora com
a base governista no Congresso Nacional poderá realmente encabeçar uma Frente
socialista? Isto sem mencionar a postura absolutamente direitista dos
dirigentes do PSOL em relação ao movimento dos Black Blocs.
Mas para a direção
revisionista do PSTU uma “Frente de Esquerda” pode ser integrada por
organizações pequeno burguesas e até mesmo por partidos capitalistas como o
REDE, desde que não decidam “escancarar” alianças com oligarquias burguesas
regionais. Este caso não se concentra somente no acordo entre Marina e Campos,
mas também no pacto estabelecido entre o PSOL do Amapá e os clãs regionais mais
corruptos, como é o caso da famiglia Sarney. Para estes oportunistas o que
interessa mesmo é colher votos no curso do desgaste político do governo do PT,
pouco interessando se acabam se juntando com a oposição conservadora e pró-imperialista.
Os Marxistas Revolucionários devem estabelecer a denúncia implacável das
variantes do “socialismo” pequeno burguês, assim como dos
eco-desenvolvimentistas que se colocam a serviço do capital financeiro
internacional. Uma verdadeira “candidatura classista” à presidência da
república só poderá ser construída realmente a partir da aliança programática
entre correntes políticas comunistas e anti-imperialistas.