terça-feira, 26 de junho de 2018

BALANÇO DA GREVE GERAL NA ARGENTINA: KIRCHNERISMO, BUROCRACIA SINDICAL E FIT LIMITAM LUTA DIRETA A UM “PARO” DE 24HS DOMESTICADO PARA DESGASTAR O GOVERNO MACRI, VISANDO CAPITALIZAR O ÓDIO POPULAR NO TERRENO ELEITORAL EM 2019


Neste dia 25 de junho ocorreu uma forte Greve Geral na Argentina. O ódio popular contra Macri cresceu nos últimos meses após o país vizinho mergulhar em uma grave crise econômica, com o governo submetendo a economia nacional a um duro ajuste neoliberal ditado pelo FMI. O aumento do custo de vida, com o dólar disparando e os salários arrochados levaram a paralisação de 24 horas, que poderia ter sido por tempo indeterminado não fosse a política de contenção das lutas da burocracia sindical. A CGT foi forçada a convocar a greve no que foi seguida pela CTA, apesar de tentarem buscar a todo momento um acordo com o desgastado gestor neoliberal. Tanto que o “paro” teve um caráter pacífico com passeatas domesticadas apesar de massivas, sem apontar nenhuma continuidade de combate para derrubar o governo através da luta direta e insurrecional. Essa foi a política de Cristina Kirchner, da oposição burguesa agrupada no PJ e em outras legendas menores da centro-esquerda burguesa. A intenção de todos eles é que o governo Macri complete seu mandato em crise para capitalizar a revolta popular no terreno eleitoral em 2019. Por sua vez, a FIT (PTS, PO, IS) e o conjunto da esquerda revisionista (MST, Nuevo MAS) tenta ampliar seus espaços no terreno sindical a fim de acumular força para o circo eleitoral que se avizinha. Esse foi o sentido do “Plenario Nacional de Trabajadores” ocorrido dia antes (23 de junho), um encontro sindical convocado conjuntamente por todos os grupos políticos que se reivindicam trotskistas a fim de fazer da luta direta um instrumento de acumulo da unidade eleitoral em torno de uma FIT ampliada no próximo ano, uma composição política que terá um programa ainda mais adaptado ao regime político burguês, limitada a galgar mais postos parlamentares. Uma prova evidente disso foi a “correção” pública feita pelo dirigente ferroviário da Izquierda Socialista (IS), Pollo Sobrero, que tem seu Twitter declarou vergonhosamente “En el discurso de hoy cometi um error al decir que ‘caica el govierno’, en realidade lo que quise decir es que caiga el plan econmico del governo. A los que se sintieron molestos les pido desculpas por esse grave error”.  Contra essa perspectiva de tornar as lutas em curso apenas um instrumento eleitoral de desgaste do governo, é preciso apostar no sentido da luta direta revolucionária, o que passa por levantar um programa pela derrubada da moribunda gestão neoliberal, visando edificar um genuíno Governo Operário e Camponês erguido por fora das carcomidas instituições pseudo-democráticas do Estado capitalista.