Perigo de um golpe da direita ou uma manobra para respaldar
o governo da Frente Popular?
Passado já algum tempo da vitória eleitoral da Frente
Popular, as mesmas correntes políticas de “esquerda” que convocaram a votar
“criticamente” em Dilma saíram a alertar sobre a possibilidade de um iminente
“golpe parlamentar da direita” orquestrado pelo PIG, o tucanato e o
imperialismo ianque. Segundo esses senhores, a futura quarta “gerência”
consecutiva do PT à frente do Planalto seria alvo de uma ofensiva para até
mesmo inviabilizar a posse da presidente reeleita pela via do instrumento do
impeachment. Alguns mais alucinados, sempre usando como espantalho o perigo do
fascismo, chegaram a convocar atos políticos para garantir a posse de Dilma.
Ironicamente, em paralelo ao temor destes senhores, o comando petista costura a
formação de um ministério alinhado ao Deus mercado (buscando emplacar um
banqueiro na pasta da Fazenda), o BC anunciou logo após o segundo turno o
aumento da taxa de juros e Guido Mantega comunicou o corte do orçamento para os
chamados gastos sociais. Como se observa, o “golpe da direita” vem sendo
aplicado pelo próprio PT contra os trabalhadores e o povo explorado! Aqueles
que dizem o contrário não fazem mais que patrocinar, mais uma vez, uma manobra
distracionista para respaldar o governo da Frente Popular. Isso não significa
afirmar que a “direita” não fustigue o PT para capitalizar seu desgaste
futuramente nas urnas e mesmo nas ruas, porém esse movimento faz parte de uma
conduta natural após a derrota apertada do PSDB para Dilma mas que em nada foge
do jogo de cena da “democracia dos ricos”. O atual centro político das disputas
interburguesas, que assumiram grandes proporções nesta etapa pós-eleitoral,
está mesmo concentrado no caráter do programa econômico que assumirá a quarta “gerência”
petista. Pelas claras referências já dadas por Dilma, estaremos assistindo o
mandato mais “agressivo” do ponto de vista neoliberal entre todas as gestões
estatais da Frente Popular, sendo esta a “garantia” política do PT contra um
eventual golpe institucional.
Muitos dos apoiadores da candidatura Dilma inclusive vem
comparando as circunstâncias políticas e históricas que cercam o segundo
mandato da “gerentona” petista com as que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas
e ao fim de seu governo em 1954. Dizem que os undenistas de hoje desejam impor
o impeachment da presidenta ou tornar sua gestão insustentável. Nada mais
falso, a pressão em torno do novo governo do PT é justamente para que o comando
do partido faça um mandato ainda mais alinhado com o bloco burguês conservador,
como a LBI já alertou durante toda a campanha eleitoral e as medidas anunciadas
agora comprovam. Não há nenhuma surpresa de como vem agindo o PIG e o tucanato,
muito menos como vem “reagindo” o PT, se curvando servilmente as exigência da
burguesia, dos rentistas e das oligarquias reacionárias. Os setores da
“esquerda” que venderam o contrário durante a disputa eleitoral com Aécio Neves
não fizeram mais que enganar os trabalhadores que votaram no PT para “derrotar
a direita”, quando tudo já estava armado para “fazer o jogo da direita” nos próximo
quatro anos, tendo como timoneira a presidente Dilma. O que une Dilma e Getúlio
em decadência é a ausência de qualquer enfrentamento com o imperialismo e a
busca de um acordo através de concessões atrás de concessões. Mas o PT irá
fazer um transição segura para o PSDB em 2018 como manda as regras do jogo
burguês e sem qualquer ruptura institucional porque Dilma não precisará fazer
nenhum “sacrifício” pessoal, ao povo sim caberá o arrocho salarial e os efeitos
dramáticos em vida do custo da alta dos preços.
O que tenta se esconder com a chantagem de que o PT seria
alvo de um “golpe da direita” é o fato de que nos 12 anos de “gerência” da
Frente Popular se incrementou a repressão ao movimento de massas e se acentuará
no próximo período. Recorrendo a mais um paralelo histórico, podemos afirmar
que passados cinquenta anos do golpe militar de 1964, provou-se que o programa
de governo da Frente Popular é um verdadeiro “presente” aos grandes grupos
capitalistas e rentistas se comparado ao de João Goulart. Hoje deve se levar em
conta que a burguesia não teme em nenhum aspecto o governo do PT, mas que ao
soar a menor ameaça do proletariado entrar na cena política, não vacilará um
segundo sequer em acionar o aparato militar do Estado capitalista para “quebrar
a coluna vertebral” da classe operária. As tropas federais colocadas em marcha
nas favelas e morros cariocas contra a população pobre, sob a aquiescência do
governo Dilma, são a prova viva do caráter de classe deste estado, do qual o a
“gerência” petista é apenas a “executora” política. É do ventre político destes
governos “nacionalistas burgueses” que são gestadas as próprias forças da
reação, em prontidão para o golpismo na primeira ameaça real em que a classe
operária se mobilize de forma independente do PT e das direções sindicais
“chapa branca”.
Está previsto no script que PT e PSDB se
revezem na gerência do Estado burguês, apontando um ciclo histórico no país que
dificilmente será interrompido por novos “aventureiros” da política burguesa.
Só a intervenção independente da classe operária pode alterar esse “enredo”. Na
“parceria” institucional entre o Tucanato e os Petistas no comando do regime
político, onde a situação econômica internacional favoreceu claramente as
gestões da Frente Popular, se fomenta as tendências mais reacionárias da
burguesia, que já atuaram contra a esquerda em pleno governo Dilma, “decepando
a cabeça” de dirigentes históricos como Dirceu e Genoíno Neto. Neste episódio
onde as garantias democráticas do chamado “Estado de Direito” foram suprimidas,
transcorrido sob a “luz” da Suprema Corte de Justiça e dos “holofotes” da mídia
“murdochiana”, o peso conservador do PSDB foi hegemônico em todo processo, mas
não se pode omitir a covarde “neutralidade” dos neopetistas, encastelados no
Planalto e sem nenhuma ligação com o movimento de massas.
Os Marxistas-Leninistas alertam que é justamente do seio do
governo da Frente Popular que estão se gestando as condições para ataques mais
duros ao movimento de massas. O que vimos com as prisões as vésperas da Copa do
Mundo é a comprovação real do que afirmamos, voltada a criminalizar a esquerda
revolucionária! O novo ministério de Dilma, a ser formado por figuras ligadas
no passado recente ao PSDB e nomes de corte direitista não deixam dúvidas que
estamos diante de um governo que deseja aniquilar qualquer tendência a esquerda
presente na base do eleitorado que levou a sua vitória nas urnas em 26 de
Outubro. É a completa desmoralização deste setor que abre caminho a reação
fascista e não o temor da burguesia da nova gerência do PT! O centro da questão
é conseguir que o movimento de massas enfrente os ataques do novo governo da
Frente Popular e construa uma alternativa política independente da direita, o
que somente será possível com a adesão dos setores mais conscientes da classe a
um programa proletário e comunista, que supere o PT e forje a construção de um
genuíno Partido Comunista em nosso país, tarefa que para ser vitoriosa
necessita de um vigorosa delimitação não só com Frente Popular e a Tucanalha,
mas também com a chamada “oposição de esquerda” (PSOL, PSTU, PCB) que
representa um sério obstáculo na evolução da consciência de classe dos
trabalhadores porque encontra-se profundamente adaptada ao regime da democracia
burguesa! Estas são as principais tarefas para o próximo período e não utilizar
o “espantalho” do fascismo para patrocinar ilusões para respaldar o próximo
governo do PT!