segunda-feira, 3 de novembro de 2014


25 anos da derrubada do Muro de Berlim: O início da contrarrevolução capitalista aberta comemorada como uma “vitória” pelos revisionistas do trotskismo!

Neste 09 de novembro completa-se os 25 anos da derrubada do Muro de Berlim, acontecimento que consistiu em um derrota histórica do proletariado responsável por abrir caminho para a ofensiva imperialista atual. Hoje, o imperialismo se vale desta data para comemorar com toda empáfia e cinismo o início da restauração capitalista do antigo Estado Operário alemão. A mídia burguesa aproveita para espalhar por todos os cantos do planeta que a Alemanha “unificada” depois de mais de duas décadas encontra-se livre do totalitarismo stalinista, mergulhada em uma espécie de paraíso das liberdades democráticas! A verdade é, no entanto, outra, completamente oposta. Os trabalhadores da antiga Alemanha Oriental estão pagando um alto preço social com o fim do Estado operário. Além disso, os países do Leste Europeu foram incorporados em sua maioria a OTAN e hoje servem como como aliados do imperialismo ianque e europeu em sua ofensiva contra a Rússia, como estamos vendo na Ucrânia. Coincidentemente aqueles grupos revisionistas que há 25 anos saudaram a queda do Muro de Berlim como um “acontecimento revolucionário” em sua maioria perfilam-se entre os que apresentam as “revoluções made in CIA” nas ex-repúblicas soviéticas como uma “vitória dos trabalhadores”. A queda do Muro de Berlim e a destruição do Estado operário alemão como produto da contrarrevolução, representaram uma profunda derrota para o proletariado mundial, exatamente porque a derrubada da burocracia foi obra do imperialismo e não parte da revolução política dirigida pelo proletariado. A derrubada do Muro de Berlim marcou, por sua vez, o fim do Pacto de Varsóvia, o que levou a termo a bipolarização política até então existente. O Muro, em outras palavras, era o contraponto militar ao avanço da OTAN rumo ao Leste. A partir da restauração capitalista da RDA e da URSS, o imperialismo teve a possibilidade de levar adiante a sua brutal ofensiva militar sobre toda uma série de países que até então estavam sob a influência soviética, o que abriu caminho para as atuais agressões da OTAN sobre o Iraque, Afeganistão, Líbia...


Ao final da Segunda Guerra Mundial, maio de 1945, Berlim fora tomada, pela ofensiva do Exército Vermelho, das garras das tropas nazistas. O exército soviético avançava rumo ao Ocidente, levando a cabo por onde passava, mais especificamente os países do Leste europeu, a expropriação das burguesias nacionais. O fato é que mesmo dirigida pela burocracia stalinista, as expropriações significavam um fenômeno histórico extremamente progressivo para os interesses da classe operária mundial. Com o advento da Guerra Fria, o Muro de Berlim passa a significar militarmente a divisão entre as tropas imperialistas da OTAN e as forças do Pacto de Varsóvia capitaneadas pelos Estados operários burocratizados do Leste europeu e a URSS. O que estava em jogo representava muito além de um conflito militar. Tratava-se da existência de dois modos de produção diametralmente antagônicos: a economia planificada burocraticamente da URSS e dos Estados operários deformados e o caos do mercado capitalista. O fim da chamda “Guerra Fria, da “ameaça soviética” e do Pacto de Varsóvia animaram os apetites imperialistas pelo domínio das riquezas do planeta, multiplicaram-se guerras capitaneadas pela OTAN como a que destruiu a Iugoslávia, o Afeganistão, Iraque, Líbia e a concentração de armas de destruição em massa pelos EUA e seus aliados. Enquanto isto, organizações de resistência antiimperialistas armadas como as guerrilhas iraquianas, palestinas, libanesas ou afegãs não dispõem de qualquer apoio militar de outra potência mundial como foram os caso, no passado, dos norte-coreanos e vietnamitas.

Até o final dos anos 1990, os Estados operários burocratizados representavam a expropriação da propriedade privada em um terço do planeta. A restauração do capitalismo pôs à disposição do imperialismo novos e colossais recursos que lhe permitem inclusive tirar o máximo de proveito das próprias crises, ainda que em um quadro de maior decadência, enquanto os agentes históricos capazes de sepultá-lo seguem confusos e na defensiva. Também pudera, enquanto o stalinismo pavimentou o caminho da derrota as maiores correntes trotskistas, que historicamente se proclamam uma alternativa política a burocracia, capitularam vergonhosamente ao imperialismo, apresentando a tragédia do fim dos Estados operários como “vitória histórica”.  O balanço que os trabalhadores orientais chegaram empiricamente a fazer desta década é diametralmente oposto às ilusões democratizantes propagandeadas pelos centristas pequeno burgueses. A retomada do caminho socialista para a humanidade através de uma nova ofensiva revolucionária dos trabalhadores e a edificação de federações socialistas de estados operários sob o método da genuína democracia soviética, pressupõe neste momento a construção de um partido mundial da classe operária, ou seja, a Quarta Internacional reconstruída, único instrumento capaz de apontar uma saída progressista para conter a barbárie material e espiritual imposto pelo imperialismo decadente.

Como exemplos da política revisionista temos não só a LIT mas também o PCO. Causa Operária declarou que “A crise no Leste Europeu, na URSS, na China, em Cuba e nos demais estados operários é produto da ação independente das massas, ou seja, da revolução política do proletariado contra a burocracia, efetiva ou potencial”! (“Uma ruptura sui generis”, Causa Operária, 1995). Não satisfeita, deixou ainda mais claro no referido texto a posição revisionista de sua corrente: “Estamos diante de um processo revolucionário típico (ascenso e recomposição das organizações independentes da classe operária, incapacidade da burocracia de manter a sua dominação de maneira inalterada, dissolução do Estado), o qual, dialeticamente, somente pode existir na forma da luta entre a revolução e a contrarrevolução. Em todos os estados operários abriu-se uma etapa de revolução e contrarrevolução, isto é, um período revolucionário. O fracasso da burocracia em levar adiante uma transição controlada dá lugar a uma situação convulsiva na qual se inserem a queda do Muro de Berlim e o golpe de agosto de 1991 na ex-URSS” (Idem). Como se pode ler textualmente, Causa Operária saudou entusiasticamente a contrarrevolução na URSS e na Alemanha Oriental (RDA), assim como estava salivando como os morenistas para que os “ventos revolucionários” de então também chegassem com força a Cuba e China! Passados 25 anos da queda do Muro de Berlim, o PCO (espertamente valendo-se do esquecimento de setores de vanguarda) publicou recentemente um artigo intitulado “Ucrânia: Qual a diferença com a queda do Muro de Berlim?” (sítio PCO, 04/02/2014), onde promete uma “crítica a matéria da LBI que afirma que a queda do Muro e as manifestações fascistas na Ucrânia são expressão do mesmo processo”. O texto afirma que “Segundo a LBI, o PCO teria mudado as posições na avaliação da Ucrânia em relação às posições defendidas sobre a Queda do Muro de Berlin e o fim da União Soviética, quando supostamente o PCO teria apoiado a restauração capitalista. Na Ucrânia, hoje, estaria ocorrendo um aprofundamento do processo de restauração capitalista contra a burocracia estalinista” (Idem), dando a entender que Causa Operária nunca havia apoiado as “mobilizações” direitistas e pró-imperialistas que levaram ao fim dos Estados operários e do stalinismo, impondo em seu lugar a contrarrevolução capitalista e governos burgueses títeres da Casa Branca, como foi Yeltsin na própria Rússia. Em um passe de mágica, o PCO parece ter se “esquecido” que entre 1989 e 1991, como ocorre agora em Kiev, também estátuas de Lênin foram derrubadas em praça pública, bandeiras vermelhas com o símbolo da foice e martelo foram pisoteadas e queimadas por grupos fascistas e manifestações de massas que exigiam a “unificação” com a Europa acabaram por derrubar o Muro de Berlim. Na época Causa Operária se integrou a esta horda reacionária em nome da “revolução”! Atualmente, quando os fascistas e neonazistas na Ucrânia apoiados pela CIA conseguiram através de “manifestações de massa” derrubar o governo pró-russo na Ucrânia para aprofundar a espoliação do país pelo capital financeiro e as transnacionais, o PCO quer nos convencer que estes acontecimentos não são expressão do mesmo processo contrarrevolucionário!


Como nos ensinou Trotsky, os revolucionários não poderiam hesitar, sob hipótese alguma, de que lado lutariam no confronto entre o imperialismo e o Estado operário soviético. Apesar do stalinismo, estariam na linha de frente defendendo as conquistas sociais do Estado operário contra o imperialismo e, neste lado da trincheira, preparando as condições para a derrubada revolucionária da casta stalinista que, com seus métodos burocráticos de defesa do Estado operário não faria outra coisa senão preparar, em última instância, a própria vitória do imperialismo. Um Estado operário, mesmo que degenerado sob a direção da casta parasitária stalinista, engendra conquistas sociais para o proletariado, advindas da expropriação da burguesia e da instauração de uma economia socializada, ou seja, planificada não em função da geração do lucro e da acumulação privada do capital. Trotsky, nestes países, apontava a necessidade da realização de uma revolução política para livrar a classe operária da planificação burocrática da economia, assim como do domínio político do stalinismo, uma correia de transmissão do imperialismo no interior do próprio Estado operário. Por isto mesmo, Trotsky procurava estabelecer o conteúdo de classe das “movimentações antiburocráticas”, para determinar se eram progressivas, ou seja, rumo à revolução política, ou reacionárias, em direção à restauração capitalista, mesmo que inconscientemente. Ele próprio a frente do Exército Vermelho teve que reprimir um levante dos operários marinheiros de Kronstadt, que naquele momento, apesar dos reclamos “antiburocráticos”, jogavam objetivamente no campo do enfraquecimento do Estado operário soviético. Apoiar incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou panaceias que tenham slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases sociais de um Estado operário significa jogar objetivamente no campo da contrarrevolução imperialista. 25 anos após a queda do Muro de Berlim esta lição nos deixada pelo “Velho” está mais viva do que nunca e a estamos aplicando neste exato momento nos vivos combates na Ucrânia e a luta contra o imperialismo!