quarta-feira, 30 de outubro de 2013


Governo Dilma unido aos direitistas Alckmin e Cabral na repressão ao “vandalismo” do povo pobre e dos “Black Blocs”

Depois que dezenas de moradores da periferia de São Paulo atearam fogo em caminhões e ônibus que trafegavam na Rodovia Fernão Dias em protesto contra o assassinato do jovem trabalhador Douglas pela PM, em uma clara demonstração de ódio popular contra a repressão estatal protagonizando ações que muito se assemelhavam com as “táticas” dos “Black Bloc”, o Ministro da “Justiça”, Eduardo Cardoso (PT) anunciou uma parceria com os odiados governos Alckmin (PSDB) e Cabral (PMDB) para perseguir o que chamou de “vândalos”: “Dialoguei durante o dia de ontem e de hoje com o secretário Fernando Grella, secretário de Segurança Pública de São Paulo, e, na manhã de hoje, com o secretário Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro e nos parece que a situação exige que os órgãos de Segurança Pública compartilhem informações e tomem ações em conjunto. Discutiremos medidas de segurança pública que devem ser tomadas para evitar esses atos de vandalismo” (G1, 29/10), marcando uma reunião em Brasília para o próximo dia 31 que terá também representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública para tomar medidas concretas contra as manifestações. Está claro que a burguesia exige que o governo do PT haja com mão forte diante da radicalização dos protestos populares, com a mídia murdochiana acusando a revolta do povo pobre de “vandalismo contra a ordem pública”, ou seja, como uma ameaça à sacrossanta propriedade privada e a seu Estado.

Após ter se solidarizado com o Coronel Rossi da PM de São Paulo, agredido por “Black Blocs” quando reprimia uma manifestação no centro de São Paulo, Dilma em uma clara jogada de demagogia eleitoral lançou uma mensagem em sua conta no Twitter abordando o caso do assassinato de Douglas, morto no último domingo, 27, pela PM na periferia de SP: “Nessa hora de dor, presto minha solidariedade à família e aos amigos. Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas da violência. A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil”. Demagogia à parte, seu governo tratou de reforçar o aparato repressivo na região dos protestos: a ida de policiais rodoviários federais do Rio para São Paulo foi acertada na manhã desta terça, durante reunião entre a Secretaria de Segurança Pública paulista e a Polícia Rodoviária Federal. Segundo Cardoso, “A Polícia Rodoviária Federal deve atuar também com reforço da sua tropa. Estamos deslocando efetivo do Rio de Janeiro para São Paulo para fazer uma melhor cobertura daquele trecho. Isso foi objeto da reunião de hoje [terça] de manhã, onde a distribuição de efetivo, a alocação de situações deve ter sido planejada e se fará uma ‘análise de inteligência’ sobre os incidentes que têm se repetido durante os protestos” (G1, 29/10).

Lembremos que durante as “Jornadas de Junho”, o ministro da “justiça” Eduardo Cardoso, figura que representa a chamada “esquerda” petista no governo (grupo Mensagem ao Partido apoiado pela DS e outros agrupamentos do PT) já havia oferecido a ajuda da Polícia Federal para a repressão mais “fina” ao movimento. Blogs “chapa branca” também saíram a acusar os Black Blocs de fascistas, exigindo sua imediata prisão. Luiz Nassif declarou “Após o espancamento do seu oficial, o que a Polícia Militar deve fazer, daqui por diante: Identificar os cabeças que comandam o vandalismo nas cidades, prendê-los e leva-los a julgamento por formação de quadrilha. E que recebam penas severas. A agressão a um oficial da PM – ainda mais nas circunstâncias relatadas - é uma quebra de ordem gravíssima, sim. Se não houver punição exemplar, essa maluquice irá se espalhar como um rastilho de pólvora”. Esta conduta tem o apoio de toda a esquerda petista, tanto que a corrente Esquerda Marxista (PT) lançou novo artigo asqueroso intitulado “Os Black Blocs: rebeldes sem causa” em que defende abertamente a democracia burguesa: “Entendemos a revolta dos jovens com essa ‘democracia’, como se expressam os jovens do movimento dos Black Blocs. Mas não se justifica um rechaço da democracia representativa em geral. Fazendo isso só estão facilitando o caminho de todos aqueles que hoje erguem a voz clamando por um golpe militar de tipo fascista” (EM, 28/10). O mesmo declara o PSTU, nas palavras da vereadora Amanda Gurgel: “Participarmos das legítimas manifestações populares, mas não concordamos com quebra-quebra e depredação de prédios públicos, muitas vezes inclusive realizados por agentes infiltrados da repressão nas manifestações e que acabam justificando a ação policial contra as manifestações da juventude e dos trabalhadores. Somos contrários às ações isoladas de indivíduos, pois acreditamos que somente a organização coletiva dos trabalhadores e estudantes fortalece a democracia e o movimento” cinicamente deixando a porta aberta para se acusar os “Black Blocs” de “infiltrados da repressão” (site PSTU, 28/10). Em resumo, estes canalhas revisionistas se somam ao coro do PT, da esquerda “chapa branca” e dos governos da direita tradicional que apregoam serem os movimentos legítimos desde que pacíficos, ordeiros, respeitando a ordem burguesa e desde que não recorram à autodefesa!

Quem na verdade abre caminho para o recrudescimento do regime político e sua militarização é o governo da frente popular, que recorreu à Força Nacional para reprimir os manifestantes ao Leilão de Libra e aciona a PF para monitorar os lutadores sociais, mascarados ou não. Não por acaso, Cardoso organiza neste momento uma ação conjunta com os governos do PSDB e PMDB, comandados por figuras sinistras e fascistizantes. Só o movimento de massas pode barrar o curso de ataque à liberdade de manifestação e resposta a sua ação direta por parte da repressão policial. Sobre o argumento cínico da burguesia e seus papagaios de “esquerda” acerca do vandalismo do povo pobre e da tática dos “Black Blocs” que provocariam a reação da polícia vejamos o que nos diz Trotsky sobre questão análoga no capítulo intitulado sintomaticamente “A Milícia Operária e seus Adversários” do livro “Aonde Vai a França?”: “Conclamar a organização da milícia é uma ‘provocação’, dizem alguns adversários certamente pouco sérios e pouco honestos. Isto não é um argumento, mas um insulto. Se a necessidade de defender as organizações operárias surge de toda a situação, como é possível não se conclamar a criação de milícias? É possível nos dizer que a criação de milícias ‘provoca’ os ataques dos fascistas e a repressão do governo? Neste caso, trata-se de um argumento absolutamente reacionário. O liberalismo sempre disse aos operários que eles ‘provocam’ a reação, com sua luta de classes. Os reformistas repetiram essa acusação contra os marxistas; os mencheviques contra os bolcheviques. No fim das contas, essas acusações se reduzem a este pensamento profundo: se os oprimidos não se pusessem em movimento, os opressores não seriam obrigados a golpeá-los”. Os revisionistas que se dizem a favor da “violência revolucionária” em abstrato, mas que agora não seria o momento porque facilitaria um golpe fascista, recorrendo a um cinismo sem igual para defender a democracia burguesa, também são desmascarados pelo velho Bolchevique que alerta: “‘Mas armar os operários não é oportuno, a não ser em uma situação revolucionária, que ainda não existe’. Este argumento profundo significa que os operários devem se deixar espancar até que a situação se torne revolucionária. A própria questão do armamento só surgiu na prática porque a situação ‘pacífica’, ‘normal’, ‘democrática’, deu lugar a uma situação agitada, crítica, instável, que facilmente pode transformar-se tanto em situação revolucionária quanto contrarrevolucionária. Esta alternativa depende, antes de tudo, da resposta a esta questão: os operários de vanguarda se deixarão espancar, impunemente, uns após outros, ou a cada golpe responderão com dois golpes, aumentando a coragem dos oprimidos e unindo-os ao seu redor? Uma situação revolucionária não cai do céu. É criada com a participação ativa da classe revolucionária e do seu partido” (Idem). Como observamos, mais do nunca devemos defender incondicionalmente a autodefesa dos trabalhadores, a revolta “bárbara” do povo pobre e a ação dos “Black Bloc”. A revolta popular contra o assassinato do jovem trabalhador Douglas em São Paulo foi mais uma demonstração de que o chamado “vandalismo” tão apregoado pela mídia venal e os governos burgueses de todos os matizes não é obra de minorias e sim uma justa reação à selvageria policial. A esse coro reacionário se somou a “esquerda” do PT e o PSTU!