O verdadeiro caráter da crise da Petrobras, uma polêmica com
os revisionistas da LER e afins
Os escândalos de corrupção envolvendo a diretoria da
Petrobras e seus grandes fornecedores (principalmente as empreiteiras) vem
ocupando o centro do cenário político nacional, uma crise política de grandes
proporções que ameaça inclusive a própria governabilidade da recém eleita
Dilma. A esquerda de uma forma geral vem tomando posições sobre a questão, no
campo governista PT e PCdoB assumem a defesa dos atuais gestores da estatal
tentando "focalizar" a crise em figuras corruptas (já presas ou
investigas pela PF) ligados a escória dos partidos da "base aliada ".
No terreno da "oposição de esquerda" ao governo petista, se destacam
as demagógicas bandeiras de "moralização" da Petrobras e a defesa do
caráter "100% estatal". Em particular agrupamentos como o PSTU e LER
também tem levantado corretamente a necessidade da luta pelo controle operário
da empresa, sem que no entanto definam o método revolucionário desta ação
política. Porém nenhuma destas organizações aponta no fulcro da verdadeira
crise a que está submetida a maior empresa, sob controle governamental da
América Latina. Apesar da compra desastrosa da refinaria de Pasadena ou das
vultuosas "comissões" recebidas por seus diretores para "tocar
projetos superfaturados", a Petrobras vem apresentado balanços financeiros
positivos (inclusive com valorização de seu patrimônio) e sinceramente não
acreditamos que a empresa venha a falir por conta da "natureza estrutural"
destes escândalos. Em artigo em recente na internet a LER apresentou "5
propostas para realmente defender a Petrobras", mas desgraçadamente apesar
das "boas intenções" nenhuma delas abordou a imperiosa necessidade da
estatal romper sua dinâmica de subordinação aos trustes imperialistas do
petróleo, extraindo com alto custo de produção abundante óleo cru para vendê-lo
no mercado internacional a menos de 70 Dólares o barril. Enquanto os
oligopólios transnacionais do setor energético compram o barril abaixo da
barreira simbólica de 70 Dólares (o preço exato variou na marca de $66), a
Petrobras "recompra" o nafta ou derivados refinados na casa de 760
Dólares! Como hoje a cotação da commoditie petróleo cru vem caindo
vertiginosamente no mercado mundial e o Brasil não consegue produzir a demanda
de seus combustíveis (por insuficiência de refinarias) não precisa ser nenhum
vidente para prognosticar que se avizinha uma grande crise na Petrobras. A
dimensão econômica mundial da queda do preço do petróleo já forçou a Venezuela
a efetuar cortes em seu orçamento, além da exigência que Maduro fez a OPEP para
a redução internacional da produção. Porém os magnatas da OPEP à serviço dos
trustes imperialistas não estão dispostos a ceder e anunciaram a manutenção da
produção nos mesmos níveis atuais. Imaginem o grave efeito para a PDVSA se o
barril chegar a casa dos 50 Dólares, isto quando o custo de extração industrial
do petróleo venezuelano não ultrapassa US$ 5, agora pensem a mesma situação
para a Petrobras, que tem um elevado custo de produção do petróleo profundo em alto mar
na marca de quase 20 Dólares. Precisa ser politicamente muito ingênuo ou "inocente
útil" para não pôr o "dedo na ferida", enquanto a Petrobras (e
por consequência o país) mantiver seu atual formato de "fazendão" do
óleo cru estará submetida a colonização dos trustes imperialistas! De nada
adianta a LER exigir o "confisco dos bens dos diretores e gerentes
envolvidos neste esquema" e silenciar o monumental confisco que a estatal
sofre dos oligopólios internacionais. É necessário que a Petrobras reduza
radicalmente seus investimentos em caríssimas plataformas do "pré-sal",
e ainda por cima partilhando a extração com empresas estrangeiras, para voltar
o caráter da estatal para o refino do petróleo e a produção de combustível e
derivados finos, mantendo é claro a extração do óleo em bacias ou regiões de baixo
custo. Para assumir esta nova política é necessário um novo controlador para a
Petrobras, ou seja, as organizações independentes do proletariado rompendo
frontalmente as "parcerias e associações" da estatal com o capital
financeiro e suas subsidiárias do setor energético.
A defesa que os revisionistas da LER afirmam fazer da Petrobras diante da ofensiva neoliberal privatista é tão frágil que se somam ao "conto" governista do pré-sal como sendo a "salvação da lavoura" brasileira. Nós da LBI já apontávamos, desde que Lula "fabricou" midiaticamente o pré-sal, que se tratava de uma operação de marketing internacional voltada para a valorização das ações da Petrobras na bolsa de valores de Wall Street. Figuras como Eike Batista endossaram esta "farsa" para pura especulação bursátil de sua empresa de petróleo (OGX) , criada em 2007 em plena "onda" do pré-sal. Pois bem, o pré-sal da OGX faturou muito nas bolsas mas rendeu pouco lucro nos profundos poços em alto mar, o resultado final todos já sabem... A própria estrutura montada pela Petrobras para extrair o pré-sal é em si mesma uma exigência dos acionistas internacionais "minoritários", que pretendem que a empresa brasileira continue com o papel de grande produtora de óleo barato para as "gigantes" da energia, proprietárias das imponentes refinarias em território ianque.
A defesa que os revisionistas da LER afirmam fazer da Petrobras diante da ofensiva neoliberal privatista é tão frágil que se somam ao "conto" governista do pré-sal como sendo a "salvação da lavoura" brasileira. Nós da LBI já apontávamos, desde que Lula "fabricou" midiaticamente o pré-sal, que se tratava de uma operação de marketing internacional voltada para a valorização das ações da Petrobras na bolsa de valores de Wall Street. Figuras como Eike Batista endossaram esta "farsa" para pura especulação bursátil de sua empresa de petróleo (OGX) , criada em 2007 em plena "onda" do pré-sal. Pois bem, o pré-sal da OGX faturou muito nas bolsas mas rendeu pouco lucro nos profundos poços em alto mar, o resultado final todos já sabem... A própria estrutura montada pela Petrobras para extrair o pré-sal é em si mesma uma exigência dos acionistas internacionais "minoritários", que pretendem que a empresa brasileira continue com o papel de grande produtora de óleo barato para as "gigantes" da energia, proprietárias das imponentes refinarias em território ianque.
É no mínimo muito estranho que correntes políticas da
"oposição de esquerda", como a LER, não mencione uma única linha
sequer em suas "5 propostas" para " defender a Petrobras"
na questão estratégica do refino do petróleo no Brasil. Mesmo diante da política
submissa ao imperialismo, seguida nos últimos 30 anos por todos os governos de
turno, em não construir um parque petroquímico nacional a altura das
necessidades econômicas do país, e também da grande capacidade de extração de
óleo cru da Petrobras. A última refinaria inaugurada no Brasil data de 1980,
uma pequena unidade em São José dos Campos. Hoje o Brasil importa a grande
maioria de seus combustíveis, a chamada "conta petróleo" (importação
versus exportação) deve fechar o ano de 2014 com um déficit de cerca de 15
bilhões de Dólares, nas previsões mais otimistas. Fato mais grave ainda é que
não existe em território nacional uma única refinaria capaz de processar o
petróleo do "pré-sal". O contingenciamento financeiro da Petrobras
está a décadas voltado para a obstrução da construção de novas refinarias, os
projetos de instalação do Comperj, Abreu Lima e Premium I e II estão muito
atrasados ou nem sequer saíram do "papel". Enquanto isso as linhas de
financiamento internacional para a extração pré-sal estão todas abertas e
fluindo bilhões de Dólares, qual será mesmo o motivo?
As denúncias do escândalo do "Petrolão" não são
propriamente uma novidade na estatal, o pagamento de "comissões" para
seus diretores por parte das grandes empreiteiras que lhe prestam serviço
existe desde pelo menos 40 anos. O interesse central da mídia "murdochiana"
é debilitar politicamente o governo petista e de quebra atrasar ainda mais a
entrega das refinarias, já que as empreiteiras estão diretamente relacionados
as obras das novas plantas. Para realmente defender a Petrobras da ofensiva
privatista e de seus gestores corruptos, em primeiro lugar se faz necessário
levantar um outro programa de gestão, produção e investimentos da estatal. Em
segundo lugar deve ficar cristalino que com os atuais controladores da
Petrobras a empresa caminha para uma crise letal, é tarefa da classe operária
resgatar seu caráter nacional, assumido seu controle político e administrativo.
Por último é importante compreender que não se conquistará o controle operário
da Petrobras no "marco exclusivo" de suas fronteiras, somente a
instauração de um novo poder político no país será capaz de introduzir a
planificação socialista da economia, condição "sine qua non" para
extirpar definitivamente a corrupção estrutural que permeia todo o modo de
produção capitalista.