domingo, 17 de junho de 2018

TORCER OU NÃO PELA ATUAL SELEÇÃO “NACIONAL”?: UMA POLÊMICA QUE CRUZA A ESQUERDA BRASILEIRA


Em pleno governo nacionalista de João Goulart, a seleção brasileira da antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD) criada em 1914 e extinta no ano de 1979, dando lugar a atual CBF, foi (bi)campeã na Copa mundial do Chile no ano de 1962. Com Garrincha e Amarildo comandando o escrete (Pelé só jogou duas partidas), o Brasil seguia na trilha anti-imperialista sob o leme político da dupla Jango/Brizola. Já o Chile era um país sobre a presidência de Jorge Alessandri, um representante da direita tradicional que depois foi candidato na crucial eleição de 1970, perdendo para Salvador Allende. A vitória do escrete "canarinho" no Chile deu um enorme impulso às reformas de base e aos movimentos sociais de conjunto, com a formação das Ligas Camponeses de Julião, além da massiva sindicalização das patentes inferiores no interior das FFAA. Em 1974 na Copa da Alemanha, o regime militar atravessava sua primeira grande crise política, a derrota da seleção dos remanecentes do "Tri" para o "carrossel" holandês e depois para a Polônia, com a posterior quebra das ilusões do "time de ouro" de Jairzinho, Paulo Cesar "Caju" e Rivelino, catapultou um enorme sentimento popular de revolta contra a ditadura, levando a uma fragorosa derrota eleitoral da Arena no final daquele mesmo ano, o partido dos milicos e seus "associados".Também não se pode ocultar o efeito político produzido pelo fiasco da Copa do Brasil em 2014(na época o país dos grandes "eventos"), a eliminação diante do inacreditável 7x1 para a Alemanha serviu como uma poderosa alavanca para a tucanalha começar a defenestrar o governo Dilma, reeleito por uma pequena margem de votos. Para os Marxistas Revolucionários, "torcer ou não" passa bem longe de configurar uma questão  de princípio programático, portanto como uma flexão tática é preciso analisar a conjuntura concreta. Se no Chile de 62 foi progressivo torcer pelo Brasil, a etapa histórica atual aponta no sentido inverso, hoje, um possível triunfo do duo "Neymar&CBF" na Copa da Rússia, só impulsionaria ainda mais a ofensiva neoliberal golpista contra o povo trabalhador, no marco que a seleção de futebol brasileira é um “produto” administrado por uma entidade privada ultra corrupta, a CBF, uma empresa capitalista pró-imperialista que patrocina um elenco de jogadores mercenários e em geral apoiadores do golpe parlamentar. Nesse sentido não há nada de progressivo neste atual momento em "torcer" pela seleção "nacional" como apregoam setores da esquerda reformista brasileira.