terça-feira, 18 de novembro de 2014


"Petrolão": A "descoberta da roda" pelos vestais tucanos ou uma manobra para paralisar o refino do petróleo nacional?

Múltiplos ângulos tem sido abordados no atual escândalo de corrupção da Petrobras, desde a esquerda "socialista" até a direita pró-ianque tem se levantado propostas para "moralizar" a estatal, porém até o momento absolutamente nenhuma corrente de pensamento apontou o fulcro da questão, que vai bem mais além da disputa eleitoral ainda em curso. Trata-se de uma questão estratégica para a soberania país que vem passando "desapercebida" por todas as análises da grave crise que sem sombra de dúvida ameaça inclusive a governabilidade do quarto mandato da Frente Popular. Estamos falando da capacidade do Brasil em processar industrialmente seu próprio petróleo, produzindo os combustíveis refinados que movimentam a economia do país. Pois bem a enxurrada de denúncias surgida contra os dirigentes da Petrobras, todas bem reais produto da cobrança das comissões praticadas em todas as esferas desta república capitalista, atingem em cheio a área da construção de novas refinarias, um setor onde as empreiteiras estão diretamente relacionadas.

Hoje o Brasil importa pelo menos 80% dos combustíveis refinados consumidos por nosso mercado, gerando um imenso rombo na balança comercial. A situação de nossas parcas refinarias (menos de dez em todo nosso imenso território) é precária, operando no limite de sua capacidade e com equipamentos sucateados. A construção de pelo menos cinco grandes novas refinarias é uma exigência não só para a economia capitalista do país, mas envolve a própria soberania política e militar do Brasil, já que um país que depende das multinacionais ianques do petróleo para abastecer inclusive sua frota militar de aviões e navios não pode ser considerado minimamente "independente". Não esqueçamos que no golpe militar de 64 a primeira medida da Casa Branca foi enviar a nossa costa navios tanques para abastecer as tropas golpistas em caso de uma eventual guerra civil. De nada adianta a Petrobras bater recordes de extração do "pré-sal "para vendê-lo "in natura" como óleo cru para os trustes internacionais do setor controlados pelo capital financeiro. É óbvio que a função de "fazendão" do petróleo que cumpre hoje a Petrobras só interessa ao Imperialismo. Se o Brasil vende óleo cru e depois compra combustíveis refinados com alto valor agregado jamais poderá superar o déficit estrutural que paralisa o crescimento de nossa economia.

Não por coincidência as "investigações" da operação "Lava Jatos" não se concentra na área das "parcerias" da Petrobras com as transnacionais anglo-ianques, mas sim nos projetos das novas plantas de refinarias da estatal. A consequência de todo este "carnaval" fora de época realizado pela mídia "murdochiana" parece evidente, encurralar institucionalmente a nova gerência petista, sendo que a alternativa do impeachment de Dilma é muito mais um instrumento de barganha das oligarquias sedentas pelo botim e bem menos provável a tentativa de um golpe parlamentar de Estado. Na outra "ponta" da manobra monitorada por Washington vai se conseguindo paralisar as lentíssimas obras das novas refinarias pelo menos por mais quatro anos e cancelar de vez outros planos de ampliação do refino e da química fina em nosso país. Quanto a plena "moralização" da Petrobras esta só será possível quando o próprio regime capitalista for superado pela planificação socialista da economia, extirpando definitivamente a relação promíscua entre mercado e Estado nacional. A cobrança " generosas" de comissões por favorecimento a empresas capitalistas não é monopólio dos dirigentes corruptos da Petrobras, está presente em todas a máquina pública dos governos, seja federal estadual ou municipal. Também habita todas as "operações" do judiciário e do parlamento, podemos afirmar que neste país desde a compra de uma singela caixa de lápis por uma longínqua prefeitura até a construção de uma caríssima refinaria de petróleo, sempre é paga a "tradicional" comissão ao gestor público que "liberou" a transação comercial. 


A estatização da Petrobras sob controle dos trabalhadores é uma justa bandeira para iniciar a "caminhada" revolucionária pelo próprio poder proletário, erigindo um estado de novo tipo onde o mercado capitalista sucumba as exigências e necessidades da maioria população. Os falsos vestais da "esquerda até a direita" que agora se escandalizam com o "mar de lama" que assola a Petrobras não cogitam, por razões de classe, qualquer ruptura radical na ordem capitalista vigente. Para estes senhores trata- se de "moralizar" o modo de produção capitalista tornando-o "ético e sustentável", mais uma destas utopias reacionárias que tanto agrada a mídia corporativa e os charlatães do parlamento. Os Comunistas sabem muito bem caracterizar o "pano de fundo" que permeia todo o sistema de corrupção no marco do Estado burguês, apontando as mediações táticas de cada momento político, sem nunca perder o horizonte estratégico da revolução socialista.