sexta-feira, 28 de novembro de 2014


FARC promete libertar general: Mais uma concessão imposta na armadilha montada pelo chacal Santos via negociações da “paz dos cemitérios”

Os militantes revolucionários pelo mundo vem acompanhando com muita atenção os chamados “diálogos de paz” entre as FARC e o governo do facínora Santos. O mais recente episódio que ampliou ainda mais a polêmica em torno das negociações foi a suspensão unilateral das conversações em Havana por parte do governo colombiano até que as FARC libertem o general Rubén Alzate e dois soldados que lhe faziam segurança, tomados como prisioneiros de guerra em uma região controlada pela guerrilha no Departamento de Chocó, Oeste do país, quando estes espionavam acampamentos da insurgência. Diante da exigência de Santos, a direção das FARC resolveu que os militares serão libertados neste domingo, 30 de novembro. Depois de anunciar a decisão, do qual a LBI discorda frontalmente, Timoleón Jimenez, Comandante do Estado Maior Central das Farc-EP, lançou um comunicado traduzido pelo PCB para o português (partido que defende a política da guerrilha) intitulado “Sejamos sérios, Santos” em que reclama da forma como agiu o governo: “Colocar como condição para a retomada do processo suspenso arbitrariamente que a contraparte faça rápida entrega de seus prisioneiros de guerra equivale a um sequestro do processo de paz pelo Presidente. E responder, como fizeram seus críticos, que colocam em destaque a importância de acordar um cessar-fogo bilateral para evitar esse tipo de sobressalto, coloca em manifesto que o processo de paz não é mais que um simples instrumento em uma estratégia final de guerra” (site PCB, 27.11). Aqui, somos os trotskistas da LBI que questionamos: “Sejamos sérios, FARC”! Aceitar negociações de paz que sequer tem como pré-condição uma trégua bilateral, ter centenas de combatentes assassinatos pelo exército durante os dois anos de “diálogos” (e que diálogos!) e agora ceder à chantagem do chacal Santos para a libertação dos três militares não são condutas nada sérias e que servem desgraçadamente para demonstrar o que afirmamos desde o início do processo saldado pela esquerda como um "avanço": o governo Santos montou uma armadilha para as FARC que está sendo vítima da política de “paz dos cemitérios”.

As FARC e o PCB podem argumentar que a guerrilha negocia com o governo para demonstrar um “gesto de boa vontade” ao povo colombiano em busca pela paz. Ocorre que esta pressão democrática tem como objetivo a liquidação física da guerrilha, que se encontra fragilizada desde o assassinato de seus principais comandantes a mando do próprio Santos quando era ministro da defesa de Uribe e já na condição de presidente. Apesar de todas as demonstrações do verdadeiro objetivo de Santos, Timoleón Jimenez reafirma a política suicida da guerrilha “Ainda hoje insistimos em mostras de paz, em gestos contundentes que demonstrem nossa vontade de reconciliação. Um exemplo é o fato de termos recebido o enviado do Presidente, mesmo após ter nos insultado publicamente e suspender o processo de paz em violação aberta ao acordado. Outro, é termos prosseguido com as negociações apesar do Presidente ter ordenado o assassinato de nosso Comandante Alfonso Cano”. As palavras do dirigente das FARC falam por si mesmas...Desde a LBI não negamos o direito das FARC negociarem com o governo Santos, mas os objetivos e as condições dos “diálogos” são absolutamente inaceitáveis, estão levando a direção da guerrilha a desmoralização enquanto as FFAA assassinam seus heroicos combatentes. Somente irá existir “paz” na Colômbia com o fim dos grupos paramilitares, a liquidação do latifúndio, a expropriação da burguesia e a tomada do poder pelos trabalhadores da cidade e do campo, neste atual regime isto é absolutamente impossível por mais esforços que faça a direção da guerrilha!

Temos plena consciência das enormes dificuldades (políticas e militares) que atravessam a guerrilha. Seus “governos amigos” de Cuba e da Venezuela são fiadores das conversações e fazem imensa pressão para que estas cheguem a “bom termo”, o que na prática significa o desarmamento das FARC e sua integração a “democracia”, política aceita pela direção da guerrilha como declara Timoleón Jimenez “Aí concentram as FARC o núcleo do processo de paz. Que sejam desmontadas todas as formas de violência política em nosso país, tanto a oficial e como a insurgente. Que sejam reconhecidas as responsabilidades correspondentes ante o mundo, a nação e as vítimas. Que se faça até o impossível para ressarcir estas últimas. Porém, que sejam abertas definitivamente as portas do exercício da oposição política a todas as correntes, com plenas garantias, sem excluir ninguém, pacífica e legalmente”. Aqui trata-se da tentativa de estabelecer um acordo mais amplo entre os governos da centro-esquerda com o próprio imperialismo ianque e o governo colombiano, mas modestamente alertamos como militantes trotskistas que defendem incondicionalmente as FARC da ofensiva assassina de Santos e Obama (apesar das divergências com a política da direção da guerrilha) que não é possível chegar a um pacto com o imperialismo na atual etapa histórica, aos chacais burgueses só interessa a rendição incondicional e o desarmamento para depois deixar que os grupos paramilitares eliminem até o último combatente convertido em “cidadão civil”. Lembremos da Unidade Patriótica na década de 80 e seus milhares de militantes mortos em plena “democracia”!

A libertação do general e dos dois soldados colombianos é um erro político tremendo das direção das FARC, até do ponto de vista do tabuleiro das negociações ora interrompidas em Havana. A guerrilha teria que aproveitar em seu favor a chantagem de Santos e, em resposta, exigir o fim das operações militares das FFAA contra seus combatentes, um cessar fogo bilateral público para retomar os “diálogos” e a liberdade de todos os presos políticos. Mas não...cobra a “coerência” de Santos que sequer aceitou no início uma trégua para iniciar as conversar e assassinou centenas de combatentes das FARC. Timoleón Jimenez afirma ainda no comunicado em que pede “seriedade” a Santos: “Como acontece com a Mesa e o Processo, Santos pactua os protocolos, porém insiste em tomar os prisioneiros pela força, dificultando objetivamente o cumprimento daqueles. Ou seja, viola novamente o acordado. Na realidade, burlou as regras do jogo defendidas pelo governo. O Presidente, com sua suspensão, tomou o tabuleiro onde jogávamos a partida, destruiu a confiança. As coisas não poderão ser retomadas assim. Não mais, É preciso fazer inúmeras considerações”. De fato, depois da libertação dos prisioneiros de guerra neste domingo pelas FARC, as coisas mudarão! O governo Santos saberá que a direção da guerrilha cedeu em um caminho sem volta que levará as FARC aceitar outras chantagens para ao final celebrar os “acordos de paz” a fim de ter a simpatia da “opinião pública” colombiana, dos “democratas” e homens de “esquerda”, os mesmos que votaram “criticamente” em Santos no segundo turno em nome de “derrotar o homem de Uribe” dando um aval a sua política de encurralar as FARC. De nossa parte, como revolucionários marxistas e não paladinos da democracia burguesa nos mantemos incondicionalmente no campo militar da guerrilha mas alertamos que a política de sua direção é um verdadeiro suicídio político e militar, no sentido exato do termo e não como uma mera figura de linguagem! Chamamos a base das FARC e a esquerda anticapitalista e anti-imperialista a se opor a esta política e a reivindicar um outra conduta de sua direção, antes que seja tarde, para que o sangue dos seus heroicos combatentes não tenha sido derramado em vão!