Ferguson (EUA) se levanta outra vez: O caminho para derrotar
o racismo e a violência policial é a liquidação revolucionária do monstro
imperialista pelos trabalhadores e o povo pobre!
Em várias cidades dos EUA explodiram manifestações nesta
semana contra a decisão do tribunal de júri da cidade norte-americana de
Ferguson, subúrbio de St. Louis, de absolver o policial Darren Wilson,
responsável por assassinar a tiros o jovem negro Michael Brown de 18 anos em
agosto passado. Os principais slogans dos manifestantes foram "Detenham e
acusem o policial culpado do assassinato de Michael Brown", "Parem a
ocupação dos policiais da cidade Ferguson", "Declarem anistia
incondicional para aqueles que foram detidos desde 10 de agosto". A nova
onda de protestos se iniciou na segunda-feira, dia 24, após a publicação da
decisão absolutória do júri. O centro do levante é própria cidade de Ferguson,
onde a polícia local com o apoio da Guarda Nacional enviada por Obama já
prendeu dezenas de pessoas e atacou violentamente as marchas populares.
Milhares de pessoas repudiam a decisão porque todos sabem que o assassinato do
jovem negro ocorreu através de pelo menos seis tiros, todos disparados pela
frente pelo policial (dois deles na cabeça), deixando Brown morto depois de
perseguido, mesmo desarmado e de braços para alto, sob a falsa acusação de
consumo de maconha e roubo. O aparato repressivo fortemente armado lançou
granadas, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os
manifestantes que responderam com coquetéis molotov. Este quadro expõe mais uma
vez a divisão de classe e de cor no coração do monstro imperialista! Este
cenário reafirma o estado de terror policial imposto contra o povo pobre
enquanto o imperialismo ianque incrementa sua ofensiva belicista por todo o
planeta. Para derrotar a ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara
ação policial deve-se construir comitês de autodefesa do povo pobre e dos
trabalhadores, convocando uma paralisação geral nas principais cidades dos EUA!
Os lutadores que estão nas ruas nos EUA não podem ter nenhuma ilusão na justiça
capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da burguesia contra os
trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar o policial assassino! Devem combater pela liquidação do imperialismo ianque unindo o povo pobre, negro com o
conjunto da classe trabalhadora explorada contra o regime de opressão e espoliação capitalista mais forte do planeta!
Como ocorreu no caso Amarildo (morto no interior de uma UPP
na Rocinha no Rio de Janeiro), também em Ferguson (EUA) a família do jovem
Brown se declarou escandalizada com o que considera versões manipuladas
divulgadas pela polícia e a mídia para tentar “responsabilizar a vítima e
desviar a atenção”. Enquanto a comunidade negra enfatiza que Michael era um
rapaz pacato que estava prestes a ser um universitário, comerciantes e
neonazistas espalham pelas redes sociais que o jovem já tinha ficha policial,
como se tal “crime” fosse motivo para assassiná-lo. A polícia de Ferguson,
composta na maioria por policiais brancos racistas, demorou seis dias somente
para divulgar o nome do policial que matou o jovem negro e ainda plantou
informações para fazer crer que ele era suspeito de assalto a um
estabelecimento comercial. Michael Brown foi o quinto homem negro desarmado
morto pela polícia nos últimos 30 dias, com casos em estados diferentes do
país, mostrando que o problema da perseguição ao povo negro é nacional. De
acordo com um relatório do Sentencing Reform, um grupo que promove a reforma do
sistema carcerário americano, um em cada três homens negros deverá ser preso
pelo menos uma vez durante sua vida. O assassinato de Brown não é a única causa
da revolta popular de Ferguson. É apenas a faísca que desencadeou o levante
negro. A pobreza, a segregação, o desemprego e um clima de racismo antinegros
próprio do capitalismo ianque senil e doente colocaram literalmente fogo na
pequena Ferguson e a região metropolitana de St. Louis, no Missouri.
Como denunciaram vários jovens amigos de Brown, sua morte é
o resultado concreto do assassinato em massa de adolescentes nas periferias dos
grandes centros urbanos, sendo parte de uma política de estado nos EUA,
herdeira da legislação racista que foi “reformulada” depois da luta pelos
direitos civis nos anos 50 e 60. A mídia ianque apoia plenamente a legislação
racista justamente para reprimir os setores descontentes com a crise econômica.
Um relatório feito pelo instituto Pew Center, em 2011, revelou dados
estarrecedores sobre o caráter racista do verdadeiro “estado policial” que
reina no coração do monstro imperialista, que é responsável por nada menos do
que 5% da população carcerária mundial (e 25% do continente americano). Apesar
de corresponderem a 12% da população estadunidense, negros estão no topo de
todas as estatísticas policiais. Nas prisões, existe um branco para cada 11
negros. Pesquisas indicam que quatro de cada cinco jovens negros serão
aprisionados em algum momento de suas vidas. E o destino traçado pelo sistema
pode ser ainda mais trágico: cerca de 40% dos que estão nos corredores da morte
são negros, proporção que chega a 60% em estados como a conservadora
Pensilvânia (onde a população negra não chega a 10%).
Em setembro, após apoiar a repressão policial em Ferguson,
Obama declarou cinicamente que a morte do jovem era uma “tragédia”, porém pediu
“calma a população” e que a “lei será cumprida”. De fato ela foi aplicada, julgando inocente o policial que assassinou o jovem Brown. O lobo em pele de
cordeiro só não disse que as “leis” estão a serviço da burguesia e seu estado
policial... A execução de Michael Brown faz lembrar um caso recente, mas que
tomou rumo totalmente contrário. O jovem negro Troy Davis foi executado com a
pena capital após ser acusado com testemunhas falsas de ter matado um policial
branco. Num caso, um jovem negro é executado no meio da rua e o policial
assassino é protegido pelo Estado burguês. Noutro caso, a justiça penal não
teve muitas dúvidas do que ocorreu e executou Troy Davis em setembro de 2011.
Outro exemplo é o de Mumia Abu Jamal até os dias de hoje preso por acusação
falsa de ter morto um policial. O “falcão negro” não deseja desagradar seus
anos capitalistas brancos e já prepara a transição para um governo de corte
abertamente fascista em 2016, possivelmente sob o comando de Hillary Clinton em
parceria com o Tea Party ou algo afim.
Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas estão em
consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada
pelo imperialismo ianque do qual Obama é porta-voz, como vemos, por exemplo, na
Ucrânia, cujo governo golpista é apoiado pelos EUA. Como não há um contraponto
revolucionário à degradação de uma sociedade doente que recorre a um estado
policial contra seu próprio povo, a humanidade tende a caminhar para a barbárie
imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção
política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o
planeta, assassinatos racistas, carnificinas neonazistas e guerras genocidas
acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a
intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante em defesa da
liquidação deste estado policial e pela liberdade imediata dos negros e trabalhadores
encarcerados, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao
contrário, arrastará a humanidade para a barbárie. Estamos vendo a volta com
força do fascismo ianque em escala interna e planetária. Para que não se
repitam novas cenas sanguinárias como o assassino do jovem negro Michael Brown
dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial
poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação
do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu
próprio projeto de poder socialista.