segunda-feira, 24 de novembro de 2014


Perigo de um golpe da direita ou uma manobra para respaldar o governo da Frente Popular?

Passado já algum tempo da vitória eleitoral da Frente Popular, as mesmas correntes políticas de “esquerda” que convocaram a votar “criticamente” em Dilma saíram a alertar sobre a possibilidade de um iminente “golpe parlamentar da direita” orquestrado pelo PIG, o tucanato e o imperialismo ianque. Segundo esses senhores, a futura quarta “gerência” consecutiva do PT à frente do Planalto seria alvo de uma ofensiva para até mesmo inviabilizar a posse da presidente reeleita pela via do instrumento do impeachment. Alguns mais alucinados, sempre usando como espantalho o perigo do fascismo, chegaram a convocar atos políticos para garantir a posse de Dilma. Ironicamente, em paralelo ao temor destes senhores, o comando petista costura a formação de um ministério alinhado ao Deus mercado (buscando emplacar um banqueiro na pasta da Fazenda), o BC anunciou logo após o segundo turno o aumento da taxa de juros e Guido Mantega comunicou o corte do orçamento para os chamados gastos sociais. Como se observa, o “golpe da direita” vem sendo aplicado pelo próprio PT contra os trabalhadores e o povo explorado! Aqueles que dizem o contrário não fazem mais que patrocinar, mais uma vez, uma manobra distracionista para respaldar o governo da Frente Popular. Isso não significa afirmar que a “direita” não fustigue o PT para capitalizar seu desgaste futuramente nas urnas e mesmo nas ruas, porém esse movimento faz parte de uma conduta natural após a derrota apertada do PSDB para Dilma mas que em nada foge do jogo de cena da “democracia dos ricos”. O atual centro político das disputas interburguesas, que assumiram grandes proporções nesta etapa pós-eleitoral, está mesmo concentrado no caráter do programa econômico que assumirá a quarta “gerência” petista. Pelas claras referências já dadas por Dilma, estaremos assistindo o mandato mais “agressivo” do ponto de vista neoliberal entre todas as gestões estatais da Frente Popular, sendo esta a “garantia” política do PT contra um eventual golpe institucional.

Muitos dos apoiadores da candidatura Dilma inclusive vem comparando as circunstâncias políticas e históricas que cercam o segundo mandato da “gerentona” petista com as que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas e ao fim de seu governo em 1954. Dizem que os undenistas de hoje desejam impor o impeachment da presidenta ou tornar sua gestão insustentável. Nada mais falso, a pressão em torno do novo governo do PT é justamente para que o comando do partido faça um mandato ainda mais alinhado com o bloco burguês conservador, como a LBI já alertou durante toda a campanha eleitoral e as medidas anunciadas agora comprovam. Não há nenhuma surpresa de como vem agindo o PIG e o tucanato, muito menos como vem “reagindo” o PT, se curvando servilmente as exigência da burguesia, dos rentistas e das oligarquias reacionárias. Os setores da “esquerda” que venderam o contrário durante a disputa eleitoral com Aécio Neves não fizeram mais que enganar os trabalhadores que votaram no PT para “derrotar a direita”, quando tudo já estava armado para “fazer o jogo da direita” nos próximo quatro anos, tendo como timoneira a presidente Dilma. O que une Dilma e Getúlio em decadência é a ausência de qualquer enfrentamento com o imperialismo e a busca de um acordo através de concessões atrás de concessões. Mas o PT irá fazer um transição segura para o PSDB em 2018 como manda as regras do jogo burguês e sem qualquer ruptura institucional porque Dilma não precisará fazer nenhum “sacrifício” pessoal, ao povo sim caberá o arrocho salarial e os efeitos dramáticos em vida do custo da alta dos preços.

O que tenta se esconder com a chantagem de que o PT seria alvo de um “golpe da direita” é o fato de que nos 12 anos de “gerência” da Frente Popular se incrementou a repressão ao movimento de massas e se acentuará no próximo período. Recorrendo a mais um paralelo histórico, podemos afirmar que passados cinquenta anos do golpe militar de 1964, provou-se que o programa de governo da Frente Popular é um verdadeiro “presente” aos grandes grupos capitalistas e rentistas se comparado ao de João Goulart. Hoje deve se levar em conta que a burguesia não teme em nenhum aspecto o governo do PT, mas que ao soar a menor ameaça do proletariado entrar na cena política, não vacilará um segundo sequer em acionar o aparato militar do Estado capitalista para “quebrar a coluna vertebral” da classe operária. As tropas federais colocadas em marcha nas favelas e morros cariocas contra a população pobre, sob a aquiescência do governo Dilma, são a prova viva do caráter de classe deste estado, do qual o a “gerência” petista é apenas a “executora” política. É do ventre político destes governos “nacionalistas burgueses” que são gestadas as próprias forças da reação, em prontidão para o golpismo na primeira ameaça real em que a classe operária se mobilize de forma independente do PT e das direções sindicais “chapa branca”.

Está previsto no script que PT e PSDB se revezem na gerência do Estado burguês, apontando um ciclo histórico no país que dificilmente será interrompido por novos “aventureiros” da política burguesa. Só a intervenção independente da classe operária pode alterar esse “enredo”. Na “parceria” institucional entre o Tucanato e os Petistas no comando do regime político, onde a situação econômica internacional favoreceu claramente as gestões da Frente Popular, se fomenta as tendências mais reacionárias da burguesia, que já atuaram contra a esquerda em pleno governo Dilma, “decepando a cabeça” de dirigentes históricos como Dirceu e Genoíno Neto. Neste episódio onde as garantias democráticas do chamado “Estado de Direito” foram suprimidas, transcorrido sob a “luz” da Suprema Corte de Justiça e dos “holofotes” da mídia “murdochiana”, o peso conservador do PSDB foi hegemônico em todo processo, mas não se pode omitir a covarde “neutralidade” dos neopetistas, encastelados no Planalto e sem nenhuma ligação com o movimento de massas.

Os Marxistas-Leninistas alertam que é justamente do seio do governo da Frente Popular que estão se gestando as condições para ataques mais duros ao movimento de massas. O que vimos com as prisões as vésperas da Copa do Mundo é a comprovação real do que afirmamos, voltada a criminalizar a esquerda revolucionária! O novo ministério de Dilma, a ser formado por figuras ligadas no passado recente ao PSDB e nomes de corte direitista não deixam dúvidas que estamos diante de um governo que deseja aniquilar qualquer tendência a esquerda presente na base do eleitorado que levou a sua vitória nas urnas em 26 de Outubro. É a completa desmoralização deste setor que abre caminho a reação fascista e não o temor da burguesia da nova gerência do PT! O centro da questão é conseguir que o movimento de massas enfrente os ataques do novo governo da Frente Popular e construa uma alternativa política independente da direita, o que somente será possível com a adesão dos setores mais conscientes da classe a um programa proletário e comunista, que supere o PT e forje a construção de um genuíno Partido Comunista em nosso país, tarefa que para ser vitoriosa necessita de um vigorosa delimitação não só com Frente Popular e a Tucanalha, mas também com a chamada “oposição de esquerda” (PSOL, PSTU, PCB) que representa um sério obstáculo na evolução da consciência de classe dos trabalhadores porque encontra-se profundamente adaptada ao regime da democracia burguesa! Estas são as principais tarefas para o próximo período e não utilizar o “espantalho” do fascismo para patrocinar ilusões para respaldar o próximo governo do PT!