quarta-feira, 13 de junho de 2018

O BLOG da LBI publica o quinto artigo histórico sobre os “5 ANOS DAS JORNADAS DE JUNHO”. Nesse texto premonitoriamente polemizamos com os setores que em 2013 já defendiam o “Fora Dilma”, uma demanda naquele momento orquestrada pela direita contra a Frente Popular, o que veio a se repetir em 2016, sendo apoiada pelo PSTU e seus satélites. Quando nas “Jornadas” levantou-se o “Fora Dilma” sem apontar uma alternativa revolucionária alertamos que o amplo retrocesso da consciência das massas imposta pelos dez anos do governo do PT, que cooptou as direções sindicais e estudantis para impor violentos ataques aos trabalhadores e a juventude, era em parte responsável por esta situação dramática, possibilitando que o descontentamento com o conjunto do regime político burguês fosse capitalizado por forças a serviço da reação. No curso da luta polemizamos com o PSTU ao declararmos que estávamos longe de atravessar uma autêntica rebelião de massas como quiseram fazer crer os revisionistas. Muito pelo contrário, de uma mobilização contra a opressão capitalista organizada a partir do MPL, o movimento foi se transformando no centro das demandas da classe média que pregam alternativas “pseudodemocráticas” balizadas pela direita como a “ética na política”, “faxina no Congresso” a serviço da oposição demo-tucana. Por essa razão pontuamos que os revolucionários, não poderiam, naquele contexto, apoiar uma demanda reacionária de tal calibre, porque as verdadeiras consignas emanadas a partir da luta direta do proletariado (revolução agrária, aumento geral dos salários, fim do monopólio da mídia, passe livre, estatização do sistema financeiro) estavam completamente ausentes de todo este processo político



OS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS DEVEM APOIAR A CAMPANHA PELO “FORA DILMA” NO CURSO DOS ATUAIS PROTESTOS NACIONAIS?
(Artigo histórico - 23 de junho de 2013)

Os protestos nacionais que vem ocorrendo nos principais centros urbanos do país aos poucos vem assumindo, sob a pressão da cobertura midiática do PIG (braço político avançado da mídia capitalista) e em meio a uma profunda despolitização dos manifestantes, uma pauta cada vez mais direitista e de corte conservador. O amplo retrocesso da consciência das massas imposta pelos dez anos do governo do PT, que cooptou as direções sindicais e estudantis para impor violentos ataques aos trabalhadores e a juventude, em parte é responsável por esta situação dramática, possibilitando que o descontentamento com o conjunto do regime político burguês seja capitalizado por forças a serviço da reação. Tanto que em meio a este curso direitista dos protestos, no lastro nas reivindicações contra a aprovação da PEC 37 e “Contra a Corrupção” que ganharam grande espaço nos últimos dias tanto na mídia como nas passeatas, surgiu uma campanha na internet em defesa do “Impeachment de Dilma”, através de uma ONG “virtual” com abrangência mundial chamada Avaaz que coleta assinaturas, fundada e financiada por ninguém menos do que o megaespeculador George Soros, o mesmo que financiou os grupos “rebeldes” na Líbia. A partir desta iniciativa, páginas de Facebooks com perfis claramente fascistas começaram a espalhar esta campanha em toda a rede, obtendo até agora a marca de 400 mil assinaturas num “abaixo assinado” virtual pelo Impeachment. No mundo real, as manifestações ocorridas nesta semana, gigantescas e sem um horizonte classista, marcaram nitidamente uma tendência avessa ao movimento operário, suas demandas e organizações políticas, com a clara hostilização aos partidos de “esquerda” que inclusive não apoiam o governo Dilma, mas portam bandeiras vermelhas e o símbolo da foice e do martelo. Neste quadro político, com o aprofundamento da crise política, as próprias manifestações podem vir a adotar o “Fora Dilma”, ou seja, o impeachment da gerentona petista. A primeiro momento, grupos como o “Acorda Brasil” e “o Gigante Despertou” colocaram em pauta já nas marchas atuais a “prisão imediata dos mensaleiros do PT” e uma “faxina geral no Congresso” etc., reivindicações claramente orientadas pela tucanalha voltada a desgastar o governo Dilma para as eleições presidenciais do próximo ano, bandeiras que por seu conteúdo reacionário acabaram adquirindo contornos semifascistizantes, onde partidos e organizações de esquerda foram escorraçados das passeatas em nome de um “protesto cívico”, “pacífico” e “patriótico”. Frente ao curso reacionário dos atuais protestos nacionais queremos abrir o debate programático na esquerda que se reivindica anticapitalista e proletária se os revolucionários devem apoiar a campanha pelo “Fora Dilma”, orquestrada até o momento apenas de forma incipiente pelos grupos nazifascistas e o PIG?

Inicialmente as massivas mobilizações contra o aumento do preço das passagens expressavam a revolta latente da juventude contra o regime de opressão do capitalismo. Por esta razão recebeu o ódio de conjunto da burguesia e seus governos de plantão. Do PIG, em particular da Rede Globo, passando pelo governo Alckmin até o prefeito petista Haddad e o Planalto na voz do ministro Eduardo Cardoso (que anunciou que a PF iria perseguir os “radicais”), todos atuaram em frente única para atacar os ativistas ligados ao Movimento pelo Passe Livre (MPL), qualificando-os de “vândalos e baderneiros” que tinham que ser tratados como caso de polícia. Aos poucos, através do “Facebook” (manipulado pela CIA) e por meio da presença de jovens de classe média abastada, elementos estranhos ao movimento original foram sendo incorporados, como as bandeiras verde-amarelas tomando conta das manifestações, ao ponto de muitos já defenderem a candidatura do presidente do STF, Joaquim Barbosa para 2014. Foi a brecha estampada para o PIG passar a apoiar os manifestantes e as coberturas globais ditarem a pauta do movimento! Pela completa ausência de um norte ideológico socialista e uma direção combativa centralizada da juventude, acabou-se por reproduzir nas manifestações no Brasil a experiência fracassada dos “Indignados” na Espanha, do “Occupy” em Nova Iorque e do “Anonymous”, movimentos que acabaram por abrir caminho para a direita em seus países. Como consequência da etapa histórica contrarrevolucionária, marcada pela destruição da URSS e a ofensiva imperialista sobre todos os povos do planeta, a reação semifascista está tratando de “disciplinar” o movimento objetivamente em favor da oposição demo-tucana, insuflando o “patriotismo” e o antipartidarismo, logrando desta forma a simpatia da classe média mais reacionária e fascistizante.

Não por acaso, as passeatas foram sendo tomadas pelo “nazi-mauricinhos” diretamente manipulados pelo PIG e seus agentes (Acorda Brasil, Gigante Despertou, “Anonymous”...) para atacar os partidos de esquerda, cujos objetivos passam por expulsar qualquer elemento revolucionário que chamam de “canalha comunista” e atingir o PT de Lula e Dilma a fim de desgastá-los eleitoralmente a serviço do PSDB. Formaram verdadeiras “milícias neofascistas” com marombados de academia, policiais “P2” para atacar a “escória comunista” presente nas manifestações. No Rio de Janeiro o fascistóide Secretário de Segurança Bertrame já fala até de pedir a presença das FFAA nas ruas, em uma ação claramente orquestrada com a direita organizada. Neste sábado (22) as passeatas ocorridas em São Paulo já tiveram como eixo definido pelo PIG o protesto contra a PEC-37 estampado no site da Folha de S.Paulo: “Cartazes e faixas contra a corrupção e a ausência de grupos organizados marcaram o ato até o final da tarde, momento em que foi registrado o maior pico de pessoas na avenida... Não havia sinais de partidos nem outros grupos que lideraram a série de protestos em São Paulo nas últimas duas semanas... Além da PEC 37, pequenos grupos gritavam contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e a presidente Dilma Rousseff. Predomina o verde-amarelo”. O “Estadão” vai mais longe e nomeia os organizadores: “O ato foi convocado também por integrantes dos Ministérios Públicos Federal e do Estado, mas ganhou corpo no Facebook, chamado por organizações que têm forte militância na internet contra a corrupção, como o Dia do Basta, Unidos por um País Melhor (UPPM), Organização de Combate a Corrupção (OCC) e Pátria Minha” (O Estado de S.Paulo, 22/6). A cobertura global, evidentemente, estimula novos protestos durante a Copa das Confederações ao ponto de Galvão Bueno reclamar no ar da “gastança com a Copa”, enquanto ocorriam as passeatas por um “Novo Brasil Já”.

Como se observa, a dinâmica da luta de classes vai gradativamente determinando o curso dos acontecimentos, o qual aponta para um possível ataque direto contra o governo Dilma, principalmente nesta fase pré-eleitoral em que a tucanalha fascistizante irá recorrer a todos os métodos para desgastar o governo petista. Ou seja, como já afirmamos anteriormente, estamos longe de atravessar uma autêntica rebelião de massas como querem fazer crer os revisionistas; muito pelo contrário, de uma mobilização contra a opressão capitalista organizada a partir do MPL, o movimento foi se transformando no centro das demandas da classe média que pregam alternativas “pseudodemocráticas” balizadas pela direita como a “ética na política”, “faxina no Congresso” a serviço da oposição demo-tucana. Os protestos contra a PEC-37, neste sentido, são a antessala que podem abrir as portas para uma ampla campanha “murdochiana” em torno de um futuro processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os revolucionários, não podem, neste contexto, apoiar uma demanda reacionária de tal calibre, porque as verdadeiras consignas emanadas a partir da luta direta do proletariado (revolução agrária, aumento geral dos salários, fim do monopólio da mídia, passe livre, estatização do sistema financeiro) estão completamente ausentes de todo este processo político. Os marxistas leninistas devem lutar para que o proletariado entre em cena com sua própria feição de classe e em unidade com o campesinato pobre imponha uma pauta de expresse as demandas do povo trabalhador e da juventude explorada, que passa longe das reivindicações presentes nos protestos atuais. Somente com um combate aberto ao curso direitista das manifestações pode-se apontar uma alternativa revolucionária para os trabalhadores, não permitindo que o rumo político seja definido pelas mãos dos estrategistas do PIG que até agora estão conseguindo catalisar em seu favor o descontentamento com o regime político burguês. Desde a LBI, corrente que faz o combate sem trégua aos governos do PT durante os três mandatos da frente popular, inclusive identificando os ataques de Lula e Dilma ao movimento operário como responsável por abrir caminho para a reação em nosso país, declaramos que não vemos nada de progressivo no rumo que estão tomando os protestos e no chamado ao “Fora Dilma” ou ao seu impeachment neste momento, já que tais demandas, se adotadas nesta conjuntura, só favorecem a reação.

Frente a ofensiva da direita e do PIG, fazemos o chamado por um encontro nacional da esquerda marxista e revolucionária para debater a construção de uma alternativa classista para as lutas. Compreendemos que esta iniciativa pode ser um embrião para se edificar um polo combativo para os embates concretos em curso e que sirva também como um espaço para discutir nossa posição política para a conjuntura explosiva que atravessamos. Está colocado ao movimento de massas irromper nesta conjuntura apresentando uma alternativa independente, radicalmente oposta à da “moralização” das instituições apodrecidas deste regime da democracia dos ricos, de seu circo eleitoral e aos pedidos por um “Novo Brasil”. A chave para a mudança qualitativa da situação política consiste na entrada em cena dos batalhões pesados do proletariado, empunhando bandeiras históricas da classe em sua ação direta nos grandes centros urbanos, nas concentrações fabris e ocupando os grandes latifúndios produtivos e as agroindústrias. Esta plataforma de combate radicalizado das massas deve ligar-se umbilicalmente à necessidade da publicidade socialista e revolucionária diante do debate eleitoral antecipado posto no cenário nacional. A convocação desse encontro nacional se reveste em um verdadeiro contraponto ao curso direitista das atuais manifestações, sendo uma exigência da própria luta de classes, se constituindo um passo fundamental para a superação do anarcossindicalismo, da confusão ideológica e a ausência de uma direção revolucionária no movimento operário e popular, o que tem nos custado tão caro, como estamos vendo nas manifestações dos últimos dias!