05 ANOS DAS “JORNADAS DE JUNHO”: UM BALANÇO MARXISTA DAS MANIFESTAÇÕES QUE QUESTIONARAM A FRENTE POPULAR, ABRINDO CAMINHO PARA O GOLPE PARLAMENTAR QUE APEOU O PT DO GOVERNO (GERÊNCIA) CENTRAL DO ESTADO BURGUÊS
O BLOG da LBI publica nesse mês seis artigos dedicados as “Jornadas da Junho” que completam 05 anos em 2018. Elaborados em pleno desenvolvimento dos protestos nacionais de junho de 2013, esses textos produzidos pela LBI no calor dos acontecimentos tem o mérito de ser a primeira elaboração na esquerda a caracterizar a dinâmica contraditória e difusa das manifestações, que começaram com a justa luta juvenil contra o aumento das passagens de ônibus dirigida pelo MPL e apoiada pela militância LBI com um claro corte de esquerda, mas acabaram sendo controladas pela direita “verde-amarela” que impôs junto com a bandeira do “apartidarismo” uma pauta reacionária que foi sequestrada pela Rede Globo, abrindo caminho para uma “onda conservadora” que tem seus efeitos nefastos evidente nos dias de hoje. Pode-se fazer até um paralelo com a recente greve dos caminhoneiros que seguiu um curso inverso, acabando por se chocar diretamente com o governo neoliberal de Temer ao canalizar o justo ódio popular contra o ajuste neoliberal, apesar de inicialmente suas reivindicações terem sido apoiadas por empresas de transporte de cargas. Nos seis textos que publicamos sobre as “Jornadas de Junho” polemizamos tanto com a chamada “oposição de esquerda” (PSTU, PSOL) que apresentava as “jornadas” como a antevéspera da revolução como também com a Frente Popular que apregoava que os protestos eram orquestrados somente pela direita e o PSDB. O pleno acerto teórico do prognóstico realizado pela LBI, a despeito de todas as caracterizações impressionistas da esquerda revisionista nesta ocasião, nos impediu de cair no erro gravíssimo que marcou todos os balanços históricos da esquerda sobre as multitudinárias mobilizações de junho de 2013, dando-lhes um apoio acrítico que produziram sérios equívocos programáticos de como enfrentar a atual conjuntura nacional marcada por um golpe parlamentar em 2016 e da emergência do neoBonapartismo no país, representado pela famigerada "Operação Lava Jato" patrocinada pela Casa Branca. Hoje publicaremos o primeiro artigo da série sobre as "Jornadas de junho", um texto elaborado logo no início dos protestos então dirigidos pelo MPL, que questionavam o aumento das passagens de ônibus com famoso eixo "não é só pelos 20 centavos", manifestações apoiadas pela LBI por seu caráter progressivo, tanto que foram duramente reprimidas pelos governos do PT e PSDB!
ARTIGOS HISTÓRICOS
1 - Todo apoio aos “vândalos e baderneiros” do MPL! Solidariedade aos presos políticos dos governos Alckmin/Haddad!
(12.06.2013)
2 - Protestos da juventude sem um eixo programático e uma direção classista podem ser canalizados pelo “PIG” para um viés reacionário
(18.06.2013)
3 - Marchas nacionais de protesto no Brasil: Que rumo seguir?
(19.06.2013)
4 - Falsa simetria entre “Diretas Já”, o “Fora Collor” e as atuais mobilizações pode levar a esquerda a cometer gravíssimos equívocos
(21.06.2013)
5 - Os Marxistas revolucionários devem apoiar a campanha pelo “Fora Dilma” no curso dos atuais protestos nacionais?
(23.06.2013)
6 - Para o Brasil não girar à direita, o movimento operário deve ser o protagonista do cenário nacional
(Editorial do Jornal Luta Operária Nº 260, Junho/2013)---------------------------------------------------------------------------------
TODO APOIO AOS “VÂNDALOS E BADERNEIROS” DO MPL!
SOLIDARIEDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DOS GOVERNOS ALCKMIN/HADDAD!
(12 DE JUNHO DE
2013)
Nos últimos dias a capital paulista está sendo palco de
massivos protestos populares contra o aumento da passagem de ônibus. À frente
das marchas estão em sua maioria estudantes e ativistas ligados ao Movimento
pelo Passe Livre (MPL). A PM do governador Alckmin e a Guarda Municipal do
prefeito Haddad estão reprimindo duramente as manifestações, que já
contabilizam mais de vinte presos políticos. A justiça burguesa impôs uma
fiança de 20 mil reais para uma parte dos companheiros detidos por se
manifestar contra mais este ataque às condições de vida dos trabalhadores e do
povo pobre, outros dez companheiros sequer tem este “direito”! Em uníssono, a
burguesia, seus meios de alienação de massa tendo como ponta de lança a Rede
Globo e os governos burgueses do PT e PSDB, vem acusando os manifestantes de
“vândalos e baderneiros” porque para se defenderem dos ataques do aparato de
repressão (que disparam centenas de bombas de gás lacrimogêneo, spray de
pimenta e balas de borracha, além de dar bordoadas com cassetetes) fazem
barricadas com lixo, fecham ruas e reagem como podem à repressão policial!
Desde a LBI e da Juventude Bolchevique publicamente prestamos todo nosso apoio
incondicional aos “vândalos e baderneiros” do MPL e afirmamos claramente que a
luta contra o aumento das passagens no transporte coletivo deve se radicalizar
ainda mais e se unificar nacionalmente com os companheiros do Rio de Janeiro,
Goiânia e Natal para vencer os empresários e seus governos de “direita” e
“esquerda”. Neste momento, o conjunto do movimento popular, sindical e
estudantil que não está cooptado pelas verbas estatais deve se unificar em
solidariedade aos presos políticos dos governos Alckmin/Haddad acusados de
danos ao patrimônio e formação de quadrilha, organizando um ato nacional em
defesa dos companheiros encarcerados e pelo passe livre já!
A cada dia que as manifestações crescem, ganhando a simpatia
da população extorquida com o aumento, a mídia venal e os governos burgueses
atacam os lutadores, para isolá-los e derrotá-los. O fascitoide Alckmin (PSDB),
membro da Opus Dei e que vai galgando rapidamente o posto de homem forte da
direita nacional no Brasil, declarou ser “intolerável a ação dos baderneiros e
vândalos destruindo o patrimônio público, eles devem pagar por isso” (G1,
12/06). Mas não só o tucanalha destilou seu ódio de classe contra os
manifestantes. O prefeito Haddad (PT) logo reforçou sua cantilena reacionária
dizendo: “Eu disse e repito que não vou dialogar em uma situação de violência,
falei várias vezes. A renúncia à violência é pressuposto ao diálogo” (Idem). As
declarações foram dadas após a apresentação em Paris, na França, da candidatura
de São Paulo para sediar a Expo 2020, onde ambos estão unidos para “vender” o
país para as transnacionais imperialistas e aprofundar as chamadas Parcerias
Público-Privadas (PPPs). Em São Paulo, a prefeita em exercício da capital,
Nádia Campeão, do PCdoB, mesmo partido que dirige a UNE e a UBES também atacou
os estudantes que protestam contra o aumento: “Acho que, depois dos
acontecimentos nessas três manifestações, a vontade dos manifestantes não é
dialogar. Os métodos utilizados afastam o diálogo, não aproximam. Não podemos
aceitar que o objetivo seja criar transtorno. O diálogo nessas condições não é
possível” (Ibdem). Como se vê, todo espectro político burguês se unificou
contra as manifestações justamente porque defendem os interesses dos
empresários dos transportes, suas campanhas eleitorais milionárias no circo da
democracia dos ricos foram bancadas pelos consórcios capitalistas. Agora,
Alckmin, Haddad e Nádia, não fazem mais de devolver o “investimento” destes
tubarões, que auferem lucros astronômicos enquanto o povo pobre se locomove em
ônibus lotados e sucateados, além de impor arrocho salarial a motoristas e
cobradores!
O que estamos vendo nas ruas de São Paulo e em outras capitais
do país é a luta direta contra os ataques às condições de vida do povo pobre e
da juventude explorada. Por isto, as barricadas, queimas de ônibus, pichações e
ateamento de fogo no lixo nas ruas para impedir o avanço policial é um método
legítimo de autodefesa dos oprimidos e lutadores. A lenga-lenga sobre a
“destruição do patrimônio público” vindo da boca dos governos do PSDB e PT só
pode ser uma piada de mau gosto. Seus gerentes no município, estado e em nível
federal são responsáveis de entregar várias estatais e empresas públicas (Vale,
Telebrás, CSN...), estradas, portos, aeroportos e o petróleo para as
transacionais e os grupos privados a preço de banana ou ainda com o subsídio de
bancos públicos como a Nossa Caixa (hoje “Agência Desenvolve SP”), BB e BNDES.
O que está em jogo é luta pela sobrevivência dos trabalhadores e do povo pobre!
Nesse sentido, os lutadores devem usar os métodos mais radicalizados possíveis
para que possam de defender da repressão e avançar no combate nas ruas, já que
historicamente são as barricadas e o uso da violência revolucionária que impõem
a vitória dos explorados sobre o poder burguês, que usa sua “democracia” dos
cassetetes e balas de borracha para impor a “ordem”... tão bem zelada pelos
seus gerentes de plantão.
É preciso em particular denunciar firmemente o PT e o PCdoB
que nas eleições se dizem contra o “avanço da direita”, mas que ao assumirem os
governos não fazem mais do que aplicar seus planos “neoliberais”. A UNE e a
UBES, controlada por estes partidos e que cinicamente acaba de publicar uma
nota em que “condena aumento das passagens em SP e violência contra
manifestantes”, não diz uma palavra sobre o papel abertamente patronal de seus
dirigentes partidários a frente da prefeitura de São Paulo. Por isto, no fundo,
criticam os “exageros” das manifestações e acaba por indiretamente se somar ao
discurso reacionário contra os “vândalos e baderneiros” proferido por Alckmin,
este sim o chefe da quadrilha tucana encastelada no Palácio dos Bandeirantes!
Lembremos que os manifestantes são acusados dos crimes de dano ao patrimônio e
formação de quadrilha, “delitos” que superam os quatro anos de pena! Dos vinte
manifestantes presos na noite desta terça-feira, dez companheiros vão responder
por dano ao patrimônio e formação de quadrilha, que não prevê sequer fiança,
enquanto a justiça arbitrou o valor astronômico de 20 mil reais para os demais
ativistas. Eles devem ser transferidos nesta manhã do 78º Distrito Policial,
nos Jardins, para o 2º DP, no Bom Retiro, onde aguardarão transferência para um
Centro de Detenção Provisória (CDP). O Ministério Público de São Paulo,
controlado pelo PSDB, o mesmo que pediu a prisão dos estudantes que ocuparam a
reitoria da USP, informou que “irá instaurar inquérito civil público contra os responsáveis
pelo quebra-quebra na capital durante os protestos. A Promotoria pretende
identificar e responsabilizar legalmente os manifestantes que depredaram
patrimônios públicos e privados e causaram congestionamentos” em mais um ataque
aberto aos lutadores.
O MPL já programou um novo protesto para esta quinta-feira,
13 de junho, com concentração em frente ao Teatro Municipal na Praça Ramos.
Desde a LBI e a Juventude Bolchevique chamamos o conjunto dos sindicatos
classistas, o MST, MTST e as entidades populares comprometidas com a luta dos
trabalhadores e do povo pobre a se somarem ao protesto, tomando as ruas da
capital paulista. Prestamos publicamente todo nosso apoio incondicional aos
“vândalos e baderneiros” do MPL e defendemos claramente que a luta contra o
aumento das passagens no transporte coletivo deve se radicalizar ainda mais e
se unificar nacionalmente com os companheiros do Rio de Janeiro, Goiânia e
Natal para vencer os empresários e seus governos de “direita” e “esquerda”.
Neste momento, o conjunto do movimento popular, sindical e estudantil que não
está cooptado pelas generosas verbas estatais deve se unificar em solidariedade
aos presos políticos dos governos Alckmin/Haddad acusados cinicamente de danos
ao patrimônio e formação de quadrilha, organizando um ato nacional em defesa
dos companheiros e pelo passe livre já, como um passo concreto para realizar um
encontro nacional dos lutadores contra o aumento das passagens em ônibus, trem,
metrôs e vans, para organizar e centralizar o combate aos governos estaduais,
municipais e os grandes tubarões do transporte privado. Caso contrário, por
falta de perspectivas, a combatividade latente das massas pode dispersar-se e
perder o ímpeto. Defendemos, portanto, que se fortaleça a luta contra o aumento,
já em vigor, impulsionando novas mobilizações com um eixo claro de combate:
redução das tarifas, passe-livre já e estatização de todo o sistema de
transporte coletivo sob controle dos trabalhadores. Só assim as lutas dos
explorados não serão em vão, na medida em que tomem em suas mãos o
gerenciamento e organização dos transportes. O passe-livre e um transporte
público de qualidade para o povo trabalhador só será conquistado através da sua
luta tenaz com o objetivo de estatizar sob seu controle direto todo o sistema
de transporte, assim como os serviços públicos, para extinguir sua tarifa e
tornar melhor suas condições de uso. Enquanto suas concessões estiverem
reservadas a empresários em conluio com agentes da administração estatal, o
caos e os péssimos serviços nos transportes tenderão a se agravar. É preciso
impor a imediata redução da tarifa, até a conquista do passe-livre, assim como
exigir a imediata libertação de todos os presos políticos lutadores contra o
aumento das passagens, o que coloca na ordem do dia a paralisação das escolas e
universidades, o fortalecimento das marchas nos centro das grandes cidades e
nas periferias.