Desemprego aponta
novamente viés de alta: Velha “receita” dos rentistas seguida por Dilma começa
a dar resultados
A taxa nacional de
desemprego, aferida pelo IBGE em seis regiões metropolitanas do país,
apresentou uma leve oscilação positiva no mês de setembro. A taxa de desemprego
ficou em 5,4% em setembro, foi registrada uma leve alta sobre o índice de 5,3%
de agosto, que tinha sido o menor desde dezembro de 2012. A população
desocupada ficou em 1,3 milhão de pessoas e também apresentou estabilidade
tanto em relação a agosto de 2013 quanto a setembro de 2012. Apesar de ser
pequena esta variação indica uma reversão das tendências anteriores de queda na
taxa do desemprego, reflexo imediato da elevação da taxa de juros e
desaquecimento da economia, principalmente no setor industrial. O governo Dilma
parece estar levando a sério os “conselhos” dos rentistas que clamam por uma
profunda recessão e corte drásticos dos investimentos estatais. Tudo para
manter elevada a capacidade financeira do governo em assegurar o pagamento
integral dos serviços e spreads da crescente dívida pública. Na perspectiva de
aumentar o superávit primário para incrementar o ajuste fiscal exigido pelos
rentistas, o governo da Frente Popular só vislumbra aumentar sua capacidade de
indução econômica com um agressivo plano de privatizações, foi o que assistimos
com o leilão do Campo de Libra, mas é apenas o começo.
No plano da balança comercial brasileira as notícias também não são nada boas, note-se que este era um dos pontos fulcrais do programa econômico da Frente Popular. O governo Lula conseguiu reverter a condição deficitária das contas do país na chamada era FHC com uma agressiva política de voltar as exportações para o bloco comercial liderado pela China. Este movimento capitalizou o país, triplicando as reservas cambiais e potencializando o mercado interno consumidor que atraiu uma enorme bolha de crédito internacional. Mas os BRICs apresentam agora uma pequena retração em suas demandas de importação, afetando diretamente a balança comercial brasileira. Neste sentido as pressões sobre o governo do PT se avolumam para que promova um novo “choque” econômico, só que desta vez de caráter neoliberal, além de indicar uma reorientação das commodities do país em direção do mercado norte-americano.
Para completar o cenário
econômico do atual período, o governo Dilma contava com uma alta consistente do
Dólar em relação a nossa moeda, o Banco Central não poupou esforços para “incentivar”
a desvalorização do Real e com isto facilitar nossas exportações. Mas o FED
norte-americano resolveu que ainda era muito prematuro cortar os subsídios
dados à burguesia ianque e com esta decisão conteve a alta do Dólar no mercado
internacional. Com a permanência dos juros baixos na economia imperialista, o
Brasil caminha no sentido oposto para atrair capitais,voltando a remunerar os
especuladores com a segunda maior taxa líquida do mercado financeiro mundial.
A proximidade das
eleições gerais de 2014 obriga aos ideólogos do PT a intensificar o discurso
demagógico antineoliberal, enquanto seu governo segue abertamente na direção
contrária. O movimento operário, organizado, que esteve ausente das “Jornadas
de Junho” vem colhendo as piores derrotas com as campanhas salariais nacionais
dos correios, bancários e por último a dos petroleiros. A política “chapa
branca” das direções da Fentect, Contraf e FUP tem sido responsável por manter
o proletariado atado a uma medíocre reposição salarial, que não consegue repor
suas perdas históricas. Por outro lado, o desemprego que até então estava “sob
controle”, mas longe de configurar o “pleno emprego” como afirmavam os reformistas,
ameaça retornar acompanhado de um quadro recessivo da economia. A crise
econômica mundial, detonada em 2008, abriu relativas oportunidades ao
capitalismo brasileiro na divisão internacional das forças produtivas, mas em
nada alterou estruturalmente o caráter dependente e associado de nossa economia
semicolonial. Neste momento onde os “ventos ameaçam mudar de direção”, o
proletariado deve manter-se alerta para o horizonte de uma nova ofensiva da
burguesia nacional contra suas conquistas sociais.