O BLOG da LBI publica o terceiro artigo histórico sobre os
“5 ANOS DAS JORNADAS DE JUNHO”. O título do texto, “Marchas nacionais de
protesto no Brasil: Que rumo seguir?” expressa em si mesmo a encruzilhada
política que se encontrava o movimento naquela altura. Surgido da luta juvenil contra
o aumento das passagens de ônibus em São Paulo com um claro corte de esquerda empunhado
pelo MPL mas sem um programa anticapitalista e carente de uma direção classista,
os protestos ganharam dimensão nacionais e acabaram sendo apoiados pela Rede
Globo que tratou de pautar o movimento, transformando lentamente as marchas em
manifestações “verde amarelas” de cunho direitista que em nome do combate a
corrupção logo evoluíram para exigir a prisão dos dirigentes petistas. Nesse
curso, houve um claro choque no interior dos protestos, sendo as bandeiras
vermelhas impedidas de serem hasteadas e militantes das organizações políticas
identificadas como “comunistas” sendo hostilizados, ocorrendo inclusive choques
e enfrentamentos físicos entre as alas. Toda essa dinâmica contraditória tinha
como pano de fundo as manifestações contra a Copa das Confederações da FIFA que
ocorreu no Brasil em junho de 2013. Em meio a este “vazio”, por uma clara
influência da mídia “murdochiana” e em particular de sua ala mais belicosa, o
PIG, que passou a apoiar abertamente o movimento “pacífico”, criticando apenas
os “radicais” ou “vândalos”, ganhou corpo demandas próprias da direita, como a
“prisão dos mensaleiros do PT”, “contra a PEC 37” e até mesmo o “Fora Dilma”,
com o evidente objetivo de fortalecer a candidatura do PSDB em 2014. Justamente
nesse quadro complexo, a militância da LBI interveio ativamente nos protestos
que estavam capitalizado o ódio popular, combatendo abertamente o curso
direitista que eles vinham tomando e levantando uma plataforma comunista
revolucionária, não baixando suas faixas e bandeiras vermelhas. Esse artigo aborda esse momento dramático, onde a questão candente
colocada era justamente que rumo deveriam seguir as manifestações de tomavam
conta do país...
MARCHAS NACIONAIS DE PROTESTO NO BRASIL: QUE RUMO SEGUIR?
(Artigo histórico - 19 de junho de 2013)
Hoje, dia 19 de junho, novas marchas de protesto tomaram
conta do Brasil. Em Fortaleza, onde ocorre o jogo da seleção brasileira na Copa
das Confederações, cerca de 30 mil pessoas se concentraram nas proximidades da
Arena Castelão, sendo reprimidas pela PM na barreira formada a mando da FIFA
para impedir o tráfego de pedestres próximo ao Estádio, deixando vários
feridos. Em São Paulo, o MTST convocou um bloqueio na via Anchieta que liga o
ABC à capital e protestou em vários pontos da cidade, sob o lema “A periferia
vai ocupar São Paulo”. Em Belo Horizonte, manifestantes hoje chegaram a
empunhar faixas “Não precisamos de partidos políticos” e “Democracia direta”,
claramente influenciados pelos “Indignados” espanhóis. Já ontem, também em São
Paulo, “estranhos” manifestantes enfrentaram a Guarda Municipal e só não
ocuparam a prefeitura porque foram impedidos por setores do próprio movimento
que marcharam para a Av. Paulista, em uma clara divisão do protesto. O que se
viu neste verdadeiro mar de manifestações populares é que elas carecem de um
programa de luta e de uma direção classista, já que há muito a questão da
redução da tarifa foi superada. Em meio a este “vazio”, por uma clara
influência da mídia “murdochiana” e em particular de sua ala mais belicosa, o PIG,
que agora apoia abertamente o movimento “pacífico”, criticando apenas os
“radicais” ou “vândalos”, ganhou corpo demandas próprias da direita, como a
“prisão dos mensaleiros do PT”, “contra a PEC 37” e até mesmo o “Fora Dilma”,
com o evidente objetivo de fortalecer a candidatura do PSDB em 2014. A LBI
sempre denunciou que a frente popular com sua política de ataque e
desmoralização do movimento de massas estava abrindo caminho para as forças
fascistizantes em nosso país, fomos a primeira corrente política a alertar
sobre o risco das manifestações serem manipuladas pelo PIG para objetivos
reacionários. A despolitização que campeia os protestos, formada eminentemente
por setores de uma juventude sem referência socialista, uma direção combativa e
carente de um programa classista, acaba levando a atos de hostilização dos
partidos de “esquerda” como vimos ontem na Praça da Sé. Ao contrário, os
manifestantes passaram a enaltecer os símbolos nacionais, como o Hino e a
bandeira brasileira, o que vem agradando em muitos os grupos neofacistas.
Frente a estas contradições flagrantes, é necessário intervir ativamente nos
protestos que tem capitalizado o ódio popular, combatendo abertamente o curso
direitista que elas vêm tomando e levantando uma plataforma comunista. Por
isto, a questão colocada é: que rumo vão seguir as manifestações de tomam conta
do país?
Nas plenárias que organizam as atividades, como a que
ocorreu em Fortaleza para preparar a manifestação contra os gastos da Copa do
Mundo/Confederações pelo governo Dilma que está se realizando hoje na capital
cearense, o que se viu foi uma enorme pressão dos setores autonomistas,
anarquistas e “sem partido” para que não se levassem bandeiras vermelhas e
contra os partidos. Na verdade, estas forças políticas são a caixa de
ressonância da própria direita e dos grupos neonazistas que aos poucos vão se
organizando nas atividades de protesto, sempre se valendo dos valores
“patrióticos” e do “combate a corrupção”. Como os protestos são reprimidos pela
PM sempre com a justificativa de isolar os “radicais”, esses mesmos setores
defendem a “não violência”, em uma armadilha voltada justamente para impor ao
movimento a sua domesticação e o pacifismo pequeno-burguês, aplaudida pela
mídia venal tendo a frente à Rede Globo. Definitivamente, a “esquerda” que se
reivindica revolucionária e comunista vem perdendo terreno nos protestos na
medida em que eles ganharam quase o caráter de uma “jornada cívica”, fato que
ganha ainda mais relevo em plena Copa das Confederações. Como o MPL, que
iniciou o movimento em São Paulo, já fazia ampla campanha pelo apartidarismo,
esta cantilena reacionária foi reforçada nos últimos dias por transformar as
manifestações em protesto também contra os “partidos em geral”, mas com o PIG
tratando de jogar a conta principalmente no PT, no governo Dilma e no esquema
do “mensalão”. Em um quadro deste se reforça tremendamente o recrudescimento do
regime político e começa a ganhar corpo entre a burguesia à necessidade de se
criar uma força política organizada de direita com um claro corte neonazista,
para capitalizar o descontentamento com o governo do PT. Não por acaso, vários
policiais infiltrados estão trabalhando em conjunto com as milícias
anticomunistas nos atos, sempre com o discurso de “isolar os extremistas”... de
esquerda.
Produto do profundo retrocesso ideológico que domina o
planeta desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, aprofundado pelo apoio de
grande parte da “esquerda” a mal chamada “revolução árabe” que intensificou o
domínio do imperialismo no Oriente Médio, estamos vendo agora em nosso país a
expressão concreta da situação mundial maturada nos últimos 25 anos.
Acrescenta-se a isso que o PT foi completamente cooptado pelo regime político
democratizante e hoje gerencia os negócios da burguesia no Planalto. Como a
classe dominante já trabalha para encerrar o ciclo petista em 2018, os setores
mais reacionários, como o PIG, querem antecipar esta data, aproveitando-se das
manifestações que carecem da presença do proletariado e está permeada pela profunda
confusão política. Não por acaso, o ministro da Secretária-Geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho, homem ligado diretamente a Lula, declarou
nesta quarta-feira que o país “contempla um pouco atônito” as manifestações que
se alastraram pelas cidades nos últimos dias: “Nosso país contempla um pouco
atônito ainda toda essa emergência, todo esse surgimento de um amplo processo
de massas, de mobilização, de movimentação, de reivindicação, de luta, em
relação ao qual nós temos que ter a generosidade de saber ouvir”. Mais do que
“ouvir”, Lula, Dilma e Gilberto Carvalho estão preocupados com o efeito dos
protestos na eleição que se aproxima. Por sua vez, o “OPUS DEI” Alckmin parece
ser o homem escalado para em futuro próximo (2018) centralizar as iniciativas
da direita no campo eleitoral.
De nossa parte, os marxistas leninistas chamamos os
ativistas classistas do MPL e os lutadores do movimento estudantil e popular,
como o MTST, a debater amplamente com os participantes das manifestações qual o
rumo político seguir e que próximos passos tomar, combatendo abertamente os
grupos neofacistas e a influência do nacionalismo de direita nos protestos. A
volta do discurso contra os “vândalos e baderneiros” após o protesto em frente
à prefeitura de São Paulo, buscando claramente dividir os manifestantes e o
chamando da grande mídia (Estadão e Folha) a agir com o rigor contra os
“extremistas” demonstram que o PIG vem fazendo uma verdadeira caçada política e
midiática contra os setores que não se colocam sob o seu controle nos
protestos. Esta cantilena no fundo está voltada contra a “esquerda
revolucionária”, única que pode dotar os protestos de uma perspectiva
classista, socialista, anticapitalista e de denúncia do conjunto do regime
político. Levantemos nossas bandeiras vermelhas e façamos o combate político
desde a trincheira viva da luta, contra os setores que dentro das passeatas
querem fazer de nosso combate um circo “patriótico” a serviço de seus
interesses reacionários. No marco desta luta, desmascaremos os revisionistas do
trotskismo, como o PSTU-LIT, que na Líbia se uniram ao neomonarquistas
“rebeldes” do rei Idris (utilizando a bandeira da monarquia), irmãos gêmeos
daqueles que no Brasil, usando a bandeira verde e amarela, querem proibir que a
foice e o martelo, símbolo do comunismo, esteja presente nos atos de protestos.