Mobilizações sacodem o México contra o terrorismo de Estado
exigindo a renúncia do fascistóide Peña Nieto. A tarefa dos Comunistas é
estabelecer a ponte entre a barbárie cometida e o conjunto do regime burguês!
O México está sendo palco de manifestações massivas desde o
assassinato dos 43 estudantes da cidade de Ayotzinapa, no estado de Guerrero,
ocorrido em 26 de setembro. Eles foram presos pela polícia quando retornavam de
um ato público e, em seguida, foram entregues a integrantes do cartel Guerreros
Unidos, grupo narcotraficante ligado ao prefeito local, do PRD. Os estudantes
foram torturados, seus corpos trucidados, queimados e ao final jogados no rio
Cocula. Mais de 100 escolas estão em greve e milhares de mexicanos saem às ruas
diariamente exigindo a renúncia imediata do presidente Enrique Peña Nieto
(PRI), já que a mobilização que os estudantes mortos fizeram antes de serem
assassinados eram contra os ataques promovidos por seu governo em conluio com o
PDR. O repúdio ao ataque aos “43”, como são agora conhecidos, capitalizou o
ódio popular contra o conjunto dos partidos burgueses (PRI-PAN-PRD) e as
instituições do regime. Desgraçadamente, a “esquerda” mexicana está atrelada ao
nacionalismo burguês hoje agrupado no partido Morena de Lopez Obrador, que
rompeu com o PRD para se alçar como uma alternativa burguesa ao desgaste dos
partidos tradicionais. Os principais sindicatos do país que apoiam as
mobilizações se limitam a protestar contra o assassinato dos estudantes sem
apontar a deflagração imediata da greve geral. Neste momento é necessário
estabelecer a unidade operário-camponesa-estudantil para passar a ofensiva
contra a classe dominante e seu governo lacaio, que encontra-se blindado pelo
imperialismo ianque. Para vingar a morte dos estudantes mexicanos é preciso
cobrir a luta em curso no país de ampla solidariedade de classe internacional e
apontar uma perspectiva revolucionária para a crise do falido regime burguês. A
fraude eleitoral que levou Peña Nieto ao governo barrando a ascensão de Obrador
confirmou o que agora se vê em toda a plenitude: o avanço das máfias e do
narcotráfico no México em conluio com os políticos burgueses de todos os
partidos revela que a burguesia e o imperialismo impuseram um regime ainda mais
recrudescido e policialesco contra o movimento operário e as massas que somente
pode ser derrotado pela ação direta dos trabalhadores e sem nenhuma confiança
nas instituições apodrecidas da “República”, colocando inclusive na ordem do
dia a destruição do assassino aparato de repressão estatal! Os reformistas de
plantão tentam limitar as mobilizações contra a barbárie cometida pela máfia
dominante nos limites da democracia burguesa, exigindo a “depuração ética” do Estado
capitalista, para os comunistas leninistas a tarefa é colocar na ordem do dia a
questão do poder proletário pela via da revolução socialista.
Hoje no México as mobilizações em curso enfrentam os mesmo
limites políticos e ideológicos que ocorreu na próprio campanha presidencial de
2012 e depois da fraude. Naquele momento muito se falou do movimento estudantil
e juvenil “YoSoy132” que questionou o resultado eleitoral, porém se colocou
abertamente a serviço da candidatura de Obrador, sem denunciar seu papel de
peça-chave na manutenção do regime político. O “YoSoy132”, uma espécie de
“indignados mexicanos” como seu homólogo na Espanha, carecia de uma estratégia
revolucionária justamente porque não tinha um programa de ruptura com a ordem
capitalista e estava apoiado exclusivamente na pequena-burguesia, sem qualquer
relação com o proletariado mexicano, duramente atacado pela crise econômica que
lhe é imposta pela servil relação comercial com os EUA. Este quadro não se
alterou durante os dois anos de governo do PRI.
Durante o governo Calderón (PAN), que antecedeu Peña Nieto, foram
mortas cerca de 40 mil pessoas em torno da disputa pelo controle do tráfico de
drogas entre os cartéis que dominam o país, todos vinculados a setores da
burguesia e ao próprio aparato do Estado. Por sua vez, ao lado de Honduras, o
México é o país da América Latina que teve o maior incremento do índice de
pobreza. Esta aberta tensão social se reflete na militarização do regime e
demonstra que a atual “guerra contra as drogas” não é uma guerra entre o
governo e o narcotráfico, mas uma disputa entre setores da classe dominante
pelo controle de territórios e mercados. Leva-se a cabo chacinas e assassinatos
brutais pela mercadoria oferecida: as redes de distribuição de entorpecentes
proibidos e migrantes “ilegais”. Os diferentes grupos comerciais (Cartel do
Golfo, A Família, Os Zetas, etc.) não poderiam existir sem seus vínculos com o
Estado burguês, até porque a maior organização criminosa é o próprio Estado
capitalista que expropria violentamente as massas. O assassinato dos “43” é a
prova cabal do que afirmamos, já que matou aqueles que se opunham as “reformas”
neoliberais levadas a cabo por Peña Nieto e o PRD.
Os crimes cometidos pelo consórcio PRI-PAN-PRD e o pacto estabelecido com Obrador
pela estabilidade do regime político coloca como necessidade imperiosa a construção
de uma direção revolucionária à altura da situação que o país se encontra.
Forjar um partido autenticamente comunista, operário e internacionalista oposto
aos atalhos patrocinados pelos revisionistas do trotskismo que atuam como uma
sombra de Obrador é uma necessidade fundamental da vanguarda classista
mexicana. Longe de avalizar sua política de colaboração de classe é preciso
construir uma ferramenta revolucionária. Arrancar os sindicatos das mãos das
corruptas máfias priiristas e da nefasta influência do PRD de Obrador, do
“Morena” e seus satélites é parte fundamental da tarefa histórica dos marxistas
revolucionários neste momento de profunda dor dos explorados mexicanos e contra
o ataque em toda linha aos trabalhadores e suas conquistas, neste momento
dramático que vive o país de Villa e Zapata. Nesse sentido, a tarefa dos
comunistas é estabelecer a ponte entre a barbárie cometida e a denúncia do
conjunto do regime burguês!