quarta-feira, 9 de outubro de 2013


Juros em alta e inflação em “baixa”:
A velha receita do FMI aplicada agora pelos neomonetaristas do PT


A equipe econômica do governo Dilma volta a comemorar seus pífios resultados, depois de festejar uma projeção de apenas 0,7% de crescimento do PIB em 2013, agora foi a vez de anunciar que a inflação do mês de setembro se “enquadrou” no teto estabelecido pelo Banco Central. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que ficou satisfeito com o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado hoje (9/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA fechou o mês de setembro em 0,35%. “Para Mantega: O resultado mostra que a inflação está sob controle. A inflação acumulada ficou abaixo dos 6% pela primeira vez no ano”. Não é exatamente o “espetáculo do crescimento” os dados econômicos que vem sendo apresentados pelos tecnocratas do governo no último período. Acompanhando os tímidos índices de redução da inflação e evolução do PIB está a política neoliberal de elevação da taxa de juros paga pelo Tesouro aos rentistas internacionais. É a repetição da velha receita “ortodoxa” imposta ao país pelo FMI por décadas, retração econômica e juros altos deixando o Estado sem capacidade de realizar investimentos, agora aplicada pela “gerência” petista convertida ao neomonetarismo de “esquerda”.

Não faltam “críticos” desta política recessiva nas fileiras da própria Frente Popular, os economistas “chapa branca” defendem como alternativa ao atual “modelo” seguido por Dilma, o período “expansionista” do governo Lula. Acontece que os “pseudo-neodesenvolvimentistas” não dizem que a etapa de “ouro” do governo Lula estava na verdade lastreada no grande fluxo internacional de crédito que inundou o país. Neste período ocorreu uma forte explosão de consumo, mas nenhuma das causas estruturais de nosso atraso econômico foi sequer alterada. O resultado é que a herança econômica da era Lula não foi assim tão “virtuosa”, como muitos “intelectuais” do PT insistem em afirmar.

Em nome do controle da inflação, na realidade uma exigência do mercado para a manutenção do superávit primário, o governo vem retomando a política de juros nominais bem elevados, acima da média internacional. O COPOM seguidamente tem elevado a taxa SELIC, apontando que o viés de alta deve alcançar a casa de dois dígitos até o final deste ano. O último aumento de 0,5% (09/10), perfazendo um acumulado de 9,5% foi o quinto consecutivo na taxa SELIC, que vem subindo desde abril deste ano, elevando os juros básicos ao maior nível desde março de 2012.

O projeto de “poder” da Frente Popular não contempla nenhuma mudança na estrutura dependente e semi-colonial do país, por esta razão a indústria nacional apresentou sinais de grave definhamento em plena etapa de explosão do consumo. O papel do Brasil, de grande exportador das commodities agrominerais na divisão internacional do trabalho foi ainda mais acentuado com a política de colar a economia nacional ao bloco comercial encabeçado pela China (BRICs). Como fornecedor “preferencial” de matérias primas para o acelerado desenvolvimento da restauração capitalista chinesa, o país viveu seus “melhores” momentos econômicos nos últimos vinte anos. Mas as “raízes” do atraso permaneceram intactas e ao menor sinal de freio na economia dos BRICs a recessão ameaça retornar com todo vigor.

Um caminho histórico distinto daquele que nos orienta as “gerências” petistas do estado capitalista, somente poderá ser trilhado com a total independência da classe operária em relação aos projetos econômicos (expansionistas ou recessivos) da burguesia. A construção de uma alternativa revolucionária de poder proletário se impõe como única alternativa diante da crise crônica capitalista e seus “gestores” de plantão.