97 anos da tomada do poder pelos Bolcheviques: A vitória da
Revolução de Outubro e os desafios do leninismo para enfrentar a etapa da
contrarrevolução em pleno Século XXI
O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo correntes pseudotrotskistas, como a CST/UIT-CI e PSTU/LIT, saudaram a destruição do Estado operário e das conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para a LIT, o capitalismo já havia sido restaurado na Rússia desde meados da década 80. Mas não explica porque, então, a propriedade privada só foi legalmente instituída por Yeltsin após a dissolução da URSS. Para essas correntes revisionistas, em 1991 houve uma revolução, cuja vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e conquistaram liberdades democráticas” (idem). Com essa grotesca falsificação, apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes, para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução proletária mundial.
Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu
apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem
revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma
como fazem hoje quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução
Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e
seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um
país semicolonial não alinhado, ao chamarem um movimento reacionário, armado e
financiado pelo imperialismo, de “revolução democrática” levado a cabo pelos
“rebeldes”. Na verdade, as correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a
intervenção imperialista na Líbia e hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, sob o
argumento cínico do apoio à “Revolução Árabe”, negam categoricamente as lições
mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o
leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo
proletariado e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da
democracia burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam
os mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a
revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual
etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e
instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo. Estranhamente,
a tão alardeada “Revolução Árabe”, na verdade uma transição democrática operada
pela própria aristocracia que prefere ceder os anéis... não faz qualquer
referência à reivindicação histórica das massas árabes que é a destruição do
enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, mas tem
sido saudada e apoiada pelos principais expoentes do imperialismo como a então
Secretária de Estado Hillary Clinton.
Para os autênticos revolucionários marxistas, que não se
curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe a tarefa de
resgatar as tradições revolucionárias dos bolcheviques e as lições da grande
Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido
revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da
burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a
bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência
destinada à reconstrução da Quarta Internacional. Para tanto é necessário que a
vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das
derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa
precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária.