quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, n° 250 – Janeiro 2013



EDITORIAL
Burguesia isola Lula e bate o martelo: Dilma “eleita” para 2014!

 

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA EM SANTA MARIA (RS)
Boates ao estilo ianque, verdadeiras ratoeiras para trucidar os corpos e a cultura da juventude brasileira

 

MARINA SILVA, A ECO-CAPITALISTA
“Movimento Nova Política” ou a mais nova manobra da burguesia para enfraquecer o PT em 2014?

 

POLÊMICA
“Mensaleiros” petistas deveriam mesmo ser julgados pelo STF ou outro organismo independente?

 

“PRESENTE DE GREGO”
Burocracia sindical corrupta festeja novo ano com salário mínimo de miséria dado por Dilma



UNE “CHAPA BRANCA”
Um Coneb a serviço da reforma universitária privatista do governo Lula/Dilma

 

MORRE O COMPANHEIRO “PADRE HAROLDO”
Um vigoroso combatente anti-imperialista nos atuais tempos de reação neoliberal!

 

CAMPANHA INTERNACIONALISTA
Liberdade imediata para Gotzon González, ativista espanhol preso político do governo pró-imperialista Dilma!


 
FRENTE À CRISE POLÍTICA NA VENEZUELA
Derrotar com os métodos de luta da classe operária a direita golpista sem capitular ao “chavismo” e seu projeto nacionalista burguês!

 

AGRESSÃO AO MALI
Abaixo a intervenção imperialista francesa! Frente única com a resistência islâmica para derrotar os rapineiros “socialistas”

 

OFENSIVA NA SÍRIA
Casa Branca, “rebeldes” pró-OTAN e revisionistas reforçam “frente única” em 2013 exigindo renúncia de Assad

 

ELEIÇÕES EM ISRAEL
Após “patinar” na Síria Netanyahu vence por pequena margem

 

MORSI DECRETA ESTADO DE EMERGÊNCIA
Em meio a profunda crise da transição pactuada, EUA pressiona por novo governo alinhado com a OTAN

 

LANÇAMENTO DO FOLHETO
“Mensalão” o julgamento do “século” pelo STF: A integração da esquerda “trotsquista” às instituições do Estado burguês

 
LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
http://www.lbiqi.org/

 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


Morsi decreta Estado de Emergência em meio a profunda crise da transição pactuada, EUA pressiona por novo governo alinhado com a OTAN

Toque de recolher, estado de emergência, repressão nas ruas com dezenas de mortos, feridos e centenas de presos. Esse foi o cenário de “celebração” dos dois anos da fantasiosa “revolução árabe” no Egito. Tais medidas draconianas obviamente não foram impostas pelo pró-imperialista Hosni Mubarak, pelo contrário, foram ditadas justamente pelo governo “revolucionário” parido das mobilizações que se iniciaram em janeiro de 2011 e levaram a queda do desgastado e doente títere da Casa Branca. Dois anos após a queda de Mubarak, a organização Islâmica Irmandade Muçulmana tendo à cabeça Mohammed Morsi, que venceu as eleições de maio através de seu braço político, o reacionário Partido da Liberdade e Justiça, aplica os mesmos ataques desferidos por seu senil antecessor e encontra-se fragilizada sendo completamente refém do exército controlado diretamente pelo imperialismo ianque. Nesse contexto, cabe a “singela” pergunta: essas foram as gigantescas conquistas da “revolução democrática vitoriosa” vendida aos quatro quantos pelos revisionistas do trotskismo? Ao procurarmos na imprensa destas organizações (PSTU-LIT, PO, PCO, PTS-LER, CIO-LSR, MR-CS...) encontramos um silêncio sepulcral diante dos últimos acontecimentos ou uma busca desesperada por dar “explicações” para tal desfecho recorrendo a todo tipo de malabarismo político como o surgimento de um nova “onda revolucionária” contra Morsi.

Quando ocorreu a queda de Mubarak, no início de 2011, a esquerda “oficial” de uma maneira geral e os revisionistas do trotskismo em particular saiu a festejar afirmando que se tratava de uma autêntica “revolução democrática”, afinal o ditador egípcio era odiado pelas massas, que saíram massivamente às ruas exigindo o fim de um regime corrupto e fantoche das forças sionistas. Logo após não faltaram as vozes mais oportunistas da esquerda, como a LIT, para sustentar que “finalmente se respirava a liberdade no Egito”. Outras variantes revisionistas mais delirantes sustentaram que acontecia uma verdadeira “revolução proletária” na secular terra que na história da humanidade ousou desafiar o poderoso império romano. Nós trotskistas da LBI fomos a única corrente a estabelecer uma caracterização marxista da situação concreta, pontuando que pelo seu caráter político as mobilizações no Egito passavam muito longe de configurar sequer uma “revolução democrática”. As multitudinárias mobilizações populares que tomaram as praças reivindicando a derrubada do odiado Mubarak careciam de uma direção e programa autenticamente revolucionário, sendo desta forma facilmente manipuladas pela via “democrática”, ou seja, de uma transição ordenada da ditadura militar “substituída” por um regime político burguês legitimado pelas urnas. Dois anos depois, se retornam os protestos da Praça Tahrir questionando a paródia de uma “transição democrática” inconclusa, revelando a farsa que pariu a junta militar que controla o país.

Desde então, o gabinete de Morsi deu ao presidente poderes para mandar o Exército às ruas “para ajudar a polícia a preservar a segurança nacional”. Morsi também chamou a oposição para conversas no palácio presidencial, na tentativa de restaurar a unidade nacional burguesa. Mas, a principal coalizão oposicionista, a Frente Nacional de Salvação (FNS), rejeitou a proposta, alegando que ela é apenas “cosmética” e “vazia de significado”. Para não deixar qualquer sombra de dúvida acerca do eixo político que galvaniza hoje as massas egípcias, vejamos quem compõe a frente e o seu programa. Em novembro passado, uma parte da fragmentada oposição egípcia se uniu para formar a FNS, criticando um decreto que expandiu os poderes presidenciais e um projeto de Constituição que na opinião da oposição burguesa favorece os grupos islâmicos. A Frente alegava que as medidas representavam uma usurpação do poder por parte de Morsi e seu aliados. Mohamed ElBaradei, ex-diplomata na ONU, ligado diretamente ao imperialismo ianque é o coordenador da Frente, que inclui também o ex-chanceler e ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa e o nasserista Handeen Sabahi. Recentemente, o grupo ameaçou boicotar as eleições parlamentares, prevista para os próximos meses, caso suas exigências – a formação de um governo nacional e a antecipação do pleito presidencial previsto para 2016 – não sejam cumpridas. Lembremos que a esquerda árabe se agrupa em torno do nasserista Handeen Sabahi, apoiado nas eleições pela Coalizão da Juventude Revolucionária e que reúne jovens independentes e de forças políticas de diversas correntes, inclusive pseudo-trotskistas, que estiveram à frente das manifestações da Praça Tahrir. O veterano Sabahi se limita a reivindicar o legado do caudilho nacionalista burguês Abdel Nasser, o mesmo que “forneceu” fuzis danificados e sem munição para que os palestinos expulsassem as tropas sionistas de seu território ocupado. Como se pode constatar, ElBaradei, Amr Moussa e Sabahi, que foi o candidato da esquerda “socialista”, têm longa trajetória de colaboração com o regime Mubarak e o último não ultrapassa os limites do nacionalismo árabe, com seu inerente caráter de classe burguês e “modernizado” com a inclinação em colaborar com a ofensiva do imperialismo na região via OTAN.

Há todo um “clamor nacional” pela finalização do processo controlado da transição democrática, que em nada se assemelha a uma genuína “revolução democrática”. A ausência de uma direção política minimamente consequente, inclusive do ângulo da democracia burguesa plena, retarda em muito as tendências mais combativas do proletariado egípcio. Nesta conjuntura de completo embotamento da consciência da classe operária, onde não existem os elementos mais básicos de duplo poder, continuar afirmando que está se processando uma nova etapa da “revolução” no Egito, serve aos interesses da confusão e distracionismo muito úteis para a verdadeira reação democrática, posta em marcha pela burguesia e o imperialismo em toda região árabe. Este é o papel que vem cumprindo os revisionistas do trotskismo que não por acaso apoiam na Síria os “rebeldes” pró-OTAN, assim como fizeram na Líbia há dois anos em nome da vitória da “revolução árabe”. A realidade vem mostrando exatamente o contrário, ou seja, em nome da suposta “primavera árabe” a burguesia vem desencadeando uma brutal ofensiva contra as conquistas do proletariado, com o aumento do desemprego e um plano de privatização de vários serviços públicos. Nunca é demais relembrar que a organização “Irmandade Muçulmana” que antes era a força majoritária nos protestos contra Mubarak e agora se encontra no governo sempre esteve bem mais à direita que o próprio movimento de massas, aceitando pactuar com os militares uma transição ainda mais conservadora, que acabou sendo avalizada pela Casa Branca que liberou os subsídios ianques fornecidos ao Egito e se aproximou do governo de Morsi logo que ele conseguiu fechar o acordo entre o Hamas e Israel logo depois da ofensiva no final de 2012 que deixou mais de cem mortos na Palestina.

O sentimento anti-imperialista das massas árabes ainda é marcante em suas consciências e setores cada vez mais representativos do proletariado já começam a perceber o real conteúdo da farsesca “revolução democrática”, este fator vem começando a provocar fissuras no processo de transição política do Egito. Uma revolução socialista, mesmo em sua primeira fase democrática, só poderá ocorrer com a formação de organismos de poder operário, apoiados no embrião de uma força armada do proletariado. Somente charlatães do marxismo, como os revisionistas da LIT-PSTU, podem sustentar a “tese” de revoluções baseadas simplesmente em protestos populares, sem a construção de organismos de duplo poder. Mas o que era apenas uma “tese” equivocada (revisionista) elaborada pelo fundador da LIT, Nahuel Moreno, foi transformada pelos seus discípulos pilantras em um programa político para atuar em conjunto com o imperialismo, contra governos stalinistas e nacionalistas burgueses. Assim foi que os morenistas estiveram no campo militar da OTAN no muro de Berlim, na URSS e na Iugoslávia em meados dos anos 90. Agora, com a mesma defesa da teoria da “revolução made in USA” os morenistas e seus satélites integraram política e militarmente o bloco dos mercenários líbios e sírios para derrotar governos burgueses não alinhados integralmente com a Casa Branca. O PCO, que se coloca no mesmo campo político dos morenistas no Egito, declara pateticamente no artigo com o emblemático título “A Revolução no Egito” (07/01/13): “O governo da Irmandade Muçulmana, que se ergueu sobre os escombros do antigo regime egípcio, está cambaleando... As tarefas da revolução que teve como ápice a derrubada de Mubarak do poder foram deixadas de lado pelo poder que se organizou de dentro do regime derrubado e a partir das facções que foram alijadas do poder pela ditadura militar. Elas se opõem ao poder atualmente constituído pela Irmandade Muçulmana, que governa de braços dados com o que restou da burocracia (os juízes) do antigo regime militar e com o sionismo israelense, e as monarquias do Catar e Arábia Saudita”.

No Egito, o campo político das correntes revisionistas cumprem a função de bloquear o desenvolvimento independente de uma nova vanguarda classista, que molecularmente começam a superar o engodo da “primavera árabe”, se colocando à disposição para combater a invasão imperialista em curso na Síria e no Líbano e posteriormente no Irã. O desastre social e humanitário provocado pela “revolução” dos rebeldes da OTAN na Líbia fez despertar na vanguarda antissionista egípcia, a necessidade de romper com a orientação revisionista, que no segundo turno pregava abertamente o “voto crítico” em Morsi. Seguindo as teses da revolução permanente, os marxistas revolucionários combatem no Egito pela construção de verdadeiros organismos de poder da classe operária, partindo da luta concreta das massas e seu justo ódio contra o gendarme do imperialismo na região, o sionismo, e seus sócios autóctones (militares, Irmandade Muçulmana e Frente Nacional de Salvação) que desejam preservar os acordos de Camp David.

 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Uma tragédia anunciada em Santa Maria (RS): Boates ao estilo ianque, verdadeiras ratoeiras para trucidar os corpos e a cultura da juventude brasileira

O incêndio que vitimou neste dia 27 mais de 230 pessoas na boate “Kiss” em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, a maioria estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que participavam de uma festa, não foi uma fatalidade ou uma tragédia sem culpados e responsáveis. Uma sequência de absurdos reforça o que já denunciamos quando ocorre este tipo de “acidente”. No capitalismo a vida humana não tem o menor valor, ela sempre está subordinada ao lucro dos negócios e negociatas. Uma obviedade que deixa feridas expostas, queimaduras e dezenas de mortos! Desde a superlotação da boate excedida em mais de mil pessoas, passando pelo “show” de uma banda especializada em lixo cultural que para fazer seu “espetáculo” recorre ao uso de fogos e sinalizadores em local fechado repleto de material inflamável, até o impedimento da saída dos jovens universitários em desespero logo após o início do incêndio, barrados pelos seguranças na única porta de acesso a rua por não haverem pago a consumação, são alguns dos elementos bárbaros que levaram a esse desfecho aterrador que deixou dezenas de corpos queimados e mais de uma centena de mortos asfixiados. A mídia “murdochiana” logo entrou em cena e fez da dor dos parentes e amigos objeto de encarniçada disputa pela audiência, onde cada cadáver filmado ou corpo em agonia era um “furo” de reportagem que representa cifras milionárias nos intervalos comerciais. Porém, as aberrações não param por aí. Os proprietários da boate, conhecidos empresários do ramo que estavam no local e saíram ilesos, não forneceram as imagens das câmeras internas de segurança e tampouco repassaram os registros do caixa, o que poderia comprovar o número de pessoas que entraram no local durante a noite. Além disso, a prefeitura de Santa Maria e o Governo do Estado através do Corpo de Bombeiros, como sempre ocorre nestes casos, haviam permitido a realização da festa e o funcionamento da casa de show mesmo com o estabelecimento estando com o alvará vencido e sem equipamentos de segurança, verdadeiras ratoeiras para trucidar os corpos e a cultura da juventude brasileira, em um ambiente agressivo e alienante. Frente a esse verdadeiro crime do capitalismo e seus gerentes, o governador Tarso Genro (PT) e o prefeito Cezar Schirmer (PMDB), prestamos nossa total solidariedade aos estudantes da UFSM, familiares e amigos das vítimas, denunciando uma tragédia que deixa marcas irreparáveis na vida de Santa Maria e em sua tradicional “cidade universitária”.

A tragédia começou às 2h30 de domingo (27/01), quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda “Gurizada Fandangueira”. No momento, cerca de duas mil pessoas acompanhavam a festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da UFSM. Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de proteção acústica. A maioria das vítimas, porém, não foi atingida pelas chamas, 90% morreram asfixiadas. Uma série de atos criminosos próprios da sanha por lucro capitalista potencializou a tragédia. Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias morreram perto do banheiro. Os seguranças da casa tentaram impedir os frequentadores de sair antes de pagar a comanda. As portas foram fechadas, por que os empresários estavam exigindo que as pessoas pagassem as comandas de consumação antes de sair! O cliente pode morrer sufocado e pisoteado, mas não sai sem pagar pelo “show” macabro. Para sair da boate só enfrentando seguranças enormes ou pela área VIP, restrita aos donos e “autoridades”. O que provocou a morte de mais de 200 jovens foi o pânico e a inalação de fumaça, produto direto da estrutura do boate montada pare ter lucro máximo e custo mínimo.

Diante da comoção generalizada, logo as “autoridades públicas” se pronunciaram em tom de pesar. A presidente Dilma Rousseff chorou duas vezes ao falar do caso ao lado do governador Tarso Genro (PT). Este cinicamente declarou na tarde do domingo “não é hora de buscar culpados, mas sim de prestar apoio e solidariedade às milhares de pessoas mergulhadas em uma profunda dor” justamente para tirar do foco a sua responsabilidade e dos órgãos estaduais de fiscalização. Como sempre nestes casos, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB) afirmou que a prefeitura e os “órgãos competentes” sempre foram muito rigorosos com a fiscalização de casas de shows na cidade, mesmo que a boate “Kiss” não possuísse plano contra incêndio, alarme ou saída de emergência compatível com o público que recebia. Tanto que o empresário Kiko Spohr recebeu da prefeitura, com autorização do Corpo de Bombeiros, subordinado a Brigada Militar do RS e portanto ao governo estadual do PT, alvará de funcionamento. A licença de funcionamento estava vencida desde agosto e os extintores de incêndio vazios, mas a casa de “show” funcionava plenamente para gerar receita máxima, pondo em risco a vida de milhares de pessoas. Lembremos que em 2010 o mesmo prefeito Schirmer foi centro da polêmica sobre o aumento da tarifa do transporte público. Resolveu prorrogar o contrato das mesmas empresas de ônibus que sempre prestaram o serviço e financiaram sua campanha em 2012. O empresário da “Kiss” é um dos seus “contribuintes” eleitorais, daí tantas facilidades e benesses. O prefeito Schirmer até hoje é investigado por improbidade administrativa. Cinicamente, os donos da “Kiss”, Mauro Londero Hoffmann e Elissandro Callegaro Spohr, divulgaram nota e apresentaram o caso como uma “fatalidade”. Não por acaso, o mesmo discurso foi proferido por Tarso Genro e o prefeito Schirmer. Na verdade, enquanto choram lágrimas de crocodilo, tentam esconder suas responsabilidades, como cúmplices desse bárbaro assassinato em massa próprio do capitalismo e seus gestores. Todos sabemos que não apenas casas de show, mas também fábricas, escolas e hospitais, sejam públicos ou privados, funcionam em péssimas condições de segurança e acesso e que estão suscetíveis a tragédias semelhantes a qualquer momento. Em todas as cidades do país os órgãos de fiscalização atuam segundo os interesses dos prefeitos e vereadores que usam os alvarás como moeda de troca para angariar apoio de empresários durante as eleições.

Desde a LBI expressamos toda nossa solidariedade aos estudantes da UFSM, aos trabalhadores mortos que estavam sem serviço na hora do incêndio, aos familiares e amigos das vítimas. Lutemos para transformar nossa dor e indignação em combate para denunciar e destruir esse sistema social assassino que aniquila a cultura nacional impondo este padrão ianque de “entretenimento”, as boates verdadeiras ratoeiras para a juventude brasileira. Dilma, Tarso e Schirmer que são tão rigorosos no combate aos professores e aos trabalhadora nesta hora mostram-se muito prestativos e sensíveis com empresários criminosos que lucram desprezando os mais elementares procedimentos de segurança sob a cobertura estatal como acontece também em fábricas, escolas, hospitais, onde os acidentes de trabalho matam e ferem milhares de pessoas todos os dias. Por isso declaramos que não podemos aceitar as condolências de cínicos como o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) e mesmo da presidente Dilma Rousseff. Eles são os responsáveis diretos ou indiretos pelas mortes! A cada tragédia anunciada, como os deslizamentos que todos os anos ocorrem na região serrana do Rio de Janeiro e nas periferias de todo o país, aparecem para dar falsas declarações de solidariedade quando na prática seus governos são responsáveis pelas péssimas condições de segurança sejam nas moradias, no trabalho ou lazer. A grande lição a ser apreendida com a tragédia de Santa Maria é que a juventude e os trabalhadores precisam se organizar para ter acesso à cultura não mercantilizada, ao ensino público e gratuito e a condições de vida dignas, conquistas incapazes de serem oferecida por este capitalismo decadente que deixa um rastro de sangue e dor em cada tragédia anunciada.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

 
Liberdade imediata para Gotzon González, ativista espanhol preso político do governo pró-imperialista Dilma!
 
Em uma operação ilegal e arbitrária da Polícia Federal em conjunto com órgãos de inteligência da polícia espanhola encontra-se preso no Rio de Janeiro desde o dia 18 de janeiro, o professor Gotzon González, acusado de pertencer no passado a uma ala da organização separatista ETA (Pátria Livre e Liberdade). Gotzon já residia no Brasil com família constituída há pelo menos 16 anos, trabalhando como professor e tradutor de espanhol. A PF, cumprindo ordens da Audiência Nacional espanhola (órgão de segurança), passou a “monitorar” a vida de um cidadão espanhol que estaria residindo no Brasil usando “documentos falsos” de identidade e de permanência. Tal subordinação ao imperialismo espanhol foi confirmada pelo superintendente regional da PF no Rio de Janeiro, Valmir Lemos de Oliveira: “Essas informações passaram a ser trabalhadas junto com o governo espanhol por meio dos órgãos de segurança de lá e após diversas diligências conseguimos confirmá-las” ( UOL Notícias, 18/1). Este é mais um exemplo, tal como ocorreu no recente caso das tentativas de extradição do ativista Cesare Battisti, de ataque à soberania do país quando o imperialismo italiano exigiu a todo custo sua prisão e extradição, muito embora vivesse há vários anos no Brasil. Hoje, vítima do fascista estado espanhol, Gotzon é alvo de uma grotesca operação política, destinada a aterrorizar preventivamente as massas e ativistas que “ousarem” se enfrentar com o governo Rajoy e o imperialismo europeu.
 
É precisamente no contexto da profunda crise econômica por que passa a Espanha e o velho continente é que deve ser entendido o processo que culminou na prisão do professor Gotzon. O índice de desemprego no país já supera 26%, e entre a juventude estes números sobem para 50%! No ano passado a “troika” (Comissão da União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) concedeu um “empréstimo” que supera os 100 bilhões de euros aos bancos espanhóis numa tentativa vã de cobrir a crise econômica em que está mergulhado o sistema financeiro e o próprio governo do PP, do franquista Mariano Rajoy, a fim de que este traçasse um plano de guerra contra os trabalhadores (demissões, cortes de verbas da área social, educação e saúde, aumento de impostos, incremento da repressão etc.). No entanto, A falta de uma direção revolucionária com peso de massas e a incapacidade da pequena burguesia antipartidária encabeçada pelos tão propalados “indignados” nas últimas mobilizações permitiu a vitória da direita fascista na Espanha, completamente o oposto do que “previa” todo o arco da esquerda revisionista (PSTU-LIT, PO, PTS etc.) que enxergava a revolução dobrando a esquina.
 
Assim, a perseguição a supostos militantes do ETA, qualificados como “terroristas” é a expressão política mais acabada da crise e o consequente recrudescimento do regime sob as hostes do imperialismo europeu. O governo Rajoy recorre até mesmo a fatos ocorridos há mais de 20 anos para perseguir e incriminar ativistas sociais ou militantes de organizações de esquerda como método de intimidação não só aos remanescentes do ETA, mas a todo movimento das massas exploradas e nacionalidades oprimidas. No caso de Gotzon, os órgãos de segurança espanhola afirmam que se trata de um suspeito, mas que não confirma sua participação num atentado contra policiais em 1991. No Brasil, sob o arbitrário argumento de que Gotzon “falsificou” documentos – o que é perfeitamente normal para que um refugiado preserve sua identidade real, na condição de perseguido político em seu país de origem e que busca asilo em outro – foi preso por agentes da PF, a poucos dias de seu alegado “crime” prescrever. Aliás, o que é mais grave, até o momento nenhuma corrente revisionista do trotskismo (PSTU, PCO, LER etc.) se pronunciou diante deste caso, tal como aconteceu na época da prisão do dirigente das Farc pelo então governo Lula, Padre Olivério Medina, e mais recentemente de Cesare Battisti que, por serem considerados “terroristas” não receberam a devida solidariedade contra a perseguição dos aparatos repressivos estatais de seus respectivos países.
 
Frente a este curso reacionário que se abriu no país ibérico, de profundos ataques ao proletariado com cortes de benefícios sociais, demissões, perseguição a ativistas é necessário que o ativismo de esquerda, classista e democrático organize atos pela liberdade imediata do companheiro Gotzon. Esta atividade deve fazer parte de uma ampla campanha política nacional e internacional pela sua soltura imediata, denunciando abertamente o governo Dilma como cúmplice do governo fascistóide de Rajoy. Somente a ação da classe operária e do ativismo classista poderá impedir que Gotzon seja enviado para os cárceres do imperialismo espanhol com a criminosa aquiescência do governo da frente popular. A palavra de ordem deve ser encampada por todas as forças políticas democráticas e de esquerda, sindicatos classistas, movimentos populares e camponeses: Liberdade imediata para Gotzon González, preso político do governo Dilma!
 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Após “patinar” na Síria Netanyahu vence por pequena margem eleições em Israel

Neste dia 22 de janeiro ocorreram as eleições para o Knesset, o parlamento israelense. Como era previsível, venceu o Likud comandado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O partido do nazi-sionista Netanyahu apresentou-se em uma lista comum com o Israel Beitenu, a legenda ultra-direitista do seu ex-ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, obtendo 31 deputados do total de 120. Para garantir a maioria parlamentar, a coalizão Likud-Beitenu vai ampliar suas alianças com legendas ainda mais direitistas e também planeja cooptar setores de “centro” favoráveis à ampliação dos assentamentos sionistas nos territórios palestinos. Coincidentemente, as eleições no enclave sionista aconteceram poucos dias antes das comemorações no Egito dos dois anos do início da “revolução árabe”, cujas manifestações foram brutalmente reprimidas pelo governo da Irmandade Muçulmana. O Egito foi responsável por negociar o acordo entre o Hamas e Israel depois da última ofensiva sionista contra a Palestina em dezembro do ano passado, que deixou mais de uma centena de mortos e consolidou a aproximação do grupo islâmico ao Fatah de Abbas. Como alertamos, quando foi fechado o acordo Israel-Hamas, o Likud saiu-se fortalecido da investida contra a Palestina, debilitando a resistência e criando as condições para um processo de cooptação política e material de um setor do Hamas dirigido por Khaled Meshal. Os resultados das eleições para o Knesset reforçam nossa análise e apontam para dias ainda mais difíceis para o povo palestino, tudo o contrário do cenário apontado pelos revisionistas do trotskismo que venderam a “Primavera Árabe” com um fator de enfraquecimento de Israel. Netanyahu antecipou em nove meses a realização das eleições para obter força em sua investida contra o Irã. Em seu discurso da vitória declarou: “O primeiro desafio foi e continua sendo impedir o Irã de obter armas nucleares”.

Como parte desse processo contrarrevolucionário, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o arquicorrupto Mahmoud Abbas, anunciou que vai convidar representantes de Israel à Cisjordânia para tentar garantir que o “processo de paz” esteja na agenda do novo governo israelense. As declarações de Abbas aconteceram depois que ele conseguiu aprofundar as negociações com o Hamas, intermediadas pelo governo do Egito, para a formação de um governo comum palestino comandado pelo Fatah. Reunidos no Cairo, representantes do Fatah e Hamas concordaram com a formação de um governo de união nacional que não passa de um imenso bloqueio à luta do povo palestino pela destruição do enclave sionista. Esses são os resultados práticos da “revolução árabe”. Esta se caracterizou como um processo político controlado pela Casa Branca que serviu para trocar seus desgastados gerentes na Tunísia e no Egito e lançar uma sanha neocolonialista, primeiro contra a Líbia e depois contra a Síria e o Irã, regimes de corte nacionalistas que tem fricções com o imperialismo ianque e apoiam a causa palestina.

Preventivamente, Netanyahu lançou logo após a confirmação de sua vitória parlamentar uma ofensiva para atrair à base governista o partido Yesh Atid, que se tornou a segunda maior força política do país. Após a votação, o líder do Yesh Atid, Yair Lapid, descartou a possibilidade de formar uma coalizão anti-Netanyahu com os trabalhistas e pode até aceitar um posto no governo. Ele declarou frente ao convite que “a unidade entre nós é o que é importante para nós e para todos os que amam Israel” e garantiu que “Não formaremos alianças com as Hanins Zoabis da vida”, uma referência à deputada árabe que faz a defesa da política dos “dois estados” no parlamento israelense. Como se observa a um giro ainda mais à direita no espectro político sionista, claramente se preparando para o ataque ao Irã e novas investidas contra o povo palestino. Netanyahu deve formar uma coalizão com outros partidos de extrema-direita que deve ser fortalecida com a inclusão de Tzipi Livni, que abandonou o Kadima e criou um novo partido de centro (Hatnua) recebendo 6% dos votos, ou do Avoda, que se transformou na terceira maior legenda do país com 14% dos votos.

Recentemente, o carniceiro Netanyahu declarou que seria um “parceiro de boa vontade” após a celebração da trégua com o Hamas costurada pelo governo do Egito e a Casa Branca. Israel sabe que na verdade está em curso um maior controle do Hamas pela Irmandade Muçulmana, visando sabotar a resistência palestina e criar melhores condições para um ataque futuro ao Irã. O Hamas encontra-se na encruzilhada: domesticar-se completamente aos ditames do enclave sionista como é o Al Fatah de Abbas hoje ou romper com a política da Irmandade Muçulmana, que é avalista da falsa “revolução árabe”. Na verdade, esta disjuntiva permeia o debate no interior da própria esquerda mundial, já que a esmagadora maioria dos revisionistas ingressou de malas e bagagens no campo de reação democrática patrocinada pelo imperialismo em nome do combate às “ditaduras” na Líbia, Síria e Irã, quando na realidade estavam apenas dando uma cobertura de “esquerda” à investida do imperialismo na região. Para vencer Israel e derrotar sua ofensiva militar é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Nesse sentido, é preciso que os trabalhadores pelo mundo se levantem em luta contra Israel e denunciar que o acordo de paz e as negociações entre a ANP, Hamas e o enclave sionista está a serviço de impor a paz dos cemitérios na Palestina. A única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sob novas bases, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante mais de 50 anos de guerra de rapinagem imperialista na região.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


“Movimento Nova Política” ou a mais nova manobra da burguesia para enfraquecer o PT em 2014?

De repente, a operação policial “Porto Seguro” desaparece das manchetes da mídia “murdochiana” para entrar em destaque a formação de um novo partido, encabeçado pela ex-senadora Marina Silva. Como em um truque de mágica o rosto da “amante” de Lula, Rosemary Noronha, saiu da “telinha” para dar lugar ao da eco-imperialista Marina Silva, agora cotada como a única possibilidade real de enfrentar o candidato do PT na disputa presidencial de 2014. Na mesma sequência política, Lula passa a ser “poupado” pelos barões da mídia, depois de uma intensa chuva ácida de denúncias, logo após anunciar que não seria candidato à presidência e que “estuda” a possibilidade de disputar a sucessão do governo paulista. A construção da alternativa política da “verde dolariana” Marina diante de um esgotamento do modelo petista de governar sob a base da colaboração de classes, foi apontada pela LBI ainda no curso das eleições de 2010, naquele momento fomos a única corrente da esquerda marxista a destacar que em 2014 o imperialismo não apostaria na conservadora oposição Demo-Tucana para tentar quebrar a sequência de quatro governos da frente popular no Brasil, considerada pelos ianques como uma ameaça a seus “valores” da democracia mercantil. As últimas eleições municipais confirmaram plenamente os prognósticos da LBI realizados há dois anos, forçado a disputar a prefeitura de São Paulo Serra assinou sua própria sentença de falecimento político. Restando como única opção para os tucanos, o “mauricinho cheirado” de Ipanema Aécio, agora no posto de senador da república por Minas Gerais, não reúne as menores condições de impor uma derrota eleitoral ao PT. Marina Silva e seu “eco-programa” de governo elaborado diretamente pela Casa Branca, sem sombra de dúvidas é a única alternativa da reação tupiniquim e do próprio imperialismo global para pelo menos enfraquecer o PT na próxima disputa pelo Palácio do Planalto.

Mas nem tudo é “céu azul” na rota política da “humilde ex-seringueira” Marina, apesar da compra de um moderno jato Legacy (avaliado em mais de 30 milhões de dólares) para ser utilizado em sua campanha eleitoral, a migração de “caciques” para o novo partido “ecológico” está bem abaixo das expectativas, principalmente pela importante vitória do PT na capital paulista. Também o bom desempenho eleitoral do PSOL serviu como um freio a possíveis transferências de alguns revisionistas ao novo partido do “capital sustentável”, devendo ficar limitada a saída da vereadora Heloísa Helena. No campo dos tucanos e afins Marina agrupará o deputado Walter Feldman e o vereador paulistano Ricardo Young (PPS) e do próprio PV apenas o deputado federal Alfredo Sirkis que se recupera de um infarto sofrido no fim do ano passado. Com uma anturragem de quadros limitada a dois conhecidos picaretas do PT, Pedro Ivo e Capobianco, a ex-ministra do meio ambiente terá muita dificuldade em convencer a militância “eco-socialista” que seu novo partido significa uma empreitada minimamente séria na direção de uma alternativa de esquerda ao PSOL e PT. De certo mesmo, Marina conta com total apoio do PPS e da ala “Serrista” do PSDB, que já se prontificaram até a fundir as legendas em uma nova sigla partidária. Mas, a direção do MNP sabe muito bem que não pode aceitar a oferta da velha raposa do PPS, sob pena de “queimar” completamente seu “novo” partido com as velhas figuras mais corruptas da nação. Por enquanto, com ausência de uma rede maior de parlamentares de apoio, Marina vai se escorando mesmo na família Marinho e no seu “protetor” milionário e biopirata, Guilherme Leal, proprietário da Natura.

O entrave principal para o farsante MNP de Marina se converter em uma alternativa de poder da burguesia já para 2014 reside na desistência de Lula e na confiança política obtida pela “gerentona” Dilma (ex-poste) em setores estratégicos das classes dominantes (interessados na continuidade e estabilidade de seus negócios). No atual cenário posto pela própria dinâmica da luta de classes em nosso país, aponta para mais um mandato do “novo PT”, sem Lula no comando do Estado e depurado da antiga liderança da corrente interna “Articulação”, decepada pela reação no processo do chamado “Mensalão”. A “cláusula” da renovação “democrática”, de no máximo três mandatos de um mesmo partido, imposta pelo padrão do regime norte-americano, terá que aguardar mais quatro anos no Brasil sob pena de desorganizar o pacto social “silencioso” vigente desde a vitória de Lula em 2002. Marina disputará com Dilma, em melhores condições que na eleição passada, obtendo o segundo lugar na disputa ao Planalto decretará o fim do ciclo petista de poder, abrindo desta forma o jogo político para 2018 entre ela própria, Eduardo Campos e possivelmente o playboy Aécio pelos Tucanos e Demistas.

O movimento operário atado até a medula às variantes sociais democratas e revisionistas não possui a mais elementar consciência do profundo retrocesso ideológico que atravessa nesta etapa de ofensiva mundial do imperialismo. Nas próximas eleições, frente ao grotesco embuste de Marina, coqueluche da pequena burguesia urbana, o proletariado industrial deve seguir majoritariamente as candidaturas do PT, na ausência de verdadeiro partido operário e revolucionário. As versões liliputianas do revisionismo, como o PSTU , manterão seu “objetivo estratégico”... de tentar eleger pelo menos um parlamentar a cada dois anos, nem que para isso se rastejem ao programa do PSOL, que pouco se distingue da plataforma eco-capitalista de Marina e seu “novo comando” partidário. Os comunistas devem se manter firmes na trincheira da denúncia política e publicidade marxista, resistindo e acumulando forças em um período contra-revolucionário mundial, aberto após a destruição das conquistas operárias da antiga URSS. Em cada combate concreto os comunistas devem sempre identificar o campo do imperialismo como sendo o inimigo principal na atual etapa de reação, estabelecendo a mais ampla unidade de ação para derrotar a ofensiva neoliberal. No lançamento do engodo Marina e seu “novo” (arcaico) movimento político, os leninistas identificam claramente as intenções do imperialismo, agora em tempos de crise maquilado de “primaverista” e “ecológico”.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


“Mensaleiros” petistas deveriam mesmo ser julgados pelo STF ou outro organismo independente?

À exceção da esquerda “chapa branca”, que ainda assim se dividiu entre a defesa de uma “condenação branda” ou a punição dos “mensaleiros” apenas pelo crime de “caixa 2” por parte do STF, o conjunto do espectro revisionista (“oposição de esquerda”) advogou a mais severa e exemplar punição aos dirigentes petistas envolvidos no escândalo do “mensalão”, seja pela via institucional do STF ou pela constituição de um “tribunal independente”, organizado a partir de uma iniciativa política do próprio movimento operário. Segundo esta “concepção” que unificou desde o Morenismo representado pelo PSTU até as pequenas seitas revisionistas, já que as evidências de corrupção material dos “mensaleiros” petistas a frente do Estado burguês eram irrefutáveis, e de fato são incontestáveis, estes deveriam ser julgados por uma “questão falta de ética” na gestão do regime capitalista. Os marxistas leninistas pensamos de maneira frontalmente oposta a esta concepção democratizante e apologista de uma “ética” pequeno burguesa, que desgraçadamente impregna a esquerda que se reivindica “trotsquista”. É uma verdade insofismável que a direção histórica do PT enveredou pela senda da completa degeneração programática e moral, estabelecendo acordos com a burguesia para assaltar o botim estatal, através de generosas comissões recebidas em cada transação comercial estabelecida entre o estado nacional e os grandes grupos econômicos privados, questão fulcral que, aliás, passou bem longe dos olhares “éticos” dos ministros togados do STF ou mesmo pela sórdida mídia “murdochiana”. Mas, para os marxistas revolucionários a corrupção material dos “gestores” (gerentes) reformistas a frente da administração do Estado burguês não se trata de um “desvio ético” que deveria ser “julgado”, nem mesmo por um “tribunal popular”, a integração da esquerda reformista ao modo de produção capitalista e seu Estado (gerando corrupção) é uma regra histórica e deve ser respondida na arena da luta de classes e não em qualquer instância jurídica, mesmo que se constitua de forma independente. A corrupção no regime capitalista não é um fenômeno conjuntural, faz parte de sua estrutura de acumulação de valor e só poderá ser eliminada definitivamente pela via da revolução proletária e a consequente demolição radical de todas as instituições do Estado burguês. O contraponto que os comunistas estabelecem para a corrupção estatal generalizada não é da formação de “tribunais e julgamentos espetaculosos” como forma de educação das massas, mas sim a defesa da estatização dos meios de produção (para acabar com a farra da parceria “público-privada”) e o planejamento soviético da nova economia socialista. A defesa desta plataforma propagandista (revolucionária) passou muito longe das “brilhantes” mentes da esquerda revisionista, que se dividiu entre a vergonhosa defesa da ofensiva reacionária do STF e a pudica reivindicação de um “tribunal popular” para julgar a quadrilha de Dirceu e Cia.

Se fosse correta a defesa de colocar os “capos” da tendência “Articulação” no banco dos réus pelos delitos de enriquecimento pessoal e desvio de recursos estatais (direta ou indiretamente) para o caixa partidário, teríamos que organizar tribunais para julgar todos os herdeiros da coroa portuguesa, passando também por todos os governos burgueses que se instalaram no país desde a Proclamação da República até os dias atuais. Ao invés centralizar as atenções políticas na “turma” do Dirceu, verdadeiros “corretores de trocados” das empreiteiras e bancos, a esquerda revisionista deveria focar na vigorosa denúncia da “privataria” tucana, responsável por “queimar” centenas de bilhões do patrimônio estatal para as mãos do capital transnacional. Mas, como o arco da “oposição de esquerda”, PSOL, PCB e PSTU, segue a pauta estabelecida pela imunda família Marinho, nada mais rentável eleitoralmente falando do que vociferar contra os “mensaleiros” petistas e legitimar a ofensiva imperialista contra o conjunto do movimento de massas. O papel de uma esquerda classista e realmente independente da burguesia não é o de disseminar ilusões na possibilidade de uma gerência ética do Estado capitalista, ao contrário, a denúncia do lamaçal da politicagem burguesa praticada pelas oligarquias e seus agentes de “esquerda” (PT, PCdoB etc.) deve estar necessariamente colada à agitação e propaganda da revolução proletária e da legítima utilização da violência revolucionária contra nossos inimigos de classe.
 
A publicidade da construção de tribunais populares deve ser utilizada pelos comunistas em casos bem específicos e determinados para não cair na vala comum do democratismo pequeno-burguês, arraigado como praga nas hostes do revisionismo. Nós mesmos da LBI já incorremos neste crasso erro político em alguns momentos da luta de classes. No caso concreto do chamado “Mensalão” a defesa de um julgamento “independente” dos quadros petistas só jogaria água no moinho da reação e da campanha “murdochiana” contra o conjunto da esquerda. Nem Dirceu, Genoino ou Delúbio cometeram crimes de “sangue” contra a classe operária, não passam de “ladrões  de galinha” se comparados aos grandes negócios estatais praticados pelas oligarquias burguesas, que desfilam absolutamente impunes em nosso país. Por que então não defender tribunais contra os Sarney, a máfia de FHC ou o chacal Sergio “caveirão”? Será que os comunistas devem defender e organizar um tribunal para cada insignificante burguês corrupto do Brasil (são milhares) ou impulsionar a ação direta das massas contra o Estado burguês e extirpar estruturalmente a corrupção pelo método da revolução proletária?
 
A resposta a esta questão foi abordada magistralmente por Lenin em sua obra “O Estado e a revolução”. Nela, o “velho” bolchevique desconstrói o mito de que o Estado burguês poderia ser “reformado” ou mesmo “democratizado” pela ação comunista no interior de suas instituições. Lenin é implacável ao definir as infâncias mais “nobres” do Estado capitalista, como as cortes de justiça, como verdadeiros instrumentos de classe contra o proletariado. A “tese” reformista da possibilidade de depurar o Estado dos seus elementos corruptos é contraposta por Lenin pela defesa da destruição violenta do complexo estatal burguês. A propaganda comunista da instauração de tribunais populares deveria estar centralizada contra os mais abomináveis representantes das classes dominantes, como, por exemplo, assassinos e os maiores exploradores do povo, sempre na direção estratégica da revolução socialista. A esquerda revisionista que há muito “esqueceu” as lições de Lenin, optou por seguir a trilha da social democracia abandonando a consigna da ditadura do proletariado para abraçar a tese da “democratização do Estado”. Não por coincidência, se somaram à campanha distracionista dos Marinho pela “ética na política”, elegendo José Dirceu como “inimigo público número 1” do país. Enquanto isto, os verdadeiros piratas da nação posam de “bastiões da moralidade”, tendo a frente seu novo “herói”, um capitão do mato pronto a atacar as conquistas sociais mais elementares da população trabalhadora.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013


Abaixo a intervenção imperialista francesa no Mali! Frente única com a resistência islâmica para derrotar os rapineiros “socialistas”

O imperialismo francês, sob o comando do governo “socialista” de Hollande e tendo o apoio da União Europeia assim como a autorização da ONU, enviou tropas militares e aviões ao Mali, sua ex-colônia no norte da África, onde fica o deserto do Shaara. A intervenção francesa tem o objetivo de impedir o avanço das milícias islâmicas que já dominam 2/3 do país e se aproximavam da capital, Bakamo. Com a fragilidade de um governo fantoche dividido e completamente subserviente às potências capitalistas, o país que faz fronteira com a Argélia e é próximo da Líbia, está sendo alvo da agressão imperialista porque é farto em riquezas minerais como jazidas de ouro, bauxita, urânio, ferro, diamante e outros, controlados por empresas francesas e rapinadas livremente pelas metrópoles. A crise se aprofundou com a derrubada do governo do presidente Amadou Toumani Toure em 2012. Os tuaregues (Movimento Nacional para a Libertação de Azawad - MNLA) chegaram a proclamar a independência de parte do norte, mas posteriormente foram expulsos dali por guerrilheiros islâmicos, que recebem armas e munições contrabandeadas da Líbia. Neste contexto de instabilidade, a França saiu em socorro de seu títere local para preservar a espoliação das riquezas do país e trabalha com possibilidade de fechar no futuro um acordo com alguma ala mais moderada dos “rebeldes” islâmicos.

A nova intervenção imperialista na região do Magreb africano foi extremamente facilitada pela ação da OTAN na Líbia ano passado. Agora que as potências capitalistas fizeram do território líbio uma verdadeira base militar, se sentem mais livres para impor seus interesses na região. O “socialista” Hollande, que foi apoiado nas eleições por setores da esquerda que inclusive se reivindicam trotskistas, aprofunda com a agressão ao Mali a política de seu antecessor, o direitista Sarkozy. Trata-se de fortalecer o domínio colonialista sobre a região. O governo fantoche do Mali presidido por Amadou Toumani Toure sofreu um golpe militar em março e outro no final do ano de 2012 por parte de setores do exército, em uma expressão extrema das disputas interburguesas e interimperialistas. Com os militantes islâmicos avançando sempre mais pelo deserto, ano passado alguns comandantes militares das unidades de elite do Mali – que receberam anos e anos de treinamento atento por militares também de elite dos EUA – desertaram no calor da batalha e levaram com eles armas, soldados, caminhões, blindados e as novas tecnologias militares recém-adquiridas. O país também é alvo da disputa entre a influência francesa e a do imperialismo ianque, que após a vitória na Líbia estava ampliando sua área de domínio até então sobre o controle das potências europeias, particularmente Itália e França. Em março de 2012, depois dos grupos islâmicos fortemente armados vindos da Líbia invadiram o norte do Mali, o general Amada Sanogo, que foi treinado por instrutores norte-americanos, aplicou um golpe de Estado no Mali, com o apoio dos EUA. A Casa Branca não só sabia como apoiou veladamente este golpe de Estado.

O fato é que ação das forças francesas com o aval da ONU reforça a presença do imperialismo na região e aprofunda o cerco ao Irã e a Síria. Desde já, os marxistas revolucionários se postam no campo da luta aberta contra a agressão imperialista e em frente única de ação com as forças nativas que se colocam contra a investida neocolonialista. Os grupos islâmicos e fundamentalistas estão sendo alvo dos bombardeios franceses, da mesma forma como ocorre no Afeganistão. Ainda que não tenhamos a menor identidade programática com esses grupos, muito pelo contrário, denunciamos seu programa reacionário, teocrático e burguês, nos postamos em seu campo militar na medida em que se enfrentam com a agressão imperialista, porém buscamos forjar no calor do combate uma alternativa proletária e comunista. Dentro deste contexto, há os movimentos independentistas dos tuaregues que proclamaram a independência do Estado de Azawad no norte do país e as formações islâmicas direta ou indiretamente vinculadas a Al Qaeda. Com a queda do regime de Kadaffi, na Líbia, alguns milhares de soldados tuaregs, originários da região norte de Mali, voltaram ao País, fortaleceram o principal movimento regionalista, o MNLA, que tinha crescido a partir do levante de 1963, derrotaram o exército e declararam a secessão do estado de Azawad, no dia 6 de abril de 2012. Os tuaregs formam a grande maioria da população do norte de Mali e são seminômades. Na mesma época, movimentos muçulmanos também se transladaram para Mali provenientes das tropas “rebeldes” da Líbia e de outros países. Os três mais importantes são a AQMI (Al Qaeda no Maghreb Islâmico), que conta com forte presença em vários países do norte da África, Ansar ad-Din, com atuação local, e o MUJAO (Movimento pela Unidade e Jihad na África Ocidental). Eles conseguiram impor rápidas derrotas militares sobre o MNLA, dominando a região norte em julho, e passaram a lutar pelo controle total de Mali, impondo novas derrotas militares ao novo governo que emergiu de um golpe militar que aconteceu no dia 22 de março de 2012.

Hollande alega cinicamente que a ação militar francesa busca “parar a agressão terrorista, garantir a segurança de Bamako e preservar a integridade territorial do país”, afirmando ainda que “Temos esses três objetivos na nossa intervenção que decorre no quadro da legalidade internacional, a pedido das autoridades malianas e com o apoio dos países africanos e da União Europeia”. Na Líbia, a OTAN usou o pretexto da “defesa dos direitos humanos” para derrubar o governo de Kadaffi e impor seus títeres do CNT. Ainda que não se tenha informações mais precisas, seja qual for a farsa montada pelas potências capitalistas, os comunistas revolucionários devem postar no campo militar da resistência islâmica que se opõem à investida neocolonialista e buscam forjar a construção de um partido revolucionário internacionalista, porque uma vitória do imperialismo no Mali fortalece seu domínio sobre a região, favorecendo seus planos de atacar a Síria e o Irã.

domingo, 13 de janeiro de 2013



Morre o companheiro “Padre Haroldo”, um vigoroso combatente anti-imperialista nos atuais tempos de reação neoliberal!

Morreu no último dia 11 o companheiro “Padre Haroldo”, como era conhecido pela militância de esquerda no Ceará. Haroldo Coelho com sua larga trajetória de lutas ao lado dos movimentos sociais cravou história na esquerda marxista ao abraçar corajosamente sua opção de dirigente nacional do então PRC no início dos anos 80, mesmo na condição de sacerdote de uma instituição ultrarreacionária e inimiga visceral dos povos. Ombro a ombro, a militância da LBI esteve ao lado dele na luta política contra a intervenção imperialista a Líbia pela OTAN. Tantas vezes nos reunimos, em sua casa ou realizamos atividades públicas para denunciar a nefasta ação das potências capitalistas ao povo líbio, discutindo como era possível que setores da “esquerda” apoiassem tal investida reacionária que levou inclusive ao assassinato do coronel Kadaffi. Militante aguerrido, “Padre Haroldo” escreveu vários artigos desmascarando a farsesca “revolução árabe” e, por diversas vezes, contribuiu em nossa campanha para realizar atos políticos contra a agressão aos países do Oriente Médio comandados por regimes nacionalistas, como a Síria e o Irã. No final do ano passado, em novembro, nos encontramos em um debate sobre Marighella e conversamos sobre a investida que a Casa Branca preparava contra o Irã e discutimos quais iniciativas tomar. Sempre discutimos vivamente e, apesar das diferenças programáticas, ele dizia que éramos os trotskistas mais coerentes que conhecia, defensores de Cuba e da necessidade de construir um partido revolucionário internacionalista. A sua crença em um Deus como porta-voz dos pobres e oprimidos, tantas vezes motivo de calorosos debates conosco, que somos além de marxistas necessariamente ateus, não reduzia o nosso respeito por sua conduta militante. Agora, este vigoroso combatente anti-imperialista, que se notabilizou por defender a Nicarágua na década de 80, já não está entre nós. Faleceu deixando fortes lembranças de sua determinação na luta anti-imperialista e em defesa dos explorados, de sua fala cortante e sempre presente na denúncia do capitalismo e de sua ação decidida pelos trabalhadores!

José Haroldo Bezerra Coelho, mais conhecido na esquerda como “Padre Haroldo” nasceu em 24 de março de 1935 e ordenou-se padre no emblemático ano de 1964, meses após o golpe militar contra João Goulart. Cursou Ciências Sociais e fez pós-graduação na Universidade de Sorbonne, na França. Viveu exilado durante oito anos na Europa na década de 1970 e voltou ao Brasil apenas em 1979, depois da Anistia. Lecionou na Universidade Estadual do Ceará (UECE) e agora era professor aposentado. Aproximou-se da Ação Popular (AP), corrente criada por atuação dos militantes estudantis da Juventude Universitária Católica (JUC) e ingressou no PCdoB quando grande parte da AP aderiu a este partido. Rompeu com o PCdoB como parte do movimento de cisão que deu origem ao Partido Revolucionário Comunista (PRC). A formação do PRC resultou da aglutinação de dissidentes conhecidos como a Esquerda do PCdoB. Desligados do partido no final dos anos 1970 em função de divergências quanto ao balanço da experiência da guerrilha do Araguaia e ao próprio stalinismo, atuavam desde o início dos anos 1980 tanto no PT quanto no PMDB. “Padre Haroldo” então se vinculou ao núcleo do PRC no Ceará, dirigido por Jorge Paiva, Rosa Fonseca e a então deputada Maria Luiza Fontenelle. Maria foi eleita prefeita de Fortaleza pelo PT em 1985, mas acabou por romper com o PRC e ajudou a fundar o Partido da Revolução Operária (PRO). “Padre Haroldo” seguiu as posições do PRO como um colaborador ativo e na década de 80 também se dedicou a defender a Nicarágua. Antes fez ampla campanha no Brasil em apoio da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional na Nicarágua (FMLN). Em 1986 foi candidato ao governo estadual do Ceará pelo PT na sequência do peso do PRO no interior do petismo, mas a campanha eleitoral do PT naquele ano fora manchada pelo apoio financeiro recebido pelo PT (incluindo todas suas tendências internas) por parte dos “coronéis” do PFL, interessados na derrota de Tasso Jereissati. Neste período o PRO e uma ala da “Articulação” (Gilvanistas) saíram do PT em função das denúncias realizadas pelo então dirigente do PT Candido Alvarez, que quase isoladamente conseguiu reunir as provas da corrupção praticada pelos integrantes do PRO ao aceitar a “ajuda” econômica do PFL. Quando posteriormente o agrupamento liderado por Maria Luiza, Rosa Fonseca e Jorge Paiva (PRO) rompeu abertamente com o marxismo em 2000, criando um movimento social-democrata “Crítica Radical”, o velho combatente afastou-se definitivamente destas posições anticomunistas. Havia se filiado ao PSOL recentemente e, no interior deste partido, adotava posições anti-imperialistas e críticas à política de sua direção nacional. Atualmente era dirigente do Movimento Democracia Direta (MDD) e da Universidade de Políticas do Movimento Popular (UNIPOP).

Em artigo escrito em seu blog em meados de 2011, Padre Haroldo nos dizia “Não é segredo para ninguém que todas as tensões e tentativas de desestabilização dos países do norte na África e do médio oriente são provocadas pelas riquezas petrolíferas ou, também, pela conquista de territórios estratégicos no jogo de influência das nações imperialistas. Os acordos de Paz ente o Egito e o Estado sionista, só serviram aos interesses imperialistas e em detrimento do povo palestino. Praticamente, o povo palestino ficou sem defesa e entregue aos ataques de Israel”. Além de estarmos juntos no combate contra a agressão a Líbia, desenvolvemos com ele em 2011 uma intensa campanha nacional pela liberdade de Cesare Battisti. Quando conquistamos a liberdade de Battisti, estivemos com o Padre Haroldo e o ativista italiano em um debate em Fortaleza, onde reivindicamos juntos a necessidade da defesa da revolução socialista, combate abandonado pelo próprio Cesare. Essas fortes e vivas lembranças, de resistência em tempos de reação ideológica e de adaptação da esquerda a democracia burguesa nos faz afirmar: Padre Haroldo, presente! Na luta sempre!

Direção Nacional da LBI

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Frente à crise política na Venezuela: Derrotar nas ruas e com os métodos de luta da classe operária a direita golpista sem capitular politicamente em nenhum momento ao “Chavismo” e seu projeto nacionalista burguês!

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o ex-tenente coronel Diosdado Cabello, convocou para quinta-feira, 10/01, data na qual o presidente Hugo Chávez deveria assumir um novo mandato de seis anos, uma grande manifestação em frente ao Palácio Miraflores, em Caracas. Segundo Cabello, vários chefes de Estado e de governo de “países amigos”, ou seja, da centro-esquerda burguesa (Correa, Evo, Ortega, Mujica...), devem participar do ato para “demonstrar sua solidariedade com o comandante Chávez e o povo venezuelano e em sinal de respeito à Constituição”. Como Chávez encontra-se hospitalizado em Cuba não tomará posse na Venezuela, mas a própria Constituição do país permite que ele faça o juramento na presença de representantes do Tribunal Supremo de Justiça a qualquer hora e em qualquer lugar. Muito além de um “debate constitucional”, estamos vendo uma disputa entre alas burguesas em torno de quem será de fato o futuro presidente do país. Vem ganhando peso dentro e fora do chavismo no último período Diosdado Cabello frente ao próprio Nicolás Maduro. Neste embate no interior do PSUV, a oposição de direita obviamente faz o seu papel golpista de preparar as condições para enfraquecer a ala do PSUV mais ligada ao próprio Chávez, que indicou o ex-sindicalista Maduro como seu sucessor, o que acaba fortalecendo Cabello, um representante direto das FFAA.

A oposição convocou um protesto, também para a quinta-feira, a fim de pressionar por novas eleições e ampliar a polarização política do país. O arquirreacionário Henrique Capriles, candidato a presidente pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), pediu nesta terça-feira, 08/01, que os magistrados do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) se pronunciem sobre a questão da posse do presidente reeleito Hugo Chávez, no que ele chamou de um “conflito constitucional”. No atual contexto político, Capriles não tem força para lider nenhum golpe, mas busca agrupar forças para uma futura eleição enquanto negocia com as FFAA uma saída de consenso. Por esta razão, declarou: “Eu não sei o que os magistrados do TSJ estão esperando. Na Venezuela, nesse momento, ocorre um conflito sem dúvida alguma constitucional, tem de haver uma resposta da institucionalidade frente ao conflito”. A oposição venezuelana logo acionou o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, que legitimou o golpe em Honduras e no Paraguai, para cinicamente fazer uma denúncia sobre uma possível “violação da ordem constitucional” no país se o governo continuar funcionando após a data marcada para a posse. “Se, em 10 de janeiro, não ocorrer a juramentação do presidente e não se ativarem as disposições constitucionais relacionadas com a falta temporal do presidente da república, terá sido consumada uma grave violação à ordem constitucional na Venezuela, que afetará a essência da democracia”, diz carta enviada pela MUD ao organismo controlado pelo imperialismo ianque. A MUD também reiterou que se o presidente “não puder comparecer ao juramento por razões relacionadas com sua doença, não pode existir um vazio (de poder) e, por isso, deve se encarregar temporariamente da presidência o líder do Legislativo e depois disso, eleições seriam marcadas para dali 30 dias”.

Chávez sabia plenamente das dificuldades de governar a partir de 2013, mas optou por candidatar-se e venceu as eleições de outubro. Agora, com o agravamento de sua doença, deve-se trabalhar com o cenário de um “chavismo sem Chávez”. Até mesmo se os líderes do PSUV conseguirem emplacar por algum tempo esta fórmula com Maduro ou Cabello, esse arremedo não se sustenta por muito tempo, porque a fantasiosa “revolução bolivariana” não é produto de uma ruptura com as relações sociais capitalistas e não gerou nenhuma grande conquista histórica ao movimento de massas que justificasse sua defesa, ou seja, tem pés de barro. Desta forma, rapidamente a burguesia e sua fração de direita tomariam o controle do governo, seja pela via eleitoral ou de um golpe de estado cívico-militar. Por isto, dizemos que uma saída mais consensual, inclusive já amplamente ventilada no círculo mais próximo do presidente, será a transição ordenada do regime tendo a frente um representante pretensamente “chavista” da cúpula das FFAA que paulatinamente alinharia o governo integralmente aos ditames da Casa Branca, como representa o nome do ex-militar e presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

O certo é que desde já representantes das diversas camarilhas “bolivarianas” se preparam para se credenciar como uma alternativa burguesa diante da débil saúde de seu “comandante”, tirando as lições da própria conduta de Chávez que vem gradativamente trabalhando em um grande acordo com a burguesia e o imperialismo. As relações “carnais” com a Colômbia de Santos, tendo para isto Chávez sacrificado claramente seu prestígio “anti-imperialista” entre a vanguarda, são uma demonstração clara de que ele e seu staff estão sempre dispostos a atacar o movimento de massas e os lutadores para conseguirem as bênçãos dos amos do Norte. A alta cúpula das FFAA, principal pilar de sustentação política do regime, que dará a palavra final da transição em comum acordo com Washington, buscará se apropriar do espólio político de Chávez de forma figurativa para comandar com mais legitimidade este processo. O certo é que todas essas frações, com interesses particulares dentro do aparato estatal, com ou sem Chávez, desejam manter o regime de exploração capitalista, seja com cores “nacionalistas” ou entreguistas. Para buscar uma transição ordenada para um novo governo possivelmente sem a sua presença, Chávez estabeleceu no último período acordos de cooperação político-militar com a Colômbia, que resultaram na entrega de lutadores anti-imperialistas e dirigentes das FARC para os cárceres do facínora Santos e levaram a celebração de um pacto reacionário que legitimou o governo golpista em Honduras pela via da volta de Zelaya ao país centro-americano. Obviamente, não se tratou de um movimento isolado, mas de todo um planejado processo de recuo no já limitado programa de reformas burguesas de corte nacionalista implementado pelo ex-tenente coronel. Embora ainda detenha o apoio popular majoritário, o chavismo vem perdendo aos poucos sua base social para a oposição de direita que, pelo profundo desgaste de sua gestão, se lança como uma alternativa eleitoral viável para os capitalistas e, via de regra, usam as FFAA para chantageá-lo.

Para os trabalhadores venezuelanos e latino-americanos, que acompanham o desenrolar dos últimos acontecimentos e buscam intervir de forma independente na crise venezuelana fica claro que é preciso preparar uma alternativa política dos explorados tanto ao chavismo decadente como à direita reacionária. Por isto, neste 10 de Janeiro devemos chamar pela derrota da direita golpista com manifestações populares que expressem os métodos de luta e as reivindicações imediatas e históricas dos trabalhadores sem prestar nenhum apoio político ao PSUV e ao chavismo! O exemplo de Honduras, onde a Frente Nacional de Resistência (FNRP) avalizou a política de legitimação do governo golpista e mesmo a passividade de Lugo e da “centro-esquerda” burguesa do continente diante do golpe no Paraguai, demonstra que não se deve confiar nas direções “bolivarianas ou progressistas”, é preciso denunciá-las vigorosamente e preparar o terreno para a construção de um genuíno partido revolucionário capaz de enfrentar a onda de reação “democrática” ou mesmo a direita fascista. Cabe aos trabalhadores protagonizarem as manifestações convocadas pelo chavismo neste dia 10/01 não para prestar apoio político ao seu governo nacionalista burguês, mas para defenderem com um próprio programa e independente suas conquistas operárias, a fim de forjar entre a vanguarda um partido comunista proletário cuja estratégia seja a conquista do poder político pelos explorados sobre os escombros do Estado burguês.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Casa Branca,“rebeldes” pró-OTAN e revisionistas reforçam sua “frente única” em 2013 exigindo a renúncia imediata de Assad
Ingressamos em 2013 e segue a ofensiva do imperialismo para derrubar o governo de Bashar Al Assad como parte da estratégia militar ianque cujo alvo principal é o Irã. Justamente por esta razão a Casa Branca rechaçou neste domingo, 06/12, o discurso pronunciado horas antes pelo presidente da Síria no Ópera House de Damasco, onde defendeu um “plano de paz” que prevê inclusive eleições em 2014. Tal proposta já é em si mesma uma enorme concessão às pressões feitas pela Rússia e China que desejam impor uma saída de acordo com os EUA. A porta-voz do Departamento de Estado ianque, Victoria Nuland, afirmou que o plano apresentado por Assad é “fora da realidade” e “mais uma tentativa do regime sírio de se manter no poder”. Nuland declarou ainda que “o presidente sírio deve se afastar imediatamente e permitir uma transição política já”. O discurso de Assad também foi duramente criticado pela Turquia, pela Grã-Bretanha e pela União Europeia, que reiteraram pedidos para que o presidente sírio renuncie. Em sintonia com a posição das potências capitalistas, os mercenários “rebeldes” da coalizão nacional de oposição declararam que o presidente quer tornar inviável qualquer acordo internacional que possa acabar com seu governo. Como se vê, desde os representantes do imperialismo até os “rebeldes” pró-OTAN, passando pelos revisionistas do trotskismo que vergonhosamente chamam a ofensiva da Casa Branca de “revolução árabe”, todos tem o objetivo comum de derrubar um governo de corte nacionalista que tem fricções com os interesses dos EUA na região.
O “plano de paz” apresentado por Assad e apoiado pelo Irã, Rússia e China é praticamente o mesmo que o ex-Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, tentou aprovar há 10 meses. Seus cinco pontos preveem um cessar-fogo e a presença de observadores internacionais para monitorar a implementação desta iniciativa. O projeto ainda aponta para a convocação de uma assembleia constituinte para elaborar nova Constituição e a formação de um governo de união nacional e eleições em 2014. O governo também sinalizou entrar em contato com o que Assad chamou de “indivíduos sírios e partidos políticos” para que se estabeleça uma conferência de diálogo nacional. A conferência tentaria redigir uma nova Constituição, que seria submetida a referendo, levando a eleições parlamentares e a um novo governo. O plano prevê que as potências estrangeiras devem parar de armar os“rebeldes” e em contrapartida o governo suspenderia as operações militares, reservando-se o direito de defender os interesses do Estado. Além disso, Assad destacou a criação de mecanismo para garantir a segurança da fronteira, que faz parte da terceira etapa.
As medidas defendidas pelo governo sírio estão “fora da realidade” porque na atual etapa de acirramento da luta de classes na região é impossível qualquer acordo diplomático com o imperialismo que preserve o regime sírio e a relativa independência nacional do país frente as potências capitalistas. A Casa Branca planeja em 2013 derrubar Assad para seguir o plano de atacar o Irã, já que ambos são uma ameaça ao enclave sionista de Israel. Nesta cruzada, os “aliados” da Síria, como Rússia e China, não fazem mais que buscar uma “saída de acordo” o que vem sendo reiteradamente rechaçado por Washington. Até porque, Obama tem como alvo imediato o Irã, mas seu plano bélico estratégico também está voltado para a Ásia, buscando cercar militarmente a China e debilitar a Rússia. Parte desta operação foi desencadeada já nos primeiros dias de janeiro, com o deslocamento de baterias de mísseis terra-ar Patriot da OTAN via Alemanha a cidade turca de Gaziantep, a 50 km da fronteira com a Síria, operadas por um efetivo de 400 soldados. Estes mísseis servirão tanto para atacar a Síria como o Irã.
Diferente do que apresentam a Rússia e a China e mesmo aqueles setores da esquerda que se dizem “defensores da soberania da Síria frente à ingerência do imperialismo”, o plano de paz que Assad defende, uma cópia das medidas defendidas por Kofi Annan no passado, foi que permitiu o incremento bélico dos “rebeldes” pró-imperialistas nestes 21 meses. Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio, assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária às atuais direções burguesas que, via de regra, tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.